terça-feira, novembro 27, 2012

Estado laico não é estado ateu



Yves Gandra da Silva Martins

No Consultor Jurídico, leio artigo de Lenio Streck eminente constitucionalista gaúcho. Ele, até com certa ironia e um misto de humor britânico e local, destrói todos os argumentos da pretensão de membro do Ministério Público que impôs ao Banco Central 20 dias para retirar das cédulas do real a expressão "Deus seja louvado".
  
Concordo com todos seus argumentos. Lembro que o referido procurador deveria também sugerir aos constituintes derivados, que são todos os parlamentares brasileiros (513 deputados e 81 senadores), que retirassem do preâmbulo da Constituição a expressão "nós, os representantes do povo brasileiro, sob a proteção de Deus, promulgamos esta Constituição".

Creio, todavia, que por ser preâmbulo da lei suprema, é imodificável. Terá o probo representante do parquet de suportar a referência ao Senhor.

Aliás, é bom lembrar que, sob a proteção de Deus, a Constituição promulgada permitiu que, pelos artigos 127 a 132, tivesse o Ministério Público as relevantes funções que recebeu e que ensejaram ao digno procurador ingressar com a ação anticlerical.

Tem-se confundido Estado laico com Estado ateu.Estado laico é aquele em que as instituições religiosas e políticas estão separadas, mas não é um Estado em que só quem não tem religião tem o direito de se manifestar. Não é um Estado em que qualquer manifestação religiosa deva ser combatida, para não ferir suscetibilidades de quem não acredita em Deus.

Há algum tempo, a Folha publicou pesquisa mostrando que a esmagadora maioria da população brasileira, mesmo daquela que não tem religião, diz acreditar em Deus, sendo muito pequeno o número dos que negam sua existência.

Na concepção dos que entendem que num Estado laico, sinônimo para eles de Estado ateu, só os que não acreditam no criador é que podem definir as regras de convivência, proibindo qualquer manifestação contrária ao seu ateísmo ou agnosticismo. Isso seria uma autêntica ditadura da minoria contra a vontade da esmagadora maioria da população.

Deveria, inclusive, por coerência, o procurador mencionado pedir a supressão de todos os feriados religiosos, a partir do maior deles, o Natal. Deveria pedir a mudança de todos os nomes de cidades que têm santos como patronos e destruir todos os símbolos que lembrassem qualquer invocação religiosa, como uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor, para não criar constrangimentos à minoria que não acredita em Deus.

 O que me preocupa nesta onda do "politicamente correto" é a revisão que se pretende fazer de todo o passado de nossa civilização, desde livros de Monteiro Lobato às epístolas de São Paulo — não ficando imunes filósofos como Aristóteles, Platão ou Sócrates, que elogiavam uma democracia elitista servida por escravos.

Talvez o presidente Sarney tenha resumido com propriedade a ação do eminente membro do parquet ao dizer que, com tantos problemas que deve a instituição enfrentar, deveria ter mais o que fazer.

A moeda padrão do mundo, que é o dólar, tem como inscrição "In God We Trust". A diferença é que os americanos confiam em Deus e na sua moeda — nós "louvamos a Deus" na esperança de que também possamos confiar na nossa.


Ives Gandra da Silva Martins é advogado tributarista, professor emérito das Universidades Mackenzie e UniFMU e da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, é presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, do Centro de Extensão Universitária e da Academia Paulista de Letras.

*Opinião publicada originalmente no jornal Folha de S.Paulo do dia 26 de novembro de 2012 - pg A3

domingo, novembro 25, 2012

Blogs Evangélicos e o retorno da Agenda 2012

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Agenda 2012
João Cruzué

Prestação de Contas.  Em janeiro de 2010 lancei em primeira mão um projeto na União de Blogueiros Evangélicos denominado AGENDA 2012.  Um mês depois,  continuamos com os esclarecimentos em um post sobre a Agenda - Perguntas e Respostas. Pois bem, estamos aqui de volta para trazer algumas respostas.

Do projeto 100 mil Blogs Evangélicos  até o final de 2012, creio que foi uma meta muito alta. Mas considerando que somente a UBE registrou mais de 18.000 inscrições, não é difícil imaginar que no mínimo haja uns 25 mil blogueiros evangélicos escrevendo e publicando na Internet. Se na verdade, muitos desistiram, nunca o assunto blog esteve tão em evidência. Ele não caiu em desuso. E creio mais: o potencial de editores de blogs, a partir de Igrejas como as Assembleias de Deus e Batista não foi nem sequer arranhado. Ainda há muito espaço para a criação de um blog evangélico.

Primeiro, porque não há custo para a criação nem para a manutenção. Pelo menos muitos irmãos e eu temos  blogado gratuitamente desde 2005. O Google, através da plataforma blogger.com vem nos oferecendo este serviço. E pelo jeito não há previsão de descontinuidade, pois seu faturamento continua subindo. É bom para nós e bom para o Google, afinal ele compete com as grandes mídias impressas. Nossos posts, quando abordam sobre atualidades de interesse popular, são lidos e comentados.

No final de 2008 quando começamos a colaborar com o Presb. Valmir Milomem na moderação da UBE, tínhamos uma visão da popularização dos blogs no meio evangélico. Achávamos que aquilo que era bom para nós, também seria bom para nossos irmãos que gostavam de ler e escrever. Os blogueiros das Igrejas mais tradicionais  à época eram críticos à ideia. Achavam que o conteúdo dos novos blogueiros era péssimo, além da falta de originalidade. Muita cópia e pouca criação de textos. O fato é que do meio de tantos "copiadores e maus editores" veio qualidade. O processo não parou e a tendência é crescer.

Há milhares de bons professores de Escola Dominical, milhares de jovens que amam o ministério com crianças e milhares de universitários evangélicos que possuem um pensamento crítico e mais refinado que ainda estão pensando: Será que vale a pena, a esta altura, criar um blog para publicar conteúdo cristão? A minha resposta é sim.


O Brasil até 2020 será uma nação com quase 1/3 de  EVANGÉLICOS. Nada de exageros, é apenas uma projeção conservadora de 4,91% anual que vem acontecendo há pelo menos 40  . Cerca de 68 milhões de evangélicos em um país com 209 milhões de habitantes. Qual seja, precisamos nos apressar para prover com escritores e formadores de opinião a demanda por textos, reportagens, biografias, frases, notícias sobre missões, campanhas de solidariedade, projetos de novos livros, divulgação de eventos evangelização, comentários sobre fatos atuais. É preciso, por exemplo, de blogueiros que escrevam, para quem quiser ler, que a mãe do Ministro Joaquim Barbosa é uma senhora crente da Igreja Assembleia de Deus  que ora pelos filhos há 52 anos! A sociedade brasileira, preconceituosa,   precisa saber que no meio evangélico não existe apenas pastor "ladrão"  como costuma rotular. Tem milhares de lideranças engajadas e comprometidas nas comunidades em que vivem e trabalham. São gente simples e humildes, mas que seus filhos e netos estão galgando postos de destaque na liderança nacional, graças a orações e bons conselhos.

Quanto aos demais projetos, posso dizer que de minha parte andei liderando campanhas de solidariedade para ajudar pessoas que sofreram com eventos climáticos. Não foram coisas grandes, mas houve boa vontade de muitos blogueiros que ajudaram. E sobre as contribuições para missões transculturais, dou testemunho de que até colegas não crentes, do Tribunal de Contas onde sirvo, puseram a mão no bolso e contribuiram com alegria. No Ano de 2010, lancei um concurso para estimular a blogosfera cristã oferecendo um  prêmio simbólico de R$500,00. Ele teve boa participação e foi conquistado por um blogueiro de Poços de Caldas. Continuei editando os tutoriais" Como Blogar" e "Curso de Blogs" cujas  páginas mais visitadas são, por exemplo "como centralizar textos em html" e "como montar  um link" etc. Não fiz tanto. Poderia ter feito mais, contudo não fiquei só nas palavras.

Tenho certeza que outros blogueiros que tiveram conhecimento da AGENDA 2012 também participaram e devem ter avançado bem mais que eu.

