quinta-feira, junho 05, 2014

Sete pecados que só encontramos nos outros


By joao cruzue
Joãozinho e Doquinha
João Cruzué

Quero apresentar sete falhas que enxergamos nos irmãos, e que nós "não" temos de jeito nenhum. Eu tinha começado a escrever o post, depois desisti por falta de tempo. Mas aí, lembrei-me da forma bem humorada de alguns pastores assembleianos dizerem assim: "Aí fora tem dessas coisas, mas em nosso meio, não acontece de jeito nenhum! E assim animei-me a voltar a escrever.

Soberba. Este é um pecado que nunca temos. Só os outros. Somos humildes e mansos de carteirinha desde o berço. Quando nos olhamos no espelho vemos a humildade em pessoa. Imagina... nós nunca tratamos os outros com desprezo, sempre falamos com voz mansa, educada. Nossas coisas nunca são melhores que as do próximo, do outro colega do ministério... Quando recebemos críticas construtivas, nossos interlocutores estão sempre certos, e nós vamos para nossas casas dispostos a melhorar e agradar. Soberba? isso "nunca" passou pelo nosso coração, só existe por aí.

Egoísmo. Outro pecado que aparece muito no caráter dos outros. Nós não somos assim. As coisas que temos, dividimos;  nunca temos mais de cinco pares de sapatos em casa; nosso guarda roupas não têm coisas de 10, 20 anos atrás; quando vamos a Igreja de carro, nós nunca vamos sozinhos. Sempre levamos o irmão Joãozinho, a irmã Doquinha para que eles não precisem ir a pé. Quando vamos à Ceia, sempre lembramos da campanha do quilo. Quando tem uma pirâmide de louças na pia, e nós sujamos mais uma, costumamos lavar pelo menos umas duas, para contribuir com o serviço da mamãe... Quando chegamos em casa, nós nunca deixamos os sapatos no meio da sala, para que os outros apanhem para nós; quando recebemos nosso salário, e moramos com nossos pais, sempre entregamos uma parte dele para a mamãe. Roupas sujas? nós nunca deixamos que nossa irmã ou a mamãe as lave o ano inteiro para nós... Egoístas? de jeito nenhum. Aí fora tem muito disso, mas lá em casa, eu sou a pessoa mais "solidária" que existe!

Hipocrisia. Hipócritas? de jeito nenhum! Somos crentes por dentro e por fora. Na presença do pastor e longe dele. Tudo o que pregamos no púlpito, praticamos igualzinho em nossas casas. Se tirarem um retrato de nossa alma, vai ver que ela está mais branquinha que camiseta lavada com aquele famoso sabão em pó. Mas o resto... é tudo hipócrita! Nosso namoro? é 100% santo, não tem mentira, não tem fornicação, não tem engano. Nossa vida? é um livro aberto, do jeito que somos escondido de nosso lar, somos diante de todos. Mas os outros crentes de nossa igreja...hum... são todos uns falsos.

Profanação. Nós não somos profanos. De jeito nenhum. Quando voltamos do culto para casa, nós nunca "descemos" a lenha no que vimos e ouvimos por lá. Os cantores sempre cantaram bem, o coral sempre cantou hinos novos, o pastor não repetiu os temas. Diante de nossos filhos nós sempre exaltamos as virtudes de nossos irmãos de igreja, o que eles fazem não tem defeitos. Nossos filhos nunca se aborrecem com as lideranças de nossas igrejas, pois diante deles nunca martelamos suas apresentações na hora do culto. Os filhos dos outros estão aborrecidos e nem querem mais ir na Igreja, mas os nossos não.

Em nossa Igreja, nós nunca misturamos política com culto de Santa Ceia. Aí fora, em tempo de eleição, tem muitos crentes que ficam distribuindo "santinhos" de políticos na porta das Igrejas, mas nem nós não fazemos isso, pois respeitamos a lei eleitoral e não queremos escandalizar nossos visitantes.

Mentira. Nós nunca falamos mentira. Nem mentirinha nem mentirona. Diante do confronto, de assumir responsabilidades, quem faz a coisa errada é o outro. Nós, nunca! Em nosso coração nós detestamos a mentira, mas aí fora, misericórdia! é costume.

