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sábado, abril 17, 2010

Pastor Armando Vanelli - comemora 22 anos à frente da Missão Saída


ENTREVISTA


Pr. José Armando Vanelli
e esposa: Pra. Sara Madureira Vanelli

Por João Cruzué

No próximo domingo, dia 18 de abril, o Pastor Armando Vanelli estará recebendo os parabéns de todos os amigos e irmãos pelos 22 anos dedicados à Casa de Recuperação denominada: Missão Saída - Escola de Reeducação Social. Há 22 anos Pastor Vanelli tem servido à comunidade mogiana com muito entusiasmo e amor pelo próximo.

Fiquei muito honrado pela consideração do Pastor, quando compartilhou conosco sua alegria de Servir oo Senhor Jesus, na vocação em que foi chamado. Em tempos em que uma multidão de blogueiros procura "resolver" as mazelas do mundo apenas com palavras, Irmão Vanelli, um blogueiro amigo de alguns anos continua focado no serviço social, a exemplo da parábola do "Bom Samaritano". Quero compartilhar com os irmãos, esta pequena entrevista que fiz, para aprender com quem tem intimidade com o Senhor Jesus Cristo.




1) Pastor Vanelli, fale sobre uma das conquistas da Missão Saída.

Resposta: A Casa de Recuperação Social Denominada Missão Saída, de Mogi Guaçu, já atendeu aproximadamente 2.100 alunos, durante o período de 18 de abril 1988 a 15 de abril de 2010.


2) Por que a visão de uma Casa de Recuperação?

Porque nos idos de 81 começaram a surgir as primeiras mortes de jovens por overdose. E como eu tinha saido em 74 do mundo das drogas, eu não via outra porta a não ser criar algo que pudesse ajudar aquelas preciosas vidas que estavam sendo arrancadas do meio pelo vício.


3) Onde e como foi o começo?

Em Mogi Guaçu. Ninguém acreditava, mas eu tinha um projeto, uma planta da casa muito bem projetada para a época, feita por dois arquitetos amigos meus. O terreno foi fruto de um milagre também. Um corretor de imóveis, por nome Sr. João(tinha que ser), corretor soube do meu intento e encaminhou-me a São Paulo para conversar com empresários árabes, pois eles estavam investindo em loteamentos na cidade de Mogi Guaçu. Expus minha idéia e disse que qualquer terreno serviria. O árabe lamentou que meu deus aceitasse qualquer coisa. Olhando para o Sr. João, ele disse para que me convecesse a escolher o melhor terreno. E assim foi. Ele está lá até hoje!


4) Qual foi a reação da sua família?

Entre meus quatro irmãos, havia um que dizia que dos quatro, só um era esperto:Eu. Porque montara um negócio que me enriqueceria. Além disso, eu já era considerado o traidor da familia a partir do momento que deixei as origens, para me converter ao evangelho - em 1974. Minha mãe costumava dizer que eu só andava com quem não prestava, mas depois reconheceu meu Ministério.


5) Como foi a colaboração de fora?

Milagrosa, inexplicavel. No dia 02 de agosto de 87, comecei a construção. Em 18 de abril de 1988 a inauguramos completamente equipada. Camionetes 3/4 paravam em frente à construção com tudo quanto era material de construção. Sempre que eu perguntava quem foi que mandou, a resposta era a mesma: O que uma mão dá, a outra não precisa saber. Quando atingimos o baldrame do alicerce, agora já aterrado, precisavamos de 10.000 blocos, muitos tijolos e para começar 100 sacos de cimento.

Minha sogra era a zeladora voluntária da igreja. Um dia quando foi limpar, encontrou 90 sacos de cimento na porta da igreja. Ela mandou me chamar. Fui e fiquei desapontado, pois tinha orado por 100 sacos.

No ultimo saco tinha um bilhete asim: O depósito não tinha mais cimento. Entregaremos os outros 10, amanha. Até hoje não fiquei sabendo quem mandou. Sobre a oferta dos 10.000 blocos de cimento. Passou um jovem na igreja, entrou, equis interromper o culto. Falou com ele que no final eu o deixaria falar. Ele Ficou bravo mas esperou. Perguntou se era eu quem estava construindo a Casa, e o que precisava. No outro dia mandou o cheque dos 10.000 blocos.


6) A maior alegria.

Foi o primeiro fruto, que se tornou um exemplo de homem. É hoje um plantador de igrejas.


7) E a maior tristeza?

Os nomes biblicos de alguns interessados. 40% dos que buscam a Casa são filhos de pais que se desviaram do caminho. A maioria não consegue libertação porque os pais não se consertam com Deus.


8) Os tipos tóxicos detectados?

Nesta região o Alcool, maconha, a cocaína e crack.