Gostaria de agradecer aos que tiveram a coragem de chegar até o fim deste texto (rssss) e dizer mais uma coisa: queremos voltar a trabalhar com agendas. Desta vez com mais experiência e mais dependência dos amigos, que são aquelas pessoas que Deus coloca em nosso caminho para incentivar (e criticar) quando é preciso, mas que sobretudo participam se não em projetos nossos, em seu próprios, porque Deus abençoa quem trabalha sem ficar batendo um bumbo na frente.

Há muita liderança que ainda não escreve conteúdo cristão na Internet? Sim, há.  Geralmente alegam que não têm tempo ou que receiam ser malvistos perante o Pastor da Igreja. Porém, até ele deve saber que  uma geração de crianças e adolescentes está crescendo em nossos dias com os olhos e os dedos da mão focados e ansiosos para participar do meio de comunicação deste século. Se nós não nos movermos para conquistar o espaço que se abre gratuitamente a nossa frente, outros virão e ocuparam o nosso lugar. Como já fizeram com o Rádio, com a Televisão...

O ministro Joaquim Barbosa, em seu discurso de posse na presidência do Supremo Tribunal Federal disse uma frase que ninguém comentou, mas ela tem uma verdade prática que se cumpriu na vida dele. Ele disse assim:  "Não há justiça sem leis nem sem cultura."  Imagino que a semântica dada à palavra "cultura" fosse o acúmulo de experiências com as letras, Educação. Um povo inculto e ignorante não tem chance de ser livre, pois a qualquer momento e ao sabor das circustâncias pode ser manipulado, expoliado,  alienado, conformado e com uma visão distorciada de que na verdade os lidera. Neste sentido, um blogueiro cristão tem uma vasta bigorna (a Internet) para trabalhar com o malho da verdade (conteúdo cristão) em seu dia a dia. Creio que ainda temos muito receito de desaprovar atitudes e criticar falsos evangelhos e a corrupção que também campeia no meio religioso.

Vem aí a agenda 2014. De dois em dois anos podemos trabalhar nisso. E mais: já passou da hora de ter mais união e mais comunhão no meio da Blogosfera. A mentalidade "cada um por si e Deus para todos", não é vencedora. Precisamos ser mais políticos, mais comunicativos, mais incentivadores, uns com os  outros. O exercício da solidariedade pode nos trazer conquistas sob a boa mão de Deus, que nunca antes ousamos imaginar. Por que não tentar?

Abraço.
cruzue@gmail.com


"As crianças brasileiras, brancas, mestiças ou pretas, 
precisam é de uma escola que lhes permita desenvolver seus respectivos talentos, 
que lhes forneçam os instrumentos para seguir adiante."
(Reinaldo de Azevedo)


Não há justiça sem leis nem sem cultura

Read more: http://olharcristao.blogspot.com/#ixzz2DHq8X0jIQuem



Um blog cristão vencendo o Portal G1 na busca do Google



BLOG OLHAR CRISTÃO

Blog Olhar Cristão - data: 25.11.12 - horário:18:00h
João Cruzué

 Desde que o Google disponibilizou a plataforma Blogger para criar e editar um weblog gratuitamente, eu não imaginava que um dia também poderia competir com igualdade de condições com as maiores mídias digitais brasileiras sem fazer feio. Exagero? Talvez. A figura acima é uma prova de que isto  se tornou possível.  

Basta planejar um bom texto e principalmente seu título, para encaixá-lo bem na primeira página de buscas.  A iniciativa do Google foi tão boa que não é a primeira vez que este evento foi possível. Desta vez, quem ficou para trás foi o Portal G1 da Globo.

Não foi "aqueeeela" vitória... Mas, aqui para nós, deu para sentir um pouco como é o gosto dela. Confira!


1. Conferido por Márcio Melania.



Texto do discurso de posse do Ministro Joaquim Barbosa


"O Judiciário que aspiramos a ter
é um Judiciário  sem firulas, sem floreios, sem rapapés"

Foto: Roberto Stuckert Filho
Ministro Joaquim Barbosa e os cumprimentos da Presidente Dilma Roussef
Autor: Ministro Joaquim Barbosa/Presidente do STF

Compilado do Youtube por João Cruzué*

"Excelentíssima Senhora Presidente Dilma Roussef, em nome de quem cumprimento todas as autoridades aqui presentes.    Excelentíssimos Senhores Ministros do Supremo Tribunal Federal. Minhas senhoras, meus senhores.

O Brasil é um país em franca e constante evolução. Um olhar retrospectivo e generoso sobre o nosso pacto sócio-político e sobre a nossa história como nação nas últimas cinco ou seis décadas, revelará sem dúvida  a trajetória vitoriosa de um povo que soube desvencilhar-se da nada confortável posição de quase pária no concerto das nações livres.

Esta posição, evidentemente, decorrente das graves iniquidades pelas quais éramos caracterizados. E passou a ingressar no seleto grupo das nações respeitáveis cujas instituições políticas podem sem a menor sombra de dúvida servir de modelo a diversos Estados cuja institucionalidade ainda está em vias de construção.

Embora todos nós estejamos frequentemente prontos  a exercer o nosso sagrado direito de crítica quanto ao funcionamento dessa ou daquela engrenagem estatal, que as vezes teimam em expor as suas mazelas e as suas debilidades intrínsecas, hoje, pode-se dizer que temos instituições sólidas submetidas cada vez mais a observação e ao escrutínio atento da sociedade, de outras nações e da comunidade jurídica internacional.

Tudo isto é extremamente positivo e não temos porque nos queixar, sobretudo se comparar o estado atual de nossa institucionalidade com aquela que tínhamos cinco  décadas atrás. Não se pode falar em instituições sólidas sem o elemento humano que as impulsiona. Uma vez que estamos em uma casa de justiça, tomemos como objeto de reflexão o homem, o homem magistrado.

O bom magistrado é aquele que tem plena e total consciência de seus limites e das limitações que lhe são impostas pela sua condição funcional. Não basta ter uma boa formação técnica, humanística e forte apego a valores éticos, que em realidade devem ser guias comportamentais de qualquer agente estatal e mesmo de agentes privados.

O juiz deve ter presente o caráter necessariamente laico da missão constitucional, da missão constitucional que lhe é confiada, e velar para que as suas convicções e crenças mais íntimas não contaminem a sua atividade, que é uma das mais relevantes para o convívio social, além de fator de fundamental importância para o bom funcionamento de uma economia moderna e de uma sociedade dinâmica,  inclusiva, e aberta a toda e qualquer mudança  que traga melhorias para vida de todas as pessoas.

Pertence definitivamente ao passado a figura do juiz que se mantém distante e indiferente, para não dizer inteiramente alheio aos valores fundamentais e aos anseios da sociedade,  na qual ele está inserido. Se é certo que a noção de liberdade comumente aceita entre nós  impede que  se exija do juiz a adesão cega a  todo e qualquer clamor da comunidade a que serve, mais certo ainda é o fato de que,  no exercício da sua missão constitucional, o juiz deve, sim, sopesar e ter na devida conta os valores mais caros à sociedade na qual ele opera. Em outras palavras, O juiz é um produto do seu meio e do seu tempo. Nada mais ultrapassado e indesejável do que aquele modelo de juiz isolado, fechado,  como se estivesse encerrado em uma torre de marfim.

Evidentemente, depois de abordar  nestas rápidas  palavras   a figura do juiz, penso que é imperioso emitir umas poucas palavras sobre a instituição que o congrega – a Justiça, o mais precisamente o Poder Judiciário, já que essa instituição estatal simboliza um dos poderes da República.

A justiça por si só, e só para si, não existe. Só existe na forma e na medida em que os homens a querem e a concebem. A justiça é humana, histórica.  Não há justiça sem leis nem sem cultura. A justiça é alimento ínsito ao convívio social, daí porque a noção de justiça é indissociável da noção de igualdade. Vale dizer, a igualdade material de direitos, sejam eles direitos juridicamente estabelecidos ou direitos moralmente exigidos. Em outras palavras, quando se associam justiça e igualdade,  emerge na sua inteireza o cidadão reivindicar o mais sagrado dentre os seus direitos, qual seja, o direito de ser tratado  de forma igual, de receber igual consideração, a mesma que é conferida ao cidadão "A" ou ao cidadão "C" ou "B".

