Foto: Fábio Motta/AE
Cemitério do Cajú - terça-feira, 15-06-2008
sepultamento do pastor Luiz Carlos (LULA) Soares da Costa
Cemitério do Cajú - terça-feira, 15-06-2008
sepultamento do pastor Luiz Carlos (LULA) Soares da Costa
João Cruzué
Quatro Policiais militares do Rio de Janeiro mataram por engano o administrador de empresas Luiz Carlos Soares da Costa, 36 anos, gerente de suprimentos da Infoglobo, editora dos Jornais "O Globo" e "Extra" do Rio de Janeiro. Luiz Carlos Soares da Costa era o caçula de uma família paraibana de 12 irmãos, filhos da irmã Lindalva Francisca. Além da gradução em Administração, Luiz Carlos formou-se em telologia e era o Pastor da Igreja Evangélica Assembléia de Deus da Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio. O pastor Luiz Carlos era casado com a irmã Simone Costa, eles estavam planejando o primeiro filho para breve. Cerca de 300 pessoas entre colegas de trabalho, parentes e irmãos de igreja acompanharam o sepultamento no Cemitério do Caju, ao som de hinos evangélicos e pedidos de justiça da família
O pastor Luiz voltava para casa, da academia, às 21:00h da segunda-feira, quando foi vítima de seqüestro relâmpado, na espera de um farol na Rua Leopoldo Bulhões, próximo ao um acesso à Linha Amarela. Uma viatura do 22º BPM que passava pelo local, percebendo a direção agressiva do motorista (sequestrador) de um Siena iniciou persequição. O veículo somente parou depois de levar mais de 10 tiros de fuzis. O bandido recebeu um tiro de fuzil nas costas e sua vítima, o Pastor Luiz Carlos, três tiros.
O pastor Luiz foi retirado do carro ainda com vida pelos policiais e arrastado pelas pernas no asfalto da Av. Brasil como um animal, antes de ser jogado na ambulância que seguiu para o Hospital Geral de Bonsucesso. Luiz Carlos Soares da Costa já chegou sem vida, enquanto o assaltante, um rapaz de 18 anos, sobreviveu. Os quatro policiais do 22º BPM acharam que a vítima também era um bandido. Imagens do SBT
Foi uma surpresa saber que a vítima deste caso tão rumoroso e destacado na Imprensa brasileira fosse além de um cidadão inocente, um irmão na fé. O Rio tem passado por momentos de muita dor: tráfico, drogas e muitas mortes de inocentes, tanto pela ação de bandidos, quanto pelas armas da PM e as mãos do Exército. Enquanto isso o "Cristo" Redentor continua enfeitando o Morro do Corcovado sempre de braços abertos...
O pastor Luiz foi retirado do carro ainda com vida pelos policiais e arrastado pelas pernas no asfalto da Av. Brasil como um animal, antes de ser jogado na ambulância que seguiu para o Hospital Geral de Bonsucesso. Luiz Carlos Soares da Costa já chegou sem vida, enquanto o assaltante, um rapaz de 18 anos, sobreviveu. Os quatro policiais do 22º BPM acharam que a vítima também era um bandido. Imagens do SBT
Foi uma surpresa saber que a vítima deste caso tão rumoroso e destacado na Imprensa brasileira fosse além de um cidadão inocente, um irmão na fé. O Rio tem passado por momentos de muita dor: tráfico, drogas e muitas mortes de inocentes, tanto pela ação de bandidos, quanto pelas armas da PM e as mãos do Exército. Enquanto isso o "Cristo" Redentor continua enfeitando o Morro do Corcovado sempre de braços abertos...
João Cruzué
cruzue@gmail.com
O QUE A MÍDIA PUBLICOU
"Policiais militares matam mais um inocente no Rio"
Correio da Bahia
...Parentes do administrador dizem que os funcionários do hospital onde ele foi socorrido contaram ter recebido dos PMs a orientação de não ter pressa no atendimento a Luiz Carlos e a Leal, por serem “dois bandidos”. Cerca de 300 pessoas acompanharam o enterro do administrador de empresas Muito emocionada, Simone, mulher de Luiz Carlos, foi amparada por parentes e amigos.
O administrador, que também era pastor evangélico, foi enterrado ao som de hinos religiosos e gritos por justiça. Ele foi lembrado como um rapaz trabalhador, que cresceu profissionalmente no Infoglobo, empresa em que começou como contínuo, aos 19 anos. “Ele teve de interromper o segundo grau. Mas quando começou a trabalhar na empresa, ele foi estimulado a crescer”, contou o irmão, Ednaldo Dias.
