segunda-feira, agosto 27, 2012

Ambientalismo cristão

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Caquizeiro no final do outono
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Olhai os lírios do campo
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João Cruzué

Acho que para algumas árvores a primavera já chegou. Como tudo hoje está com pressa, deve ser por isso que várias delas se cansaram de esperar e já começam exibir as roupas da nova estação.

Por exemplo, meu pé de mexerica já está cheio de novos brotos. E para desgustá-los,  apareceram uma multidão de pulgões. Rápido no gatilho, eu usei um sabão natural que trouxe lá de "Belzonte" e pulverizei água de sabão neles. Me disseram que isto disolve a camada de proteção que os insetos têm. Assim, eles se tornam vulneráveis aos micro-organismos.

O pé de caqui já começou a brotar. Grandão. Do meu quintal foi a planta que mais me decepcionou. Eu plantei lindas sementes de caqui fuiú, e quando mordi a primeira fruta, minha boca pregou de tanto tanino. Aí, fui saber porque ele virou a casaca, e me disseram que eu deveria ter plantado perto dele um tal de "caqui polinizador." Mas esta história é bem mais longa. Na  primeira vez que ele floriu, tinha mais de ums 100 caquizinhos. Eu cresci o olho, com as perspectivas mais promissoras possíveis. Caíu quase tudo, restaram míseros quatro caquis.

 Na segunda vez que ele floriu, a quantidade caquis que vingaram foi muito maior. Maior também foi a freguesia. Um bando de sanhaços começou a bicar tudo que tivesse uma manchinha amarela. Eu fiquei irritado, e colhi todos os que começavam a madurar. Moral da história? Eles se recusaram  amadurecer e só de raiva apodreceram. 

A parte boa são as fotos. Sim, ele é ruim de frutos, mas muito saliente para fotos. Minha vizinha ficou deslumbrada com a cor vermelho-cobreada de suas folhas, quando ele se preparava para hibernar. Prazo para tirar as fotos? só uma semana. E por causa da beleza de suas folhas na chegada do inverno, decidi não lhe passar a foice!

Sim, meu quintal é pequeno, mas é ali que vou  me desapegando do campo a conta gotas. Um pé de couve aqui, outro de salsa ali... uma atemóia, duas acerolas... o tempo vai passando e as saudades da vida no campo vai passando. 

E por falar em couve, radicalizei. De tantas mudas grandes que plantei, apenas uma pegou. E dessa, uma coleção de mudinhas brotaram em seu tronco. Eu usei dois  saquinhos de terra antigos e plantei duas mudinhas. Elas pegaram depressa. Entusiasmado, fiz mais doze saquinhos e plantei mais 10 mudinhas. Depois de grandinhas, vou arranjar um vaso grande para transplantá-las. De novo os pulgões visitaram minhas couves, e eu contra-ataquei pulverizando com água de sabão em pedra.

Decepção mesmo são meus lírios. As únicas plantas que trouxe do sítio, quando minha mãe ainda era viva. No seu habitat, ele dá as caras quando a terra está rachando de tão seca. De surpresa, sua haste rompe aquela secura e lança suas flores vermelho-afogueadas. No clima de São Paulo, ele, um mineiro sistemático, não gosta de florir. Ano passado eu me alegrei com o entusiasmo desses lírios que produziram uns 40 bulbos de duas e três flores cada. Sabe quantos bulbos eu contei este ano? Um! Eu creio que foi por falta de seca. Chovei direto; do começo do ano até a primeira semana de julho. Parece que ele conta os dias de seca para lançar flores. Meio esquisito este cara.

Para quem ainda não sabe fazer um saquinho de terra para plantar mudas ou sementes, vou repetir a receita do terço. Um terço de argila vermelha de barranco, um terço de terra vegetal ou húmus, e um terço de areia média. Eu peneiro esta mistura, e encho saquinhos de polietileno de uns 20 cm de altura por uns 12 a 15 de largura. Quando o saquinho está pelo meio com esta mistura, eu costumo colocar um punhadinho de adubo químico 04-14-08. Depois completo com a outra metade de terra. Molho, e está pronto para uma semente ou muda. No começo do ano, eu achei um limão galego no chão da casa de minha filha. Dentro, havia 7 sementes. Plantei e todas nasceram. Quatro delas eu  as levei para a terra de Drumond. Duas para minha irmã e duas para minha cunhada.

Eu adoro fazer mudas. 

A planta mais difícil que enfrentei foi o figo. Ou "fígado", como costumo brincar. A famosa figueira da Bíblia. Sempre me disseram para plantar os galhos do figo em agosto, quando a planta está hibernando. Resultado? a maioria morre. O grande segredo é plantar seus galhos no verão. Em novembro ou dezembro quando as águas da chuva estão rolando. Cada galho enterrado, dá uma muda. A mesma coisa funciona para o pé de uva ou os ramos da videira, como  diriam os sabichões.

Todo mundo por aqui já está em plena primavera, apesar de que ela só dá o ar da sua graça em 22 de setembro; um dia depois do Dia da Árvore. E por falar em dia da Árvore, veio-me a mente uma tolice. Uma analogia de outro dia que não vou dizer qual é. Segundo esta tolice, se o Dia da Árvore é 21 de setembro, para que servem os outros 364? Pessoalmente acho de uma hipocrisia sem igual ver uma marmanjada bombando na mídia com uma muda de árvore na mão, apenas na semana do dia  21 de setembro. Por que não uma consciência de semear e fazer mudas o ano inteiro, hã?

