terça-feira, janeiro 25, 2011

Carta de um cristão ndiano para quem gosta de missões

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João Cruzué

Recebi dois longos e maravilhosos emails de um Irmão indiano em Cristo, amigo nosso, chamado Aby Mammen do Estado de Kerala, Sul da Índia. Nós temos trocado informações há pelo menos uns quatro anos. Desde o tempo que ele era solteiro e eu brincava, dizendo que Jesus já tinha providenciado sua noiva. Ele achava um pouco difícil, porque em seu país, na verdade, as famílias é que acabam se "casando". E do jeito que falei, acabou acontecendo. Ele me enviou seu convite de casamento há uns dois anos. Também quero contar a "vergonha" que passei, quando um dia ele me falou que iria fazer um "House warming". Eu fiquei surpresa, pois achava que a Índia era muito quente para fazer alguma coisa ligada a aquecimento. "Irmão João", ele me falour "House Warming" é um culto de agradecimento e consagração que fazemos quando nos mudamos para um casa recém-construída..." Foi aí quer me dei conta da minha ignorância. Com vocês, então, um fonte de informação precisosa. O que os olhos de um jovem pentecostal indiano viu, também nós podemos ver. Obrigado pela leitura.


De Aby Mammen

Amado irmão,

(Tradução de João Cruzué)

"Estou feliz com sua preocupação com os missionários indianos. Primeiro, deixe me tentar responder suas questões. Bem, o nome do Irmão cujo texto transcrevi para lhe enviar, é Philip P. Eapen. Ele é meu primo segundo, da família de minha mãe, além de um abençoado escritor. Você pode ter acesso ao site dele, através deste endereço: www.philipeapen.com.

I - Sobre a necessidade de uma tradução atualizada da Bíblia para a língua malayalam [falada no estado de Kerala]. A tradução popular em malayalam usada pelos cristãos protestantes do Estado de kerala tem cerca de 170 anos. Alguns vocábulos dessa tradução não são compreensíveis ou têm erro de tradução. Assim, tendem a usar a Bíblia inglesa para conseguir aclarar a interpretação dos versículos.

Em 1997, uma nova versão da bíblia foi publicada, mas ela não se tornou popular. O povo tem uma mentalidade tradicional e se adaptam aos novos métodos muito vagarosamente. Também, estas duas, são as únicas versões disponíveis. Além disso, seria muito bom que tivesse uma Bíblia de crianças em malayalam.

II. Sobre a perseguição no estado de Orissa. As notícias que vocês encontram sobre a perseguição em Orissa são apenas a versão divulgada pela mídia. Ela não mostra o quadro inteiro. A razão por trás do porquê os cristãos estão sendo alvo de perseguições na Índia está no aumento da taxa de crescimento das conversões ao cristianismo. Seria bom que você soubesse como o missionário australiano Graham Staines e seus dois filhos foram queimados vivos por extremistas Hindus. Ontem, eu soube de notícias de que dois pastores foram atacados em Bihar. Perseguições muito similares estão acontecendo com o povo nativo. Mas estes fatos não se tornam conhecidos a nível internacional, provavelmente, porque os povos afetado são minorias e pelo medo que existe em muitas mentes. Além disso, por seguir princípios cristãos, as pessoas não procuram tomar medidas legais contra seus perseguidores.

III - Quanto ao assunto da intimidação e isolamento do novo convertido e "house church."

Para compreender isso, você precisaria ler o texto integral e conhecer o contexto cultural daqui. Com relação ao "não envolvimento" é o costume geral de hoje nas igrejas. Em lugar de ser um lugar amigável, as igrejas intimidam e isolam o novos crentes. Em lugar de ter um culto relevante e atrativo, elas frequentemente usam de formas arcaicas de adoração, locais de acomodação, arquitetura, etc. Mas não pense que os crentes mais velhos tentam atormentar os novos convertidos na Igreja.

