segunda-feira, agosto 04, 2025

Reencontrando os Valores Perdidos

 


"Rediscovering Lost Values"
Sermão de Martin Luther King, Jr.


Por: Martin Luther King, Jr. (1929-1968)

Tradução de João Cruzué

"Eu quero que vocês meditem comigo nesta manhã sobre este tema: Reencontrando os valores perdidos. Há algo errado com o nosso mundo. Alguma coisa fundamental e basicamente errada. Eu creio que não precisamos olhar muito para enxergar isto. Estou certo que a maioria de vocês concordaria comigo em fazer esta afirmação. E quando paramos para analisar a causa dos males de nosso mundo, muitas coisas nos vêm à mente.

Vamos iniciar perguntando se é devido ao fato de não sabermos o suficiente. Mas não pode ser isto. Porque em termos de acumulação de conhecimento, nós sabemos mais hoje do que os homens conheciam em qualquer outro período da humanidade. Nós temos os fatos à nossa disposição. Nós sabemos mais sobre Matemática, Ciências, Ciências Sociais, Filosofia do que nós nunca soubemos em qualquer período da história do mundo. Então, não pode ser porque nós não sabemos o suficiente. Bem, não pode ser isto, porque nosso progresso científico sobre os anos passados tem sido surpreendente.

Em seguida, gostaríamos de saber se não foi pelo fato de nossa genialidade científica ter ficado para trás.Isto é, se nós não temos feito mais progressos na área científica.O homem através de seu gênio científico tem encurtado distâncias e reduzido tempos. Tanto que hoje (28.02.1954) é possível tomar o café da manhã em Nova York e cear em Londres, na Inglaterra. Por volta de 1753, uma carta levava três dias para ir de Nova York a Washington, e hoje você pode ir daqui até a China em menos tempo que isso. Não pode ser porque o homem esteja estagnado quanto aos progressos científicos. A genialidade científica do homem tem sido assombrosa.

Eu penso que nós temos que olhar mais profundamente o que temos feito para encontrar a real causa dos problemas humanos e dos males deste mundo de hoje. E se nós queremos mesmo encontrar teremos que olhar dentro dos corações e da almas dos homens.

"Assim nós nos vemos pegos em um mundo complicado. O problema é com o próprio homem, na alma do homem. Nós não aprendemos como ser justos, e honestos, e gentis, verdadeiros e amáveis. Está é a causa de nosso problema. O verdadeiro problema é que através de nossa genialidade científica nós fizemos do mundo uma vizinhança, mas através de nossa moral e genialidade espiritual nós falhamos em torná-lo uma irmandade.

E o grande perigo que enfrentamos hoje não é tanto pela bomba atômica que foi criada pelos físicos. Não tanto por aquela bomba que você pode colocar em um avião e jogá-la sobre a cabeça de centenas de milhares de pessoas – tão perigosa quanto ela é. Mas o perigo verdadeiro que confronta a civilização de hoje é aquela bomba atômica que está no coração dos homens, capaz de explodir no ódio mais vil e no mais destrutivo egoísmo — isto é a bomba atômica que devemos temer hoje.

O problema está no homem. Dentro dos corações e das almas dos homens. Esta é a verdadeira causa do nosso problema.

Meus amigos, tudo que eu estou tentando dizer é que se nós quisermos seguir em frente hoje, teremos, antes, que voltar para reencontrar alguns poderosos e preciosos valores preciosos que deixamos para trás. É o único caminho que seríamos capazes para fazer de nosso um mundo, um mundo melhor, e para fazer deste mundo o que Deus quer com um significado e propósito reais. A única coisa que nós podemos fazer é voltar, para redescobrir os valores mais preciosos e poderosos que deixamos para trás.


