quinta-feira, abril 23, 2015

O grande amor do pai do filho pródigo

Filho pródigo
Por João Cruzué

Quando o filho mais moço exigiu sua parte na herança (Lucas 15:11), o pai não disse uma palavra; fez as contas e repartiu a fazenda para os dois herdeiros. Quando o moço vendeu sua parte, pegou o dinheiro e foi-se embora, o pai presenciou tudo e, também, não disse uma palavra. E não disse, porque nada do que dissesse iria convencê-lo. É o que pode estar acontecendo hoje quando você acha que Deus está em silêncio.

E o filho mais novo da parábola foi-se embora e desperdiçou tudo. E ainda tentou manter-se a distância em um emprego de "pastor" de porcos, depois que o dinheiro acabou. Isso também é muito comum. Deus tem sido uma das últimas portas que os filhos do pós-modernismo batem, quando encontram o fundo do poço.

Quando a fome apertou mesmo, e o moço sentiu que um porco tinha mais valor que ele, a "ficha" caiu. Ele racionalizou, pensou bem, e tomou uma atitude: iria voltar! Mesmo que para isso tivesse que se humilhar e aceitar uma posição de serviçal. Sim, ele estaria disposto a trabalhar apenas pelo pão.

E por causa da fome ele voltou. A crise de pão o colocara de volta no caminho para  casa.

O Pai, por outro lado, não se esquecera dele nem um dia. E foi assim que o avistou ainda longe, voltando trôpego, quase nu, esquálido, com os pés feridos e arrependido. Viu e não deu as costas, nem ficou irado, nem endureceu o semblante. Em vez disso, abriu um grande sorriso, com o coração movido de íntima compaixão, saiu correndo ao encontro do filho, sorrindo e chorando ao mesmo tempo.

Abraçou e o beijou; também sem dizer uma palavra. Não sei se chegou mesmo a ouvir as frases ensaiadas do jovem desventurado. O regresso do moço e o rosto humilde já diziam tudo.

E não mais se contendo de tanta alegria, o pai gritou aos empregados:
Trazei-lhe a melhor roupa;

Vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão,

E alparcas nos pés,

Trazei o bezerro cevado, matai-o

e comamos e alegremo-nos,

Porque este meu filho estava morto, e reviveu

Tinha-se perdido, e foi achado.
Aquele pai não disse uma palavra de perdão. Sua recepção, no entanto, valia por mil palavras. Demonstrava não apenas perdão, mas devolução do status filial e um amor incondicional. Amor que se expressou por uma explosão de alegria em uma grande festa.

pródigo arrependido não estava preparado para um perdão incondicional, nem pela reconquista da condição de filho. Jamais passou pela sua cabeça ser recebido com festa. É assim que Deus faz: Ele surpreende, vai muito além daquilo que planejamos e esperamos.

Quando Jesus disse esta parábola, o desmiolado filho caçula representava os pecadores: as prostitutas, os leprosos, os publicanos, os samaritanos, os desprezados pela sociedade, os quebrantados de coração, os bêbados, os desgarrados e distanciados de Deus. Você e eu.

E o filho mais velho que se aborreceu com a volta do irmão caçula representava os religiosos legalistas dos dias de Cristo. Fariseus, saduceus, levitas, escribas e sacerdotes. A elite religiosa que torcia o nariz pela forma amorosa com que Cristo se relacionava com a "gentalha". A mesma atitude mesquinha que está acontecendo neste século XXI, em que Deus está interessado na salvação dos perdidos, já tem preparado o "cevado" para uma grande festa, mas os "filhos mais velhos", não estão mais interessados em olhar o caminho dos pródigos.

Jesus deixou implícito e muito claro na parábola que o Pai do pródigo, é Deus, nosso Pai Celestial. Um Pai amoroso, perdoador, festejador, que deseja para abraçar aqueles que se levantam do pecado e encontram o caminho do arrependimento. Um Deus que tem propósitos especiais para cada pessoa - ou farrapo de pessoa. Ele ama cada pecador e está disposto a perdoar e depois revelar em cada coração qual seu propósito de cada um.

Deus está em silêncio, não é porque o/a não ama. Mas porque talvez você se mantém longe e ainda não pensou em voltar. Ainda deseja continuar distante, vivendo infeliz, sob uma justificativa de uma falsa liberdade, crendo em sofismas, em filosofias vazias. Pode ser que jamais pensou em ler uma Bíblia - a palavra de Deus. Quem sabe se Uma foto do quadro da sua vida nesse instante pudesse lhe mostrar que não há nenhum futuro para você sem a mão amiga de Deus.

Jesus é o filho do Deus vivo. Basta apenas um pensamento em seu coração. Um simples pensamento: "Deus, se Tu existes mesmo, mostra um pouco da tua misericórdia para mim, e perdoa-me, pois minha situação é esta, esta e esta...
Eu sempre pensei assim, assim e assim...E agora eu preciso muito de ajuda. Da Tua ajuda, pois eu cheguei além do que se conhece por fundo do poço.

Um abraço de perdão. Um beijo de aceitação. Uma roupa de justificação, um anel de filiação, sandálias para proteger os pés e uma grande festa de comemoração para a sua volta. Você pode estar morto, perdido, derrotado mas se voltar de verdade para Deus vai receber uma nova vida, vai encontrar um caminho da paz e da felicidade e vai voltar a ouvir de novo o barulho da alegria.

Ô Glória!