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"O judiciário que aspiramos a ter 

é um judiciário sem firulas, sem floreios, sem rapapés"
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 A falácia sobre o direito à igualdade, sobre os direitos à igual consideração, é preciso ter a honestidade intelectual para reconhecer que há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam o serviço público da justiça. Ao invés de se conferir ao que busca a restauração dos seus direitos,  o mesmo  tratamento, a mesma consideração que é dada  a uns poucos,  o que se vê aqui e acolá, não   sempre - é claro, mas às vezes sim, é o tratamento privilegiado, o bypass a preferência desprovida de qualquer fundamentação racional.  Gastam bilhões de reais anualmente para que tenhamos um bom funcionamento da máquina judiciário. Porém é importante que se diga,  o judiciário que aspiramos a ter é um judiciário  sem firulas, sem floreios, sem rapapés, pelo menos na minha concepção.

O que buscamos é um judiciário célere, efetivo e justo. De nada valem as edificações suntuosas, os sofisticados sistemas de comunicação e informação se naquilo que é essencial a justiça falha. Falha porque é prestada tardiamente, e não raro, porque presta um serviço que não é imediatamente fruível por aquele que o buscou. Necessitamos com urgência de um maior aprimoramento da prestação jurisdicional, especialmente no sentido tornar efetivo princípio constitucional da razoável duração do processo.

Esta razoável duração do processo, se não observada em todos os quadrantes do judiciário nacional, suscitará em breve o espantalho capaz de afugentar os investimentos produtivos de que tanto necessita a economia nacional.  O grip lock econômico resultante da ineficácia dos mecanismos de solução rápida dos conflitos de natureza econômica, é o tipo de entrave que nós pessoas portadoras de grande responsabilidade devemos a todo custo evitar.  E  nesse ponto, a responsabilidade que recai sobre o judiciário não é nada desprezível.

E o que é razoável duração do processo?  Apenas para ser ilustrativo, permito-me dizer o que não é:
-Não são os processos que se acumulam nos escaninhos das salas dos magistrados;
-Não é a pretensão de milhões que se arrastam por dezenas de anos.
-Não é a miríade de recursos  de que se valem aqueles que não querem ver o deslinde da causa deslinde da causa;
-Não são, em absoluto, os quatros graus  de jurisdição que o nosso ordenamento jurídico permite;
-Justiça que falha e que não tem compromisso com a sua eficácia, é justiça que impacta direta e negativamente sobre a vida do cidadão.

Por fim, eu gostaria de arrematar esta breve exposição com umas poucas palavras sobre um personagem chave para toda e qualquer tentativa que se queira implementar no nosso país na esfera do Poder Judiciário. Falo da figura do juiz, esta figura tão esquecida, às vezes. É preciso reforçar a independência Juiz. Afastá-lo desde o ingresso na carreira das múltiplas e nocivas influências que podem paulatinamente lhe minar a independência. Essas más influências podem se manifestar tanto a partir própria hierarquia interna a que o jovem juiz se vê submetido, quanto dos laços políticos de que  ele pode às vezes se tornar tributário na natural e humana busca por ascensão funcional e profissional. Nada justifica, a meu sentir, a pouco a edificante busca de apoio para uma singela promoção do juiz do primeiro ao segundo grau de jurisdição. O juiz, bem como os membros de outras carreiras importantes do estado, deve saber de antemão quais são as suas reais perspectivas de progressão, e não buscar obtê-las por meio da  aproximação ao poder político dominante no momento.

O poder judiciário passa por grandes transformações e por uma inserção sem precedentes na vida institucional brasileira, como bem salientou ainda há pouco o ilustre Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Nesta casa, e nos demais tribunais deste país, são discutidas cada vez mais as cada vez mais centrais questões de interesse da vida do cidadão comum brasileiro. Isso é muito bom, é muito positivo.

Antes de encerrar, eu não poderia deixar de mencionar umas poucas palavras a algumas pessoas queridas que se fazem aqui presentes. Em primeiro lugar a minha querida mãezinha, senhora Benedita da Silva Gomes [muitas palmas]. Ao meu querido filho, Felipe Barbosa Gomes, aos meus irmãos Gualberto, Efigênia, Elda, Edna, Aparecida, todos os que aqui se encontram presentes.

Aos meus queridos amigos estrangeiros que se deram o trabalho de se deslocar de suas ocupações habituais para vir ao Brasil me prestar esta homenagem, prestigiar esta minha investidura [nomes]
Agradeço a honrosa presença de todos."



* permitida a cópia, por solitação expressa.



sábado, novembro 24, 2012

Uma pituca da Assembleia de Deus no Supremo Tribunal Federal



Irmã Benedita da Silva Gomes
Mãe do Ministro Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal
 "Mas, como está escrito:  
As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,
 E não subiram ao coração do homem, 
São as que Deus preparou para os que o amam."
I Coríntios 2:9.
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João Cruzue

Confesso que fiquei orgulhoso do testemunho do Ministro  Ministro Joaquim  Barbosa por ter convidado e escolhido um assento no meio da primeira fileira de cadeiras do plenário do STF para receber  a mãe,  para participar da cerimônia de posse do ilustre filho na cadeira mais alta do Supremo Tribunal Federal.  Eu, que já me cansei de ver o preconceito (pseudo moderno) me senti "vingado" e realizado ao ver Irmã Benedita  da Silva Gomes e sua pituca assembleiana, sendo recebida com honra e cumprimentada com admiração pelas maiores autoridades da nação - entre elas, a Presidente Dilma Roussef.

Com aquela grande sabedoria das idôneas senhoras assembleianas  adquirida nas reuniões semanais  de Círculo de Oração, a ex-lavadeira de roupas deu fiel testemunho do filho, agora  Presidente do STF, em poucas palavras: "O que eu dei foi oração, [o resto] ele lutou por conta própria."  Disse também: "Passei os últimos 52 anos orando pelos meus filhos".  Questionada se o filho, agroa Presidente do Supremo, tinha o hábito de orar, ela foi sincera: "Ele pode [até] não orar, mas lê a Bíblia e foi criado no Evangelho.

Irmã Benedita é mãe de oito filhos e Dr. Joaquim, é o primogênito. Aceitou Jesus lá pelo ano de 1960, quando ele tinha seis anos. Quando o pai abandonou o lar, Irmã Benedita enfrentou a bacia de lavar roupa para os outros - naquela época imagino que ainda  não havia tanque. Joaquim, sendo o mais velho, foi  para Brasília trabalhar e ajudar no sustento dos outros sete irmãos.

Certas coisas e certos detalhes nunca são comentados, mas ficam explícitos a uma pequena análise. No momento, o Ministro Joaquim Barbosa é o cidadão mais respeitado pelo povo brasileiro, que não tem tido sorte de encontrar referenciais - nos últimos anos - em  meio de suas autoridades, quer sejam civis, militares ou religiosas.

 Paulo, o Apóstolo dos gentios,  escreveu, na Primeira Carta aos Coríntios, este  texto magnífico: 

"Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são."

Eu quedei e fiquei analisando: O que foi mais decisivo na vida do Ministro Joaquim Barbosa para que se tornasse, no momento, a melhor referência de justiça  conhecida entre todas autoridades brasileiras: as orações da mãe, a mão de Deus, ou a sua  determinação e aplicação aos estudos?

Se Barack Obama tinha muitas possibilidades de se tornar um delinquente social, em vez de se conquistar por duas vezes a Presidência da nação americana,  que chances então teve o moço  Joaquim Barbosa, sendo negro, pobre e árrimo de uma família abandonada pelo pai?

 O papel da mãe,  Irmã Benedita Gomes da Silva, foi fundamental. Foi o Senhor Jesus  que ensinou aos discípulos o  grande segredo da a oração persistente: o dever de orar sempre e não desfalecer.

Tenho certeza, que por muitas vezes o nome do moço Joaquim, longe de casa, trabalhando e estudando lá em Brasília, foi lembrado e apresentado no Círculo de Oração de senhoras em Paracatu, frequentado por Irmã Benedita. 

Foi Deus, com sua boa mão, que prosperou a vida do adolescente Joaquim Barbosa e cuidou para que ele fosse conduzido por caminhos de paz. Do restante Joaquim correu atrás. Correu atrás do conhecimento até os últimos degraus. Do primário à UnB ele sempre estudou em Escola Pública. Fez dois doutorados na França. Fala fluentemente cinco indiomas, além do Português. Hoje ele é Presidente do Supremo Tribunal Federal, mas nos tempos de adolescente ele também foi faxineiro.