Jesus at 12
Jesus no templo no meio dos doutores da Lei

Nossa situação no mundo de hoje faz-me lembrar de um popular acontecimento que tomou lugar na vida de Jesus. Isto foi lido nas Escrituras hoje pela manhã,  no segundo capítulo do Evangelho de Lucas. A história é muito familiar, muito popular, e todos nós a conhecemos. Vocês se lembram quando Jesus tinha de 12 anos de idade? Havia o costume das festas. Os pais de Jesus o levaram para Jerusalém. Era um acontecimento anual, a festa da Páscoa, e eles subiram para Jerusalém e levaram Jesus consigo. Eles ficaram ali por poucos dias e, depois de estarem por lá, decidiram voltar para casa, para Nazaré. E eles partiram e eu acho, como era a tradição daqueles dias, o pai provavelmente viajava na frente e a mãe, junto com as crianças, atrás. Veja você, eles não tinham as comodidades modernas que temos hoje. Eles não tinham automóveis, nem metrôs ou ônibus. Eles andavam a pé ou viajavam sobre jumentos e camelos. Então eles viajavam muito devagar, mas era da tradição o pai guiar o caminho

E eles deixaram Jerusalém, caminhando de volta para Nazaré. E eu imagino que eles caminharam um pouco sem olhar para trás, para ver se todo mundo estava lá. Mas então as Escrituras dizem que eles seguiram a jornada de um dia e pararam. Eu imagino, para checar, para ver se tudo estava em ordem. E eles descobriram que alguma coisa muitíssimo preciosa estava faltando. Eles descobriram que Jesus não estava com eles. Jesus não estava no meio. E, assim, eles fizeram uma pausa para procurar e não o viram em volta. E eles foram e começaram a procurar no meio da parentela. E eles voltaram até Jerusalém e lá o encontraram no Templo, junto com os doutores da lei.

Agora, o mais importante para ser visto aqui é isto: Que os pais de Jesus observaram que tinham partido e que eles tinham perdido um bem muitíssimo precioso. Eles tiveram senso o bastante para saber que antes de seguir em frente, para Nazaré, eles tinham que voltar a Jerusalém para reencontrar este valor. Eles sabiam disso, eles sabiam que não poderiam ir para casa em Nazaré, sem que, antes, voltassem a Jerusalém.

Algumas vezes, você sabe que é necessário retroceder a fim de seguir em frente. Isso é uma analogia da vida. Eu me lembro que um dia eu estava dirigindo de Nova York para Boston, e eu parei em Bridgeport, Connecticut para visitar alguns amigos. E eu saí de Nova York pela pista expressa que vocês conhecem por Merritt Parkway, em direção a Boston, numa ótima avenida. E eu parei em Bridgeport, e depois de ficar por ali por duas ou três horas eu decidi seguir para Boston, e eu queria pegar outra vez a Merrit Parkway. E eu saí pensando que eu estava indo em direção à Merrit Parkway. 

Eu parti, e rodei, e continuei rodando e eu procurei localizar uma placa mostrando duas milhas para uma pequena cidade que eu teria de cruzar – Eu não cruzei por aquela particular cidade. Então eu pensei que  estava na estrada errada. Eu parei e perguntei a um cavalheiro sobre a estrada que eu deveria pegar para chegar na Merritt Parkway. E ele disse: “A Merrit Parkway está de 12 a 15 milhas para trás. Você tem que virar e voltar até a Merrit Parkway”; você está fora do seu caminho agora. Em outras palavras, antes de seguir em frente para Boston, eu tinha que voltar de 12 a 15 milhas, para pegar a Merrit Parkway. Não poderia o homem moderno ter pegado a avenida errada? Se ele está seguindo para a cidade da salvação, ele terá que voltar e pegar a avenida certa.

E foi isto que os pais de Jesus observaram: que eles tinham que voltar e reencontrar o valor mais precioso que eles tinham deixado para trás, a fim de prosseguir. Eles observaram isto. E assim que eles voltaram para Jerusalém eles encontraram Jesus, o reencontraram por assim dizer, a fim de seguir em frente para Nazaré.

Agora isto é o que nós temos que fazer em nosso mundo de hoje. Nós temos deixado muitos valores preciosos para trás; nós temos perdido muitos valores preciosos. E se nós quisermos seguir em frente, se nós quisermos fazer um mundo melhor para se viver, nós temos que voltar. Nós temos que voltar para reencontrar estes valores preciosos que nós deixamos para trás.

