terça-feira, março 17, 2015

Lembra-te do Criador nos dias da tua mocidade

João Cruzué
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Quão fracos e impotentes somos. Em 2009, minha cunhada enfrentou duas cirurgias em três semanas. Apesar dos cuidados de médicos, ela partiu deixando muita dor. A morte é um inimigo real que ronda a todos nós. Fingimos que não acontecerá conosco, mas precisamos prever esta possibilidade. Eu sempre detestei visitar pessoas em hospitais, até o dia que fui trabalhar em um. Ali, eu pude ver de tudo. A realidade que não aparece nas ruas, os infortúnios, as doenças graves, acidentes, os feridos de todo tipo.

Como crente no poder da oração, já pude dar graças a Deus por parente curado de câncer, voltando vivo para casa. Por outro lado, também já orei e jejuei por muitos dias e o resultado foi nulo. Eu posso aceitar a decisão do Senhor em deixar uns e levar outros, mas nunca vou compreender bem as decisões Dele.

Antes de minha cunhada, a irmã Dalva, falecer, tive oportunidade de visitá-la no Hospital. Eu pedi licença por um dia no trabalho e fui com minha esposa e filha lá no Hospital de Pariquera-Açu, depois de Registro. Na ocasião, ao entrar na enfermaria, minha cunhada estava com tubos e eletrodos por todo corpo. Inconsciente, com uma operação de válvula mitral no coração, e outra operação para estancar um hemorragia no cérebro. Eu tinha acabado de orar à sua cabeceira e já me encontrava de saída, quando os outros pacientes me chamaram, porque ela tinha levantado a mão, mesmo em coma. Voltei e segurei com carinho aquela mão, quente, ardendo em febre. Foi a última imagem que tive dela viva.

Muitos oraram, muitos foram até o hospital para orar. Outros esperavam por um milagre que não veio. Diante da aparência da morte, somos como nada. Impotentes. Dependentes do Senhor. Algumas ocasiões Ele responde. Todavia há situações que nem orações nem jejum resolvem. É preciso ter uma confiança bem grande para aceitar a vontade dele quando um parente bem próximo se vai.

Quando o sábio de Eclesiastes escreveu no capítulo 12 v.1: "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venha os maus dias, e cheguem os anos nos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento...", ele tinha um propósito. E este propósito era: nascer em Cristo, crescer em Cristo e viver em Cristo, para quando seus últimos dias de vida chegarem, você também possa dizer antes de dormir: Eu sei em quem eu tenho crido!

Não se lembra do Criador apenas com palavras, mas, sobretudo, com ações. Hoje é o 29 de janeiro de 2012. Lembra do Criador e de sua ordenança: Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda Criatura. E guarde bem outra afirmação sublime: "Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás!"

Não desperdice a sua juventude com apenas futilidades, inutilidades e uma vida sem propósitos. Em tempos de tanto vício e prostituição, faça um concerto com Deus e consagre sua vida ainda jovem ao Senhor. Não espere pela velhice quando já não terá mais vigor para servir ao Senhor Jesus Cristo.

Para onde todos nós vamos, o que fica para trás são nossas memórias. Muitos já deixaram na história uma vida de futilidades, drogas, ociosidade e hipocrisia. Outros deixaram uma vida de compromisso com Deus, como Paulo, Lutero, Wesley, Judson, Carey, Moody, Nee, Edwards, Berg, Vingren. Jesus Cristo ainda é o mesmo.

O Espírito Santo ainda é o mesmo. Não desperdice sua juventude e força à toa. Não escreva seu nome na areia, deixe o Espírito de Deus se apoderar de você para escrever seu nome na Rocha.

É tempo de refletir e de aproximar-se de Deus.



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A Favela da Rocinha e o pagamento de juros pelo governo brasileiro

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Rocinha
Favela da Rocinha

João Cruzué

Em 1976 (há 29 anos) uma jovem senhora evangélica, foi ao Rio de Janeiro a convite de amigas cariocas da Igreja Assembleia de Deus. Levava consigo a filha de dois anos e não sabia que suas anfitriãs moravam na região da Favela da Rocinha. 


Assim que chegou, sua anfitriã a levou às "autoridades" locais para as apresentações: Olha fulano, está é minha amiga, irmã de Igreja de São Paulo e este bebê é a filhinha dela. Ela veio aqui para visitar e cantar em nossa Igreja. O tal fulano, armado, olhou e tomou conhecimento. Minha conhecida ficou tão surpresa, para não dizer assustada, que ao dar alguns passos torceu o pé e voltou com ele engessado.

Há mais de 29 anos a comunidade da Rocinha está de alguma forma debaixo da lei do tráfico que a cada ano foi ocupando e ocupando o vácuo do Estado. A invasão policial, acontecida em novembro de 2011, foi um espetáculo produzido especialmente para as câmeras de TV. Por que demoraram tanto?