Muitas autoridades e artistas convidados olharam para aquela senhora negra, assentada bem ao centro da primeira fileira de cadeiras do pelanário,  vestida com  trajes conservadores, ostentando na cabeça  uma  pituca grisalha. Certamente devem ter percebido que se tratava da mãe do ministro Barbosa. O que deve lhes ter causado surpresa foi descobrir que a mãe do protagonista da festa era uma senhora crente. Digo isto, não para orgulho ou dizer que as pessoas crentes são melhores que as outras. Não. digo isto, porque por causa do preconceito que sempre foi grande, diminuiu, mas  ainda existe no meio da sociedade.
 
Há tantas coisas ruins acontecendo por aí... e certas pessoas elevam suas frontes para cima e põem a culta em Deus. De fato, há mesmo muitas coisas ruins acontecendo e muitas pessoas destruindo e sendo destruídas umas pelas outras. 

Mas aí eu paro, e faço esta pergunta para mim mesmo: Por trás das pessoas envolvidas nestas coisas ruins, havia  uma mãe que tinha o hábito de orar, um filho que lia a Bíblia e um Deus  como referência central da família?  O que estou dizendo,  não é  o exemplo  exato da noção de fundamentalismo cristão - tão criticado? Talvez seja criticado, porque funciona.

 A corrupção para mim é um ato de loucura. O que aconteceu na vida do Ministro Barbosa foi um milagre de Deus, demonstrando para toda sociedade que se não houvesse tanto roubo e tanto desvio de dinheiro a existência de outros Barbosas seria a regra, sem a necessidade de milagres. 

Quando o  Ministro  Barbosa foi escolhido para relatar  a Ação Penal 470,  sendo ele negro e tendo em sua história um passado de pobreza, preconceito e privação, eu não vejo de outra forma, senão o falar de Deus a nossa nação. Por que  justo a Joaquim foi dado a responsabilidade de relatar o mensalão? E por que ele tem se mostrado tão atrevido, com um comportamento tão criticado entre seus pares e por causa da língua tão ferina e sem papas?  Para mim isto  pode não ser só coincidência. As orações da mãe produziram na vida do filho uma resposta muito maior do que ela sequer poderia imaginar.  E este é o padrão de resposta divina à oração persistente. E por persistente, aqui, não me estou referindo a rezar um rosário, mas a dialogar com Deus com palavras sinceras e não decoradas.


 "Mas, como está escrito: 
As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu,
 E não subiram ao coração do homem, 
São as que Deus preparou para os que o amam."

Este presente de renovação da esperança na justiça que o povo brasileiro está recebendo no Natal, não é outra coisa senão o resultado de 52 anos de orações "perturbando" os ouvidos de Deus.

Para minha irmã assembleiana, de trajes crentes e  pituca grisalha, este é meu  versículo deixado  para sua meditação. Como também aproveito a oportunidade para agradecer a Deus pela vida da senhora, do seu filho Joaquim Barbosa e  por que se lembrou da falta de referência e esperança na justiça de nosso povo mais simples, que "quase" já tinha desanimado e se acostumado aos jultamentos de faz de contas dos grandes corruptos da sociedade brasileira.




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sexta-feira, novembro 23, 2012

Uma batida à meia-noite - Sermão de Martin Luther King


A KNOCK AT MIDNIGHT




Lucas 11; 5 e 6.

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"Qual de vós que terá um amigo e, se for procurá-lo à meia-noite, lhe disser: 
Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, 
vindo de caminho, e não tenho o que lhe apresentar."
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Sermão de Martin Luther King


Tradução  de João Cruzué  em  22.11.2012

Embora esta parábola se relacione com o poder da oração persistente, pode também servir de base para  nossa meditação sobre muitos problemas contemporâneos e o papel da Igreja de como lidar com eles. É meia-noite na parábola, e também é meia-noite em nosso mundo e as trevas são tão profundas que quase não conseguimos ver  o caminho a tomar.

É meia-noite dentro da ordem social. No horizonte internacional, as nações estão envolvidas em uma disputa amarga e colossal pela supremacia. Duas guerras mundiais foram travadas dentro de uma geração e as nuvens de  outra guerra estão perigosamente baixas. A humanidade  tem agora armas atômicas e nucleares, que poderiam destruir completamente e em questão de segundos as principais cidades do mundo. No entanto, a corrida armamentista continua e os testes nucleares ainda explodem na atmosfera, com uma   sombria perspectiva de que o ar que respiramos será envenenado pela precipitação radioativa. Será que essas armas e  as circunstâncias trarão a aniquilação da raça humana?

 Quando confrontado pela meia-noite, na ordem social nós  passado nos voltamos para a ciência no passado pedindo ajuda. É de  admirar que em muitas ocasiões  a ciência nos salvou. Quando estávamos na meia-noite de limitação física e inconveniência material a ciência nos ergueu para uma manhã radiante de conforto físico e material.  Quando estávamos na meia-noite da ignorância e da superstição incapacitante, a ciência nos trouxe o amanhecer de uma mente livre e aberta. Quando estávamos na meia-noite de pragas e doenças terríveis, a ciência, através da cirurgia, saneamento e remédios milagrosos, inaugurou um luminoso dia para a saúde física, prolongando assim nossa vida com  maior segurança e bem-estar físicos. Como naturalmente nós voltamos para a ciência, no dia em que os problemas do mundo são tão medonhos e sinistros!
 
Mas, infelizmente, a ciência não nos pode  salvar agora. Até mesmo  o cientista está perdido na meia-noite terrível da nossa era. Na verdade, foi a ciência que nos deu os próprios instrumentos que  agora ameaçam trazer um suicídio universal.  E assim o homem moderno enfrenta uma meia-noite sombria e assustadora na ordem social.

 Esta meia-noite no coletivo exterior da humanidade é comparada a meia-noite em sua vida privada e individual.  É meia-noite dentro da ordem psicológica. Em todos os lugares um medo paralisante assombra as pessoas durante o dia  e as assusta de noite. Nuvens espessas de ansiedade e depressão pairam suspensas em nossos céus mentais. Mais  e mais pessoas estão mais emocionalmente perturbadas hoje do que em qualquer outro momento da história humana.
 

As enfermarias de nossos hospitais estão  lotadas de psicopatas em  e os psicólogos mais populares de hoje são os psicanalistas. Os best-sellers de psicologia são livros do tipo” O homem Contra si mesmo”, "A Personalidade Neurótica de nosso Tempo",  e  O Homem Moderno em Busca de uma Alma. Best-sellers religiosos são livros do tipo:  A Paz mental e a Paz da Alma. Os pregadores populares  fazem sermões sobre "Como Ser Feliz" e "Como Relaxar." Alguns têm sido tentados a revisar os mandamentos de Jesus para depois ler, "Ide por todo o mundo, mantende a vossa pressão arterial  baixa, e eis que eu farei de vós uma personalidade bem ajustada." Tudo isso é indicativo de que é meia-noite  no íntimo das vidas   de homens e mulheres.

Também é meia-noite dentro da ordem moral. À meia-noite as cores perdem a nitidez   e  se tornam como uma sombra taciturna e cinzenta. Princípios morais perdem  suas particularidades. Para o homem moderno, o certo e o errado absoluto é uma questão do que a maioria esteja fazendo. O certo e o errado são relativos a gostos e desgostos e aos costumes de uma determinada comunidade. Nós inconscientemente aplicamos a teoria da relatividade de Einstein, que descreve adequadamente o universo físico ao reino da ética e da moral.

Meia-noite é a hora em que os homens procuram desesperadamente obedecer o décimo primeiro mandamento, "Não te deixarás  apanhar." De acordo com a ética da meia-noite,  pecado capital é  ser apanhado e a virtude cardeal é ser esperto. Tudo bem se mentir, mas é preciso mentir com finesse real. Tudo bem em roubar, se alguém se mantiver digno que, se for pego,  que a pena seja um desfalque, nunca um roubo. Também é  permitido  odiar, desde que se cubra o ódio com  vestes de amor de modo que  odiar  se pareça como amar. O conceito darwinista da sobrevivência do mais forte tem sido substituído por uma filosofia da sobrevivência do mais vivo. Esta mentalidade tem trazido um fracasso trágico aos padrões morais, a meia-noite de uma profunda degeneração moral.

