quarta-feira, abril 22, 2015

O efeito da oração de Ananias na vida de Saulo de Tarso


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Oração de Ananias

Por João Cruzué  


Havia na cidade de Damasco, um discípulo dos cristãos por nome Ananias. E apareceu o Senhor Jesus a Ananias em visão e ordenou: Levanta e vai à Rua Direita, na casa de Judas. E chegando lá, pergunte por um homem chamado Saulo de Tarso, para orar por ele. Quero usar este texto bíblico com base para uma reflexão sobre orientação cristã.

De que lado você está? Esta é a pergunta. Você tem certeza de que a direção que você está seguindo é mesmo a vontade do Espírito Santo? Para onde você pensa que vai e para onde  realmente você está indo?

Ananias deve ter pensado muitas vezes se a voz que estava ouvindo era a voz de Deus para, então, chegar à casa de Judas de Damasco para fazer esta oração por Saulo de Tarso: 

"Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que lhe apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo". 


E depois desta oração, as escamas caíram dos olhos de Saulo e ele recuperou a visão. De  Ananias a Bíblia não voltou a falar, mas de Paulo, sim. Ananias cumpriu bem a vontade de Deus: orou e o moço foi cheio do Espírito Santo, e levou o mome do Senhor até Roma.

Recuperou a visão nos dois sentidos. Passou a enxergar fisicamente e se lhe abriram também os olhos da fé. E sem fé, não é possível agradar a Deus. E foi assim que o judeu Saulo de Tarso se converteu e se tornou conhecido como o apóstolo Paulo, o home cujo coração Deus usou para levar a fé cristã aos gentios, aos reis e ao povo de Israel. Amado pelos gentios e odiado pelos judeus, este Paulo correu com disciplina a grande maratona e guardou com cuidado a fé.

É possível, sim, sair do caminho por vários atalhos que parecem levar a Deus, mas não levam. O mundo está cheio de fanáticos, desviados e cegos, mas nenhum deles tem uma consciência viva que lhes sirva de bússola para mostrar onde estão e para onde vão. Isto para mim é terrível e assustador. Milhões de pessoas religiosas e zelosas, porém perdidas por caminhos vários que não são os caminhos de Deus.

Um dos desvios deste caminho é o pecado. Um líder de grande carisma cai da graça de Deus, mas continua em frente como se nada tivesse acontecido. Atrás dele, podem seguir uma multidão de ovelhas, crédulas de que ele é um homem de Deus.

Outro desvio é a sabedoria humana. Homens cheios de títulos e diplomas, mas de um coração frio e vazio. E eles estão surpresos e interiormente deprimidos com um paradoxo:  Por que o grande saber deles não atrai a presença do Espírito Santo?

O fanatismo.  O fanático é aquele que perdeu a presença do Espírito de Deus, porque rejeita ouvir a voz de Deus, que fala através da família, dos amigos e dos irmãos. Só ele está certo. Atrás dele uma multidão sempre crescente. Saulo de Tarso era um religioso fanático, e se tornou fanático porque andava com fanáticos. Homens que seguem ordens sem questionamentos. Homens que exigem obediência cega sem questionamentos.

O sucesso. Os apóstolos e os discípulos  cristãos eram homens de uma vida muito simples. Despojados e solidários. Em nossos dias o sucesso de alguns líderes atrai milhões de crentes, pois a sabedoria secular induz as pessoas a seguirem os pastores e bispos que estão no topo. Difícil é explicar porque Jesus Cristo estava sozinho na semana da sua morte e que o Apostolo Paulo nos dias finais da sua vida era considerado um perdedor pelos seus conhecidos, pois definitivamente não era um homem de sucesso. Sua prisão em Roma depunha contra sua fé.

A obra de um homem de Deus costuma não sobressair diante dos olhos dos crentes durante a sua época. Se alguém naquele tempo  perguntasse quem era Paulo  em Jerusalém quanto em Roma, certamente não receberia uma resposta animadora. Encrenqueiro, agitador, pregador de heresias, fundamentalista! 

Aquela simples oração registrada por Lucas, no capítulo 09 de Atos dos Apóstolos, provocou uma mudança extraordinária na vida daquele Saulo. Ninguém conseguiu ver na sua época nenhum grande resultado na vida daquele homem. Mas os séculos passaram. E, dois mil anos depois, cerca de dois milhões de pessoas chegaram até a fé, pelas palavras escritas daquele homem solitário, abandonado e perdedor.

O que dirá os séculos vindouros dos líderes religiosos de minha época - principalmente dos que fazem grande sucesso na mídia aberta? Isso eu não sei. Mas tenho um palpite: Diante da humildade vai a honra, mas diante da fama vem a cova. 

Deus tem um jeito muito peculiar de falar e nós devemos estar atentos como os ouvidos de Ananias. O que ele ouviu de Deus era difícil de acreditar. Mas ele sabia que a voz era de Deus. Ananias deixou de lado o medo, foi e orou pelo homem. Por que Ananias, e não outro discípulo ou um apóstolo famoso? A resposta? Deus costuma usar pequenas coisas para fazer grandes obras. E por quê?  Porque os "grandes" pensam que estão ouvindo a Sua voz, mas não estão.

