JOÃO CRUZUÉ
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| Grifo |
A Sabesp está me dando nos nervos! Duas vezes por semana um barulho de turbina de jato acorda-me às 5:00 da manhã. Por duas vezes, em um mês, quebrou o cano que entra na minha caixa d'água. Da primeira vez, eu usei durepox. Quebrou de novo. Aí, tive que fazer um trabalho de "profissa". Eu gosto de escrever, de vez em quando, uma crônica sobre as minhas investidas em hidráulica. Já escrevi uma sobre o conserto da minha pia e, hoje, vamos de boia de caixa d'água.
Tudo começou com o racionamento de "mentira" que nosso governador decidiu implantar, sem falar para ninguém. Grande sabedoria. A oposição e todos os jornais de São Paulo vêm informando cada centímetro a menos das lagoas, represas e reservatórios da Grande São Paulo. Cansaram. Parece enxugar gelo. Quanto mais água gasta, mais centímetro baixa, mais a torcida da seca vai quebrando a cara. Contra tudo e contra todas... ainda tem água.
E também racionamento!
Pelo menos duas vezes por semana, eu sei disso. Exatamente às cinco da manhã, uma hora antes do meu despertador tocar, eu acordo assustado, parecendo que tem uma turbina de jato tentando decolar na minha garagem! Eu me levanto e vou fechar o registro. O ponteiro daquilo gira mais rápido que a Mercedes do Lewis Hamilton. Faz barulho de água, gira o ponteiro do marcador de água, mas quando eu abro a torneira da garagem um jato de vento sopra tão forte que parece o escapamento de uma turbina. Acho que é por isto que meu consumo de água subiu de 13 para 19 metros!
No mês passado, bem na hora de viajarmos para a casa de minha filha, alguém em minha casa falou: Pai, tem água pingando do teto... Olha Pai! Eu fui olhar e não estava chovendo. Sol de verão lá fora, mas chovendo dentro de casa! Valha-me Deus. Peguei a escada correndo, subi no sótão do sobrado e parecia uma mina d'água escorrendo pela caixa d'água.
Comprei um pacote de durepox. Caro..... Misturei a massinha, coloquei em volta de uma peça que entra dentro da caixa e pensei: Bom, já vi este negócio colar bloco de motor, tapar esta coisa vai ser moleza. Fomos viajar e deixamos o registro fechado.
Quando a água volta depois de um dia de racionamento, já falei que primeiro vem o ar-comprimido, depois vem ar misturado com água e, só depois, vem o precioso líquido. Eu chamei isso de fase 1, 2 e 3. Na fase dois, o ar e a água vêm juntos, passa pelo registro, sobe pelo cano e vai até a caixa d'água no sótão. Quando ela chega naquela parte que entra na caixa e sai pela boia, o cano começa a dar coices e chicotadas. Às cinco e cinco da manhã! Todas as caixas d'água da vizinhança fazendo o mesmo barulho, acordando pessoas, gatos, cachorros... Eu, para dormir mais uma hora de que tenho direito, vou lá e fecho o registro no começo da fase 1. Uma hora depois, eu volto na garagem e torno abrir.
Nesta quinta-feira, aconteceu o pior. Quando cheguei em casa, à noite, minha filha deu um grito.
-- PAI! ESTÁ CHOVENDO NO MEU QUARTO!
Lembrei-me na hora do cano que entrava na caixa d'água! Como já era noite, a única coisa a fazer era fechar bem o registro da garagem. Não havia mais casa de material de construção aberta para comprar as coisas.
Sexta-feira! Dia de índio, isto é, dia de batente. Eu como um legítimo Cruzué, gosto muito deste dia. Saí mais cedo do trabalho, fui até o depósito e fui comprando: Um metro de cano. A moça perguntou: Uma polegada ou três quartos? E eu respondi: 25! Sem pestanejar, ela falou com autoridade: Então é
3/4! Além do cano, comprei uma luva, uma curva, cola plástica, teflon, uma boia com haste bem grosa (para não entortar). Ela perguntou:
--Mais alguma coisa? Eu disse que não.
Na hora de pagar, lembrei que tinha mais coisa. O dono do depósito me disse, eu somo o que o sr. pedir. Comprei mais um grifo, uma chave 12 (para apertar tampa de panela de pressão) um formão estreito, uma lixa e vim embora. Gastei R$ 103 reais. Era 105; ganhei um desconto de "2", ainda brinquei: Dá para comprar um quilo de quirera de milho para dar para os passarinhos.
Chegando em casa, descobri que tinha esquecido de comprar a serra de cortar o cano. Tornei sair.
Armado de ferramentas, canos e conexões, coloquei a escada, abri o alçapão e ataquei o sótão. Tirei duas telha para clarear, eram cinco da tarde. Olhei, olhei, e coisa difícil é emendar cano! Ah! tinha me esquecido, comprei também uma coisa que se chama "flange", que eu teimava em dizer que era um "niple". Voltando, peguei o martelo, o formão e tratei de quebrar a flange antiga rachada por causa dos coices e chicotadas da volta da água às cinco.
Lixei canos, luvas, cotovelos, colei aquele troço todo. Mas na hora de colocar a tal flange pelo buraco da caixa d'água, zebrou! o buraco era pequeno para a nova flange. Foi aí que a compra do formão se mostrou eficaz. Encaixei o troço, enrosquei e coloquei a boia.
Pus a cara no alçapão do sótão, e gritei para minha esposa:
Pus a cara no alçapão do sótão, e gritei para minha esposa:
--ABRE O REGISTROOO!
A água subiu e caiu na caixa. Tudo sequinho. Maravilha!
Só minhas mãos e dedos estavam grudentas por causa da cola dos canos. Na hora de descer na escada, ela escorregou e eu, um cara com 95 kg, fiquei pendurado na boca do alçapão, a três metros do chão! Muita sorte. Um tombo de 3 metros em cima de uma escada de madeira ia ser muito dolorido!
Jesus é bom! Eu prometi para mim mesmo que preciso dar uma oferta de agradecimento na Igreja. Ás vezes, a gente não gosta de orar quando acorda...economiza muita perna e braço quebrados.
Enquanto isso, e não vier chuva, o racionamento enrustido vai continuar. A turbina das cinco da manhã também vai continuar às segundas e às quinta-feiras.
Eu não queria fazer isto porque vão pensar que é anti-propaganda política, mas não posso resistir a minha velha paródia de canto de chuveiro:
Eu não queria fazer isto porque vão pensar que é anti-propaganda política, mas não posso resistir a minha velha paródia de canto de chuveiro:
As flores já não "florem" maaaisss
Até o alecrim murchou
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Porque o ALCKMIN secoooou! |
O "labari" morreu
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