Bible
João CruzuéDurante os quase três anos que arrecadei literatura usada para enviar aos presídios no Interior do Estado de São Paulo, costumava receber e escrever muitas cartas à mão. Entre tantas coisas que aprendi com aqueles irmãos da Igreja do cárcere, quero comentar sobre quatro delas para lembrar que Jesus ama você.
A primeira, foi o uso da "Carta Social". Uma modalidade de correspondência, que no início custava mais, e depois barateou para R$0,02 - dois centavos. Com apenas dois centavos era e ainda é possível comunicar-se para qualquer lugar do Brasil através de uma carta. Desde que ela pese até dez gramas, tenha com destinatário uma pessoa, tenha o envelope adereçado à mão e contendo a expressão "Carta Social".
Com apenas R$1,00, dá para comprar 50 selos de dois centavos. E para concluir este assunto, a quantidade de cartas enviadas por dia não pode ir além de cinco. Na época em que trabalhei com isso, estava desempregado, mas me comunicava fartamente, a ponto de ter dores no antebraço e no ombro de tanto escrever. O que eu ganhei com isso? Um porta de emprego, ao lado desta agência de Correio aonde postava minhas cartas e esta porta vai fazer cinco anos agora, em 14 de julho de 2008.
A segunda coisa que aprendi é que, em qualquer penitenciária paulista, tem um, ou mais que um grupo informal de crentes que reúnem-se para orar, ler a Bíblia, louvar e evangelizar. Uma penitenciária comum no Interior costuma ser dividida em raios (pavilhões), dependendo do lugar, cada raio tem ao menos um grupo de irmãos. Durante a semana esses "irmãos" se viram com o trabalho da Igreja; visita externa - apenas nos fins de semana, quando têm. Tendo iniciado meu ministério no princípio de 2001 quando estouraram 29 rebeliões a partir de 18 de fevereiro, soube que a assistência das Igrejas da "Rua" (as que ficam fora dos presídios) foi secando, secando - e quase acabou. Eram cerca de 70 as unidades prisionais quando comecei e 120 quando concluí o ministério. Hoje, apenas no Estado de São Paulo, são 144.
Afirmo, baseado nas mais de 500 cartas recebidas do cárcere, que existem cerca de uns 500 grupos de "irmãos" espalhados pelos raios dos cárceres paulistas, onde a falta de literatura bíblica para ler e evangelizar é crônica, que depois da Bíblia, a melhor literatura para as prisões são as Revistas de Escola Dominical usadas. Aquelas que ficam guardas nas estantes e gavetas de nossas casas. Que uma das literaturas que menos chegam ali são os hinários, por exemplo as Harpas Cristãs. Que toda penitenciária tem um biblioteca, e que LIVROS NOVOS (por exemplo Bíblias) ali sempre são bem-vindos. Os endereços para remeter literatura NOVA diretamente para as bibliotecas estão aqui: http://www.sap.sp.gov.br/ . Acesse e depois procure o Link: Unidades Prisionais. Clique em cada unidade para conseguir o endereço.
A terceira coisa a ser mencionada era a forma de escrita adotada pelos irmãos do cárcere. A carta era escrita com caneta azul, mas os versículos citados, principalmente no começo, eram zelosamente destacados em tinta vermelha. Pequenos detalhes do costume de escrever do cárcere. Uma lembrança curiosa: conheci pessoalmente um irmão que ficou recluso por coisas anteriores a sua fé. Ele era de Pirajuí II, e saía nos feriados para ver a mãe - que morava perto da minha casa - lembro-me ele por um paradoxo: sua letra era miudinha enquanto seu dono tinha quase dois metros de altura. Em três anos, eu conhecia quase todos os remetentes, apenas pela letra.
A quarta coisa que aprendi, que vou considerar a mais importante no contexto desta mensagem, eram as frases escritas nos envelopes para os carteiros. E foi compreendendo um pouco da cultura da igreja do cárcere que cheguei a receber correspondências de 48 presídios, de um projeto de 50 para um período de dois anos. O uso da carta social, a informação sobre a existência de grupos de irmãos - a igreja do cárcere - em todas elas, os endereços de cada unidade, fornecidos pelo próprio Secretário da época, um japonês muito gentil, cujo nome não mais me lembro, mas que devo muita obrigação pela paciência, a forma de escrever as cartas com tinta azul e os versículos para meditação em vermelho e as frases escritas no envelope.
E foi assim que também passei a escrever na parte superior do envelope de minhas cartas, acima do remetente, esta frase: JESUS AMA VOCÊ! Ela poderia ter pouco valor para quem está com tudo bem no seu dia a dia. Entretanto, para os presos, os deprimidos, os amargurados, os cansados, abatidos, desempregados e complexados, ela tem muito valor.
