segunda-feira, outubro 01, 2012

Como fazer mudas em saquinhos



DICAS PRÁTICAS DE FÁCIL EN
TENDIMENTO

Jatob - 14.12.08 

Jatobá com 35 dias.

Autor: João Cruzué*

Esta é a terceira vez que deixo meus conhecimentos de caipira à disposição de quem anda procurando algum texto sobre o assunto, mas não encontra um lugar sequer que ensina a prática disso. Ação: vamos aprender juntos com fazer mudas em saquinhos de polietilieno.

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FERRAMENTAS
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1) Enxada.

2) Pá.

3) Peneira de pedreiro de crivo médio.

4) Dois baldes de plástico 10L

5) Duas  PET's grandes, de iogurte, serradas ao meio.

6) Carrinho de pedreiro

7) Regador de plástico

8) Duas colheres,uma de sopa e outra de chá.


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EMBALAGENS
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8) Um kg de saquinos de polietileno usados para semear cafeeiro.

9) Uma lona plástica de uns 2m x 2m


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ADUBOS
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9) Um saco de cal comum de pintar parede

10) Um kg de adubo químico 04.14.08

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SUBSTRATOS
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11) Um carrinho de pedreiro com terra (argila) vermelha de barranco

12) Um carrinho de areia média de construção

13) um carrinho com terra vegetal ou esterco (seco) de bois


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PRIMEIRA ETAPA
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A - Misturar os três substratos.

B - Peneire a mistura e depois a espalhe sobre a lona plástica. Deixe por 04 dias em sol bem quente para esterilização.
  

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SEGUNDA ETAPA
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C - Junte a mistura em um monte e abra uma cratera grande. Sobre a lona ou em outro espaço limpo ou acimentado.

D - Encha 03 baldes de água limpa. Em cada balde coloque duas colheres de sopa, bem cheias, com cal de parede. A medida de água é suficiente para umedecer a mistura sem transformá-la em barro.

E - Despeje a água dos três baldes na cratera do monte  sem deixar a água vazar.

F - Com  pá ou enxada, vá colocando a terra da mistura das bordas para dentro da cratera cheia de água. Por fim, sem entornar a água, vá misturando como se fosse  massa de pedreiro.

Explicação: depois que a terra foi esterilizada no sol ela perdeu vida. Ao juntar a terra misturada com água, a vida vai retornar aos poucos.

G - Deixe a mistura coberta com a lona uns dois dias.


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TERCEIRA ETAPA
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H - leve a mistura umedecida, já quase seca, para um lugar sombreado, aonde você vai encher os saquinhos de polietileno com a terra.

I -  Abra a boca do saquinho, coloque o bico da garrafa Pet de iogurte (grande) dentro dele,  e encha apenas um terço dele.

J - Sobre a terra (1/3) do saquinho, ponha uma colher de chá de adubo 04-14-08.

L - Adicione mais um terço de terra.

M - Sobre os 2/3 de terra  do saquinho, coloque duas sementes.

N - Sementes pequenas vão precisar de uma cobertura de um 0,5cm de terra por cima; Exemplo: sementes de verduras, legumes e eucalipto.

O - Sementes de tamanho médio, podem ficar debaixo de 1cm de terra.

P - Sementes muito grandes (tamanho semente de mangueira) debaixo de dois a três cm.

Detalhe: Se ouver informações científicas, usá-las, no que diz respeito à profundidade de colocação das sementes.

Q - Coloque os saquinhos todos juntos e já semeados em lugar escuro ou coberto. A germinação se processa melhor em ausência de Luz. Exemplo: o eucalipto.

R - Leve os saquinhos para um lugar onde não sofram ação de  animais domésticos.


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IRRIGAÇÃO
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S - Deixe claros entre os saquinhos para despejar a água da irrigação, para que ela molhe a terra de baixo para cima. No primeiro dia da semeadura pode usar o regador para mollhar de cima para baixo.

T - Sementes não nascem no barro. A terra do saquinho não deve estar nem seca nem barrenta.

U - As mudinhas, uma vez germinadas, devem sair da cobertura ou do escuro, sem pegar luz direta do sol, principalmente à tarde.

V - Se possível não molhar as folhas das mudas. A água costuma levar embora os minerais. Não descuide um dia sequer da questão irrigação. Você pode perder todo um trabalho se esquecer de irrigar por apenas alguns dias.

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PLANTIO DEFINITIVO
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X - Normalmente o saquinho de polietileno, próprio para cafeeiro (20cm x 8cm) é adequado para mudas com até 15 a 20cm de altura. Se a espécie a ser plantada é uma árvore silvestre, use uma embalagem de semeadura um pouco mais larga. Recentemente fiz isto com jacarandá mimoso e pau ferro (Caesalpina ferrea)

Z - Não sou doutor  no assunto, apenas um plantador de árvores.

