domingo, abril 29, 2018

o valor da santidade

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João Cruzué

Em tempos que os cristãos estão perdendo as referências e as palavras sagradas estão sendo relativizadas pelo testemunho de algumas lideranças cristãs, é muito importante saber o valor da santidade. Além do propósito principal, garantia de ver o Senhor, a santificação tem tesouros ocultos que ainda não foram revelados ao coração de muita gente. Guarde bem isso.

Podemos começar por este versículo: "Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do pai não está nele". Quando João escreveu assim em sua carta, estava falando (e ainda está) de algo que vale mais que tudo: a presença de Deus. Quando o cristão decide no seu íntimo seguir um princípio de vida baseado em atitudes que agradam ao Senhor Jesus, ele passa a andar com Deus. E esse andar no dia a dia com o Senhor, traz uma comunhão sempre crescente com Ele. Esta comunhão se traduz pela presença do Senhor na vida deste cristão.

A presença do Senhor na vida do cristão é um tesouro de valor incalculável. Quando uma parenta nossa estava séria enfermidade, internada no Hospital São Paulo, não tinha recursos financeiros. Na mesma ocasião, Linda Eastman McCartney e Leandro (da dupla Leandro e Leonardo) também estavam se tratando de câncer nos melhores hospitais. Estes dois, infelizmente, morreram. Eles eram muito ricos. A esposa de Paul McCartney era filha do fundador da Kodak. Dinheiro não era problema, mas eles morreram de câncer. Minha prima não tinha nada, mas está viva - porquê? Porque a misericórdia do Senhor estava com ela nos dias mais difíceis da vida, pois precisou de 42 bolsas de sangue, ficou 69 dias no hospital, saiu de lá com menos de 40 kg, mas já se vão mais de dez anos e ela está viva.

Andar em santidade significa praticar atos que agradam a Deus. E também buscar com interesse o conhecimento da Sua vontade para deixar de praticar aqueles que O desagradam. Fazer o bem e evitar o mal, com um coração alegre e sincero. Ao fazer assim, o cristão está plenamente de acordo com a condição escrita no Salmo 91: "Pois que tão encarecidamente me amou, também Eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o Meu nome. "

Em nossos dias, quando nos deparamos com atitudes surpreendentemente profanas de grandes médios e pequenos líderes cristãos, nós paramos e pensamos: Meu Deus era tudo de mentirinha, de faz de contas... eles são muito hipócritas. Assim temos vistos nossos paradigmas nos decepcionando um após o outro. Vamos, então, por isso, também relativizar e menosprezar as coisas santas? O andar com Deus? o desejo íntimo e profundo de agradar ao Senhor? De certo que não!

A consciência sincera, o andar com Deus, o agradar ao Senhor, tem, sim, um valor incalculável, inestimável e surpreendente. E sabe quando ela se torna útil? A resposta é bem simples: no dia da adversidade. Quando estiver diante do imprevisível, do assombroso, do assustador, do câncer, das dívidas, da doença incurável de um filho pequeno ou adolescente, daquilo que ninguém pode consertar, ajudar ou fazer.

Se você andar em santidade para Deus, se você seguir o princípio de agradar ao Senhor, como assim era do caráter de Jó, como assim disse o Apóstolo João no início deste texto, você vai olhar para cima e fazer uma pequena oração, uma oração até bem curta e o Senhor vai inclinar seus ouvidos vai ouvir suas necessidades. Se Ele quiser, vai atender sua oração e livrá-lo de todo o mal. Mas se você seguir o caminho do mundo, pisar na palavra de Deus e copiar o desvio de muitos bispos, pastores e pregadores, quando você clamar o Senhor não vai ouvi-lo. E nem todo o dinheiro do mundo vai lhe servir recurso.

Há coisas que estão além do alcance das riquezas deste mundo, das autoridades deste mundo. Se você é cristão e teme ao Senhor, não deixe que os desejos mundanos comandem o seu coração. Não ande na prostituição. Não procure ficar rico jogando em loterias. Não deixe seu coração vazio sem ocupação na obra do Senhor, por exemplo. Essas coisas vão impedir sua oração no dia que mais precisar. A santidade é um princípio, um caminho, é a banda larga que conecta sua oração aos ouvidos do Senhor.

É para isto que serve andar separado do mundo, em santificação perante o Senhor. Um tesouro único, ajuntado dia a dia, cujo valor só é descoberto no dia da adversidade.


SP-14.08.2010.JBC




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Lançando o Pão sobre as Águas



João Cruzué

Não posso esquecer a emoção que senti quando ouvi a voz silenciosa do Espírito Santo falando em mim. Eu acabara de receber uma carta de um preso e ainda estava com ela nas mãos. Vou contar de novo este fato, pois faz ele parte das boas coisas que aconteceram comigo durante um longo período de tribulações financeiras.

De 1994 a agosto de 2000 eu cuidei de uma congregação. Por motivos pessoais licenciei-me da Igreja para atender um compromisso familiar. Seis meses depois de volta a São Paulo comecei a passar uma temporada de solidão ministerial. Entendo que estava "atravessando" de barco o "Mar da Galiléia". Eu tinha tudo para naufragar,mas Jesus a tudo observava.

