domingo, julho 25, 2010

Novos caminhos para a Igreja Evangélica no Brasil

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João Cruzué

A imagem das Igrejas Evangélicas brasileiras vem sendo arranhada pouco a pouco. E o ápice disso veio a partir dos anos 90s, quando a massificação do evangelho da "prosperidade" pela Igreja Universal do Bispo Macedo. A forma avarenta de buscar a "plata" no bolso dos fiéis chocou a sociedade em uma escala muito maior do que sua precursora, a Igreja Deus é Amor. Como a primeira impressão é indelével, quero utilizar mais uma vez esta "bigorna" virtual para acertar um alvo real e digno de nosso repúdio. E para não ficar apenas na crítica, mostrar novos e decentes caminhos para quem quiser observar.

Eu aceitei Jesus nos anos 70s na Igreja Deus é Amor. E já naquele tempo já existia uma crítica interna sobre a forma anti-bíblica de retirar as ofertas. A partir da antiga sede da Conde de Zarzedas, ainda no tempo do barracão de madeira, sempre se começava a retirar ofertas a partir da nota de maior valor. Quem tivesse aquela nota mencionada que ficasse com ela erguida para o alto, para que a oferta fosse vista e recolhida. Esta forma "didática" era copiada nas congregações. Considerando que a forma bíblica recomendada é a discrição no ofertar, para que haja uma recompensa, o erro doutrinário já começava ali.

E foi repercutido ao extremo pela Igreja Universal e tantas outras. Como cristão de viés evangélico sinto-me à vontade para falar sobre este assunto, sem deixar de registrar, que fui católico, e que as heresias e formas de tratar o dinheiro na ICR é ainda pior, pois sempre se utilizou de vultosas quantias de dinheiro público para tocar seus interesses. Mas o foco do texto não é esse, e portanto, volto ao curso do "rio".

É de um clareza cristalina a imagem que a Igreja Evangélica atual, umas mais outras menos, passa sobre sua forma de arrecadar e aplicar recursos. A preocupação de algumas Igrejas neo-pentecostais de "deixar" propositalmente de mostrar as arrecadações de ofertas nos cultos divulgados pela TV é um indício muito forte de que esta faltando de transparência, e esconde coisas erradas.

A multiplicação de congregações neo-pentecostais em todos os bairros das grandes cidades, antes eficientes evangelizar a periferia, hoje não é mais visto assim. Na verdade, elas são fontes de recursos. Quantidade que traz prosperidade - para a "Igreja" ou melhor multinacionais da fé. Se pensa que estou errado, que paguem uma pesquisa profissional para sacramentar o que o brasileiro comum pensa das Igrejas ditas evangélicas neste século XXI. Posso adiantar o resultado em duas palavras: ganância e avareza. Exploração financeira em cima de fragilidades humanas.

"Abre o teu bolso para Jesus, que ele vai recompensar sua atitude." "Quem semeia pouco (dinheiro) colhe pouco." "A oferta que está no teu bolso e você não quer dar, é porque está ouvindo a voz do diabo" Frases maliciosas, com certeza ditas por autênticos lobos, interessados em duas coisas: primeira no dinheiro. Segunda: que a responsabilidade de resolver o problema do fiel é de Jesus. Não da Igreja. Lavagem cerebral e mesquinhez.

Sanguessugas. Receitas sim, despesas não. Bem ao contrário das bases da Igreja verdadeira que Jesus lançou nos primeiros anos, quando os recursos da Igreja eram utilizados para o sustento do sagrado e amparo dos menos favorecidos.

Entendo que a forma atual de arrecadar ofertas das grandes denominações não visa o bem estar social, senão projetos megalomaníacos. Templos cada vez maiores. Shoppingtemplos com praças de alimentação, livrarias, roupas de grifes e uma série de outros desvarios sempre suplantados por outras "novidades" ainda piores. Isto é uma vergonha.

Vergonha para quem não sabe mais o sentido deste verbete, e dificuldades para quem ainda prega o Evangelho genuíno, que graças a Deus ainda ocorre.

A Igreja Evangélica brasileira não pode mais tapar o sol com a peneira com projetos de marketing desenhados apenas para enganar a fé alheia. Nossa nação já é muito esclarecida para aceitar tais enganos. Evangelho é primeiro virtude e depois palavras, na acepção paulina do termo. Se alguma Igreja deseja mesmo ganhar almas para Jesus, vai ter que mudar a política do "venha a nós; ao vosso reino, nada!