Em tempos de provações e dificuldades nosso ânimo vai diminuindo, diminuindo na mesma proporção de que desesperança e a sensação de que estamos desamparados aumenta. Será que Deus existe mesmo? Não estaria eu sozinho? Vem nosso questionamento interior perguntando? Ao que Pedro nos orienta: Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário anda em derredor, bramando como um leão, buscando a quem possa tragar, ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.
Há alguns documentários em vídeo que mostram as habilidades de caça dos animais. E, um animal carniceiro costuma escolher sua vítima por pequenos detalhes, e um deles é a escolha dos mais fracos ou novos. Eu fico meditando, por exemplo, em Jó. O diabo fez duas cargas de ataque sobre Jó, que não surtiram efeito. Depois, de alguma forma utilizou seus amigos para confundir enfraquecer sua vigilância e desanimá-lo. Jó não ficou passivo e os confrontou. O próprio Senhor Jesus sofre três cargas do diabo na tentação do deserto. Também Jesus ofereceu resistência com a palavra de Deus. Abraão ficou chateado com a esperteza do sobrinho que escolhera os melhores pastos nas campinas do Jordão. Creio que minha análise é verdadeira, pois durante este episódio o Senhor apareceu-lhe para reforçar seu ânimo com a promessa de um filho. Abrão ficou com os pastos ruins, mas Deus mandou que ele erguesse os olhos para contar as estrelas do céu.
Quero terminar dizendo que, hoje, temos a facilidade de comprar uma Bíblia para meditar na palavra de Deus. É meditando nela, e guardando no coração as promessas de Deus, que podemos resistir ao desâmino, a complexo de inferioridade, à desesperança e à sensação de que não existe mais solução para os nossos problemas - sentimentos falsos imputados em nossas mentes pelo diabo - o leão que brama ao nosso derredor. Durante os 11 anos que passei por grandes dificuldades financeiras aprendi a resistir ao diabo com alguns versículos que deixei bem guardados no coração. Um é Filipenses 3:13-14: " ...E uma coisa faço, e é que esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e olhando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo da pelo prêmio da soberana vocação de Deus, em Cristo Jesus. E para citar mais um I Coríntios 15:57: Mas graças a Deus que nos dá vitória, por Cristo Jesus.
Vim hoje aqui especialmente para lembrar a você que é muito importante para os planos do Senhor; que suas aflições vão passar e você vai entoar o canto da vitória; que enquanto este dia não vem, deve resistir ao desânimo e a outros ataques malignos permanecendo em contato com a Palavra de Deus: lendo, meditando, ouvindo, guardando e pondo seu uso em prática nos momentos difíceis.
Jesus ama você! Não se esqueça.
Com apenas R$1,00, dá para comprar 50 selos de dois centavos. E para concluir este assunto, a quantidade de cartas enviadas por dia não pode ir além de cinco. Na época em que trabalhei com isso, estava desempregado, mas me comunicava fartamente, a ponto de ter dores no antebraço e no ombro de tanto escrever. O que eu ganhei com isso? Um porta de emprego, ao lado desta agência de Correio aonde postava minhas cartas e esta porta vai fazer cinco anos agora, em 14 de julho de 2008.
A segunda coisa que aprendi é que, em qualquer penitenciária paulista, tem um, ou mais que um grupo informal de crentes que reúnem-se para orar, ler a Bíblia, louvar e evangelizar. Uma penitenciária comum no Interior costuma ser dividida em raios (pavilhões), dependendo do lugar, cada raio tem ao menos um grupo de irmãos. Durante a semana esses "irmãos" se viram com o trabalho da Igreja; visita externa - apenas nos fins de semana, quando têm. Tendo iniciado meu ministério no princípio de 2001 quando estouraram 29 rebeliões a partir de 18 de fevereiro, soube que a assistência das Igrejas da "Rua" (as que ficam fora dos presídios) foi secando, secando - e quase acabou. Eram cerca de 70 as unidades prisionais quando comecei e 120 quando concluí o ministério. Hoje, apenas no Estado de São Paulo, são 144.
Afirmo, baseado nas mais de 500 cartas recebidas do cárcere, que existem cerca de uns 500 grupos de "irmãos" espalhados pelos raios dos cárceres paulistas, onde a falta de literatura bíblica para ler e evangelizar é crônica, que depois da Bíblia, a melhor literatura para as prisões são as Revistas de Escola Dominical usadas. Aquelas que ficam guardas nas estantes e gavetas de nossas casas. Que uma das literaturas que menos chegam ali são os hinários, por exemplo as Harpas Cristãs. Que toda penitenciária tem um biblioteca, e que LIVROS NOVOS (por exemplo Bíblias) ali sempre são bem-vindos. Os endereços para remeter literatura NOVA diretamente para as bibliotecas estão aqui: http://www.sap.sp.gov.br/ . Acesse e depois procure o Link: Unidades Prisionais. Clique em cada unidade para conseguir o endereço.
