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Hall 9000 |
A era da massificação digital já começou. Quem assistiu o filme "O Substituto" (Surrogates), de Jonathan Mostow, protagonizado por Bruce Willis vai entender como é. Seres humanos isolados e deprimidos em suas casas, sendo representados na vida profissional por robôs-sósias, jovens, bem vestidos, com intensa socialmente durante o dia. E quando vem a noite, voltam para seus cabides, closets, armários, enquanto seus originais se levantam e vivem sozinhos, trancados em seus quartos em uma casa onde ninguém conversa com ninguém. Sozinhos, mudos, com milhares de seguidores zumbis no twitter e no facebook. Eis aí a era dos deprimidos.
A família não mais se comunica verbalmente. A filha, no quarto, pede um remédio para a mãe, na cozinha, por um SMS. A vizinha tem um perfil no facebook onde coloca as fotos da última viagem que o esposo ainda nem viu. O artista decadente digita algumas vezes por dia seus bilhetes no twitter que a maioria de seguidores nunca lê. A jovem senhora cola centenas de pensamentos e frases pelo facebook - que a maioria não presta muito atenção.
Todos se comunicando e relacionando muito em relacionamento social de faz de contas - que na verdade não passa de um monólogo transmitido por programas-robôs, como no filme Matrix. Uma massificação de mensagens que leva ao enfastio.
Todos se comunicando e relacionando muito em relacionamento social de faz de contas - que na verdade não passa de um monólogo transmitido por programas-robôs, como no filme Matrix. Uma massificação de mensagens que leva ao enfastio.
Para onde isto vai nos levar?
Creio que já podemos observar alguma coisa. A coisificação dos relacionamentos sociais. Twitters, faces, iPhones, iPads, sMartphones - uma geração de pessoas frias, insensíveis e anti-solidárias está se formando. Despossuídas de sensibilidade humana e de verdadeiro espírito solidário. Uma grande geração com viés de depressão. O excesso de tempo passado junto à maquinas faz desaprender a se relacionar de verdade. Resumindo - a era do distanciamento já bem identificada há 2000 anos no Evangelho, quando o sacerdote e o levita - viram - mas passaram ao largo do moribundo socorrido pelo bom samaritano.
Eu percebo que quanto mais trabalhamos com recursos eletrônicos, mais automatizado e frio vamos ficando. Esta interação eletrônica excessiva nos torna insensíveis como máquinas. Creio já estamos 100% condicionados para ser comandados por máquinas. Não por robocops, homens de ferro ou Darth Vaiders, mas por algo do tipo "Hall 9000" de Stanley Kubrick. A potencialidade da IA (Inteligência Artificial) já é uma realidade. Tudo nas sombras. Você não vê, não ouve, não sente, mas aquilo nos está monitorando lá - no Google, no Facebook, na NSA, só falta o chip do apocalipse.
Estamos perdemos o hábito da solidariedade. Cada um por si e Deus para todos. Duvida? Se você prefere ficar no seu quarto mexendo no computador à noite ou nos fins de semana, é muito provável que no último mês não visitou e não foi na casa de ninguém. Os insensíveis da parábola do bom samaritano se multiplicaram. Hoje há milhões sacerdotes e levitas apressados e individualistas, que posso comparar àquela cena de Matrix, onde Morpheus para o programa no meio da rua para mostrar todas aquelas pessoas que são "smiths" em potencial. O déficit de solidariedade dos internautas só aumenta. A falta de solidariedade e a agressividade as "máquinas" brota incontida dentro de cada família.
Como podemos nos precaver do pior?
Não sei se isto é possível, mas alguém precisa ensinar o uso racional e mostrar o perigo oculto do uso excessivo de eletrônicos. Eles foram criados para satisfazer uma necessidade que não tínhamos. Mostraram-nos milhares de vantagens, mas não abordaram os prejuízos da dependência digital. Nos fazem perder a noção do tempo. Nos levam a procurar ambientes fechados e isolados para fazer nossa "comunicação." Tuitamos e facebookiamos cada dia mais enquanto perdemos a habilidade de dar bom dia ao pai e a mãe, dentro da própria casa. Ainda bem que os gatos e os cachorros não gostam de Internet.
A falta de comunicação pelo excesso de comunicação. A depressão colhida pela falta de solidariedade criada por efeito boomerang. Sozinhos em meio a tanto relacionamento virtual. O futuro mostrado no filme 2001 - Uma Odisseia do Espaço, de Stanley Kubrick, como aquela paz das cenas onde a música "Danúbio Azul" é tocada já mostrava sutilmente o começo deste nosso tempo. No vídeo abaixo, observe bem a partir do minuto 2.13: uma nave vazia (sem ninguém) onde o protagonista dormia, sendo atendido por uma comissária que parecia um robô.
Cena comentada está entre o 2º e o 3º minutos.
Temos a liberdade de fazer, comprar e usar tudo que quisemos, isto é fato. Mas esta coisificação não tem nada de deslumbrante, este excesso de mudanças em tão curto tempo está nos transformando em seres humanos obsoletos, pois não podemos competir com as máquinas. Estas nascem para ser descartadas em dois anos porque vão ficar obsoletas. E nós corremos o risco criar o ser humano para ser obsoleto a cada dois anos. Desconfio que está vindo aí a geração 3.0. Uma máquina não nasceu com a necessidade de relacionamentos sociais, nem fica deprimida com a solidão. Mas nós, sim.
A Bíblia, em Provérbios 18.1, diz: "Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria."
A Bíblia, em Provérbios 18.1, diz: "Busca seu próprio desejo aquele que se separa; ele insurge-se contra a verdadeira sabedoria."
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