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João Cruzue
A impressão que tive da extensa reportagem sobre comportamento evangélico da edição da revista Época desta semana, não foi a mesma que o editor quis passar. Tudo muito detalhado, embasado, a editora Mundo Cristão foi a campeã de citações e também os herdeiros do "finado" Caio Fábio.
Concordo com tudo o que foi dito e, principalmente, com a crítica ao lado negro do neopentestalismo, que pensa primeiro naquilo: $$$ - e depois nas almas. Pelo menos é o que fica evidente.
Entretanto, tudo o que vier das Organizações Globo não deve ser aceito como verdades absolutas. Os líderes dessa Casa nunca foram amigos dos evangélicos. Sempre os espezinharam em suas novelas, propositalmente. Acho que estão procurando novos "Caios" para o cargo de profetas, para iniciar (ou reforçar) suas críticas a alguma corrente evangélica, mas pode ser que apenas estejam procurando vender mais a revista, que perde feio da Revista Veja na preferência dos Evangélicos. Se é isso, conseguiram chamar nossa atenção.
"Adorei" a sugestão de alguns líderes veiculada na reportagem, quando disseram que as reuniões em casa são mais bíblicas que nos templos. Para os primeiros cristãos e judeus da Igreja primeva, isto soaria como uma blasfêmia. Nem Cristo aboliu as reuniões do Templo. Sei que em muitos templos a presença de Deus não é sentida nos púlpitos, mas congregar somente em casa vai facilitar as coisas para nossos inimigos. A Bíblia fala assim em Atos 5.42: "E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo."
Na verdade, o que tenho a dizer é o seguinte: A mensagem passada nas páginas da revista é melhor entendida pelo que não está escrito ali. Ora, em 2002 os Marinho escalaram uma reporter para esculhambar com os Hernandes em várias páginas da mesma revista, não porque os líderes da Igreja Renascer estavam no meio de muitos vacilos, mas porque as Organizações Globo tinham perdido uma concessão de TV aberta no Estado do Espírito Santo, justamente para os Hernandes. Foi a revanche do escorpião. Quanto ao comportamento dos Hernandes... não preciso acrescentar nada, pois é público e notório o que fizeram.
E agora, porque será que pediram outra reportagem de cunho "pedagógico"? Pelo mesmo motivo: medo! Sim! medo da agressividade dos líderes neopentecostais em relação aos meios de comunicação. Exemplo: esta semana está saindo do forno a Rede (Rádio) Record de Notícias para competir com a CBN e a Band News. Com 1/4 da população brasileira, daqui a poucos anos o perfil do telespectador está mudando, e quem mais está perdendo são as organizações dos Marinho.
Para você que leu até agora e está ansioso para criticar minha opinião espere um pouco. Eu sou ortodoxo. Adepto do lema, "À lei e ao Testemunho". Eu prefiro a união de duas coisas: O comportamento cristão sadio dos protestantes e pentecostais, combinado com a agressividade de evangelização do neopentecostalismo. E ao mesmo tempo abomino o falso evangelho da teologia da prosperidade, que nada mais é do que uma inversão de valores, e critico a visão míope dos protestantes e pentecostais porque amarelaram e tiveram uma visão míope do uso dos meios de comunicação de massa para evangelizar.
A revista Época não é um poço de virtude, mas de veneno. A sugestão subliminar de troca dos templos pelas casas, cheira-me à táticas de enfraquecimento. Dividir para enfraquecer. E os elogios que teceram a diversos líderes, para a repórter podem ser verdadeiros, mas para os donos da revista tem outro objetivo, pois sempre foram inimigos declarados do povo evangélico.
Assim, que ninguém se iluda. A teologia da prosperidade até aqui se mostrou mais humanista que cristocêntrica. Considero os evangélicos históricos e os pentecostais míopes por terem jogado fora excelentes oportunidades de uso dos meios de comunicação em massa. A revista Época das organizações Globo não é, e nunca será, nosso padrão de referência em assuntos de fé e comportamento cristão. Aos que foram muito elogiados pelo artigo, espero que não emprestem suas bocas aos microfones dos Marinhos, pois foi exatamente nisso que o Caio, o ex-príncipe dos intelectuais evangélicos da época, tropeçou.
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