Por que será que o funk tem arrastado multidões de jovens na periferia das grandes capitais para ouvir letras chulas que insinuam que todas as mulheres são animais do sexo, enquanto centenas de congregações evangélicas estão com sérios problemas de crescimento? Simples, por que estas estão usando (direta ou indiretamente) Jesus como meio para atingir um fim que é dar sustentabilidade financeira à "filial" de uma Igreja. E o Espírito Santo, onde fica? Fica do lado de fora! Assim com também vão ficar uma multidão de crentes decepcionados, enganados e frustrados, por que deram - e não receberam.

Para ter a boa mão prosperando as ações de uma Igreja em nossos dias, é preciso repensar a forma de usar o dinheiro. A transparência que está acontecendo com os órgãos públicos vai ter que ser notada no meio da Igreja. Li recentemente no Blog Caos Esperança do meu irmão San Martin, uma entrevista com um antigo pastor da Assembleia de Deus, abordando a forma antiga e atual de se evangelizar. Achei ridicula a crítica, pois esse pastor sempre fez parte do "sinédrio". Se o povo perdeu o ímpeto de evangelizar, é porque cora de vergonha ao ver os interesses rasteiros de muitos de seus líderes. E na verdade, não se trata do povo, mas do próprio Espírito Santo, entristecido, em ver sua atuação manipulada para aumentar as fontes de financiamento de projetos de homens desviados da verdade.

O pior desviado é aquele que é cego, e não pode ver o caminho da perdição sob seus pés. Se antes os apóstolos se dedicavam à oração e à palavra, como podem ser compreendidos os líderes evangélicos de hoje, que estão escolhendo o caminho do Congresso Nacional? Estes novos rumos destoam dos exemplos apostólicos.

A Igreja evangélica precisa retornar ao leito original do Evangelho. Santidade, respeito no trato com o dinheiro, decência na forma de arrecadar fundos para uso intensivo em projetos sociais. Por exemplo: A desigualdade social de nosso país é uma das piores do mundo. Uma das formas clássicas de combatê-la é através de projetos de cunho educacional. Se isto não for feito, duas, três gerações de famílias de lugares desassistidos vão continuar na miséria sem ter quem os liberte. Há tantos projetos missionários transculturais por aí, apenas para "marketing", e preciso dar graças a Deus por eles, mas como se explica a existência de um país com desigualdade social apenas suplantada por um Haiti?

Se depender do Governo Federal, preocupado no momento com projetos de "Trem Bala", grandes estádios de futebol, e coisas afins, estas famílias escravizadas pela miséria, vão continuar escravas do diabo e de nosso egoísmo por muitas gerações. Eis um novo e "velho" caminho para a Igreja Evangélica. Carey, o missionário que dedicou sua vida à Índia, certa vez aconselhou seu filho à caminho de missões: "Primeiro se deve ensinar um povo a ler, para depois ensinar a Bíblia." Isto ainda é válido para nossos dias.

A Igreja Evangélica brasileira precisa repensar sua forma de atuação. Seu cheiro se mostra detestável perante a sociedade brasileira, por causa do mau comportamento de grande parte de suas lideranças. Isso pode ser mudado? Pode. Vai mudar quando ela deixar ajuntar tesouros e construir megatemplos, para ir em busca dos que estão escravizados pela miséria do analfabetismo, das portas fechadas a um ensino de qualidade. A partir do momento que o membro de uma família miserável tiver acesso a uma Universidade, ele mudará o destino de todas as gerações seguintes. Ainda estou com Carey. Um país de ignorantes sempre vai estar acorrentado à miséria que é filha do diabo.

Acredito em um Deus de Milagres, tanto quanto creio que quando certos milagres não vêm, são porque existem recursos humanos disponíveis que podem atacar as mesmas causas. A Igreja Evangélica brasileira já está madura e tem o conhecimento e os recursos necessários para demonstrar o verdadeiro amor de Deus e corrigir a heresia do "É dando, que se recebe" pela verdade bíblica do "Melhor coisa é dar do que receber".