A terceira coisa a ser mencionada era a forma de escrita adotada pelos irmãos do cárcere. A carta era escrita com caneta azul, mas os versículos citados, principalmente no começo, eram zelosamente destacados em tinta vermelha. Pequenos detalhes do costume de escrever do cárcere. Uma lembrança curiosa: conheci pessoalmente um irmão que ficou recluso por coisas anteriores a sua fé. Ele era de Pirajuí II, e saía nos feriados para ver a mãe - que morava perto da minha casa - lembro-me ele por um paradoxo: sua letra era miudinha enquanto seu dono tinha quase dois metros de altura. Em três anos, eu conhecia quase todos os remetentes, apenas pela letra.
A quarta coisa que aprendi, que vou considerar a mais importante no contexto desta mensagem, eram as frases escritas nos envelopes para os carteiros. E foi compreendendo um pouco da cultura da igreja do cárcere que cheguei a receber correspondências de 48 presídios, de um projeto de 50 para um período de dois anos. O uso da carta social, a informação sobre a existência de grupos de irmãos - a igreja do cárcere - em todas elas, os endereços de cada unidade, fornecidos pelo próprio Secretário da época, um japonês muito gentil, cujo nome não mais me lembro, mas que devo muita obrigação pela paciência, a forma de escrever as cartas com tinta azul e os versículos para meditação em vermelho e as frases escritas no envelope.
E foi assim que também passei a escrever na parte superior do envelope de minhas cartas, acima do remetente, esta frase: JESUS AMA VOCÊ! Ela poderia ter pouco valor para quem está com tudo bem no seu dia a dia. Entretanto, para os presos, os deprimidos, os amargurados, os cansados, abatidos, desempregados e complexados, ela tem muito valor.
Em tempos de provações e dificuldades nosso ânimo vai diminuindo, diminuindo na mesma proporção de que desesperança e a sensação de que estamos desamparados aumenta. Será que Deus existe mesmo? Não estaria eu sozinho? Vem nosso questionamento interior perguntando? Ao que Pedro nos orienta: Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário anda em derredor, bramando como um leão, buscando a quem possa tragar, ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo.
Há alguns documentários em vídeo que mostram as habilidades de caça dos animais. E, um animal carniceiro costuma escolher sua vítima por pequenos detalhes, e um deles é a escolha dos mais fracos ou novos. Eu fico meditando, por exemplo, em Jó. O diabo fez duas cargas de ataque sobre Jó, que não surtiram efeito. Depois, de alguma forma utilizou seus amigos para confundir enfraquecer sua vigilância e desanimá-lo. Jó não ficou passivo e os confrontou. O próprio Senhor Jesus sofre três cargas do diabo na tentação do deserto. Também Jesus ofereceu resistência com a palavra de Deus. Abraão ficou chateado com a esperteza do sobrinho que escolhera os melhores pastos nas campinas do Jordão. Creio que minha análise é verdadeira, pois durante este episódio o Senhor apareceu-lhe para reforçar seu ânimo com a promessa de um filho. Abrão ficou com os pastos ruins, mas Deus mandou que ele erguesse os olhos para contar as estrelas do céu.
Quero terminar dizendo que, hoje, temos a facilidade de comprar uma Bíblia para meditar na palavra de Deus. É meditando nela, e guardando no coração as promessas de Deus, que podemos resistir ao desâmino, a complexo de inferioridade, à desesperança e à sensação de que não existe mais solução para os nossos problemas - sentimentos falsos imputados em nossas mentes pelo diabo - o leão que brama ao nosso derredor. Durante os 11 anos que passei por grandes dificuldades financeiras aprendi a resistir ao diabo com alguns versículos que deixei bem guardados no coração. Um é Filipenses 3:13-14: " ...E uma coisa faço, e é que esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e olhando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo da pelo prêmio da soberana vocação de Deus, em Cristo Jesus. E para citar mais um I Coríntios 15:57: Mas graças a Deus que nos dá vitória, por Cristo Jesus.
Vim hoje aqui especialmente para lembrar a você que é muito importante para os planos do Senhor; que suas aflições vão passar e você vai entoar o canto da vitória; que enquanto este dia não vem, deve resistir ao desânimo e a outros ataques malignos permanecendo em contato com a Palavra de Deus: lendo, meditando, ouvindo, guardando e pondo seu uso em prática nos momentos difíceis.
Jesus ama você! Não se esqueça.
João Cruzué - Blog Ohar Cristão
cruzue@gmail.com
cruzue@gmail.com