Eu quero tratar de um ou dois destes valores muito preciosos, que nós temos deixado para trás, que se nós vamos seguir em frente para tornar este mundo melhor, nós precisamos redescobrir.

O primeiro princípio de valor que nós necessitamos reencontrar é este: que toda realidade depende de fundamentos morais. Em outras palavras, que este é um universo moral e que há leis morais sustentando o universo tanto como as leis físicas. Eu não estou certo se todos nós cremos nelas. Nós nunca duvidamos que há leis físicas no universo, que nós devemos obedecer. Nós nunca duvidamos disso. E por isso, nós não pulamos de um aeroplano ou saltamos de altos edifícios por diversão – não fazemos isto. Porque inconscientemente nós o sabemos intuitivamente, e assim não saltamos do mais alto prédio em Detroit por achar isto divertido – nós não fazemos isto. Porque nós conhecemos que existe a Lei da Gravitação Universal. Se nós desobedecermos a ela, sofreremos as conseqüências.

Mas eu não estou tão certo se nós sabemos que há leis morais que suportam o universo tanto quanto as leis físicas. Eu não estou tão certo disso. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos que existe a lei do amor no universo, e que se desobedecê-la, você sofrerá as conseqüências. Eu não estou tão certo se nós realmente cremos nisso. Pelo menos duas coisas me convencem de que nós não acreditamos nela, que nós temos nos desgarrado do princípio que este é um universo moral.

A primeira coisa que nós adotamos neste mundo moderno é uma espécie de relativismo ético. Eu não estou tentando usar um palavrão aqui, estou tentando dizer algo muito concreto. E isto é o que temos aceitado, a atitude de que o certo e o errado são meramente relativos para nossas convicções. Grande parte das pessoas não podem defender suas convicções, porque a maioria não pode não estar fazendo isto. Veja, se a maioria não está fazendo isto, então nós devemos estar errados. E desde que tomo mundo esteja fazendo isto, isto deve ser o certo. Uma espécie de interpretação numérica do que é o certo.

Mas, eu estou aqui para dizer a vocês nesta manhã que algumas coisas estão certas e algumas, estão erradas. Eternamente assim, absolutamente assim. É errado odiar. isto sempre tem sido errado e sempre será errado. É errado na América, é errado na Alemanha, é errado na Rússia, é errado na China. Era errado em 2000 antes de cristo, e é errado em 1954 a.D. Está errado jogar fora nossas vidas em um viver sedicioso. Não importa se alguém em Detroit esteja fazendo isto, é errado. Está errado em qualquer época e está errado em cada nação. Algumas coisas são certas e algumas coisas são erradas, não importa se alguém está fazendo o contrário. Algumas coisas do universo são absolutas. O Deus do universo as tem feito assim. E contanto que adotemos esta atitude relativa em relação ao certo e ao errado , estamos nos revoltando contra as mesmas leis do próprio Deus.

Agora, isto não é a única coisa que me convence de que estamos desviados do caminho desta atitude, deste princípio. A outra coisa é que temos adotado uma espécie de teste pragmático para o certo e errado – aquilo que funcionar é o “certo”. Se funcionar, está joia. Nada está errado, a não ser aquilo que não funciona. Se você não foi apanhado, é o certo. Esta é a atitude, não é? Tudo bem, em desobedecer os Dez Mandamentos, mas apenas não desobedeça o décimo primeiro: Não se deixe apanhar! Esta é a atitude. A atitude prevalecente em nossa cultura. Não importa o que você faça, apenas o faça com um pouquinho de classe. Sabe, o tipo de atitude da sobrevivência do mais esperto. Não a sobrevivência Darwiniana do mais apto, mas a sobrevivência do mais liso, o mais esperto – é aquele que está certo. É muito bom mentir, se mentir com dignidade. Tudo bem em furtar, em roubar e extorquir, mas o faça com um pouquinho de finesse. E até é muito bom odiar, mas vista seu ódio apenas com trajes de amor e faça transparecer que você esteja amando, quando você está odiando de fato. Apenas vire-se! É assim que é o certo segundo esta nova ética.