Nota: O Autor é servidor público em Tribunal do Estado de São Paulo. Criado até os 18 anos em sítio da Região Mineira do Vale do Rio Doce, entre as cidades de Caratinga e Governador Valadares.

Sobre o mesmo assunto: Blog Eco View


cruzue@gmail.com


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sábado, setembro 29, 2012

O paradoxo da solidão na era digital


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Hall 9000
João Cruzue 

A era da massificação digital já começou. Quem assistiu o filme "O Substituto" de Jonathan Mostow, protagonizado por Bruce Willis vai entender como é. Seres humanos isolados e deprimidos em suas casas, sendo representados por robôs-sósias, avatares humanos, sempre jovens, bem vestidos, representando socialmente durante o dia. E quando vem a noite, voltam para seus cabides, enquanto seus "originais" levantam-se sozinhos em uma casa vazia. Sozinhos, com milhares de seguidores zumbis no twitter e no facebook. A era do paradoxo real-digital, 

A família não mais se comunica verbalmente. A filha, no quarto, pede um remédio para a mãe, na cozinha, por um SMS. A vizinha  tem um perfil no facebook onde coloca as fotos da última viagem, que o esposo ainda nem viu. 

O artista decadente digita algumas vezes por dia  seus bilhetes no twitter que a maioria não lê. Envia centenas de pensamentos e frases pelo facebook, que a maioria não presta atenção. 

Todo mundo postando e pouca gente lendo.

Todos se comunicando e relacionando em um processo    relacionamento social de faz de contas - que na verdade não passa de um monólogo transmitido por programas-robôs, como no filme "Matriz". A massificação de mensagens que leva ao fastio.

Para onde isto nos leva?

Creio que já podemos observar alguma coisa. A coisificação dos relacionamentos sociais. Twitters, faces, whatsapp, instagran, viber.  Uma geração de protagonistas digitais generosos, comunicativos, espirituosos. Por outro lado, na vida real estas pessoas são diferentes:  Egocêntricas, críticas ao extremo, frias, insensíveis e anti-solidárias, despossuídas de sensibilidade humana e de verdadeiro  espírito solidário. Este descompasso entre o digital e o real, o ser-o-que-não-é, ao meu sentir, é um gatilho perfeito para a solidão e a depressão. 

Uma geração de potenciais depremidos, que o excesso de tempo junto às maquinas faz desaprender como se relacionar de verdade.

Eu percebo que quanto mais trabalho com recursos eletrônicos mais automatizado vou ficando. O homem como extensão de um dispositivo eletrônico. Um apêndice. Esta interação eletrônica excessiva pode me tornar insensível e frio como a máquina. 

Creio que estamos mesmo caminhando para sermos comandados por máquinas. Não por robocops, homens de ferro ou darth vaiders, mas por algo do tipo "Hall 9000" de Stanley Kubrick. A potencialidade da IA (Inteligência Artificial) já é uma realidade. Tudo nas sombras. Você não vê, não ouve, não sente, mas aquilo está "te" monitorando lá. Aliás, isto não é nenhuma novidade: Quando você abre uma conta no Face ou no Google, seus dados e seus hábitos de consumo estão registrados lá. Se o "Hall 9000" já era inteligente e desconfiado, imagina o que os algorítimos de nossa era possam fazer em um processador moderno...

Estamos perdendo o hábito da solidariedade. Cada um por si e Deus por todos. Os insensíveis da parábola do bom samaritano estão se replicando em nossos dias. Hoje, os sacerdotes e levitas apressados e individualistas estão na casa dos milhões. E os feridos e necessitados também andam pela casa dos bilhões. O déficit de solidariedade só aumenta e a falta dela brota incontida dentro de cada família.

Como podemos nos precaver do pior?

Não sei se isto é possível, mas alguém precisa ensinar o uso racional e mostrar o perigo oculto do uso excessivo dos eletrônicos. Eles foram criados para nos oferecer facilidades, mas estão criando dificuldades, pois viciam. Fazem perder a noção do tempo. Nos levam a procurar ambientes fechados e isolados para  fazer nossa "comunicação"  às centenas. Milhares. Mas perdemos a habilidade de dar bom dia ao pai e a mãe dentro da própria casa.

A falta de comunicação pelo excesso de comunicação.  A depressão colhida pelo descompasso entre a realidade e a imaginação. Sozinhos e deprimidos em meio a milhares de "amigos"




Beautiful Blue Danubio