 Como na parábola, assim também em nosso mundo hodierno, a profunda escuridão da meia-noite é interrompida pelo som de uma batida. Na porta da Igreja batem  milhões de almas. Nunca na história deste país o rol de membros da Igreja foi tão grande. Mais de 115 milhões de pessoas são membros, pelo menos no papel, de alguma igreja ou sinagoga. Isto representa um aumento de 100% desde 1929, embora a população tenha aumentado 31%.

 Visitantes da Rússia Soviética, cuja política oficial é o ateísmo, relatam que as Igrejas naquela nação não  estão apenas lotadas, mas que a frequência continua crescendo. Harrison Salisbury, em um artigo no The New York Times, afirmou que os camaradas comunistas estão muito perturbados porque tantos jovens têm expressado um interesse crescente por igreja e religião. Depois de quarenta anos dos mais vigorosos esforços para suprimir a religião, a hierarquia do Partido Comunista enfrenta agora o fato inusitado de que milhões de pessoas estão batendo na porta da Igreja.

E este crescimento numérico não deve ser subestimado. Não devemos ser tentados a confundir o poder espiritual com grandes números. Jumboismo é como as pessoas chamam isto; é um padrão totalmente falacioso para medir a energia positiva. 

Um aumento em quantidade não traz automaticamente em um aumento na qualidade. Uma grande membresia não se traduz necessariamente em  aumento de comprometimento com o Cristo. Quase sempre uma minoria criativa e dedicada faz  um mundo melhor. Embora o aumento do número de membros da Igreja não reflita necessariamente um aumento concomitante no compromisso com a ética, milhões de pessoas sentem  que a igreja pode fornecer uma resposta à profunda confusão que envolve suas vidas. Ela ainda é um referencial aonde o viajante cansado da meia-noite vem. É uma Casa que está onde sempre esteve, uma casa que o  viajante da meia-noite  vem ou se recusa a vir. Alguns decidem em não vir. Mas aqueles que  estão vindo e batem estão procurando desesperadamente por um pouco de pão para saciá-los.

 O viajante pede por três pães. Ele quer que o pão da fé. Em uma geração de tantas decepções colossais, os homens perderam a fé em Deus, a fé no homem  e a fé no futuro. Muitos se sentem  como William Wilberforce, que em 1801 disse: "Não me atrevo a casar. O futuro é tão instável", ou como  William Pitt, que em 1806 disse: "Não há quase nada em volta de nós, a não ser ruína e desespero." No meio da desilusão incrível, muitos clamam pelo pão da fé.

Há também um profundo desejo pelo pão da esperança. Nos primeiros anos deste século, muitas pessoas não tinham fome deste pão. Os dias dos primeiros telefones, automóveis e aviões lhes trouxe um otimismo radiante. Eles adoravam no santuário de um progresso inevitável. Eles acreditavam que a cada nova conquista científica o homem se levantaria a níveis mais elevados de perfeição. 

Mas, então, uma série de acontecimentos trágicos, revelaram o egoísmo e a corrupção humana, ilustradas com clareza assustadora pela verdade do ditado de Lorde Acton: "O poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe absolutamente" Esta terrível descoberta levou a uma das mais colossais quebra de otimismo na história. Para muitos, jovens e velhos, a luz da esperança se foi e eles perambulavam cansados pelas câmaras escuras do pessimismo. Muitos concluíram que a vida não tinham mais sentido. 

Alguns chegaram a concordar com o filósofo Schopenhauer para quem a vida é uma dor sem fim com um final doloroso.  Ou que a vida é uma tragicomédia jogado várias e várias vezes com ligeiras alterações na roupa e cenário. Outros gritam como Macbeth, de Shakespeare, que a vida é um conto Contado por um idiota, cheia de som e fúria,  sem significado. Mas, mesmo nos momentos inevitáveis quando tudo parece sem esperança, os homens sabem que sem esperança eles não podem realmente viver, e em desespero agonizante clamam pelo pão da esperança.

E há o profundo desejo de o pão do amor. Todo mundo anseia amar e ser amado. Aquele que sente que não é amado sente que não conta. Muita coisa aconteceu no mundo moderno para fazer os homens se sentirem alienados. Vivendo em um mundo que se tornou opressivo e impessoal, muitos de nós têm chegado a sentir que são nada mais do que números. Ralph Borsodi  imagem capturada  em que números  substituíram as pessoas no mundo escreve que a mãe moderna é  maternidade caso 8434 e seu filho, depois da coleta das impressões digitais  torna-se o n º 8003, e que um funeral na cidade grande é um evento no Salão B com flores Classe B e decorações em que oficia o Pregador No. 14 e o Músico nº 84 canta Seleção n º 174. Perplexo com esta tendência para reduzir o homem a um cartão em um vasto índice, o homem procura desesperadamente o pão do amor. Quando o homem da parábola bateu na porta de seu amigo e pediu  três pães, ele recebeu uma resposta impaciente, "Não me incomode, a porta já está fechada, e  meus filhos estão comigo na cama, eu não posso me levantar e lhe dar qualquer coisa." 

Quantas vezes os homens experimentaram uma decepção semelhante à meia-noite, quando eles batem na porta da igreja. Milhões de africanos, pacientemente batendo na porta da igreja cristã, onde eles buscam o pão da justiça social, quer tenham sido completamente ignorados ou solicitado a esperar até mais tarde, ou seja, nunca. Milhões de negros norteamericanos, famintos por falta do pão da liberdade, têm batido de novo e de novo na porta das chamadas igrejas brancas, mas eles têm sido geralmente recebidos com uma fria indiferença ou uma hipocrisia descarada. Mesmo os líderes religiosos brancos, que têm um desejo sincero de abrir a porta e dar o pão, muitas vezes são mais cautelosos do que corajosos e mais propensos a seguir o expediente do que o caminho ético. Uma das tragédias vergonhosas da história é que a própria instituição que deve retirar o homem da meia-noite de segregação racial participa ao criar e perpetuar a meia-noite. 

Na meia-noite terrível, homens de guerra têm batido na porta da igreja para pedir o pão da paz, mas a igreja muitas vezes os têm desapontado. O que mais pateticamente revela a irrelevância da Igreja em assuntos atuais do mundo do que seu testemunho a respeito da guerra? Em um mundo enlouquecido com o acúmulo de armas, paixões chauvinistas e explorações imperialistas, a igreja ou tem aprovado essas atividades ou permanece terrivelmente silenciosa. Durante as duas últimas guerras mundiais, as igrejas nacionais funcionavam como  lacaios disponíveis ao Estado, aspergindo água benta sobre  navios de guerra enquanto uniam  exércitos poderosos ao cantar: "Louvado seja o Senhor e passe a munição." Um mundo cansado pedindo desesperadamente por paz, muitas vezes tem encontrado a igreja  sancionando moralmente a guerra.

E aqueles que foram a igreja para buscar o pão da justiça econômica têm sido deixados na meia-noite frustrante da privação econômica. Em muitos casos a igreja tem se alinhado com as classes privilegiadas e assim defendem o status quo dos que não estão dispostos a responder à batida à meia-noite. 

A Igreja Grega na Rússia aliou-se com o status quo e tornou-se tão intrinsecamente ligada ao regime czarista despótico que se tornou impossível de se livrar do corrupto sistema político e social sem ser livrar da igreja. Esse é o destino de cada organização eclesiástica que se alia com as coisas como elas são.

A igreja deve ser lembrada  que não deve ser nem mestra nem  serva do estado, mas sim a consciência do estado. Ela deve ser o guia e o crítico do Estado e nunca  sua ferramenta. 

Se a igreja não redescobrir seu zelo profético, ela vai se tornar um clube  social irrelevante e sem autoridade moral ou espiritual. 

Se a igreja não participar ativamente da luta pela paz e pela justiça econômica e racial, ela vai perder a lealdade de milhões e levar os homens em todos os lugares a dizer que atrofiou a sua missão. 

Mas se a igreja quiser ficar livre dos grilhões de um status quo mortal e, recuperar a sua grande missão histórica, vai falar e agir sem medo e com insistência, em termos de justiça e de paz de tal forma que irá incendiar a imaginação da humanidade e acender as almas dos homens, imbuindo-os com um amor fulgurante e ardente pela verdade, pela justiça e pela paz. Homens de longe ou  perto saberão que a igreja como um grande sociedade de amor que fornece a luz e o pão para os viajantes solitários da meia-noite.