Meus amigos, esta atitude está destruindo a alma de nossa cultura. Está destruindo nossa nação. Aquilo que nós necessitamos nos dias de hoje é um grupo de homens e mulheres que queiram defender o certo e resistir ao errado, onde quer que for. Um grupo de pessoas que precisam vir para ver que algumas coisas estão erradas, mesmo se eles nunca são pegos. E algumas coisas são certas, mesmo que ninguém veja você fazendo ou não.

Tudo que eu estou tentando dizer a vocês é: Que o nosso mundo depende de uma fundação moral. Deus o fez assim. Deus fez o universo para ser baseado em uma lei moral. Se o homem desobedecê-la, está se revoltando contra Deus. Isto é tudo o que precisamos no mundo de hoje: pessoas que sustenham o certo e a bondade. Não é o bastante conhecer as firulas da zoologia e da biologia, mas nós temos que saber as implicações da Lei. Não é o bastante saber que dois e dois são quatro, mas temos que saber de qualquer maneira aquilo que é certo, para ser honestos com nossos irmãos. Não é o bastante conhecer nossas disciplinas matemáticas e filosóficas, mas nós temos que conhecer as simples disciplinas de ser honesto e amoroso para com toda a humanidade. Se nós não aprendermos isto, nós nos destruiremos a nós mesmos, pelo abuso de nosso próprio poder.

Este universo depende de fundações morais. Há alguma coisa neste universo que justifica o que Carlyle diz: “Nenhuma mentira pode viver para sempre.” Há alguma coisa neste universo que justifica o que disse William Cullen Bryant: A verdade, quando esmagada na terra, se levantará novamente”. Alguma coisa neste universo justifica os versos de James Russell Lowell:

"A verdade, sempre no cadafalso

O erro, eternamente no trono

Ainda que o cadafalso mude de opinião no futuro

Por trás do obscuro ignorado, de pé está Deus

Dentro das sombras observando tudo"


Há algo neste universo que justifica o escritor bíblico dizer: Você ceifará aquilo que plantar” Esta é uma lei de sustentação universal. Este é um universo moral. Ele depende de fundações morais. Se nós queremos fazer disso um mundo melhor, temos que voltar e redescobrir os valores preciosos que deixamos para trás.

E depois, há uma segunda coisa, um segundo princípio que nós temos que voltar e reencontrar. E isto é aquilo que controla toda realidade espiritual. Em outras palavras, nós temos que voltar e redescobrir o princípio que há um Deus por trás do processo. Bem, vocês vão dizer: Por que você tem tocado neste ponto em seu sermão em uma Igreja? Pelo mero fato de nós estarmos na Igreja, nós cremos em Deus, e não precisamos voltar para redescobrir aquilo. Pelo mero fato de estarmos aqui, e o mero fato de que nós cantamos e oramos, e vamos para a igreja – nós cremos em Deus. Bem, há alguma verdade nisso. Mas nós devemos lembrar que é possível afirmar a existência de Deus com nossos lábios, e negar sua existência com nossas vidas!

O mais perigoso tipo de ateísmo não é o ateísmo teórico, mas o ateísmo prático. Este é o mais perigoso tipo. E o mundo, e mesmo a igreja, está repleta de pessoas que prestam culto com os lábios em lugar de um culto com a vida. E sempre há um perigo em que nós deixamos transparecer externamente que nós cremos em Deus, quando internamente não. Nós dizemos com nossas bocas que nós cremos nele, mas vivemos nossas vidas como se Ele nunca tivesse existido. Isto é o perigo sempre presente confrontando a religião. Isto é um tipo perigoso de ateísmo.

