terça-feira, fevereiro 26, 2013

Dá-me de beber



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Amilton Santos Jr

Frase comum e cotidiana.

Sem me aprofundar muito na pesquisa à palavra de Deus, suponho que Jesus a tenha dito duas vezes. A primeira vez, citada em João 4, onde narra-se o encontro de Jesus com a mulher samaritana. Se possível, peço que você leia do versículo 5 ao 30 antes de continuar com esta meditação. A segunda vez foi quando estava agonizando na cruz.

Essa história é muito conhecida, sendo vastamente pregada em todas as igrejas e congregações mundo a fora. Espero poder trazer algum ponto de vista diferente, que toque sua vida.

Neste capítulo João narra a caminhada de Jesus saindo da Judéia indo para a Galiléia. Para fazer este percurso, ele teria suas opções: ou atravessaria o Jordão – como fazia a maioria dos Judeus pelo fato de não terem bom relacionamento som os samaritanos – ou teria que passar pela Samaria. Quando lemos esta passagem, a única lembrança que nos vem à cabeça é de que samaritanos não se dão bem com judeus. E só isso. Talvez seria necessário conhecer mais sobre os habitantes da Samaria.

Os samaritanos são um pequeno grupo religioso oriundos dos próprios judeus. Do mesmo modo que seus aparentados, baseiam-se no Pentateuco. Uma das únicas diferenças é que não consideram Jerusalém como uma cidade sagrada. Trazendo para hoje, poderiam ser considerados uma denominação evangélica qualquer, exemplificando, os judeus poderiam ser os irmãos Quadrangulares e os samaritanos, os Batistas, ou vice-versa. Essa rivalidade que tinham na época é vista hoje entre as milhares de denominações existentes no Brasil, não? Sempre há uma vertente afirmando que a igreja A ou B é melhor pois segue doutrinas, não é conivente com certas atitudes, etc e etc. Se você analisar, não é comum ver irmãos de uma denominação fazendo visitas a outras igrejas.

Muitos pastores, numa atitude de auto-defesa, já proclamam que o irmãozinho fica pulando de galho em galho. Ou não entendem o contexto da palavra de Deus ou simplesmente têm medo de perder mais membros. Na verdade a ordenança de Jesus a Pedro dizendo “apascenta as MINHAS ovelhas” e não as TUAS não é muito lembrada ultimamente. As ovelhas pertencem a Jesus e não aos pastores. Mas isso é um assunto para outra meditação. Só para que você se enquadre neste texto, pegue agora papel e caneta e comece a escrever os nomes dos irmãos de outras denominações que tens amizade. A dica é que não penses muito, pois poderá demorar um pouco. Tudo bem, voltemos ao texto então.

Muito ouve-se sobre avivamento e unidade da igreja. Mas como essa unidade será efetiva se não sabemos nem onde ficam as outras igrejas de nossa cidade? Não estou pregando que devemos ir a uma igreja diferente a cada domingo. NÃO! O que digo é que nossa atual unidade virtual não nos levará a nada.


Continua no Blog do Amilton




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domingo, fevereiro 24, 2013

Mestre Emanoel Araujo, diretor do Museu Afro Brasil

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João Cruzué

Por uma feliz coincidência tive a oportunidade de passar dois dias trabalhando no Museu Afro-Brasil,  em setembro do ano passado. E nesta ocasião de o privilégio de conhecer e conversar com Emanoel Araujo a quem respeitosamente chamei de Mestre. Quem caminha pelo Parque do Ibirapuera e ainda não teve a oportunidade de fazer uma visita ao Museu, vai se surpreender com o trabalho bem feito que há dentro

O Museu Afro Brasil é uma instituição administrada pela Organização Social, Associação Museu Afro-Brasil, titulada em abril de 2009 para garantir o trabalho incansável de seu Curador. Contextualizando, o homem e seus colaboradores mais próximos parecem movidos a pilhas "duracell".

Quando passava perto da mesa onde eu trabalhava, mestre Emanoel veio gentilmente cumprimentar-me e fiquei surpreso com seu gesto. Habituado que sou, por força do ofício, a perambular por muitos órgãos públicos, na maioria deles tais executivos não têm tempo para ninguém. Emanoel de Araújo teve. 

Perguntei como andava seu entusiasmo com os novos projetos e ele brincou que estava um pouco devagar.

Devagar, nada!

Fiquei espantado com o movimento dentro do Museu. Artistas, pesquisadores, marceneiros, quadros saindo, quadros chegando, esculturas, peças de engenhos, exposição de vestidos de Marilyn Monroe,  fotos    de celebridades afro americanas "De Martin Luther King a Barack Obama". 

O Valdir, um colega nosso que trabalha no local, me disse uma coisa e eu acredito: Enquanto um diretor de museu leva três meses para concluir o projeto de uma exposição, mestre Emanoel consegue deixá-la pronta em três semanas!

Mas a coisa que mais me impressionou no Museu Afro Brasil, eu ainda não disse. Nos múltiplos espaços de exposições, tudo era LIMPÍSSIMO. A pintura das paredes? CUIDADÍSSIMA. E a iluminação: CORRETÍSSIMA. E  disseram-me que tudo  isto tem a ver Emanoel, que é PERFECCIONISTA! 


E os colaboradores da Casa? Antes de trabalhar os dois dias na Instituição, minha intuição me disse: todos eles devem ser afrodescendentes... Negativo! Tinha alemão, tinha japonês e tinha negro. O nome da Casa tem a ver com a cultura negra, mas  a cultura do lugar não é exclusivista. Para polemizar, mestre Emanoel organizou ano passado (2012) uma exposição com fotos e vestidos de Marilyn Monroe. Eu mesmo vi um vestido armado em arame  e cheio de luzinhas.

Por que escrevi este post: porque louvo o esforço deste homem. Ele é criativo, determinado, detalhista, exigente e muito, muito rápido. Vi outros Museus e Oficinas no ano passado. E me decepcionei com a falta de efervecência; com responsáveis  que não se encontravam no lugar e principalmente a falta de asseio e conservação.

Antes da conclusão, soube que a Ministra Marta Suplicy esteve em 15 de novembro passado na Sede do Museu para cantar parabéns para Emanoel. E na ocasião, me disseram,  ele foi convidado para organizar um Museu Afro lá em Brasília.  Se aceitou, eu não sei.

Para mestre Emanoel eu tiro o chapéu. Para mim ele é uma referência em TRABALHO!