terça-feira, março 17, 2015

O propósito de Deus e as provações do cristão

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João Cruzué

Por que será que o Senhor Deus, que é tão bondoso, dono da prata e do ouro, permite que cristãos fiéis sofram em muitas provações? Aparentemente é um contrassenso a visão de ímpios vivendo regaladamente, incrédulos se "dando" bem na vida, enquanto honestos filhos de Deus comem poeira no deserto. 

Uma corrente filosófica diz que Deus criou o mundo e os seres humanos, mas que os deixou à mercê das circunstâncias e da própria sorte, à semelhança de uma grande tartaruga marinha. Quero dar meu testemunho para desmentir este sofisma.

De 31 de julho de 1992 e 13 de julho de 2003, eu fiquei desempregado. Bati em muitas portas, fiz muitas entrevistas, enviei centenas de currículos, falhando em todas as tentativas, exceto na última. Naquele tempo, perdi quase tudo que possuía. Para reduzir a despesa doméstica fui cortando e cortando gastos. Tiramos nossa primeira filha da escola particular, vendemos nossa linha de telefone. Nossa segunda filha fez o ensino básico em escola pública. Até nossa comida era medida.  Até que um dia,  voltando do supermercado com apenas um pacote de meio quilo de café, eu dei graças a Deus com lágrimas nos olhos.

Por falta de melhores oportunidades, fui para o campo plantar mandiocas em um sítio da família. Na vida espiritual eu estava bem, pois Deus não me abandonara. Ele me deu uma missão: Juntar literatura usada de Escola Dominical, para mandar para dentro de penitenciárias no Estado de São Paulo.

Só em julho de 2003, 11 anos depois, uma porta se abriu. Era um contrato de emergência para ser contador em um Hospital da Zona sul de São Paulo. No ano seguinte houve o concurso, e tive contratação definitiva. Durante aqueles seis anos vi muita gente nova chegando e tomando cargos maiores que por direito de oportunidade seriam meus. Todavia eu mantive um princípio: Aquilo que Deus me desse ninguém tomaria.

Em 2009, fui convidado a deixar o posto para fazer parte da equipe de contadores da Secretaria de Finanças do Município de São Paulo. Fui aprovado em entrevista feita com o próprio Secretário. Só que eu seria um celetista emprestado. Ficaria por lá à mercê do tempo e da corrente dos ventos.

Era uma grande honra. São os que são convidados para trabalhar naquele departamento. Eu estava muito contente. Mas, na semana da mudança, eu recebi um telegrama. Pensei que era alguma conta atrasada ou coisa pior. Falava de um concurso. Uma convocação do Tribunal de Contas para a cerimônia de nomeação em um cargo maior e um salário melhor.

Buscando na memória alguma lembrança do tal concurso fui parar em dezembro de 2005. Data de uma prova de concurso. Não é sempre que um concurso de validade por dois anos, é prorrogado. Um telegrama para escolher uma vaga depois de quatro anos... Coisa há muito esquecida. Foi um enorme surpresa que Senhor que me deu. E avisou-me que Ele era o autor daquela oportunidade. Isto aconteceu comigo em 12 novembro 2009.

O Senhor permitiu que eu fosse provado, amassado e afinado. Provasse da poeira do deserto e fosse até chamado de "coitadinho" pelos familiares. E aos 53 anos, quando os todos achavam que minha vida sempre seria uma eterna mediocridade, algo novo aconteceu. Estamos em março de 2015, já se passaram seis anos, e continuo agradecendo a Deus pela porta aberta no TCE-SP.

Se você está no deserto comendo poeira e caminhando sob um sol abrasador, não se desespere. Mantenha-se ocupado na vida material e arranje alguma coisa de Deus para trabalhar na Igreja no plano espiritual. Também não descuide dos exercícios físicos nem da oração. Mantenha equilibrados o corpo e a alma.

O Senhor não se esqueceu de você. 

Ele não vai tirar você do deserto. Nem arrancá-lo da fornalha. A presença dele ao seu lado, é uma promessa fiel. E um dia, quando você não estiver esperando, Ele vai olhar para você, e vai dizer: Hoje eu vou mudar a sua sorte!