E eu penso meus amigos que isto é uma coisa que tem acontecido na América. Que nós temos inconscientemente deixado Deus para trás. Agora, nós não temos feito isso conscientemente; mas inconscientemente. Veja você, o texto, você se lembra do texto que dizia que os pais de Jesus seguiram uma jornada de um dia inteiro sem saber que ele não estava com eles? Eles não o deixaram para trás conscientemente. Foi sem querer; seguiram um dia inteiro e nem mesmo sabiam disso. Não foi um processo consciente. Veja você, nós não crescemos para dizer: “Agora Deus, adeus! Nós vamos deixar o Senhor agora.” O materialismo na América tem sido algo inconsciente. Desde a ascensão da Revolução Indústria na Inglaterra, e com as invenções de todos os nossos aparelhos e bugigangas, de todas as coisas do conforto moderno, nós inconscientemente deixamos Deus para trás. Nós não pretendíamos isto.

Nós apenas ficamos envolvidos em conseguir nossas contas bancárias graúdas que nós inconscientemente nos esquecemos de Deus. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós ficamos tão envolvidos em conquistar nossos carros de luxo, e eles são mesmo ótimos, mas nós ficamos tão envolvidos nisso, que isto se tornou muito mais conveniente dirigir até à praia no domingo à tarde do que vir para a Igreja de manhã. Isto foi inconscientemente, não pretendíamos fazer isto.

Nós ficamos tão envolvidos e fascinados pelas tramas da televisão que nós achamos um pouco mais conveniente ficar em casa do que vir para a Igreja. Foi uma coisa inconsciente. Nós não pretendíamos fazer isto. Nós não apenas nos levantamos para dizer “ Agora Deus, nós vamos embora”. Nós temos seguido uma jornada de um dia inteiro, e então nós vimos que nós inconscientemente conduzimos Deus para fora do universo. Um dia inteiro de jornada – não queríamos fazer isto. Nós apenas ficamos tão envolvidos nas coisas, que nós nos esquecemos de Deus.



E este é o perigo que nos confronta, meus amigos, que em uma nação como a nossa, onde damos ênfase na produção em massa, e isto é de importância considerável, onde temos tantas conveniências e luxo e tudo o mais, há o perigo de que nós inconscientemente, nos esqueçamos de Deus. Eu não estou afirmando que aquelas coisas não sejam importantes; nós precisamos delas, nós precisamos de carros, nós precisamos de dinheiro; de tudo o que é importante para viver. Mas sempre quando elas se tornam em substitutos de Deus, elas são prejudiciais.

Eu devo dizer para vocês esta manhã, que nenhuma dessas coisas podem jamais ser substitutos reais para Deus. Automóveis e metrôs, TVs e rádios, dólares e centavos, nunca podem ser substitutos de Deus. Porque muito antes da existência delas, nós necessitamos de Deus. E por muito tempo depois que elas tiverem passado, nós ainda necessitaremos de Deus.

E para concluir, eu digo para vocês nesta manhã que eu não colocar minha o fundamento de minha fé nestas coisas. Eu não vou colocar minha a base de minha fé em bugigangas e invenções. Com um jovem com grande parte de minha vida ainda pela frente, eu decidi bem cedo dar minha vida por algo absoluto e eterno. Não para estes pequenos deuses que estão por aí hoje, e amanhã se vão, mas para Deus que é o mesmo ontem, hoje e para sempre.

Não nos pequenos deuses que podem estar conosco em poucos momentos de prosperidade, mas no Deus que caminha conosco através do vale da sombra da morte, e nos motiva a não temer mal algum. Este é o Deus.

Não em um deus que pode nos dar alguns carros Cadillacs e Buicks conversíveis, embora eles sejam lindos, que estão na moda hoje e ficarão fora de moda depois de três anos, mas em um Deus que criou as estrelas para ornar os céus como faróis tremeluzentes de eternidade.

Não em um deus que pode construir alguns edifícios arranha-céus, mas em um Deus que criou as gigantescas montanhas, beijando o céu, como se banhassem seus picos no imponente azul.

Não em um deus que pode nos dar alguns rádios e aparelhos de TV, mas em um Deus que criou a grande luz cósmica que se levanta cedo de manhã no horizonte leste, que pinta seu Technicolor através do azul, algo que o homem nunca pode fazer.