 Ao falar da frouxidão da igreja não se deve ignorar o fato de que a chamada Igreja dos Negros também deixou homens desapontados à meia-noite. Eu digo assim -  a tão chamada igreja dos Negros porque idealmente não poderia haver uma Igreja de negros ou de brancos. É para sua eterna vergonha que os cristãos brancos desenvolveram um sistema de segregação racial dentro da Igreja, e infligiram tantas indignidades sobre os adoradores negros, que eles tiveram que organizar suas próprias igrejas.

Dois tipos de Igrejas dos  Negros têm falhado em  fornecer o pão. Uma queima com emocionalismo barato e a outra tem a frieza do classissismo. O primeiro, reduz o culto ao entretenimento, colocando mais ênfase no volume do que no conteúdo e confunde espiritualidade com musculosidade. O perigo de tal igreja é que os membros possam ter mais religião em suas mãos e os pés do que em seus corações e almas. À meia-noite deste tipo de igreja não tem a vitalidade nem a relevância do Evangelho para alimentar as almas famintas.

 O outro tipo de Igreja  dos Negros, que não alimenta nenhum viajante à meia-noite, desenvolveu um sistema de classe para se orgulhar de sua dignidade, da participação de profissionais e sua exclusividade . Em tal igreja o culto é frio e sem sentido, a música é monótona e sem inspiração, e o sermão pouco mais do que uma homilia sobre eventos atuais. Se o pastor diz muito sobre Jesus Cristo, os membros sentem que ele está roubando a dignidade púlpito. Se o coro canta um negro spiritual, os membros afirmam que é  uma afronta à sua condição de classe. Este tipo de igreja tragicamente falha em reconhecer que a eadoração no seu melhor é uma experiência social em que as pessoas de todos os níveis de vida se unem para afirmar a sua unicidade e unidade sob Deus. À meia-noite os homens são completamente ignorados por causa de sua educação limitada, ou  a eles são dados o pão que foi endurecido pelo inverno da mórbida consciência de classe.

Na parábola, notamos que após decepção inicial do homem, ele continuou a bater na porta de seu amigo. Por causa de sua importunação e persistência,  finalmente ele convenceu o amigo a abrir a porta. 

Muitos homens continuam a bater na porta da igreja à meia-noite, mesmo após a igreja ter tão amargamente os  desapontado, porque sabem que o pão da vida está lá. A igreja hoje é desafiada a proclamar o Filho de Deus, Jesus Cristo, para ser a esperança dos homens em todos os seus complexos problemas pessoais e sociais. 

Muitos vão continuar a vir em busca de respostas para os problemas da vida. Muitos jovens que batem na porta ficam perplexos com as incertezas da vida, confuso por decepções diárias, e desiludidos com as ambiguidades da história. Alguns  têm sido tirados de suas escolas e carreiras e escalados para o papel de soldados. Devemos dar-lhes o pão fresco de esperança e imbuí-los com a convicção de que Deus tem o poder de trazer o bem do mal. 

Alguns que vêm são torturados por uma culpa persistente resultante da sua peregrinação na meia-noite do relativismo ético e sua rendição à doutrina da autoexpressão. Devemos levá-los a Cristo, que irá oferecer-lhes o pão fresco do perdão. Alguns que são atormentados por bater o medo da morte como se eles se movessem na direção do entardecer da vida. Devemos dar-lhes o pão da fé na imortalidade, para que eles possam perceber que esta vida terrena é apenas um prelúdio embrionário para um novo despertar.

Meia-noite é uma hora confusa quando é difícil ser fiel. A palavra mais inspiradora que a Igreja deve falar é que nenhuma meia-noite dura permanentemente. O viajante cansado da meia-noite que pede pão está realmente buscando o amanhecer. Nossa eterna mensagem de esperança é que a aurora chegará. 

Nossos antepassados escravos perceberam isso. Eles nunca se esqueceram dos fatos da meia-noite, em que havia o chicote de couro cru do supervisor e da praça do leilão, onde as famílias foram desfeitas para lembrá-los de sua realidade. 

Quando eles se achavam aa escuridão agonizante da meia-noite, eles cantavam:

Ah, ninguém sabe dos problemas que eu já  vi,
 Aleluia Glória!
Às vezes eu estou em cima, às vezes eu estou para baixo,
Oh, sim, Senhor, às vezes eu estou quase no pó,
 Oh, sim, Senhor,
Oh, ninguém sabe de problemas que eu já vi, !
 Aleluia Glória.

Cercados por uma assustadora meia-noite, mas de manhã acreditando que viria, eles cantavam: 

Eu estou tão feliz por que os problemas não duram para sempre.
 
Ó meu Senhor, ó meu Senhor, o que eu devo fazer? 

Sua crença positiva na madrugada foi a borda de uma esperança crescente, que manteve os fiéis escravos no meio das circunstâncias mais áridas e trágicas. 

Fé na aurora decorre da fé  de que Deus é bom e justo. Quando se acredita nisso, sabe-se que as contradições da vida não são nem as penúltimas nem as últimas . Pode-se andar pela noite escura com a convicção radiosa de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Mesmo a meia-noite mais sem nenhuma estrela pode anunciar a aurora de uma grande realização.

O amanhecer virá. Decepção, tristeza, desespero  nascem à meia-noite, mas na manhã seguinte vão embora. "O choro pode durar uma noite", diz o salmista, "mas a alegria vem pela manhã." Esta fé suspende as assembleias dos desesperançados e acende uma nova luz dentro das câmaras escuras do pessimismo.

Este sermão foi pregado em 11 de junho de 1967

Nota do tradutor: Solicito não copiar até que tenha revisado a tradução do texto.


quinta-feira, novembro 22, 2012

A Tropa de Elite do Senhor

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"Não temas, mas fala, e não te cales; porque eu sou contigo, 

e ninguém lançará mão de ti para te fazer mal,

 pois tenho muito povo nesta cidade." At 18.9-10
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"Mas meus irmãos israelitas que foram comigo 

fizeram o povo desanimar-se de medo.

Eu, porém, fui inteiramente fiel ao Senhor, o meu Deus." Josué 14.8



Pastor Mauricio Price*

Convido-lhe neste momento a refletir sobre esta breve e urgente mensagem. Não temos tempo a perder. O Senhor conta comigo e contigo nesta geração de iminente juízo de Deus sobre o mundo. Chega de desculpas. Chega de comodismo e indiferença espirituais. Sim, Ele te convida também  a fazer  parte de um batalhão de operações especiais do Exército de  Deus. 

Mas, é necessário ser crente de verdade e da verdade, como Josué e Calebe! Entenda isso. Os olhos do Senhor  não estão  procurando artistas ou estrelas gospel ou animadores medíocres de púlpitos,  nem tão pouco ‘’desertores’’ do Evangelho para usar e formar uma comunidade de destemidos, arautos da mensagem apologética da Fé Cristã,  caçadores de demônios que perturbem o inferno, vozes proféticas e avivalistas do Senhor. 

Isso mesmo, meu amigo, DEUS está procurando SERVOS  e que sejam fiéis. Esteja disponível na ativa para esta convocação celestial nesta geração. Não se esquive, não vá para a reserva, nem  tão pouco seja reformado por não prestar mais. Aceite esta convocação e faça parte deste Exército de Deus !


 Habitamos  em um mundo de densas trevas onde multidões de indivíduos caminham para o inferno sem perceber. E a Igreja dorme. Vivenciamos a geração dos shows gospel e entretenimentos evangélicos. Porém, o Senhor precisa urgentemente de vozes proféticas nesta geração para sairmos deste "coma" espiritual. O Senhor precisa, sim, de homens santos que falem da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo. 

Lembre-se que o método de Deus agir neste mundo é o homem. Ele quer usar você !


 Recordo-me da coerente observação de Leonard Ravenhill, pregador avivalista, sobre o momento que vivemos quando diz:’’Irmãos à luz do conhecimento que temos sobre o altar de Deus, é melhor vivermos seis meses com o coração em chamas, apontando o pecado deste mundo, seja em que lugar for, e conclamando o povo a libertar-se do poder de Satanás e se voltar para Deus (como fez João Batista), do que morrer cercado de honrarias eclesiásticas e de doutorados em teologia, para se tornar motivo de riso no inferno, para os espíritos das trevas. 