As imagens gravadas pela equipe do SBT provam que os policiais militares confundiram o administrador Luiz Carlos da Costa com um criminoso e chutaram a vítima quando ele ainda estava vivo. A primeira cena das imagens captadas pela equipe do SBT, que passava pelo local, mostram os policiais saltando do carro e andando, com armas apontadas, em direção ao veículo onde estavam Costa e o suspeito, já atingidos pelos tiros. >>continua.
--------------O DIA TERRA
"Administrador morto era pastor evangélico"
O Dia Terra.com
Rio - O administrador de empresas Luiz Carlos Soares da Costa, de 36 anos, era pastor evangélico. Ele pertencia à Igreja Assembléia de Deus Terra da Promessa, na Avenida Vitória Régia, Cidade Universitária.
Funcionário do Parque Gráfico do jornal O Globo, Luiz Carlos morreu ao ser atingido por três tiros dentro do seu carro, em São Cristóvão, Zona Norte. Ele foi feito refém pelo assaltante Jefferson dos Santos Leal, 18 anos, que o levou no veículo. Segundo quatro policiais do 22º BPM (Maré), que perseguiam o carro desde Bonsucesso, o ladrão atirou primeiro e eles revidaram. Jefferson, que estaria armado com uma pistola, foi ferido com um disparo nas costas e preso.
Vítima saía da academia
Morador do Cachambi, Luiz Carlos havia acabado de sair de academia de ginástica em Bonsucesso e seguia para casa quando foi rendido por Jefferson, em um sinal no entrocamento da Rua Leopoldo Bulhões com Linha Amarela, por volta das 22h30.
Os policiais faziam patrulhamento no local, quando viram o rapaz entrando no Siena prata KQJ 2485/RJ, pelo lado do motorista, e obrigando a vítima a passar para o banco do carona. O administrador falava com a mulher ao telefone celular quando foi abordado e desligou subitamente.
Policiais prestam depoimento | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
O bandido fez uma "bandalha" e seguiu para a Avenida Brasil, sendo seguido pela patamo da PM. Os policiais disseram que, mesmo dirigindo, o criminoso fez o primeiro disparo contra a viatura em frente ao Sabão Português, em Benfica. Já na esquina da Avenida Brasil com Rua Bela, em São Cristóvão, a poucos metros de um posto do BPVE, ele fez uma manobra e ficou de frente com a patamo. Nesse momento, segundo os PMs, Jefferson teria atirado novamente e só então os policiais revidaram.
Ligação da esposa
Baleado três vezes, Luiz Carlos foi socorrido por bombeiros para o Hospital Geral de Bonsucesso (HGB), onde morreu. Quando os celular dele tocou, um dos PMs atendeu e contou à esposa que ele havia sido ferido e estava internado no HGB.
O bandido foi levado para a mesma unidade, onde passou por duas cirurgias. No início da madrugada, ele foi transferido para a enfermaria, onde está sob custódia. O estado de saúde é considerado muito grave.
Armas apreendidas
Os policiais militares apresentaram na 17ª DP (São Cristóvão) uma pistola Taurus calibre 380, que teria sido apreendida com Jefferson. A delegada-adjunta Suzy Miranda apreendeu os três fuzis usados pelos quatro PMs na ação, um deles identificado como cabo Jesus. As armas serão periciadas.
Dez perfurações à bala
Carro de Luiz Carlos Soares da Costa na perícia | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli fizeram perícia no Siena prata KQJ 2485/RJ do administrador. Segundo o relatório inicial, o carro apresenta 10 perfurações à bala. Foram encontradas ainda uma cápsula de pistola 380 e um projétil de pistola calibre 40.
A patamo do 22º BPM (Maré), número 52-0874, foi levada para o batalhão e apresenta pelo menos duas perfurações na parte dianteira. Novas avaliações serão feitas.
PM alega legítima defesa
O relações públicas da Polícia Militar, coronel Rogério Leitão, concedeu uma entrevista coletiva no fim da manhã desta terça-feira. O encontro com a imprensa foi no Quartel General da Corporação, no Centro do Rio.
Segundo Rogério Leitão, a ação dos PMs de revidar os tiros disparados pelo bandido foi em legítima defesa. O coronel afirmou ainda que os PMs não fizeram disparos durante a perseguição e, sim, somente quando foram "injustamente atacados". Os quatro PMs envolvidos no caso prestaram depoimento e não estão presos.