Eu não vou por os fundamentos da minha fé em pequenos deuses que podem ser destruídos em uma era atômica, mas em um Deus que tem sido nosso socorro desde as eras passadas, e nossa esperança para os anos que virão, e nosso abrigo no tempo da tempestade, e nosso eterno lar. Este é o Deus em quem eu estou colocando o fundamento da minha fé. Este é o Deus que eu rogo a vocês para adorarem nesta manhã.

Saiam e estejam certos de que este Deus vai durar para sempre. Tempestades podem vir e ir. Nossos grandes edifícios arranha-céus podem vir e ir. Nossos belos automóveis virão e passarão, mas Deus estará aqui. As plantas podem desaparecer, as flores podem murchar, mas a palavra de nosso Deus permanecerá para sempre e nada pode impedi-la. Nenhum P-38 desde mundo pode alcançar Deus. Todas as nossas bombas atômicas jamais podem alcançá-lo. O Deus de quem eu estou falando para vocês nesta manhã é o Deus do universo, é o Deus que permanece através de todas as eras. Se nós temos que seguir em frente nesta manhã, nós temos que voltar para encontrar este Deus. Este é o Deus que exige e ordena a nossa máxima submissão.

Se nós vamos seguir em frente, devemos voltar lá atrás e reencontrar estes valores preciosos: que toda realidade depende de fundamentos morais e que toda realidade tem um controle espiritual.

Deus abençoe vocês!


Source: http://www.stanford.edu/group/King/publications/sermons/contents.htm


Nota Importante:
--Espero que tenham gostado da tradução. Deu muito trabalho...
Leia também a traduçao do sermão O Manual da Igreja Construtiva

cruzue@gmail.com






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domingo, julho 27, 2025

População Evangélica no Censo IBGE 2022

  


São Paulo, 27 de julho de 2025.

Artigo de João Cruzué.

Este é  um artigo técnico, porém, desde o início vou fornecer os dados que meu leitor tem interesse.  Ao longo do texto, vou deixar justificativas, memórias de cálculos e dados estatísticos. No final, minhas considerações. Ponto.

1. A população evangélica do Brasil, contada no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE em 2022, divulgada com atraso em 06 de junho de 2025 foi de 47.418.024 (26,90%) fiéis. Contudo, como o IBGE não incluiu 26.775.432 habitantes na base estatística religiosa,  fiz esta inclusão mantendo a mesma proporção do IBGE. Assim,  cheguei a 54.619.477 cristãos. 

Quadro 1 - elaborado por João Cruzué

   A soma dos números do grupos religiosos e não religiosos divulgados no Portal do IBGE dá 176.305.024 pessoas (acesso em 27/07/2025)


2. Os números da população brasileira divulgados sob o aspecto religioso (Base Religiosa), estão informados no portal Ibge panorama. Utilizei estes números e os coloquei no Quadro 2, abaixo:

Quadro 2 - Elaborado por João Cruzué

            Da leitura deste quadro, você verá que a SOMA dos números dos grupos religiosos e dos sem religião divulgados pelo IBGE não é o total da população brasileira, mas apenas 86,82% dela, ou seja, 176.305.324 pessoas.  Ora, a população oficial informada no topo da página: Ibge panorama é de 203.080.756 habitantes. Portanto, os 26.775.432 (13,18%) estão fora do cômputo da base religiosa.

Memória de cálculo: 176.305.324  (86,82%) + 26.775.432 (13,18%) = 203.080.756 (100,%).

3.  Os percentuais dos grupos religiosos e dos sem religião não foram informados na página do IBGE, mas em reportagem/sem o nome de autor, no portal G1 - Publicação Censo Ibge. Ali, o G1 informou que os católicos caíram para 56,84%, evangélicos  cresceram de 21,6% (2010) para 26,90%. 

4. Quando utilizei os dados da  base religiosa do IBGE e os somei, verifiquei que os percentuais eram praticamente iguais aos publicados na reportagem do G1 diferem pouca coisa. Foi assim que observei que a contagem [na verdade projeção] dos grupos religiosos tinha percentuais semelhantes aos do G1, com uma diferença: descobri que 26.775.432 inidivíduos estavam fora da base de dados da religião.