Os profetas do passado eram  mortos porque combatiam veementemente as religiões falsas. Hoje o protestantismo mutilado vê os sacerdotes católicos romanos elogiando os evangelistas protestantes. 

Ó Deus, envia-nos pregadores que possam entregar mensagens que penetrem o coração dos homens e o incendeie! Envia-nos uma geração de pregadores mártires, de homens em chamas, quebrantados e prostrados diante da visão de um castigo iminente e de um inferno eterno para os irregenerados!


Que Deus levante no Brasil e no mundo homens destemidos e fervorosos que clamem em alta voz e abalem , no PODER do ESPÍRITO, cidades, estados e nações inteiras. De fato,  o Senhor procura vidas idôneas que façam parte desta tropa de elite celestial. Não se esqueça disso! Ele espera por você! 

Até que Jesus Cristo volte para nos buscar, vivamos triunfantemente nossas vidas cristãs de acordo com as premissas deste poema:

A Comunidade dos Destemidos

Pertenço à comunidade dos destemidos. 

Tenho o poder do Espírito Santo. Minha decisão está tomada.

Já dei o passo à frente, não vou olhar para trás, nem parar, nem reduzir a marcha, nem ficar inerte.

Meu passado está redimido; meu presente faz sentido; meu futuro está garantido.

Não quero mais a mediocridade, nem os joelhos macios ou as distrações tolas.

Não estou mais interessado em prosperidade, riquezas, dinheiro, sucesso, fama ou promoções.

Não preciso mais estar sempre com a razão, ser o primeiro, ser reconhecido, admirado ou recompensado.

Agora vivo pela fé, descanso no poder do meu Senhor, motivado pela oração e trabalhando sob sua direção.

Sigo com perserverança no caminho estreito e difícil. Os companheiros são poucos, mas meu guia é confiável e a missão é clara.

Ninguém conseguirá me seduzir, iludir, distrair, retardar ou fazer contemporizar.

Não vou desistir, não vou me calar, nem parar, até que tenha feito tudo o que posso pela causa de Cristo.

Sou um discípulo de Jesus. Preciso prosseguir até que ele volte, dar tudo o que tenho e pregar até que todos o conheçam.

Quando ele vier para os seus, encontrará meu estandarte bem levantado.

Amém. Vem depressa, Senhor Jesus Cristo!




*Missionário e médico.








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terça-feira, novembro 20, 2012

Sonhos Inacabados - Sermão do Pastor Martin Luther King

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HOMENAGEM AO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
(SERMON UNFULFILLED DREANS)

Martin Luther King

Pastor Martin Luther King, Jr.
(1929-1968)

Tradução (1) de João Cruzué

"Eu quero pregar nesta manhã sobre o tema sonhos não realizados. Sonhos inacabados. E vou usar como texto básico o capítulo 08 do primeiro livro de Reis. Às vezes ele passa despercebido. Não é uma das passagens mais familiares do Velho Testamento, mas eu não me esquecerei de quando o encontrei pela primeira vez. Ele impactou-me com uma mensagem de uma significância cósmica, porque diz muito em tão poucas palavras sobre as coisas que nós experimentamos nesta vida.

Davi, como você sabe, foi um grande Rei. E uma das coisas que era primordial na mente e no coração de Davi era a construção do grande templo. Construir o templo era considerado o projeto da maior relevância a ser empreendido pelo povo judeu. Esperava-se que o rei o levasse a cabo. E Davi tinha o desejo, e tentou começar.

E então nós chegamos àquela passagem de primeiro Reis onde se lê: "E estava no coração de Davi, meu pai, construir uma casa para o nome do Senhor Deus de Israel. E o Senhor disse a Davi, meu pai: Porquanto propuseste em teu coração edificar uma casa em meu nome, bem fizeste em propor isto em teu coração".

É sobre aquele desejo que vou pregar nesta manhã: "Bem fizeste em propor isto em teu coração" Foi como se Deus dissesse: "Davi, você não será capaz de terminar o templo, mas eu quero abençoar-te, porque isto estava em teu coração. Teu sonho não se cumprirá. A majestosa esperança que guiou teus dias não será suficiente para trazer à existência um templo que você não será capaz de construir. Mas eu te abençoo Davi, porque isto estava em teu coração. Você tinha desejo de fazê-lo, você tinha a intenção de fazê-lo, você tentou fazê-lo, você começou a construí-lo. E Eu te abençoo por ter este desejo e a intenção em teu coração. É bom que isto estivesse em teu coração.


E muitos de nós começam a construir templos pela vida: templos de caráter, templos de justiça, templos de paz. E então, frequentemente, nós não os terminamos, porque a vida é como a Sinfonia Inacabada de Schubert. Em muitas ocasiões nós começamos, tentamos, nos preparamos para construir uma variedade de templos. E eu acho que uma das grandes agonias da vida é que estamos constantemente tentando terminar aquilo que nos é inexequível. Nós somos compelidos a fazê-lo. E tanto nós, como Davi, nos encontramos diante de várias circunstâncias, tendo que enfrentar o fato de que nossos sonhos não serão realizados.

Agora, deixe-me dizer que a vida é uma história contínua de sonhos despedaçados. Mahatma Gandhi laborou por anos e anos em prol da independência do seu povo. E através da poderosa revolução da não-violência, ele foi capaz de conquistar aquela independência. Por muitos anos o povo indiano foi dominado politicamente, explorado economicamente, segregado e humilhado por forças estrangeiras, e Gandhi batalhava contra isso. Ele batalhou para unir seu próprio povo e nada era mais importante em sua mente do que um país grande e unido movendo-se em direção a um grandioso destino. Este era seu sonho.

Mas Gandhi tinha de enfrentar o fato de que seria assassinado, e morreria com o coração quebrantado, pois a nação que almejava unir, terminou dividida entre Índia e Paquistão, como resultado do conflito entre Hindus e Muçulmanos.

A vida é uma contínua história de projetos de construção de grandes templos sem capacidade para terminá-los.


O presidente Woodrow Wilson sonhou com a Liga das Nações, mas ele morreu antes que a promessa se cumprisse.

O apóstolo Paulo falou certo dia, sobre seu desejo de ir até a Espanha. O maior sonho de Paulo era levar o Evangelho à Espanha, mas Paulo nunca chegaria lá. Ele terminou seus dias na cela de um cárcere romano. Isso é a história da vida.

Tantos de nossos ascentrais costumavam cantar a liberdade. E eles sonharam o dia em que seriam capazes de sair do caverna da escravidão, da longa noite da injustiça. E eles costumavam cantar uma pequena canção: "Ninguém sabe dos meus problemas, ninguém sabe, a não ser Jesus" Eles pensavam de um dia melhor, e eles sonhavam seus sonhos. E eles cantavam: "Estou muito contente porque este problema não vai durar para sempre. Mais tarde, mais tarde, eu vou deitar fora o meu pesado fardo." E eles costumavam cantá-la, pois tinham um poderoso sonho. Entretanto muitos deles morreram antes de ver o cumprimento desse sonho.

E cada um de nós nesta manhã, de alguma maneira, está construindo algum tipo de templo. A batalha está sempre lá. Algumas vezes é bem desencorajador. Outras vezes, muito desencantador. Alguns de nós estão tentando construir um templo de paz. Nós falamos contra a guerra, nós protestamos, mas parece que nossa cabeça está batendo contra um muro de concreto. Parece não significar nada. E é muito frequente que ao construir o templo da paz, você seja deixado sozinho, desencorajado, confuso.

Bem, é a história da vida. E uma coisa que me faz feliz é que eu posso ouvir uma voz clamando através do tempo, dizendo: "Pode ser que não seja hoje, pode não ser amanhã, mas é bom que isto esteja em teu coração. É bom que você esteja tentando" Você pode não ver. O sonho pode não ser cumprido, mas é bom que você tenha um desejo de trazê-lo à realidade. É bom que ele esteja em teu coração.

Agradeçamos a Deus nesta manhã porque nós temos certeza de ter algo significativo em nossos corações. A vida é uma história contínua de sonhos despedaçados.