9) Qual o mais perigoso

O Crack. Depois de alguns anos de uso, fica irreversível o quadro.


10) O tratamento.

Durante esses vinte dois anos a Missão SAÍDA aplica aos seus alunos, assim chamados os residentes, quatro fundamentais fases que estimularão à Caminhada com Deus durante todo o tratamento:

Primeira Fase – Retomada do relacionamento com o criador.

Nos primeiros 30 dias, que então denominamos de FASE INICIAL, trabalhamos o aluno no sentido de que admita o seu distanciamento de Deus em decorrência do uso das drogas, redescubra a confiança Naquele que tudo pode, entregue- se a Ele e passe a experimentar uma vida de submissão Àquele que o criou livre. Fundamentos da Bíblia: Romanos 7:18; Filipenses 2:13; Romanos 12:1. Assim o aluno passa a reconhecer a sua fragilidade gerada pela separação de Deus, e torna- se consciente de que Deus é necessidade em sua vida doravante, tendo mediante o devocional diário um despertamento espiritual, provocando assim o distanciamento daquilo que não procede de quem O criou.

Fase secundária – Assumindo o bem estar próprio.

Ninguém vive bem consigo mesmo se não se quebrantar diante de Deus, principalmente se já retomou o relacionamento. Daí então é que se processa o arrependimento e a confissão dos atos até então praticados. Fundamentos da Bíblia: Tiago 4:1; 5:16 Mt 23,26 – Tg 4,10; 5.16. Nesta fase o aluno deverá através do arrependimento e da confissão dos seus atos, derrubar suas máscaras e descobrir a realidade para uma vida honesta, adotando como regra para o bem viver a correção de atitudes e deve perceber a necessidade da mudança de comportamento.

Fase terciária – Ajustando relacionamentos com o próximo.

Quem trabalha arrependimento não tem outra rota a não ser a da separação. I João 1.9, Lucas 6:31 e Mateus 5:23-23 fundamenta bem este ajuste de relacionamento com aqueles a quem geramos dores e desconforto.Esta fase é muito interessante porque trabalha- se a necessidade do uso da sinceridade nas pequenas e grandes coisas, com denotada capacidade de reconhecer os danos causados a si próprio e a outros, não genericamente, mas especificamente, com um forte reconhecimento de abandono às atitudes erradas outrora praticadas, inclusive velhos hábitos e comportamentos.

Fase conclusiva – Atenção na nova caminhada e vigilância às atitudes.

Agora é o momento de observar atentamente o que I Coríntios10,12 , Colossenses 3,16, Gálatas 6:1, isto porque deverá ser mantida a recuperação alcançada, e nisto pesa muito a revisão das atitudes e o conhecimento dos mecanismos de defesa, associados com o desenvolvimento do hábito de comunhão diária com Deus, oração e meditação na Palavra de Deus, gerando assim, um bom testemunho.

PROGRAMA RESIDENCIAL

O Programa Residencial da Missão SAÍDA adota como forma de tratamento o Modelo Terapêutico Cristão, com consciência de que lidando com dependentes de álcool e drogas, tem que considerar os aspectos bio-psico-social do homem, daí a razão do respeito a individualidade e
necessidade pessoal de cada residente.

Crendo na recuperação fundamentada nos princípios cristãos, a dinâmica terapêutica do modelo adotado visa primordialmente resgatar os valores disciplinares, familiares, emocionais e despertamento da espiritualidade, provocando assim motivação para reconstrução dos seus princípios de vida, adotando doravante hábitos salutares e produtivos.

ATIVIDADES LABORATIVAS, DE MANUTENÇÃO E ESPORTIVAS.

Como toda instituição a Missão SAÍDA precisa ser mantida sob rigorosa limpeza, ordem e decência, por isso uma escala denominada QTS – Quadro de Trabalho Semanal foi bem elaborada para que os alunos a desenvolvam como parte da grade curricular, gerando ordem, limpeza, ambiente saudável e um cartão de visita para os buscam socorro na Missão.

Estes trabalhos participativos por espontaneidade de cada aluno visam restaurar o senso de organização, disciplina e a retomada do fazer algo produtivo, com responsabilidade e aceitação social. As tarefas não têm sentido de obrigações, mas de colaborações voluntárias visando o crescimento, buscando apagar a forma antiga de viver. Destacam se estas tarefas como: limpeza e conservação, reparos e manutenção de equipamentos, jardinagem, auxilio à cozinha, atividades externas de apoio à comunidade.

As atividades esportivas não são necessariamente curriculares, portanto, participam os que se destacam na obediência e observação das normas e regulamentos da Missão. Tudo isso visa tira-lo da vida indisciplinada que vivia em decorrência ao uso das drogas, despertando no aluno o senso de responsabilidade induzindo-o a organização de sua vida.