O fermento em pó que branqueou a Rocinha nos últimos 29 anos, na verdade já se espalhou e cresce exponencialmente em centenas de outras favelas das periferias de grandes cidades. É como se fosse uma franquia de um supermercado cujos produtos são: O pó, a erva, o crack, o oxi... tendo como fundo musical som do "pancadão" dos bailes funks.

Segundo declaração (não confirmada) de Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, metade de seu faturamento de
 100 milhões de reais por ano (2011) seguia para o bolso de policiais do Rio. O tráfico da rocinha pagava bem: 200 reais por semana para os enroladores e 1.500,00 para os empregados no refino. A "empresa Rocinha Pó Ltda." faturava 2 milhões de reais por semana. Ela prosperou não apenas pelo vácuo do poder do Estado, mas porque parte desse poder se "associou" à empresa.

O que está sendo mostrado na Rocinha é o retrato em maior escala do que está acontecendo nas favelas do Brasil inteiro. O termo País emergente, 350 bilhões de dólares em reservas, o saldo positivo de 3 bilhões da balança comercial em setembro de 2011 é apenas vaidade, conversa para boi dormir. O passivo social deste País, a dívida para com estas milhões de pessoas que procuram viver e sobreviver nestas favelas é cerca de 10, 20 vezes mais do que as garantias (reservas de 350 bilhões) dos barões dos Bancos.

A cada meio ponto porcentual que o COPON derruba da taxa SELIC, um bando abutres (economistas de meia tigela) irritados se faz ouvir. Sei que não é tão simples assim mexer nas variáveis macroeconômicas de uma nação, mas anote este número absurdo: 107,7 bilhões de reais. Foi isso que o Brasil (União) pagou de juros em 2011 até setembro passado. Projetando para um ano inteiro serão 143,6 bilhões de reais. Em 2015, com a taxa selic além dos 12%, tudo o que é economizado pelo governo (superavit primário) às custos de cortes em programas importantes, some no ralo deste aumento da taxa de juros. É uma vergonha.

É claro que o capital financeiro deve ser bem remunerado. É ele que irriga as artérias da economia nacional, todavia, por que não à taxas bem menores? 


A Rocinha é a vista verdadeira da janela dos fundos do Brasil. Sabe o que significaram em termos de juros os oito anos de mandato dos Presidentes FHC e Lula? A "bagatela" de 2,2 trilhões de reais. 

Metade disso teria eliminado o vácuo de poder do Estado em todas as rocinhas do Brasil. A miséria foi repartida com os que já eram pobres e a gordura (juros) do Brasil foi entregue aos grandes banqueiros e especuladores mundiais. Não estou me juntando a um saco de gatos comunistas, mas se estes recursos fossem bem empregados na EDUCAÇÃO, este país seguiria o mesmo caminho, por exemplo, da Coreia de Sul e da China.

As próximas informações vieram da site do Tesouro Nacional (STN), onde são publicados os RREOs - Relatório Resumido da Execução Orçamentária (Anexos I e II). Estou familiarizado com elas, pois além de blogueiro, sou contador público, tendo já publicado tais relatórios por mais de seis anos na Prefeitura de São Paulo. Então vamos a elas:


Período: setembro 2011

TabJoao


Olhando sem muita cerimônia para os dados da tabela, você há de convir que: A soma dos orçamentos da Saúde, Educação e Assistência Social - é praticamente o que a União previu e já pagou de JUROS em 2011.

Não sou nenhum idiota anticapitalista nem nunca cri na utopia marxista. No entanto sou cristão, e como tal acho uma vergonha o discurso ufanista que PT/PSDB vêm matraqueando neste país. Foi feito alguma coisa? Foi. Mas para tantos anos de miséria que este país passou, ainda serão necessários igual tanto, para distribuir melhor a renda e zerar a dívida social. Mas de que forma, se ainda pagamos os juros mais altos do mundo?

Quando é que vai sobrar alguma coisa para investir nas periferias das grandes Cidades? A ocupação da Rocinha no Rio, para mim não passa de um grande teatro, onde se vende a ilusão de que o poder paralelo do tráfico está dominado.

Não! Não está dominado coisa nenhuma.

Há centenas de outras rocinhas crescendo neste momento por aí. O maldito tripé droga+traficante+polícia se mostrou um negócio viável, para a infelicidade dos mais pobres.

É preciso mais distribuição de renda. Estes garotos que crescem nas "rocinhas" precisam de algum tipo política pública, para não recorrerem aos empregos informais do tráfico. Trabalho abaixo dos 16 anos "não pode", mas os empresários do pó têm seus próprios regulamentos.

As ações do governo na Rocinha do Rio de Janeiro não passa de uma peça de marketing. Elas estão atrasadas, no mínimo, 25 anos. E que não fique escondido de ninguém que o Brasil está pagando de juros, todo ano, a mesma coisa que gasta com Saúde, Educação e Assistência Social.

Pense nisto da próxima vez que olhar para uma favela.

Por fim vou dizer mais um "desatino": acho que o valor dessas bolsas esmolas que o governo dá para esta gente humilde das periferias abandonadas ainda é menor que os tributos que ele retira do consumo das coisinhas que compram.

Isto é uma tristeza!