sábado, março 02, 2013

A parábola do Titanic e a Igreja Evangélica



Foto do Titanic
João Cruzué

Quero aproveitar esta tarde de sábado, para meditar sobre a sucessão de erros que levou o Titanic ao naufrágio. Vou contextualizar o passado em uma parábola, firmando o foco no processo de secularização por que passa a Igreja Evangélica brasileira.

O Titanic foi apresentado à sociedade inglesa como o transatlântico inafundável. A empresa White Star Line o construiu em um estaleiro de Belfast, Irlanda, para ser o maior transatlântico do mundo. Maior em tamanho e luxo que os concorrentes Mauritânia e Luzitânia da Cunard Line.

Às 23:40h de 14 de abril de 1912, ele bateu na lateral de um iceberg, teve o casco avariado e em três horas afundou. Foi encontrado em 1985, por uma expedição franco-francesa, a 4.000 metros de profundidade.



A PARÁBOLA

Um homem  decidiu construir um grande navio e o batizou com o nome de Titanic. Era para ser o maior  barco que já navegara pelo oceano. Quanto ficou pronto, seu construtor contratou uma tripulação para fazer uma grande viagem:  a travessia do Velho  para o Novo Continente.

A tripulação do navio, a princípio humilde, ao ser apresentada pelo engenheiro àquele colosso, ficou tão envaidecida,  a ponto de espalhar pela cidade que o Titanic era  i-na-fun-dá-vel. E esta confiança inabalável foi o primeiro passo para o desastre.

Em sua primeira viagem, o Titanic transportava 2.208 pessoas, mas levava  20 barcos salva-vidas que dava para acudir 1.178 passageiros em caso de desgraça. 

O Titanic navegava  em um mar gelado, no começo da primavera. Grandes icebergs tinha sido vistos por outros navios que navegavam naquela rota. E um deles enviou notícias que foram captadas pelo telégrafo do Titanic. Mas o operador do telégrafo estava tão confiante naquele gigante de aço que decidiu não entregar os alertas ao comando do navio. Os dois atalaias do barco subiram até o cesto da gávea mas não levaram nenhuma luneta para enxergar ao longe. E foi assim que viram um iceberg à frente a apenas 500 metros. 

O alarme foi tocado. O comandante viu o perigo, mas em vez de mandar parar as máquinas e diminuir a velocidade, decidiu  desviar do iceberg. O tempo foi muito curto e a manobra somente conseguiu o desvio de poucos graus. Em menos de um minuto um leve tremor aconteceu por todo Titanic. Teve gente que nem percebeu. 

No impacto do casco de chapas de duro aço com a borda da montanha de gelo flutuante, os rebites saltaram e abriram-se  grandes vãos, pelo desprendimento das chapas uma das outras. Se houvesse brecha em um ou dois compartimentos o navio inafundável conseguiria chegar ao destino, mas com o impacto, seis compartimentos foram atingidos e inundados. O diagnóstico do engenheiro construtor foi fatal: não havia mais salvação para o Titanic.  Seu destino não mais seria Nova York, mas o fundo do mar.

Das 2.208 pessoas que estavam a bordo do Titanic, 1.176 morreram afogadas ou de hipotermia no mar.  Isto aconteceu  pela omissão de um operador de telégrafo que recebeu vários alertas, mas não os levou à ponte de comando;  da imperícia de um Capitão que não soube diminuir a velocidade do barco para desviar do iceberg; e da negligência de uma companhia que não levou barcos salva-vidas suficientes por avareza.


A INTERPRETAÇÃO.

A construção de um grande navio representa a vaidade humana à frente de uma denominação religiosa. O  mar é  mundo e sua cultura secular.  O destino da viagem está registrado na Bíblia.  Quem envia as mensagens sobre o perigo  é o Espírito Santo.  O texto da mensagem alerta sobre o perigo do pecado. 

Os operadores do telégrafo são os profetas da Igreja. A mensagem tem como destino a ponte de comando. Na ponte de comando estão os pastores e o líder da denominação. 

A base de flutuação da Igreja são as famílias. Ela é divida em compartimentos. Os "compartimentos" que não podem entrar "água" mundana são: 
1) As crianças; 
2) Os adolescentes; 
3) A juventude;
4) Os chefes de família - pais e mães;
5) O louvor;  
6) Missões e evangelismo; 
7) O Ministério da Igreja.

O leme do navio é a oração pessoal de seus líderes.  A luneta para enxergar mais longe,  do alto do cesto da gávea, é o jejum.  