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terça-feira, abril 21, 2015

A redução da maioridade penal e os contrapesos sociais


Maioridade penal
POR JOÃO CRUZUÉ

Este assunto vem crescendo na hierarquia da pauta de discussões de nossa sociedade onde uma minoria quer manter um conceito de imaturidade intelectual de 75 (1940-2015) anos atrás. Naquela época, não havia TV nem internet nem razoável sistema de ensino, nem depósitos de delinquentes juvenis e, por outro lado,  havia uma disciplina familiar bem rígida. Ou seja, o sistema social dos contrapesos  sociais funcionava com equilíbrio.

Por contrapesos sociais quero dizer: a disciplina familiar, a moralidade da autoridade pública, um judiciário eficaz, um sistema carcerário decente e uma polícia atuante - entre outras coisas. 

Não poderia deixar de fora a Igreja, principalmente, a Evangélica, da qual faço parte. A Igreja Evangélica, que nos anos 70 a 90 fazia discipulado real, evangelizando nas favelas e periferias, hoje prefere o conforto de grandes templos que, na verdade, produzem um processo de massificação e "anonimatização" dos  fiéis. Em vez de formar vínculos e relações ela se transformou em grandes corporações que vendem um produto, o evangelho da prosperidade cujo efeito é uma fé descartável.  Se antes, o Evangelho trazia valor e segurança à pessoa que aceitava Jesus, hoje esta pessoa é apenas um número, que poucos conhecem e ninguém visita. O processo de amálgama social da Igreja não está funcionando. Quanto à Igreja Católica, vou dizer pouco: Sua "teologia da libertação" é responsável pelo processo de parto e sustentação do PT que, hoje,  veio desembocar neste oceano de corrupção que enlameia todo o país e engana os mais pobres a troco de migalhas.

Continuando, hoje, a autoridade familiar ficou enfraquecida, a TV massifica a violência ao divulgar excessivamente as notícias de crimes e desgraças em que a riqueza de detalhes "pós-gradua" qualquer "mané" que tenha inclinação para o lado ruim da coisa. O judiciário não é conhecido pelo tratamento com isonomia, as autoridades civis tem mostrado um lado corrupto mais atuante que a probidade, o abandono da periferia das grandes (médias e pequenas) cidades pelos políticos tem sido uma constante  e, neste vácuo de poder,  as organizações criminosas têm prosperado com a fartura de mão de obra (filhos dos pobres) e o maior mercado consumidor de drogas do mundo - o Brasil!

Dessa forma o antigo sistema de contrapesos sociais se rompeu. O governo  (União e Estados) não oferece segurança à sociedade e se imiscui em assuntos até de disciplina familiar. Um geração de filhos sem noção de limites tem se sobreposto a outra geração de crianças que cresceram sem estrutura familiar.  Nesta panela de "mãe-joana", a parte que deveria cumprir o seu papel (o governo) mas tem falhado miseravelmente, quer agora impor à sociedade que ela deve fechar os olhos às maldades e atrocidades que adolescente vêm cometendo, insistindo que eles ainda são imaturos.

Conversa fiada. A geração de adolescentes de hoje é muito diferente da geração dos anos 50, 60, 70 e até dos 80. Ela tem muito mais informações para escolher o bem e rejeitar o mal. Mas a falta de limites e direitos em excesso, sem a devida contrapartida de responsabilidades, tem levado muitos adolescentes ao caminho do crime.  

Neste sentido a sociedade ficou desprotegida. O bem estar de muitos não pode ficar à mercê da proteção do governo de assassinos e estupradores. A cadeia pode não levar um adolescente criminoso a praticar o bem, mas uma vida tirada por motivo torpe é um preço muito alto para que um bandido desses fique solto. Há 30 anos, quase não havia grades nos portões das casas de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro. Isto aconteceu porque a impunidade se tornou a regra neste país. Isto precisa mudar.

Minha opinião não é a de uma maioridade penal absoluta, senão relativa, principalmente para crimes não hediondos. Para os crimes hediondos, digo que esta maioridade penal (relativa) deveria cair para 14 anos e não apenas para 16, pois, neste caso, os membros da sociedade não devem pagar com a vida como tem acontecido hoje. A violência em nosso país está sempre em um crescendo porque o sistema oficial de punições é frouxo e condescendente e não existe acompanhamento de execução de penas alternativas onde falta de tudo para fazer este trabalho. 

Sobre o limite da maioridade penal no mundo,  não é assim , atualmentem o que acontece na maioria dos países ditos civilizados. Veja a informação nesta tabela de dados que compilei da Wikipedia: Defense_of_infancy e tire suas próprias conclusões.


agep



Fonte de Dados: Wikipedia/Inglês

Curiosidade: A idade penal brasileira, de 18 anos,  foi definida no ano de 1940.



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