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quarta-feira, julho 21, 2010

Os pastores das Igrejas Assembleias de Deus e as Eleições de outubro 2010

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O beijo
João Cruzué

No dia 03 de outubro de 2010, serão realizadas eleições para todos cargos políticos desta nação, exceto para prefeitos e vereadores. As principais matérias de cunho anti-cristão, tais como aborto, casamento gay, projeto de lei da homofobia, projeto de direitos autorais da internet e outras, estão estrategicamente escondidas nas gavetas do Congresso esperando o término dessas eleições para voltarem com toda força. No momento, os crentes que sempre foram considerados o atraso da sociedade brasileira, pela grande maioria dos políticos, estão sendo paparicados e adulados.

Creio que isto não é novidade para nenhum dos leitores.

Como também não é novidade a certeza que muitos políticos descrentes têm, que é muito fácil comprar o voto dos evangélicos a partir de propostas indecentes para seus pastores. Eles sabem que a fé e a moral desses pastores são bem relativas - com as raras e abençoadas exceções de sempre.

Pois bem, assim que os próximos deputados federais, estaduais e senadores tomarem posse em 2011, todos os assuntos anti-bíblicos engavetados e camuflados voltarão à pauta. E os crentes voltarão a ter o o mesmo cheiro ruim do fundamentalismo e do atraso que eles sempre disseram, depois de eleitos.

Se estes projetos contrários à Bíblia se converterem em Lei - como já aconteceu na Argentina, no Chile e na Suécia - berço dos missionários que fundaram e organizaram a Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil - eu tenho algo muito grave a dizer. Se estas leis vieram a prejudicar a sociedade brasileira, é por culpa principalmente dos Pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Por que?

Porque seus templos recebem a visita de todos os candidatos com pretensão ao Congresso Nacional e Assembléias Legislativas - os homens e mulheres que decidirão o destino das leis. Esses pastores sabem exatamente o que deve e o que não deve ser feito com os votos dos membros das suas Igrejas. E digo mais, que é muito difícil um aspirante ao Congresso Nacional, hoje, conquistar seu cargo - sem votos de evangélicos.

Se na próxima legislatura, as crianças e adolescentes de nossas Igrejas voltarem para casa com um cartilha de homoafetividade na mão, impressa com autorização do MEC como está acontecendo no Chile. Se no dia de amanhã, pastores forem obrigados a mudar a liturgia ministerial em suas Igrejas para se adequarem à lei de homofobia - como aconteceu na Suécia. Se no dia de amanhã quebraram as portas de templos evangélicos para celebrar casamentos e outros eventos para gays e lésbicas, como já aconteceu em Goiás, eu vou culpar e responsabilizar principalmente os pastores da "minha" Igreja - a Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Vou culpar por não conscientizarem seus membros, porque eu não me atreveria a pensar que os culparia por negociar os votos potenciais de suas Igrejas em favor de ímpios por dinheiro ou vantagens inescrupulosas. Ou por empregos para parentes, terrenos para templos ou cinco milheiros de blocos.

Senhores pastores, o voto evangélico representa, no mínimo, 25% dos eleitores desta nação. Não costumamos votar com base em vida religiosa dos candidatos, mas por sua potencial competência. Mas de agora em diante, os candidatos comprometidos com causas inimigas da Igreja, ainda que vierem vestidos de branco e trazendo auréola de santos - não merecem o nosso voto. Não devem recerber um voto que seja de um cristão que tenha temor de Deus.

E por falar em temor de Deus, antes de votar em outubro pergunte para seu travesseiro: o deputado federal e os dois senadores que estiver pensando em votar, vai respeitar os interesses cristãos diante de um projeto que venha a prejudicar a Igreja? Se tiver dúvidas - não vote neles. E uma péssima notícia: a senadora melhor colocada nas pesquisas por São Paulo é ostensivamente a favor de tudo o que é nefasto para a família. E deve ter muito "crente" que vai votar nesta senhora.

E se seu pastor estiver fazendo campanha ostensiva ou disfarçada na Igreja em favor de candidatos, que só aparecem na Igreja no período eleitoral, reuna alguns irmãos e peçam explicações a ele. Não seja omisso, pois no dia que seu filho ou neto voltar para casa com uma cartilha gay ou sua Igreja for obrigada a realizar casamentos gay, ou ser proibido ler a Bíblia inteiro no púlpito, a culpa vai ser do seu pastor e também sua porque não fez nada - a não ser criticar DEPOIS!


Isto é muito duro, mas é melhor dizer agora - antes que o leite derrame!