5. Em 05 de janeiro de 2016 [nove anos atrás] publiquei um post com a estimativa das populações católica e evangélica  para o Censo de 2020, que acabou sendo realizado em 2022. Da leitura do quadro 3, você verá que minha projeção da população católica foi justa: 56,5% (a do censo 2022: 56,7%), mas dos evangélicos, não. Projetei 36,8%, mas pelo IBGE, calculada pelo G1 foi de 26,90%.

Quadro 3 - elaborado por João Cruzué



6. Memória dos Cálculos e Projeções Estatísticas para o Censo IBGE 2020  de minha publicação em 2016. Quero informar que não vou torcer dados e fazer malabarismos para justificar falha de projeção. Convido a continuar a leitura porque em meu entendimento o IBGE divulgou dados atípicos. Você vera que posso ser bem consistente na exposição dos dados. O julgamento é seu.

1ª Incoerência: O próprio IBGE divulga em seu portal a projeção da população brasileira, ano a ano. Por exemplo as projeções de 2000 até 2070 estão neste link: Projeção para 2020. Aqui você verá que a projeção da população para 2022 pelo IBGE era de 210.862.983 habitantes. Em  2016 essa base era de 212.077.375. Quanto o Censo do IBGE contou em 2022? Contou 203.080.756 habitantes.  Foram 7,7 milhões de pessoas abaixo da própria projeção. Abaixo vão os dados compilados da página do link: 

  A projeção do ano 2000 era de 174.695.935 hab. O Censo contou 169.870.803 (-2,7620)

  Para 2010: 194.749.329  - O Censo contou 190.755.799 (-2,0506%)

  Para 2020: 209.164.889 .

  Para 2022: 210.862.983 - O Censo contou 203.080.756 (-3,69066%)

  Para a projeção do Ibge para 2030: 216.973.093 .

7. Questão interessante: A contagem estatística dos dados do Censo de 2022 foi fidedigna? Bem para responder a isso pode-se fazer este teste: pergunte para 10 pessoas, de diferentes famílias, se o Agente do IBGE passou na casa deles. Por que estou propondo isto: de 3 pessoas que perguntei,  em 2 o IBGE não apareceu para contagem. Fiquei surpreso. Normalmente, as projeções do próprio IBGE  x a contagem dos censos divergem para menos em  torno de 2%. Desta vez (2022) foi menor em 3,69%. Quase 4%.

Memória: Projeção do IBGE para 2022: 210.862.983  x contagem  de 203.080.756 habitantes.

2ª Incoerência - Queda abrupta de taxa média anual de crescimento,

8.  Por que a projeção da população evangélica que fiz em 2016, de 36,8%  em 2020 de evangélicos ficou tão distorcida? Resposta: eis um enigma que vamos tentar dissecar dentro da lógica.

- Vamos começar com a taxa média anual de crescimento dos evangélicos no período de 19 anos, entre o Censo de 1991 e Censo de 2010  que foi de 6,322351009%. Como se faz este cálculo?

Memória: a) 42.275.437 ( - ) b) 13.189.285 =  c) 20.086.152.

Onde 'a' é população evangélica no censo do IBGE de 2010 e 'b' a população do Censo de 1991. O resultado de 20.086.152  representa um crescimento de de 3,2052864882365 (320,53%). 

O cálculo da taxa média anual nestes 19 anos é o índice de 3,2052 elevado a pontência  1/19.  Este cálculo 6,322351009% ao ano (ou 6,32%). Acho razoável que se esta taxa de crescimento retratou o crescimento dos evangélicos durante 19 anos, não distorceria  muito a minha projeção para o Censo de 2020, que acabou sendo realizado em 2022,  por causa da Covid-19.

Outra projeção mais  conservadora vou fazer agora. Digamos que os 19 anos entre 1991 a 2010 foram anos de muito crescimento. Então, vamos tomar o período de 30 anos entre o Censo de 1980 e o de 2010. Neste caso, a população evangélica (informada pelo IBGE) em 1980 era de 7.885.846 fiéis e a de 2010, 42.275.437 (os dois dados estão no Quadro 3).  

