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João Cruzué
Por uma feliz coincidência tive a oportunidade de passar dois dias trabalhando no Museu Afro-Brasil, em setembro do ano passado. E nesta ocasião de o privilégio de conhecer e conversar com Emanoel Araujo a quem respeitosamente chamei de Mestre. Quem caminha pelo Parque do Ibirapuera e ainda não teve a oportunidade de fazer uma visita ao Museu, vai se surpreender com o trabalho bem feito que há dentro
O Museu Afro Brasil é uma instituição administrada pela Organização Social, Associação Museu Afro-Brasil, titulada em abril de 2009 para garantir o trabalho incansável de seu Curador. Contextualizando, o homem e seus colaboradores mais próximos parecem movidos a pilhas "duracell".
Quando passava perto da mesa onde eu trabalhava, mestre Emanoel veio gentilmente cumprimentar-me e fiquei surpreso com seu gesto. Habituado que sou, por força do ofício, a perambular por muitos órgãos públicos, na maioria deles tais executivos não têm tempo para ninguém. Emanoel de Araújo teve.
Perguntei como andava seu entusiasmo com os novos projetos e ele brincou que estava um pouco devagar.
Devagar, nada!
Fiquei espantado com o movimento dentro do Museu. Artistas, pesquisadores, marceneiros, quadros saindo, quadros chegando, esculturas, peças de engenhos, exposição de vestidos de Marilyn Monroe, fotos de celebridades afro americanas "De Martin Luther King a Barack Obama".
O Valdir, um colega nosso que trabalha no local, me disse uma coisa e eu acredito: Enquanto um diretor de museu leva três meses para concluir o projeto de uma exposição, mestre Emanoel consegue deixá-la pronta em três semanas!
Mas a coisa que mais me impressionou no Museu Afro Brasil, eu ainda não disse. Nos múltiplos espaços de exposições, tudo era LIMPÍSSIMO. A pintura das paredes? CUIDADÍSSIMA. E a iluminação: CORRETÍSSIMA. E disseram-me que tudo isto tem a ver Emanoel, que é PERFECCIONISTA!
E os colaboradores da Casa? Antes de trabalhar os dois dias na Instituição, minha intuição me disse: todos eles devem ser afrodescendentes... Negativo! Tinha alemão, tinha japonês e tinha negro. O nome da Casa tem a ver com a cultura negra, mas a cultura do lugar não é exclusivista. Para polemizar, mestre Emanoel organizou ano passado (2012) uma exposição com fotos e vestidos de Marilyn Monroe. Eu mesmo vi um vestido armado em arame e cheio de luzinhas.
Por que escrevi este post: porque louvo o esforço deste homem. Ele é criativo, determinado, detalhista, exigente e muito, muito rápido. Vi outros Museus e Oficinas no ano passado. E me decepcionei com a falta de efervecência; com responsáveis que não se encontravam no lugar e principalmente a falta de asseio e conservação.
Antes da conclusão, soube que a Ministra Marta Suplicy esteve em 15 de novembro passado na Sede do Museu para cantar parabéns para Emanoel. E na ocasião, me disseram, ele foi convidado para organizar um Museu Afro lá em Brasília. Se aceitou, eu não sei.
Para mestre Emanoel eu tiro o chapéu. Para mim ele é uma referência em TRABALHO!