As provações são tempos de nossa vida que antecedem um período de grandes bênçãos. Se por um lado, elas expõem toda nossa fraqueza, por outro é durante as crises que Deus está mais perto de nós. 

Basta ser fiel no pouco e não ficar deitado e se lamentando no pó. Não existe tempo mais apropriado para aprender a não ter vergonha de dizer do fundo da alma: Graças lhe dou SENHOR, porque meu futuro está seguro em suas mãos. Eu ainda não estou vendo a solução deste problema, mas pela fé, eu sei, que ela esta a caminho.

Glória a Deus!




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Lembra-te do Criador nos dias da tua mocidade

João Cruzué
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Quão fracos e impotentes somos. Em 2009, minha cunhada enfrentou duas cirurgias em três semanas. Apesar dos cuidados de médicos, ela partiu deixando muita dor. A morte é um inimigo real que ronda a todos nós. Fingimos que não acontecerá conosco, mas precisamos prever esta possibilidade. Eu sempre detestei visitar pessoas em hospitais, até o dia que fui trabalhar em um. Ali, eu pude ver de tudo. A realidade que não aparece nas ruas, os infortúnios, as doenças graves, acidentes, os feridos de todo tipo.

Como crente no poder da oração, já pude dar graças a Deus por parente curado de câncer, voltando vivo para casa. Por outro lado, também já orei e jejuei por muitos dias e o resultado foi nulo. Eu posso aceitar a decisão do Senhor em deixar uns e levar outros, mas nunca vou compreender bem as decisões Dele.

Antes de minha cunhada, a irmã Dalva, falecer, tive oportunidade de visitá-la no Hospital. Eu pedi licença por um dia no trabalho e fui com minha esposa e filha lá no Hospital de Pariquera-Açu, depois de Registro. Na ocasião, ao entrar na enfermaria, minha cunhada estava com tubos e eletrodos por todo corpo. Inconsciente, com uma operação de válvula mitral no coração, e outra operação para estancar um hemorragia no cérebro. Eu tinha acabado de orar à sua cabeceira e já me encontrava de saída, quando os outros pacientes me chamaram, porque ela tinha levantado a mão, mesmo em coma. Voltei e segurei com carinho aquela mão, quente, ardendo em febre. Foi a última imagem que tive dela viva.

Muitos oraram, muitos foram até o hospital para orar. Outros esperavam por um milagre que não veio. Diante da aparência da morte, somos como nada. Impotentes. Dependentes do Senhor. Algumas ocasiões Ele responde. Todavia há situações que nem orações nem jejum resolvem. É preciso ter uma confiança bem grande para aceitar a vontade dele quando um parente bem próximo se vai.

Quando o sábio de Eclesiastes escreveu no capítulo 12 v.1: "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venha os maus dias, e cheguem os anos nos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento...", ele tinha um propósito. E este propósito era: nascer em Cristo, crescer em Cristo e viver em Cristo, para quando seus últimos dias de vida chegarem, você também possa dizer antes de dormir: Eu sei em quem eu tenho crido!

Não se lembra do Criador apenas com palavras, mas, sobretudo, com ações. Hoje é o 29 de janeiro de 2012. Lembra do Criador e de sua ordenança: Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda Criatura. E guarde bem outra afirmação sublime: "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás!"

Não desperdice a sua juventude com apenas futilidades, inutilidades e uma vida sem propósitos. Em tempos de tanto vício e prostituição, faça um concerto com Deus e consagre sua vida ainda jovem ao Senhor. Não espere pela velhice quando já não terá mais vigor para servir ao Senhor Jesus Cristo.

Para onde todos nós vamos, o que fica para trás são nossas memórias. Muitos já deixaram na história uma vida de futilidades, drogas, ociosidade e hipocrisia. Outros deixaram uma vida de compromisso com Deus, como Paulo, Lutero, Wesley, Judson, Carey, Moody, Nee, Edwards, Berg, Vingren. Jesus Cristo ainda é o mesmo.

O Espírito Santo ainda é o mesmo. Não desperdice sua juventude e força à toa. Não escreva seu nome na areia, deixe o Espírito de Deus se apoderar de você para escrever seu nome na Rocha.

É tempo de refletir e de aproximar-se de Deus.



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