A ponta do iceberg é o pecado da soberba.  A parte maior da montanha de gelo que fica submersa, é a teologia da falsa prosperidade.  Aquela que o diabo pregou para Jesus na tentação do deserto.

Á água que entrou nos compartimentos e fez o navio ir ao fundo, é a corrupção que cai dos canos de esgoto da cultura  deste mundo rebelde a Deus: novelas cheias de adultério, filmes violentos, pornografia na internet, propaganda de bebida alcoólica, revistas masculinas, homossexualismo, pedofilia, baladas noturnas, moda indecente, namoro fornicário - etc.

Os barcos salva-vidas representam a salvação pela graça de Deus. Os 20 barcos salva-vidas do navio, insuficientes para salvar  todos passageiros, representam a negligência da liderança da Igreja que não se preocupa nem com a volta de Cristo nem com  o discipulado dos membros.

Por quê, 100 anos depois o naufrágio do Titanic nunca foi esquecido? Talvez para lembrar de umas coisas importantes:
1. Nossos olhos e ouvidos podem podem ser  enganados através de palavras persuasivas de um propaganda enganosa;
2. Enxergar a realidade dos fatos e sermos exigentes. Um barco com 2.200 pessoas, não pode ter apenas 20 barcos salva-vidas para o caso de um naufrágio. A menos que coubessem 120 pessoas, cada.
3. Que não podemos confiar a vida espiritual de nossa família a uma igreja de faz-de-contas cujo barco não vai chegar ao destino.
4. O Titanic não afundou por causa de um erro, mas por uma sucessão deles: Falta de barcos salva-vidas,  falta de responsabilidade, falta de lunetas, falta de conhecimento, falta de perícia e falta de treinamento. 
5. Muitas vidas que hoje estão servindo ao Senhor em certas Igrejas, não estão percebendo aquilo que as pessoas de fora estão cansadas de ver e saber. Aí vai uma lista:

  • Falta temor de Deus da liderança que não ora nem combate o pecado. 
  • Ganância escancarada e sistemática em cima do bolso dos fiéis,
  • Uso das atividades da Igreja para enriquecimento pessoal, 
  • Compra de Redes de Televisão com o dízimo dos fiéis, para transmitir programas imundos produzidos na latrina do diabo;
  • Troca do ministério pastoral por cargos de representação política. O santo pelo profano.
  • Pregação de um evangelho escancaradamente antropocêntrico: "Crê no Sr. Jesus, e serás rico, tu e a tua casa";
  • Uso do nome de Deus para fazer coisas que Ele nunca mandou; 
  • Permitir e fazer vistas grossas para o pecado contra a família: adultério, divórcio, fornicação, sob a desculpa de que Deus quer apenas o coração, e uma vez salvo, salvo para sempre!
Conclusão: Se você está ciente de tudo isto e a metade dessas coisas estão acontecendo onde você congrega, abra bem os olhos. Mais dias, menos dias, a  fé da sua família pode ir a pique!







terça-feira, fevereiro 26, 2013

Dia Internacional da Mulher 2013


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DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2013


João Cruzué

O mundo muda devagar. Mas muda. O reconhecimento dos mesmos direitos para gêneros diferentes tem evoluído mais nos últimos 90 anos que em qualquer outra época, principalmente no meio da sociedade cristã que veio do judaísmo. Mesmo assim, a cultura preconceituosa latente, da pouca valorização da mulher, dentro dessa sociedade ainda tem muito o que melhorar.

No Brasil já não é mais estranho que uma mulher seja Prefeita, Governadora, Juíza, Ministra ou Presidente. Por outro lado, se for utilizar dados estatísticos para tabular de que sexo é a maioria dos bebês que são abortados e abandonados (pelas próprias mães), você e eu já sabemos a resposta: É do sexo feminino. É uma parte do que eu chamei de cultura preconceituosa latente.

Na Índia existem programas  de políticas públicas do governo cujo objetivo é estimular a mulher a continuar seus estudos depois do casamento. Analisando de perto o problema, entendi que a preocupação é mais econômica do que de valorização. A Economia indiana perde trilhões de rúpias pela falta de graduação das mulheres. Com menos estudos, elas alcançam um menor potencial de produção e consumo - um tropeço formidável  em uma economia de escala global.