Para entender a respeito das formas não atrativas de louvor, eu vou lhe explicar mais. Primeiro, na Índia, as Igrejas pentecostais não têm bancos dentro da Igreja para o conforto das pessoas. Isto se deve principalmente por duas razões: Desde que o movimento Pentecostal se tornou proeminente neste país, as pessoas costumavam se assentar sobre esteiras no chão, principalmente porque nós considerávamos isto como a melhor postura para adorar a Deus sobre nossos joelhos do que se nos assentássemos confortavelmente nos bancos. Havia também o problema de disponibilidade de instrumentos musicais, que eram não muito bons como os de hoje. Eram tambores e clangores, as pessoas batem palmas quando cantam e não há coral nas pequenas Igrejas. Mesmo hoje, há muitas igrejas que não consideram que os instrumentos musicais não são efetivamente adequados para adorar!

Segundo, muitas igrejas são pobres e têm um número reduzido de pessoas. Em uma cidade haverá muitas igrejas - poucas igrejas grandes e a grande maioria de igrejas pequenas. Então, as pequenas igrejas não têm templos próprios. Construir uma igreja aqui, precisa de dinheiro e as despesas de construção não podem ser arcadas por poucos membros. Assim eles se reúnem na casa do Pastor ou alugam um salão para cultuar. É por isso que vem o nome "Igreja nas Casas." Mas, interessantemente, é isto que vemos no livro de Atos dos Apóstolos. Na maior parte das vilas, as igrejas são pobres e estão nas casas.

Mesmo se uma igreja tiver muitos membros, e conseguir levantar recursos para construir um templo, eles geralmente não procuram embelezar o ambiente ou tornar confortável seu interior com bancos e galerias decoradas... ou ter boa música para adorar. É assim porque a mentalidade das pessoas está satisfeita com o estilo tradicional de louvor. Eu também frequento uma Igreja no lar, mas nós temos um órgão elétrico para acompanhar o louvor.

Assim, quando uma visita não cristã chega na igreja ela não encontra um lugar confortável para se assentar, pois os crentes se assenta no assoalho, ouve hinos cantados sem música, escuta sermões muito demorados... isto faz da igreja um lugar pouco atrativo para os não crentes.

Um outro aspecto: usar jóias é considerado pecado pelos pentecostais daqui. Geralmente, em nosso país se dá muita importância a joalheria, especialmente as mulheres. Você pode ver que uma noiva estará adornada com muitos ornamentos em seu casamento. Os pioneiros pentecostais de nossas igrejas tiveram o cuidado de ensinar um estilo de vida simples. Eles decidiram pelo não uso de roupas caras, construção de grandes casas, e não querem o uso de jóias. Mas a medida que o tempo passa o não uso de jóias se torna um código normal de conduta na igreja. O povo passa a considerar isto como uma doutrina. Então, quando as pessoas não crentes vêm a igreja, elas são olhadas pelos crentes que não usam jóias e se sentem deslocadas. Costumeiramente, apenas as viúvas não usam jóias em nossa terra. Algumas igrejas não permitiram receber o batismo nem participar da ceia do Senhor se a pessoa usasse ornamentos, porque eles ficam temerosos de ir contra a tradição. Então, isto é um aborrecimento e uma intimidação para recém convertidos. Você encontra isso, porque as pessoas estão seguindo cegamente a tradição.

IV. Resumindo o meu primeiro email, para que você entenda melhor:

1 - O evangelismo aqui é feito por pouquíssimas pessoas/organizações. Os crentes em geral não consideram que eles foram chamados para evangelizar. Mas não era assim antigamente.

2. As Igrejas não são um lugar amistoso/alegre para os recém-chegados, como eu já expliquei acima.

3. Missões não estão acontecendo nas áreas ainda não alcançadas porque mesmo as organizações missionárias receiam ataques de não cristãos, pela falta de recursos financeiros, falta de bom relacionamento com pessoas de outros credos e pela inabilidade de convivência com povos em seu contexto cultural.