Falta de Solidariedade. Em um país que tem uma desigualdade social pior que a do Haiti, a carapuça da omissão e da indiferença nunca vestiu nossas cabeças. Não existe analfabeto em nossa Igreja. As famílias de pouca renda de nossa Igreja não têm ficado assim, por mais de uma geração. Nós nos preocupados em prover a eliminação dessas desigualdades. Temos ajudado aquelas crianças e adolescentes a procurar por uma boa educação para que a miséria não continue instalada por gerações e gerações nas mesmas famílias. Nossa Igreja não partidária do "É dando que se recebe" Nós entregando, e ela só recebendo! Ela não é apenas como uma sanguessuga que retira dos pobres, ao longo de décadas e nunca lhes retorna nada. Aí fora tem muitas "casas do tesouro" mas em nosso meio, nós abrimos congregações nas periferias para ajudar na distribuição de renda, usar de solidariedade com desassistidos, NUNCA, com o intuito de retirar de lá o fundo do bolso que ainda têm! Tem muitas igrejas que fazem isto, mas na nossa isso nunca acontece!

Mesquinhez. Nós somos generosos. Em nossa despensa nunca perde alimentos. Quando vamos ao Culto sempre levamos alguma coisa para ofertar ao Senhor. Nós não somos como muitos que tem por aí, que nunca aprenderam a comparecer diante do Senhor com as mãos vazias. Sempre levamos umas moedas extras no bolso para distribuir para quem precisa. Sabemos que muita gente perde bênção milionária por causa de uma simples moedinha, mas nós sempre usamos de liberalidade. Quando compramos coisas gostosas e levamos para casa, nós nunca escondemos para que fique tudo para a "gente". Quando damos alguma coisa, damos voluntariamente. Tem muita gente por aí que dá com uma mão esperando cobrar mais à frente com outra, mas nós não somos assim. Quando sabemos de alguma coisa boa, que trará felicidade e bênção para alguma pessoa próxima, nós sempre vamos lá e falamos. Quando sabemos que está faltando alguma coisa na casa de "A" ou de "B", nós nunca esperamos pela semana que vem ou no mês seguinte. Por aí eu sei que tem gente assim, mas não em nosso meio.


Que Deus nos guarde!




O tédio de Salomão

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João Cruzué


É um paradoxo é empenhar uma vida inteira em projetos grandiosos e depois de muitos anos de sacrifício, o conquistador para, olha e, de repente, uma onda de tristeza invade sua alma. Em poucos segundos, aquilo que tinha tanta importância e motivo de tanto orgulho muda rapidamente diante dos olhos e pessoa descobre que tudo aquilo não lhe traz mais nenhum contentamento. Estranho este nosso jeito de querer e se entediar. Exatamente assim foi o que experimentou o Rei Salomão no livro de Eclesiastes.

"Fiz para mim obras magníficas; edifiquei casas, plantei vinhas. Fiz para mim hortas e jardins e plantei árvores de toda espécie de fruto. Fiz para mim tanques de águas, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Adquiri servos e servas e tiver servos nascidos em casa. Também tive grandes manadas de gado e ovelhas, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém.

"Amontoei também para mim prata e ouro e joias de reis e das províncias. Provi-me de cantores e de cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, e de instrumentos de música de toda sorte. E engrandeci-me e aumentei mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém. Perseverou também comigo minha sabedoria."

"E tudo quando desejaram os meus olhos não lhos neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma, mas o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e esta foi a minha porção de todo o meu trabalho. E olhei para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o trabalho que eu, trabalhando tinha feito e eis que tudo era vaidade e aflição de espírito."

E por que será que depois de tudo veio a frustração? Bom, se você leu os textos compilados já deve ter percebido quantas vezes foi citado a frase: PARA MIM! Ele deve ter se frustrado porque quando seu egoísmo passou e a "ficha" caiu, percebeu que tudo que tinha feito apenas para se próprio foi como o fumo da luz de uma vela que se apaga.

Assim também tenho certeza que em meus dias a decepção com as conquistas de uma vida inteira é simplesmente real. E não pode ser diferente, quando se corre apenas atrás de coisas "só para mim". A visão que Salomão teve há quase 3.000 anos ainda se repete com muita frequência porque os castelos construídos com areia do egoísmo logo desmoronam e se apresentam como nada ante os olhos de seus donos.

Em um país onde a desigualdade social chega a ser pior que o Haiti, é um pecado ver tantos "conquistadores" que desperdiçam uma vida inteira correndo atrás de coisas "só para mim" e não conseguem ver que ali bem perto deles existem seres humanos procurando migalhas de pão caídas de mesas fartas e contas bancárias recheadas.

Imagino depois de velhos não tenham mesmo contentamento!



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