Na Arábia Saudita, o berço do Islã onde fica a cidade sagrada de  Meca, a casa de Mohamad, o  Profeta de Alah, a mulher é tão inferior ao homem que não tem ainda o direito de dirigir um carro nas ruas.  Coisa mais comum que acontece, por exemplo, na Cidade de São Paulo.

Por que a Inglaterra e os Estados Unidos prosperaram tanto nos últimos 400 anos? Por que será que o Cristianismo cresceu mais que todas as religiões no mundo? 

Minha resposta ainda não tem base científica, pois não tive tempo para pesquisar, tabular, ensaiar, mas minha intuição me diz que isso foi devido a aceitação crescente da mulher como ser inteligente e do seu papel na sociedade como ser mais sensível, solidário, responsável e comunicativo. Para mim  isto teve, sim,  grande influência econômica.

Agora vamos falar de liderança eclesiástica feminina na Igreja evangélica brasileira. Durante 16 anos frequentei as reuniões de obreiros na Igreja Assembleia de Deus em São Paulo. período de 1988 a 2004, tanto no ministério de Madureira quanto na "Missão". Era apenas um espaço masculino onde nenhuma mulher punha os pés - nem a esposa do Pastor. Pois, de uns sete anos para cá isso mudou. Melhorou. Tornou-se  rotina obreiros (oficiais), suas esposas e líderes femininos fazerem-se presentes, naturalmente, seguindo o costume do que já acontece lá fora há décadas.

Será que a Igreja Evangélica atual esta errando ao outorgar ministério à mulheres? Literalmente, sim. Mas biblicamente, não. Deus colocou um sacerdócio provisório nas mãos da tribo de Levi. Mas Jesus mudou a regra: o Messias era da tribo de Judá.  O Siloh da profecia.

O livro de Hebreus trouxe uma mensagem revolucionária demais para sua época. Registrou uma mudança radical  do Antigo para o novo Testamento. A expiação dos pecados  que era feita pelo sangue de bodes e cordeiros, tinha passado e caducado porque o sangue do Cristo inocente, derramado na cruz do Calvário, alcançou o status de sacrifício definitivo e eterno. A aceitação desta mudança não foi coisa de dias nem de anos, nem de séculos. Até hoje há judeus que não aceitam que Jesus era o Messias profetizado.

Lembro  também  quanto foi a traumática experiência de Paulo para poder enxergar o Cristo que  combatia quando  perseguia os crentes da Igreja recém-nascida.

E Jesus tinha uma cultura muito particular para tratar com as mulheres do seu tempo. Nas muitas vezes que o vemos na Bíblia ele estava sempre "quebrando" os protocolos: Dialogando com a mulher samaritana, abordando a viúva de Nain, Chamando de filha a mulher do fluxo de sangue, libertando a mulher encurvada, perdoando a mulher adúltera, defendendo a ex-prostituta que  lhe enxugava os pés na casa de Simão o fariseu, aparecendo primeiro para  Maria Madalena, ensinando Maria e Marta, as irmãs de Lázaro, provocando a reação da mulher sirofenícia e  passando o destino de sua mãe aos cuidados do evangelista João. Estas coisas não estão por acaso na Bíblia. Mostram que para o Senhor não havia diferença entre gênero humano. Elas dispensam comentários e mostram por isso que Jesus estava muito à frente da cultura machista de sua época.

A crescente aceitação e valorização da mulher no mundo cristão ao longo dos séculos vem, ou pelo menos deve vir, da forma com que Cristo olhava para as mulheres: Como seres humanos iguais e não inferiores aos homens. É isto que penso. Nenhuma outra religião tem valorizado a mulher no mundo tanto quanto o Cristianismo.

A violência contra a mulher está longe de ser resolvida no Brasil. A prostituição infantil aumenta insidiosamente. As delegacias da mulher espalhadas pelo país ainda não são institutos fortes. Os estupros praticados por pais, padrastos, avôs e, pasmem, bisavôs ainda continuam escondidos (e tolerados) debaixo do tapete. E estas coisas acontecem muito porque falta uma consciência cristã dentro dos lares. É preciso de uma mudança endógena, de dentro da fora, feita preventivamente, principalmente nos sermões da Igreja. É contra uma cultura milenar de desvalorização feminina que temos que lutar.

A mulher cresce e se potencializa econômica, social, sentimental e profissionalmente quando a família abre a porta para o Cristo que bate. Que venham dias muito melhores. Eu estou orando e torcendo por isso.

Salve  08 de Março de 2013,  Dia Internacional da  Mulher


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