domingo, outubro 09, 2022

Como Satanás entrou no coração de Judas

 


Por João Cruzué

Aparentemente, não há detalhes nos Evangelhos que mostrem com transparência o processo de abertura do coração de Judas ao diabo, a não ser o que está escrito no capítulo 12 do Evangelho de São João. A questão que trago neste post é: haveria outros detalhes que concorressem para este desfecho trágico? É sobre isso que faço esta reflexção.

Boa parte dos fatos que ocorreram na vida de Jesus foi antevisto por profecias e personagens bíblicos que são ditos como pré-figuras de Jesus no Velho Testamento, como Adão, Abel, Abraão,  Isaque, Meslquisedeque, José, Moisés, Davi, Jeremias e outros.

Em Abraão e Isaque podemos ter uma pequena antevisão do amor de um Pai em sacrificar seu único filho por um propósito.

Em José, observamos que seus irmãos passaram a odiá-lo. O resentemento deles levou a uma sequência de fatos que só não o destruíram por duas razões: o resentimento não cresceu no coração de José e a mão de Deus. Na origem do problema um pai que no começo não trava os filhos com uma amor igual.

Em Davi, vemos a repetição do erro de Jacó. Por "passar" a mão sobre a cabeça do primogênito Amon, depois do estupro da irmã. A falta de uma dura repreensão, produziu uma raiz de amargura no coração do outro filho - Absalão. Seu nome: "o pai da paz", depois disso, já não representava mais a esperação daquela oração que deve ter sido feita no seu nascimento. O Resentemento de Absalão foi o espinho mais profundo na alma de Davi.

Ressentimento. Raiz de amargura.

A raiz de amargura é um sentimento de rancor, um brecha, um ferida que o diabo aproveita para alimentr e aumentar como um fermento químico. E, este processo somente pode ser parado com o exercício de perdão. Se isto não acontecer, o resultado já nos é conhecido. José reagiu ao resentimento com um coração perdoador.

Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.

Judas foi movido pelo resentimento? A julgar pelas estreitas relações do Novo com o Velho Testamento, sim! A Bíblia não em mais detalhes, a não ser o que já sabemos: A repreensão na casa de Simão, no assunto do "desperdício" do nardo puro.

Embora a Bíblia mostre no capítulo 12 de S. João que Judas era um tesoureiro ladrão, não foi isso que o diabo a entrar no coração dele. Mas, alguma coisa aconteceu a partir da dali cujo desfecho ocorreu na ceia da Páscoa.

A Bíblia não registra uma linha sequer sobre eventuais disputas de poder entre os apóstolos, a não ser o caso do pedido de João e Tiago, os filhos de Zebedeu, de Marcos 10;32. Sabemos que havia um grupo de apóstolos mais íntimo do Senhor, mas este assunto parece que não se repetiu. 

Entendo que o fator que abriu o coração de Judas para o diabo foi um processo crescente de ressentimento. É possível que a partir do confronto de Jesus, seguido de uma repreensão pública sobre a indignação de Judas quanto à recusa da sua proposta de venda do nardo por 300 dinheiros.

Pode ser que após este pito, Jesus tenha tido outra conversa íntima com Judas desascarando seu "amor" aos pobres, na verdade uma hipocrisia que disfarça seu amor ao dinheiro.

O fato é que durante a Ceia, Jesus foi direto: É aquele a quem eu der  o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão (São João 13;26). O registro bíblico é cristalino: após o bocado, Satanás entrou em Judas e utilizou seu resentimento para trair o mestre.

O ressentimento é a raiz de amargura. As duas coisas se resumem em uma: resistência ao exercício do perdão. Para evitar este mal, a receita está no capítulo 12 da Carta aos Hebreus.

14/15: Seguia paz com tdos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo o CUIDADO de que ninguém se prive da graça de Deus,  e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos PERTURBE, e por ela muitos se contaminem.

No final deste mês e ano, no dia 30/10/2022, haverá o 2º turno das eleições majoritárias de nossa nação. Tenha CUIDADO para não se deixar levar por conselhos de ressentidos. Eu sei que você ja sabia, e que este texto apenas tocou em assunto extensamente explicado e vivenciado em toda Bíblia.