Um dia, olhei no portão de casa para ver se chegara mais uma conta. Lá estava um envelope cor de rosa, estranho. Remetente? Um presidiário da P1 de Avaré. Destinatário? Curiosamente, tinha os mesmos dados de um velho carimbo de literatura. A surpresa: seis anos foram o longo tempo que se passou para que uma semente Evangelho S. João levasse para brotar desde a semeadura até aquele envelope no portão.

Ao ler a carta e conhecer os dados do carimbo eu percebera que Deus estava falando comigo. Ao compreender que aquela carta era o brotar da primeira semente de uma semeadura de seis anos, um tempo muito longo de onde nada havia brotado, chorei, e alegrei-me no espírito.

O Espírito Santo martelava no meu coração as palavras de Eclesiastes 11:1: : Lança o teu pão sobre às águas, porque depois de muitos dias o acharás; era como se alguém o marcasse com brasas.Na tradução literal: Lança a tua semente sobre as águas...

Este foi o começo de um ministério de dois anos e meio. Mais de meia tonelada de literatura usada recolhida e despachada para 30 penitenciárias diferentes dentro do Estado de São Paulo. Mais de 500 cartas recebidas e 800 enviadas. Desempregado e solitário na Igreja, aquela ocupação caiu do céu para ocupar-me até o início de meus dias de novo emprego.

Se por um lado, foram aproximadamente 11 anos de deserto, principalmente financeiro, foi também o período em que mais busquei a presença do Senhor. Eu era como um grão de areia dentro da ostra em um processo de criação de uma pérola. Ainda não sou a pérola, mas passei por um polimento rigoroso.

Vejo com muita preocupação os dias da Igreja Evangélica brasileira. Todo ano são centenas e centenas de ministérios abertos, de todas as correntes, matizes, ideologias e idiossincrasias. Somos muito divididos e pouco coesos. A julgar pelo Evangelho, "reinos" divididos são reinos enfraquecidos. Enquanto isso mais de uma centena de milhões de brasileiros ainda não tiveram um encontro verdadeiro com Deus. Eles estão famintos, mas não confiam em nós. Com muita justiça, nossa imagem perante eles é de uma avareza e hipocrisia ímpares.

Há um evangelho "água de batata" sendo pregado na terra do café. Ele faz comichão nos ouvidos das pessoas porque elas gostam de ouvi-lo. São palavras lindas de se ouvir: Vitória! Bênção! Ouro e prata! Portas abertas! Carrões, mansões, viagens ao exterior! Ô maravilha!

Um evangelho de palavras! Focado em testunhos de prosperidade de A, B e C. A publicidade está direcionada para homens de sucesso. Isto não passa de castelos construídos na areia e com a areia da praia. Quando o "rei" do castelo cai, o estrago não pode ser medido. Jesus ficou fora do foco e isso é um mau sinal.

Estive lendo "Aurora" de Nitchzsche esta semana. Ele fala uma linguagem muito apreciada pelos não crentes, pelos crentes desviados. Ele estudou teologia numa escola que poucos tiveram e têm o privilégio de estudar. Pais luteranos, estudou Teologia e Filosofia na Universidade de Bonn. Cumpriu literalmente em Nitchzsche este versículo bíblico "A letra mata, mas o Espírito vivifica.

Nitchzsche não teve a oportunidade de um encontro verdadeiro com Jesus. Se teve, com certeza deve tê-la desprezado. Ele deu testemunho do apóstolo Paulo, segundo ele o homem que atirou ao mar boa parte do lastro do judaísmo pelas bordas do navio do cristianismo para conseguir navegar por águas gentílicas. Nitchzsche testemunhou que, se não fora o ímpeto do apóstolo Paulo, já há muito não se falaria do cristianismo. O interessante é que Nitchzsche como teólogo tinha um potente "telescópio" para ver com muito mais acuidade que qualquer outro. Mas ele era completamente cego. Não cria no Espírito Santo. Achava que Paulo foi o motor que impulsionou o cristianismo até os nossos dias. Paulo pode até ter sido o motor, mas não era o combustível, a energia - assunto tão prioritário em nossos dias.

Paulo dizia claramente que não pregava um evangelho de palavras persuasivas de retórica humana. Ele fazia questão de afirmar que pregava um Evangelho de poder, de arrependimento, de sinais e milagres. O Evangelho da diferença, o Evangelho que faz o pecador sentir a presença de Deus. O Evangelho do arrependimento e do compromisso. É por isso que estamos passando por dias ruins, estamos presenciando a busca por um evangelho pragmático.

Estamos presenciando um paradoxo em nosso meio evangélico. Nunca tivemos tanto, mas continuamos famintos. Ministérios, mansões, carross, megatemplos, megaeventos, superpregadores, mas o povo continua faminto da presença de Deus.

É como dizia um pregador: É preciso ter para poder dar! Quem não tem a presença de Cristo na própria vida, não tem nada para semear, a não ser palavras de um falso evangelho, que parece, mas não é!

Por isso não se engane com palavras bonitas, compre as verdadeiras sementes em um processo de aproximação constante do Senhor. Alguém tem que fazer o trabalho duro, este alguém pode ser você. Há uma multidão de famintos em nossa nação, são muito exigentes: eles detestam o pão dos exploradores da fé. Há muita pregação e pouco Evangelho. Muito espetáculo e pouca colheita. Se hoje ouvires a voz do Espírito: semeie, pregue, ensine, louve, reparta, ore - AJA!

cruzue@gmail.com

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