4 - O método de evangelismo pessoal tem sido bem sucedido. As pessoas trazem seus amigos mais íntimos ou parentes para Cristo, depois de insistentemente ministrar-lhes a um nível pessoal. Isto é o que chamamos evangelismo de amizade ou evangelismo nas casas. Evangelismo em massa, como uma convenção apenas ajudará ao criar um clima nas mentes das pessoas, que depois poderia ser feito um acompanhamento daqueles que mostram interesse em conhecer mais de Jesus.

5 - Igrejas baseadas em células: uma grande igreja pode querer pequenos grupos chamados de igrejas as quais podem ser suas reuniões de oração e esforços evangelísticos. Isto se torna muito eficaz.

6 - Muitas igrejas que são boas em evangelização não conseguem ser tão boas no ensino da Palavra. Assim, o discipulado não é bem feito, o que resulta em um grupo de crentes mal fundamentados na fé.

7 - Há igrejas que muita visão de engajamento em evangelismo transcultural, mas não tem recursos financeiros. Enquanto outras têm dinheiro de sobra mas falta o desejo de sair para evangelizar.

Um movimento de rápido de crescimento em Uttar Pradesh (o mais populoso e também o mais pobre estado da Índia) é protagonizado por uma igreja que opera com bem estar social. As pessoas evangelizam seus membros familiares. Ninguém de fora é envolvido. Os convertidos não atiram fora as práticas tradicionais que não vão de encontro à Palavra. Eles não praticam adoração de ídolos, mas seus casamentos, festivais, etc, ainda são celebrados em seus próprios costumes culturais. Daí, o seu rápido crescimento nos últimos 15 anos.

9 - Evangelizar com literatura é muito necessário agora. Também, tendo hinos, livros, material de treinamento, filmes em língua nativa.

5. How you can help missions :

To see the zeal and the burden you have in the progress of the gospel has encouraged us greatly, dear Brother. May God greatly bless you.

V - Como você pode ajudar a obra missionária na Índia.
Ao ver o zelo e o fardo que você tem em mente sobre o evangelho, tem grandemente nos encorajado, amado irmão. Que o Senhor possa abençoá-lo grandemente.

Eu posso ajudá-lo a conectar com missionários que realmente necessitam, por fazer missões em lugares muito difíceis. Eu tenho contatos com organizações missionárias que encontra muitas dificuldades em operar devido a falta de recursos. Por estes tempos, muitos hospitais dirigidos por missões estão fechando as portas ou se transformando em hospitais particulares, devido a falta de médicos cristãos comprometidos que estejam prontos para servir com baixos salários.

Ocasionalmente eu ajuda financeiramente um hospital missionário tribal, que ministra para um tribo chamada Attapadi - Tribal Mission in India . Há também outra organização missionária chamada Missão Evangélica Indiana que está batalhando para pagar seus missionários. Eu tenho um amigo chamado Luke Titus que está trabalhando em missões em um lugar chamado Lahaul & Spiti localizado na cordilheira do Himalaia, um difícil trabalho de missões transculturais da minha terra junto a Himachal Pradesh.

Outra organização missionária é a Jesus mission in India.org. Saju Mathew da Missão Jesus, também é outro líder missionário que eu admiro. Ele tem campo de missões em Orissa onde as perseguições aconteceram. Também, Deus está usando-o em Moçambique, na África. Existem outros pobres missionários pioneiros que eu contato através de líderes missionários acreditados.
há Organizações missionárias com trabalho de assistência social acreditadas, através das quais elas podem receber dinheiro.

Se você me disser como deseja contribuir se de uma vez só, ou continuadamente, eu posso lhe dizer qual é a melhor forma para enviar os recursos. Também, você poderia transferir os fundos para as organizações missionárias ou diretamente para os missionários.