O quociente da divisão de 5,36092601859 potenciado a 1/30, dá uma taxa média anual de crescimento entre  1980 a 2010 de 5,7567250914% (quase 6%)

9. Projetando a taxa média anual de  crescimento de 19 anos de 6,322351009%, sobre a população evangélica do censo de 2010 de 42.275.347 x  2,08686739816  = 88.223.231 cristãos. Isto representaria 43,42% de 203.080.756 (população brasileira).

10. Vamos considerar que a taxa média de crescimento anual no período de 19 anos (1991 a 2010) seja exagerada. Então, vamos fazer a projeção com a taxa média de crescimento anual  no período de 30 anos, 1980 até 2010, que foi de 5,7567250914%

Memória: 42.275.437 / 7.885.846 = 5,36092601859 e    5,36092601859^(1/30) = 5,7567250914%.
 
Projetando esta taxa média anual de crescimento de 2010 a 2022, eu a potencio  assim:

1,057567250914^12 = 1,957473654.  Multiplicando este índice por 42.275.437 = 82.753.054 cristãos.

11. Anotem estas duas projeções: 88.223.231 com  taxa média anual de crescimento de 1991 a 2010 ou 82.753.054 pela taxa média de crescimento anual de 1980 a 2010.

12. Entretanto, pelos números do IBGE, complementados com a proporcionalidade dos 26.775.432 (fora da base religiosa) o Brasil contava pelo IBGE um percentual de evangélicos de 26,90% sobre 203.080.756, ou seja 54.619.477.

13. Agora veja a parte sensível  ou crítica deste número. Se divido estes 54.619.477 pela população evangélica do Censo de 2010 de 42.275.437, tem-se um  crescimento  em 12 anos de 1,291990  ou 29,1990%.  O cálculo da média de crescimento anual nestes 12  anos deu: 1,021578206, ou 2,1578%.

 
CONSIDERAÇÕES.

De acordo com o Censo de 2010, o número dos evangélicos no Brasil divulgado pelo IBGE era de 42.275.437 crentes. 

De 1980 até 2010 a taxa média anual de crescimento foi de 5,7567%. Já pelo  cálculo no período entre 1991 a 2010, a taxa média anual de crescimento foi de 6,3223%.

De repente, em um período de 12 anos, entre 2010 e 2012, o Brasil tem apenas 26,90% de evangélicos, ou 54.619.477, (dados do Censo + dados fora da base), ocorrendo uma abrupta e inexplicável queda de crescimento da média anual de 5% ou 6% ano,  para 2,15%.

Sendo observador atento e leitor de várias  mídias, não me lembro de nenhuma explicação lógica para  queda tão abrupta da taxa anual de crescimento da Igreja Evangélica.

Ainda há duas considerações  a fazer neste caso. 

A  primeira: por que o IBGE não inclui na base religiosa os 26.775.432 indivíduos que faltam para chegar à população  oficial brasileira de 203.080.756 pessoas. Seriam eles evangélicos? 

A outra: poderia ser um suposto arrefecimento do fevor na pregação do Evangelho fora das quatro paredes.  Não creio.

Considerando que os dados estatísticos apresentados não são produto de chutômetro nem fake a fonte da Informação  usada (IBGE),  posso formular a seguinte hipótese: ou a contagem dos evangélicos nos quatro censos do IBGE de 1980, 1991, 2000 e 2010 estava sistematica e metodologicamente incorreta e a do Censo de 2022 fidedigina ou  a contagem do IBGE do atual Censo está distorcia e a dos quatro Censos anteriores fidedignas.  Faça um complemento da minha pesquisa e forme sua opinião.

Irmão João Cruzué

SP- 27, de julho de 2025.

Autorização:  Autorizo a reprodução deste artigo e apreciaria que o máximo de líderes evangélicos tomassem conhecimento da situação que retratei. cruzue@gmail.com.