Nota: Tudo o que disse no texto não é história da carochinha, nem conversa fiada baseada em teorias ou ouvir dizer. Eu conheço bem o gosto das privações e silêncio de Deus, durante 11 anos de um longo desemprego. Eu creio em cada palavra do que disse, e sei que por experiência própria que Jesus, o filho de Deus é o socorro bem presente no dia da angústia.

cruzue@gmail.com




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quarta-feira, abril 22, 2015

O efeito da oração de Ananias na vida de Saulo de Tarso


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Oração de Ananias

Por João Cruzué  


Havia na cidade de Damasco, um discípulo dos cristãos por nome Ananias. E apareceu o Senhor Jesus a Ananias em visão e ordenou: Levanta e vai à Rua Direita, na casa de Judas. E chegando lá, pergunte por um homem chamado Saulo de Tarso, para orar por ele. Quero usar este texto bíblico com base para uma reflexão sobre orientação cristã.

De que lado você está? Esta é a pergunta. Você tem certeza de que a direção que você está seguindo é mesmo a vontade do Espírito Santo? Para onde você pensa que vai e para onde  realmente você está indo?

Ananias deve ter pensado muitas vezes se a voz que estava ouvindo era a voz de Deus para, então, chegar à casa de Judas de Damasco para fazer esta oração por Saulo de Tarso: 

"Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo". 


E depois desta oração, as escamas caíram dos olhos de Saulo e ele recuperou a visão. De  Ananias a Bíblia não voltou a falar, mas de Paulo, sim. Ananias cumpriu bem a vontade de Deus: orou e o moço foi cheio do Espírito Santo, e levou o mome do Senhor até Roma.

Recuperou a visão nos dois sentidos. Passou a enxergar fisicamente e se lhe abriram também os olhos da fé. E sem fé, não é possível agradar a Deus. E foi assim que o judeu Saulo de Tarso se converteu e se tornou conhecido como o apóstolo Paulo, o home cujo coração Deus usou para levar a fé cristã aos gentios, aos reis e ao povo de Israel. Amado pelos gentios e odiado pelos judeus, este Paulo correu com disciplina a grande maratona e guardou com cuidado a fé.

É possível, sim, sair do caminho por vários atalhos que parecem levar a Deus, mas não levam. O mundo está cheio de fanáticos, desviados e cegos, mas nenhum deles tem uma consciência viva que lhes sirva de bússola para mostrar onde estão e para onde vão. Isto para mim é terrível e assustador. Milhões de pessoas religiosas e zelosas, porém perdidas por caminhos vários que não são os caminhos de Deus.

Um dos desvios deste caminho é o pecado. Um líder de grande carisma cai da graça de Deus, mas continua em frente como se nada tivesse acontecido. Atrás dele, podem seguir uma multidão de ovelhas, crédulas de que ele é um homem de Deus.

Outro desvio é a sabedoria humana. Homens cheios de títulos e diplomas, mas de um coração frio e vazio. E eles estão surpresos e interiormente deprimidos com um paradoxo:  Por que o grande saber deles não atrai a presença do Espírito Santo?

O fanatismo.  O fanático é aquele que perdeu a presença do Espírito de Deus, porque rejeita ouvir a voz de Deus, que fala através da família, dos amigos e dos irmãos. Só ele está certo. Atrás dele uma multidão sempre crescente. Saulo de Tarso era um religioso fanático, e se tornou fanático porque andava com fanáticos. Homens que seguem ordens sem questionamentos. Homens que exigem obediência cega sem questionamentos.

O sucesso. Os apóstolos e os discípulos  cristãos eram homens de uma vida muito simples. Despojados e solidários. Em nossos dias o sucesso de alguns líderes atrai milhões de crentes, pois a sabedoria secular induz as pessoas a seguirem os pastores e bispos que estão no topo. Difícil é explicar porque Jesus Cristo estava sozinho na semana da sua morte e que o Apostolo Paulo nos dias finais da sua vida era considerado um perdedor pelos seus conhecidos, pois definitivamente não era um homem de sucesso. Sua prisão em Roma depunha contra sua fé.

A obra de um homem de Deus costuma não sobressair diante dos olhos dos crentes durante a sua época. Se alguém naquele tempo  perguntasse quem era Paulo  em Jerusalém quanto em Roma, certamente não receberia uma resposta animadora. Encrenqueiro, agitador, pregador de heresias, fundamentalista! 

Aquela simples oração registrada por Lucas, no capítulo 09 de Atos dos Apóstolos, provocou uma mudança extraordinária na vida daquele Saulo. Ninguém conseguiu ver na sua época nenhum grande resultado na vida daquele homem. Mas os séculos passaram. E, dois mil anos depois, cerca de dois milhões de pessoas chegaram até a fé, pelas palavras escritas daquele homem solitário, abandonado e perdedor.

O que dirá os séculos vindouros dos líderes religiosos de minha época - principalmente dos que fazem grande sucesso na mídia aberta? Isso eu não sei. Mas tenho um palpite: Diante da humildade vai a honra, mas diante da fama vem a cova. 

Deus tem um jeito muito peculiar de falar e nós devemos estar atentos como os ouvidos de Ananias. O que ele ouviu de Deus era difícil de acreditar. Mas ele sabia que a voz era de Deus. Ananias deixou de lado o medo, foi e orou pelo homem. Por que Ananias, e não outro discípulo ou um apóstolo famoso? A resposta? Deus costuma usar pequenas coisas para fazer grandes obras. E por quê?  Porque os "grandes" pensam que estão ouvindo a Sua voz, mas não estão.

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