João Cruzué
Quando aceitei Jesus, há trinta e poucos anos, passei por perseguições e presenciei pedras e tijolos "caindo" telhado da Igreja por causa do barulho pentecostal. Quase perdi um emprego porque deixei de comprar os cigarros do patrão. Enfim, para ser crente tinha que ter coragem, e sociedade nos olhava com uma "lupa" e fazia questão de conferir se havia mesmo santidade em nós. Os pastores eram homens que oravam, mesmo! Um pouco duros talvez, mas sóbrios e conscientes do perigo da presunção.
Quando analiso a Igreja Evangélica do século XXI, fico aborrecido. Não que tenha saudades do passado, pois sou perfeitamente consciente de que frieza e falta de equilíbrio já vêm acontecendo desde os tempos do Antigo Testamento. Aborrecido com os títulos cada vez mais ponposos que aparecem.
Um título de Pastor cai bem - desde que a pessoa seja pastor de fato. Sei que há uma multidão de homens aceitando esse título ou se entitulando pastores, que pastores de "faz-de-contas". Não foram separados nem consagrados nem possuem ministério. Um pronome de tratamento nunca fará de um crente um pastor. Aceitar uma mentira para massagear o ego das duas uma: ou muita ingenuidade ou falha de caráter.
Mas os tratamentos evoluiram. Apareceu depois o Bispo; nome meio pomposo, mas ainda sim discreto. Mas, apóstolo! Bispa! E pior: apóstola? É de uma falta de bom senso...Sei que isso não é invenção brasileira - vêm de fora, mas como soa ridículo. Temo, todavia, que isto não pare por aí. Não me assustaria se em breve ouvisse títulos no meio evangélico tais como: "arcebispo", "cardeal", papa! Quem sabe: anjo fulano de tal; arcanjo beltrano.
Eu queria ficar calado, mas não posso. Para curar esses desvarios, Jesus uma vez deu a receita para Nicodemos: chama-se nascer de novo!
João Cruzué
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