Agora deixe-me trazê-lo a outro ponto. Quando você estabelece construir um tempo criativo, seja ele qual for, você deve enfrentar o fato de que há uma tensão no centro do universo entre o bem e o mal. Ela está ali: uma tensão no coração do universo entre o bem e o mal. O hinduísmo refere-se a isto como um conflito entre a ilusão e a realidade. Platão explica que há uma tensão entre o corpo e a alma. O Zoroastrismo, uma religião antiga, costuma dizer que há um conflito entre o deus da luz e o deus da escuridão. O Judaísmo tradicional e o Cristianismo dizem que há uma tensão entre Deus e satanás. Qualquer nome que você chame, há uma luta no universo entre o bem e o mal.

Não é tão somente uma luta travada lá fora, em algum lugar entre as forças externas do universo, ela está sendo travada em nossas próprias vidas. Os psicólogos tratam o assunto a sua maneira, e assim dizem eles várias coisas. Sigmund Freud diz que esta tensão é uma crise entre o que ele chama de id e o superego.

Mas você sabe, alguns de nós sentem que há uma tensão entre Deus e o homem. E em cada um de nós, nesta manhã, há uma guerra em andamento. É uma guerra civil. Eu não quero saber quem seja você, Eu não quero saber onde você mora. Existe uma guerra civil acontecendo em sua vida. E cada vez que você levanta para ser bom, há alguma coisa empurrando você e lhe dizendo para ser mau. Isto acontece em sua vida. Toda vez que você se dispõe a amar, alguma coisa continua atraindo você, tentando fazer com que você odeie. Cada vez que você se prepara para ser gentil e dizer coisas boas sobre as pessoas, algo esteja perturbando você para ser ciumento e invejoso, para espalhar o mal e difamar.

uma guerra civil acontecendo. Existe uma esquizofrenia, como diriam os psicólogos ou os psiquiatras, acontecendo dentro de todos nós. E há momentos em que todos nós sabemos que de alguma maneira há em nós um Mr. Hyde e um Dr. Jekyll. E nós terminamos por chorar como Ovídio, o poeta romano: "Eu vejo e aprovo as coisas boas da vida, entretanto são as más que eu faço". E terminamos por concordar com Platão: Que a personalidade humana é como uma carruagem com dois cavalos teimosos, cada um querendo seguir por uma direção. Outras vezes nós terminamos clamando como Santo Agostinho, quando ele diz em suas Confissões: "Ó Senhor, faze-me puro, mas não agora". Ou como o apóstolo Paulo: "O bem que eu quero, não faço. E o mal que não desejo, isto faço". Ou nós terminamos dizendo como Goethe: "Que há várias coisas em mim, o bastante para fazer de mim um cavalheiro e um velhaco. Existe uma tensão no interior da natureza humana. E sempre quando nós nos propomos a sonhar nossos sonhos e construir nossos templos, devemos ser honestos o bastante para reconhecê-la.

De volta ao texto básico. Em uma análise final, Deus não nos julga por incidentes separados ou por enganos isolados que fazemos, mas pela inclinação total de nossas vidas. Na análise final, Deus sabe que seus filhos são fracos, que são frágeis. Em uma análise final, o que Deus requer é que nossos corações sejam retos. A salvação não está na conquista da moralidade absoluta, mas no processo e na estrada certos.

Existe uma rodovia chamada BR-80. Eu tenho viajado nesta rodovia de Selma, no Alabama, até Montgomery. Mas eu nunca vou esquecer da minha primeira experiência coma HW-80, quando eu estava dirigindo ao lado de Coretta, Ralph e Juanita Abernathy para a Califórnia. Nós saímos de Montgomery direto para Los Angeles pela "Highway" 80 - e ela pode levar a vários caminhos para fora de Los Angeles. Sabe, mesmo sendo um homem bom ou uma boa mulher, isto não quer dizer que você vai chegar a Los Angeles. Simplesmente quer dizer que você está na Highway 80. Pode ser que você não tenha se esquecido [dos lugares] de Selma, Meridian, Mississipi, Monroe, Louisiania - isto não vem ao caso. A questão é se você está na estrada certa. A salvação é estar na estrada certa, mesmo que não tenha ainda alcançado o destino.

Oh! Eu tenho finalmente que enfrentar o fato de que não há ninguém bom, a não ser o Pai. Todavia, se você estiver na estrada certa, Deus tem o poder, Ele tem algo chamado Graça. Ele coloca você onde você precisa estar.

Agora, uma coisa terrível na vida é tentar chegar a Los Angeles pela HW-78. É quando você está perdido. Aquela ovelha da parábola estava perdida, não meramente porque ela estava fazendo alguma coisa errada, mas porque estava no caminho errado. Ela nem mesmo sabia para onde estava indo; ela ficou tão distraída no que estava fazendo, mordiscando a grama verdinha, que entrou pelo caminho errado. A salvação é ter certeza de que você está no caminho certo. É bom - como nós gostamos - que isto esteja em nosso coração.
Algumas semanas atrás, alguém estava me dizendo algo sobre uma pessoa que eu tenho um grande respeito. E tentavam dizer alguma coisa que não soava muito bem a respeito de seu caráter, sobre algo que estava fazendo. E eu disse: número 1: Eu não acredito nisso. Mas número 2: mesmo que esteja, ele é um bom homem porque seu coração é reto. E em última análise, Deus não vai julgá-lo por um erro isolado que esteja fazendo, se a inclinação da sua vida é reta.

E a questão quero levantar nesta semana com vocês: Seu coração é reto? Se o seu coração não é reto, conserte-o hoje; peça a Deus para consertá-lo. Encontre alguém que seja capaz de dizer sobre você: "Ele pode não ter alcançado as alturas superiores, ele pode não ter realizado todos os seus sonhos, mas ele tentou." Não seria uma coisa maravilhosa para alguém dizer assim sobre você? "Ele tentou ser um homem justo. Ele tentou ser um homem honesto. Seu coração estava no lugar certo." E eu posso ouvir uma voz dizendo, clamando através da eternidade "Eu me agradei de ti" Tu és uma vaso da minha graça porque isto estava em teu coração" E é tão bom que isto estava em teu coração"

Eu não sei nesta manhã que é você, mas eu posso dar um testemunho. Você não precisa sair por aí dizendo nesta manhã que Martin Luther King é um santo. Oh! não. Eu quero que você saiba nesta manha que eu sou um pecador como todos os filhos de Deus. Mas eu quer ser um bom homem. E eu quer ouvir uma voz dizendo para mim, um dia: "Eu te escolhi e eu te abençoo, porque você tenta. É bom que isto estava em teu coração." O que há em seu coração nesta manhã?

Oh! Nesta manhã, se eu puder deixar alguma coisa com você, deixe-me adverti-lo para estar bem certo de ter um forte barco para sua fé. Os ventos vão soprar. As tempestades do desapontamento estão vindo. As agonias e as angústias da vida estão chegando. E tenha certeza de que seu barco é forte, e também esteja muito certo de ter uma âncora. Em tempos iguais a estes, v
ocê precisa de uma âncora. E esteja bem certo de que sua âncora segura o barco.

Estará escuro algumas vezes, e triste tentar, e tribulações virão. Mas se você tiver fé no Deus, de quem eu estou falando nesta manhã, não importa. Por que você pode se erguer no meio das tempestades. E eu digo para você da experiência desta manhã, sim, eu vi um flash do relâmpago. Eu já ouvi o estrondo do trovão. Eu senti o mal tentando conquistar minha alma. Mas eu ouvi a voz de Jesus, dizendo ainda para lutar. Ele prometeu nunca me deixar, nunca me deixar sozinho. Não, sozinho, nunca! Ele prometeu nunca me deixar. Nunca me deixar só.

E quando você tiver esta fé, você pode caminhar com seus pés firmes sobre o chão e sua cabeça para cima, e você não temerá o homem. E você não temerá nada que chegar diante de você. Porque você sabe que ainda está em Creta. Se você subir aos céus, Deus está lá. Se você descer ao inferno, Deus também está lá. Se você tomar as asas do vendo nesta manhã e voar para os lugares mais remotos do mar, deus também está lá. Para qualquer lugar que nos virarmos nós O encontraremos. Nós não podemos escapar Dele".
Fonte: Stanford University


Nota: Exepcionalmente, esta tradução não está disponível para cópia.


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