E para fechar crônica, porque já é meia-noite, algumas palavrinhas a mais. Plantar uma semente ou fazer uma muda, até que não é difícil. Mas as plantas precisam de carinho, de água, de sombra... é preciso ter um compromisso de cuidar de uma vida quando você decide ter ou manter uma plantinha.

Lucas 12:27
Considerai os lírios,
como eles crescem;
não trabalham, nem fiam;
e digo-vos que nem ainda Salomão,
em toda a sua glória,
se vestiu como um deles.

Isaías 61:11
Porque, como a terra produz os seus renovos,
 e como o jardim faz brotar o que nele se semeia,
assim o Senhor DEUS fará brotar a justiça
e o louvor para todas as nações.

Isaías 55
Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, 
e para lá não tornam, mas regam a terra, 
e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador,
e pão ao que come, 
Assim será a palavra que sair da minha boca; 
ela não voltará para mim vazia, 
antes fará o que me apraz, 
e prosperará naquilo para que a enviei. 
Porque com alegria saireis, 
e em paz sereis guiados;
os montes e os outeiros romperão em cântico diante de vós, 
e todas as árvores do campo baterão palmas. 
Em lugar do espinheiro crescerá a faia, 
e em lugar da sarça crescerá a murta; 
o que será para o SENHOR por nome, 
e por sinal eterno, que nunca se apagará.
Buscai ao SENHOR 
enquanto se pode achar, 
invocai-o,
enquanto está perto.





domingo, agosto 26, 2012

Crônica de uma quinta-feira no Metrô

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 João Batista Cruzué


Definitivamente eu cortei meu cordão umbilical com carros. Embora o peso não baixe de jeito nenhum, eu sou fã de andar a pé.  Já adotei o Metrô e a CPTM como minha condução cotidiana, descendo uma ou duas estações antes do meu trabalho, para fazer minha caminhada e orações.

Ano passado, por este final de agosto, já tinha caminhado uns 500 km a mais que este ano. Fiquei um pouco frustrado, pois quanto mais andava mais dava vontade de comer. No final do ano, a balança nem se mexeu. Este ano, estou com menos quilometragem. 
Sair da Zona Sul para a Praça da Sé de carro durante a semana, nem pensar!  Eu vou pelo Sistema Metropolitano de São Paulo. No trecho que faço, eu baldeio três vezes: de metrô para trem e de trem para metrô. Desço na República e vou caminhando.

Mas este ano as "zicas" que estão acontecendo nos trens e metrôs têm passado dos limites. Pode ser coincidência, mas assim que começou o horário eleitoral, o transporte, que vinha rodando macio como uma seda, degringolou de vez. É trem e metrô quebrado para todo lado. Ishhh!

O ápice desta quebradeira aconteceu  na quinta-feira passada, dia 23 de agosto, quando o caos se instalou a partir da Linha Azul do metrô.  Saí do trabalho já perto das 08 da noite, quando comprei o jornal e desci nas escadas  da Estação Sé. No meio da escada, eu já tinha tomado a decisão de voltar. 

Parecia até um comício. Um  mar de gente nas filas das catracas. E uma fila única saindo daquela massa, serpenteava pelo restante do da Estação. Na descida, olhei tudo aquilo e mais: não conseguia saber onde ficava o começo nem o fim daquela fila. O povo esperava com paciência uma coisa que não viria em boas duas horas. Eu saí, e fui a pé até a Estação República, de lá usei a Linha Amarela até Pinheiros e voltei tranquilo para casa.

No outro dia fiquei sabendo dos detalhes do caos. Uma composição do metrô tinha quebrado perto da Estação da Luz. Uma fumaça negra começou a penetrar nos vagões, de trás para frente. No meio daquela fumaça, o pânico explodiu.  Pessoas atemorizadas com a possibilidade de fogo, dentro de um tubo de concreto embaixo da terra, não pensaram duas vezes: quebraram vidros e abriram portas, para fugir da fumaça ou quem sabe do fogo.  O efeito dominó se propagou para todas as Estações da Linha 01. Tudo parado. Houve gente que ficou duas horas em composições paradas nas estações e entre estações.  

O reflexo da paralisia da linha 01 atingiu a Linha Vermelha, Itaquera-Barra-Funda. E não ficou só nisso: Quem usava a Linha Verde, Vila Madalena-Vila Prudente, também sofreu. Era impossível no começo da noite descer na Estação Consolação para embarcar na Linha Amarela, Pinheiros-Estação da Luz.

Um dia antes, na quarta-feira, eu precisei baldear em 05 conduções para chegar ao Centro. Na quinta pela manhã, eu nem usei o Sistema Metropolitano porque um trem estava quebrado na Estação Granja Julieta. E à noite foi o ápice do caos.

Curiosamente, tudo isto começou no dia 22 de agosto de 2012. Um dia depois do início da propaganda eleitoral gratuita na TV.  Como foram quatro eventos consecutivos, deixei de crer que em coincidências e passei a acreditar que esse caos foi planejado.



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