Fome na Venezuela
Por João Cruzué
Sou um blogueiro cristão e venho escrevendo desde 2005. Já tive momentos mais apaixonados, principalmente, na segunda onda de blogueiros evangélicos que surgiu em 2007. Há poucos anos o Google nos abandonou, por pressão da mídia tradicional. Quem continua no Blogger, o faz por teimosia. Bem, tendo tecido estas amenidades, vamos ao que nos interessa. Diante do momento atual em que na sexta-feira passada a Câmara Federal "referendou" a decisão do Esse-Te-Efe, matendo a prisão do Deputado Federal Daniel Silveira. Fato que irritou bastante a classe política e elevou a temperatura de diversos segmentos da sociedade, entre eles a Igreja Evangélica. Tendo razóavel conhecimento da história da desgraça da Venezuela, comecei a ficar preocupado.
Em 1964, quando o exército brasileiro atendeu o anseio popular e depôs o governo do Presidente João Goulart, a Venezuela começa os anos de sua democracia. Enquanto a America do Sul, praticamente, inteira entrava debaixo da linha dura, a Venezuela começa a nadar em um mar de democracia que, resumidamente, durou até 1999. No início dos anos 90, o povo venezuelado começou a ficar inquieto por causa da corrupção no governo. A corrupção não parou. Foi crescendo, tanto quando crescia a insatisfação do povo. Em 1993, ocorreu o impeachment por corrupção do Presidente em exercício, Carlos Andrés Perez, seguido da sua prisão. A Venezuela que de certa forma nadava no dinheiro do petróleo, sofreu uma crise bancária. A renda per capita despencou, ficando atrás da Argentina, Uruguai, Chile e Brasil [1]. Em 1995 tomou posse o Presidente Rafael Caldera, completando seu mandato em 31.01.1999. No final de 1998, houve novas eleições, saindo vencedor o Coronel Hugo Chavez.
Em fevereiro de 1999, o Presidente Chavez apoiou convocação de um plebiscito para instituir uma Assembleia Nacional Constituinte, a "Soberaníssima".Em 25 de abril de 1999, o povo foi ao plebiscito referendando 92% o SIM, da sua constituição. A composição da Assembleia, foi realizada por votação em 25 de julho de 1999. Em 03 de agosto do mesmo ano ela se reuniu. Em 15 de dezembro de 1999, o povo referendou com 71,2% dos votantes a 26ª Constituição da Venezuela. Naquela votação, 54% do eleitores venezuelanos deixaram de comparecer. O que se seguiu foi a extinçao do Senado e do Congresso. Todos os mandatos foram considerados nulos. O autoritarismo foi crescendo e a Venezuela diminuindo. O povo pensou que havia colocado um gato para eliminar todos os ratos do país, mas este felino foi crescendo até se tornar um leão, que passou por cima de tudo.Talvez, nem o próprio Chavez , pensasse no início que o que parecia ser bom, acabou se tornando uma desgraça para o povo venezuela.
Qual foi a causa desse imenso infortúnio: resposta a corrupção.
Deixando de lado, agora, a História da Venezuela e voltando o olhar para o Brasil, vejo com grande preocupação o caminho do barco chamado Brasil, neste mar de incertezas, cada dia mais agitado. Considerado que talvez, esteja eu vendo uma tempestade em um copo d'água. Sinceramente, é melhor que seja assim, mas um pensamento veio a minha mente, e gostaria de deixá-lo registrado neste post que, com certeza, poucas pessouas irão ler.
Creio que por presunção ou excesso de confiança, tenho visto nossa "soberaníssima" Corte Maior esticando a ponta de uma corda, em que o povo está na outra ponta. O Brasil, neste novo século, passou por períodos em que a corrupção explodiu. Não que antes ela não tenha existido, simplesmente, houve uma explosão de roubalheira e má aplicação do dinheiro de tributos do povo. Independentemente, provas e contra provas, a devolução de bilhões de recursos roubados, por si só acaba com qualquer dúvida.
Hoje a Lava Jato está desprestigiada. Os procuradores que a lideraram estão sendo cassados como coelhos, e centenas de corruptos e ladrões não foram para a cadeia. Nosso judiciário, encabeçado pelos Ministros do nosso STF, parece que estão em um país diferente, talvez na França ou Inglaterra. Em meio a toda essa pandemia, vão e mandam prender um deputado federal no exercício do mandato, eleito legitimamente para representar seus eleitores, pelo fato de ter sido muito "bocudo" e falado m. das redes sociais. Se estão certos ou errados, os ministros do Esse-Te-Efe, no afã de moralizar (talvez...) a República entristeceram o Congresso e puseram mais fogo na panela de pressão onde está o povo.
Queira Deus que esta presunção ou "meninice" de um Ministro pare. Tenho para mim, que esta foi a última gota d'água de tolerância. Tomara que esteja eu errado, repito. Estou muito preocupado. Se houver reincidência por parte de alguém do Supremo que, por ventura, pensa que não houve "nada", o fato pode ser o gatilho de uma sequência de eventos imprevisíveis. O leão do autoritarismo está levando pedradas, mas continua quieto. O poder em excesso só faz m.
Você já pensou, se algum novo fato acontecer que mostre para o povo que a corrupção não precisa ser combatida, que seus protagonistas podem ficar soltos e atirando pedras em um presidente - dito fraco - o que vai acontecer se este povo se irritar, perder a paciência e ficar enfurecido como a correnteza de uma enchente descendo por uma vale estreito?
Já vimos democracias mais antigas parirem monstros, como no início do século passado na Alemanha, Itália, Espanha. Na ânsia de resolver um problema com urgência, existe a possibilidade de se criar outro muito maior.
A Venezuela dos anos 90, está muito parecida com o Brasil de 2021.
O que podemos fazer, além de orar, é tomar muito cuidado para não ser influenciado por um espírito maligno, pois no meio de um povo revoltado, a última coisa que você poderia encontrar seria um anjo de Deus. O Brasil não é um país exercita o temor de Deus. Muita coisa ruim tem acontecido aqui nos últimos 20 anos.
Precisamos estar vigilantes porque quando a conta divina chegar, os políticos, os magistrados, a economia, a Igreja - toda sociedade - vai ter que pagá-la. Justos e injustos. É por isso que estou tenho medo. O fim deste processo, mesmo que se iniciei com alegria, pode ser de extrema miséria.
Que nosso Papai do Céu nos guarde da fúria do diabo.
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