Toda reação causada por um ressentimento tem Satanás junto dela.  Devemos deixar que a paz seja o árbitro em nossos corações (Colossenses 3:15).







quarta-feira, outubro 05, 2022

O Gueto de Varsóvia e a Perseguição dos Judeus na 2ª Guerra Mundial

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Adrien Brody - Filme O Pianista, de Roman Polanski,  Gueto de Varsovia
(https://www.sfgate.com)

Tradução de João Cruzué

Em Varsóvia,  Capital da Polônia, os nazistas estabeleceram o maior gueto de toda a Europa, [durante a segunda guerra mundial]. Cerca de 375.000 judeus viviam em Varsóvia antes da guerra; aproximadamente 30% da população da cidade.

Em setembro de 1939, imediatamente após a rendição da Polônia [para os alemães], os judeus de Varsóvia foram literalmente encurralados como animais e obrigados ao trabalho forçado [dentro de um espaço estimado de 1.600 m x 2.400 m].

Ainda em 1939, os primeiros decretos anti-judaicos foram aprovados. Todos os judeus obrigatoriamente deviam usar uma braçadeira branca com a estrela azul de David. Depois, medidas econômicas foram tomadas exclusivamente com o propósito  de fechar-lhes a porta dos empregos.

O Judenrat (Conselho Judaico local) foi estabelecido sob a liderança de Adão Czerniakow e, em outubro de 1940, a determinação do estabelecimento de um gueto foi anunciado [pelos nazistas]. No dia 16 de novembro, os judeus foram amontoados dentro da área do gueto [cerca de 1.600 m de largura por 2.500 m de comprimento - em média]

Embora um terço da população de Varsóvia fosse judaica, o gueto tinha somente 2,4% da área da cidade. Massas de refugiados, que tinham sido trazidas de outros lugares para Varsóvia, foram despejadas no meio do gueto até sua da população  chegar a 450.000 seres humanos.

Rodeado de muros, que os próprios judeus foram obrigados a construir, debaixo do vigilância severa e violenta, os judeus de Varsóvia foram segregados do mundo exterior. Dentro do gueto, suas vidas oscilaram na luta desesperada entre a sobrevivência e a morte por doença ou inanição. As condições de vida eram insuportáveis e o gueto foi extremamente abarrotado. Em média, entre 6 a 7 pessoas viviam em uma sala e as rações alimentares diárias eram o equivalente a um décimo do mínimo necessário.

Os muros do gueto não puderam silenciar a atividade cultural de seus habitantes, contudo, e apesar das condições apavorantes de vida no gueto, os artistas e os intelectuais continuaram em suas perspectivas criativas. Além disso, a ocupação nazista e a deportação para o gueto serviram de incentivo ao ímpeto dos artistas para buscar alguma forma de expressão sobre a visita da destruição sobre o seu mundo. No gueto havia bibliotecas em um arquivo subterrâneo, o "Oneg Shabbat”, movimentos juvenis e até uma orquestra sinfônica. Os livros, o estudo, a música e o teatro serviram de uma fuga  e como uma lembrança das suas vidas prévias diante da realidade áspera que os rodeava.

A superpopulação do gueto o transformou em foco de epidemias e mortalidade em massa, que nem as instituições da comunidade judaica, nem a Judenrat,  nem as organizações de assistência social foram capazes de combater [no gueto não havia rede de esgotos]. Mais de 80.000 Judeus morreram ali.

Em Julho de 1942, começaram as deportações para o campo da morte em Treblinka. Quando as primeiras ordens para deportação foram recebidas, Adão Czerniakow, o Presidente da Judenrat, recusou-se a preparar as listas de pessoas para os registros de deportação,  em vez disso, suicidou-se em 23 de julho de 1942.


Fim da Tradução.

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Comentários finais: A palavra gueto, segundo a Wikipedia, etimologicamente, pode ter varias origens, mas é possível observar que na maioria dos casos era para designar um lugar de segregação de judeus. Na própria língua hebraica, o termo "get" significa literalmente "Nota de Divórcio". 

Em 1555, o Papa Paulo IV criou o Gueto Romano e emitiu um Cânone para forçar os judeus a viverem naquela área. O Papa Pio V também recomendou que todo os estados fronteiriços a Roma, deviam estabelecer um gueto para os judeus. Por isso, no século XVII, todas as principais  cidades perto de Roma, tinham o seu gueto de judeus. 

Todos estes guetos, citados, não eram hermeticamente cercados como no caso de Varsóvia. Eram áreas de moradias comunitárias "sugeridas" para judeus - apesar de isoladas.


Crédito do texto: Yadvashem.Org


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