Rogério Leitão também lamentou a morte do administrador e acrescentou que esse caso é completamente diferente do caso do menino João Roberto, 3 anos, que foi morto por engano por PMs, na noite de 6 de julho, na Tijuca, Zona Norte do Rio. >>continua
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EM TEMPO
Secretário diz que ´faltou habilidade´
Em Tempo
José Beltrame, secretário de Segurança do Rio de Janeiro, voltou a defender a ação dos policiais em perseguição contra o carro de administrador, que morreu baleado após ser feito refém.
Depois de ver as imagens do SBT – nas quais policiais agridem e arrastam no chão o suspeito e o refém ao serem retirados do carro para serem levados ao hospital – o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame disse que faltou habilidade por parte dos PMs. Mas voltou a defender a ação dos policiais no caso.
O corpo do refém, o administrador e pastor protestante Luiz Carlos Soares da Costa, foi enterrado por volta das 17 horas de ontem no cemitério do Caju, na Zona Portuária. O suposto assaltante Jeferson Santos Leal, de 18 anos, segue internado no Hospital Geral de Bonsucesso, no subúrbio.
“A retirada desses indivíduos do veículo realmente não foi a correta, não se pode tratar um ser humano daquela forma. Muito embora, sendo ainda para socorrê-los. A maneira como essas pessoas foram retiradas, aí sim, nós temos a falta de habilidade desses policiais, os quais, eu analisando essa imagem, com o comando geral da Policia Militar, nós vamos analisar a questão de puni-los ou não. Não posso antecipar uma punição simplesmente vendo as imagens sem analisar as circunstâncias onde os fatos se deram”, amenizou o secretário para a Agência Globo.
Beltrame voltou a dizer que os PMs agiram corretamente reagindo aos tiros dados pelo suspeito. Ele justificou o fato de os policiais terem alterado a cena do crime, alegando que não poderia parar o trânsito na Avenida Brasil. “Não se pode parar uma via expressa, não posso parar uma via expressa para fazer perícia. Os próprios peritos quando foram lá sentiram dificuldade em relação à luminosidade e eles decidiram fazer a perícia nesta terça-feira (15) de manhã”, afirmou Beltrame.
Maus tratos
Quanto à denúncia da família do administrador Luiz Carlos Soares da Costa de que os funcionários do hospital contaram que os policiais teriam dito que não era preciso pressa para atender os feridos porque eles eram criminosos, o secretário respondeu: “A Policia Militar já salvou muitas vidas. Muitas vidas, tanto de acidentes quanto de tiro. O que nós não vamos fazer é deixar que uma pessoa fique sofrendo dentro de um veículo e esperar que chegue uma ambulância. A polícia é recomendada a levar as pessoas e dar o pronto atendimento e isso também foi feito. Não posso fazer um julgamento precipitado com base no que as pessoas falaram”, disse o secretário.
Especialistas criticam política de segurança
A morte do administrador Luiz Carlos Soares da Costa na noite de segunda-feira em mais uma ação da PM reforçou a tese dos críticos à política de segurança pública do governo Sérgio Cabral. Sílvia Ramos, pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, acha que enquanto os policiais tiverem a orientação de atirar primeiro e perguntar depois o número de vítimas não vai parar de crescer. “Quando a polícia matou o menino João Roberto alegando que tinha confundido o carro da mãe da criança com o de bandidos, o governador chamou os PMs de débeis mentais e o secretário de Segurança disse que foi uma ação desastrada. Com mais esta morte agora, está provado que os policiais agem de acordo com a orientação do governo. Eles cumprem ordens.”
Para Sílvia, a ação que acabou com a morte de Luiz Carlos mostra uma série de erros dos policiais. “Como pode um garoto de 18 anos dirigindo e atirando ao mesmo tempo não ter outro jeito de ser contido por quatro PMs? Como pode estes policiais acharem que não há outra alternativa que não seja descarregarem os fuzis em cima do carro? “ Para Antônio Carlos Costa, fundador da ONG Rio de Paz, a principal preocupação da PM do Rio não é em defender as vítimas. “A PM está mais empenhada em matar bandido do que em defender as pessoas. E isso é uma coisa inaceitável.”
Ana Paula Miranda, antropóloga demitida em fevereiro pelo secretário José Mariano Beltrame da coordenação do ISP (Instituto de Segurança Pública), também responsabiliza a política de segurança do governo do Estado. >>continua
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cruzue@gmail.com
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