Meu email ficou bastante longo. Eu espero que tenha explicado claramente suas dúvidas. Por favor me diga de você precisa de mais informações. Eu estou certo disso, que aquele que iniciou um boa obra em ti, a aperfeiçoará até o dia da vinda de Cristo Jesus.(Filipenses 1:6)"


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cruzue@gmail.com



Blogs cristãos e o perigo da vala comum

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.João Cruzué

A visão inicial que tive sobre o uso de Blogs evangélicos não mudou. Ela veio no dia que digitei a palavra "church" no navegador e veio uma página de uma igreja satanista. Fiquei admirado com a letargia dos líderes cristãos. Depois, conclui que eu fazia parte dessa liderança e fui blogar e ensinar outras a fazer o mesmo. Hoje temos quase duas dezenas de blogs evangélicos na NET, mas uma coisa me preocupa: o lado mesquinho da cultura de algumas igrejas infectou a blogosfera. Isso tem assustado os leitores não crentes quando leem só coisas ruins do meio evangélico.

Hoje temos milhares de blogs evangélicos, muitos dos quais aprenderam em nossas dicas para blogar. Só em 2009, a UBE, comunidade que liderei à convite, cresceu de 1.300 para 6.000 blogs. O que seria motivo para satisfação, na verdade tem me preocupado, pois o foco inicial está sendo perdido.

A vala comum de um blog não cristão hoje é o apedrejamento de Pastores e o Pastor Silas tem sido a "geni" da maioria da WEB evangélica. Blogueiros que detestavam postar fofocas, agora escrevem como loucos sobre a vida de pastores, para girar o counter de seus castelos de areia. Não tendo nada de importante para dizer, se ocupam então da vida alheia, com críticas e prognósticos sobre o "mal" que os pastores (que TRABALHAM) em evidencia estão tramando.

Se for para escrever textos e mais textos que abordem SEMPRE o lado ruins das pessoas, então não precisaria de blogs, pois o diabo já faz este tipo de publicidade. O que tenho visto sob a capa de APOLOGIA é tudo menso apologia. É farisaísmo arcaico mesmo. Lupas com o foco apenas nos defeitos.

Um blog evangélico que só trabalha com posts ácidos e opiniões rasas só é comparável àqueles pregadores de Praça da Sé. Pouca sabedoria, muito radicalismo, que assustam as pessoas que passam. A imaginação que as pessoas têm dos crentes quando passam perto das "rodas" dos pregadores da Praça da Sé, é que estão diante de pessoas desequilibradas. A primeira impressão delas produz um sinal amarelo, que se é aquilo que acontece dentro das Igrejas Evangélicas, então os crentes têm um estranho mau gosto. A imagem de um traz o preconceito sobre todos.

Assim também já está acontecendo na blogosfera evangélica. Muitos blogueiros estão seguindo o sucesso irresponsável de fofoqueiros que se identificam por apologetas. Se há um milhão de assuntos bons para escrever e um ruim para criticar, a facilidade de desconstruir é muito mais atraente. A fama pela fofoca ou por críticas gratuitas em nome da defesa da fé parece -se muito como a história da roupa invisível do rei.

O texto que eu gosto ler tem um conteúdo positivo. É uma postagem que não assuste pela agressão barata. E um assunto que encante e cative a atenção de um leitor comum. É um estilo cristão.

É tempo de cativar, de fazer planos mais altos, de fugir da vala comum. De que vale um blog que não tem mais o respeito de seus leitores?

É preciso blogar com excelência, com consciência, sem vergonhar o evangelho. Blogar insistentemente coisas não construtivas mostra aos leitores de maior cultura a mesquinhez que há por trás do blog. Que perfil de leitor é atraído por conteúdo negativo? A julgar pelos comentários superficiais...

É por isso que creio e insisto em uma blogosfera evangélica equilibrada, positiva, construtiva e séria. Exatamente a receita para bons formadores de opinião. Menos que isso seria perda de tempo e prejuízo para a Igreja.