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João Cruzué
Sexta-Feira, 21 de setembro de 2012.
Hoje foi um daqueles dias difíceis de trabalhar. Eu tinha acabado de descer a escada rolante da Estação Santo Amaro da CPTM. O trem para Osasco tinha acabado de estacionar; muita gente saindo e muito mais gente desejando entrar. É tudo muito rápio. Com tanta gente para entrar, a melhor opção para mim era caminhar pela plataforma do contra-fluxo, vazia. Eu planejava entrar no primeiro ou no segundo vagão da frente, geralmente mais vazio.
Nem bem dei uns dez passos, quando outro trem estacionava, descendo no sentido Grajaú. De repente, um estrondo! Um barulho enorme de coisa quebrando assustou todo mundo que subia pela borda de embarque da estação. Parecia que algo tinha quebrado no trem e que ele avançaria sobre nós. Todo mundo correu, procurando se afastar. Alguém disse que uma "mulher" tinha se jogado na frente do trem.
Um guarda da Polícia Ferroviária passou correndo para atender à emergência. Daí para frente concentrei-me em correr e entrar no trem estacionado do outro lado no sentido de Osasco. Pensei que certamente toda a linha 9 - Esmeralda, ficaria parada. Mas não foi bem isto que aconteceu. A administração da CPTM foi pragmática. Tratou de mandar os seguranças retirarem o corpo dos trilhos, colocá-lo do outro lado junto à pista das bicicletas e liberar a linha. Naquele local, o corpo ficou no chão esperando pelo IML, pelo que li, até as 18:30 da noite.
Eu só não vi o acidente, embora estivesse a uns 15 metros no momento, porque estava concentrado no trem que pretendia embarcar, olhando para o outro lado. Não estava prestando muito atenção na composição que descia para o Grajaú. Aquela plataforma estava quase vazia. Não vi a pessoa quando se jogou, mas ouvi o estrondo de coisa quebrando como se fosse um barulho de árvore se rachando ao meio. Algumas pessoas e eu começamos a correr para longe daquele trem, pensando que tinha quebrado alguma coisa e que ele viria para cima de nós - tamanho o barulho. Na hora, por não ter visto a cena, não cogitei que fosse o barulho de um corpo arrebentado pelo trem.
Na volta do trabalho, já 08 e meia da noite, parei para conversar com um guarda da Nacional Segurança. Contei para ele que eu estava exatamente às 7:30 da manhã na Estação, quando houve um acidente. Ele me disse que a pessoa era um homem. Disse também que era casado e que tinha deixado um bilhete para sua mulher. Como todo acidente fatal nas estações quem pela CPTM diz enfaticamente que foi suicídio (e houve caso que não) não deu para acreditar 100% na versão do segurança. E a história do bilhete, também pode não ser esta. E se não houve bilhete? E se a pessoa passou mal lá em cima ao olhar para baixo... teve uma tontura? O que é que alguém estaria fazendo lá no alto na passagem das bicicletas - sem bicicleta? Eu não tenho respostas para estas dúvidas. É aberto, assim, aquela passagem para a ciclovia? Comentário posterior no parágrafo seguinte:
O nome do suposto suicida eu não sei, nem tive coragem de perguntar. Lendo algumas matérias sobre o assunto, muitas pessoas disseram que o homem pulou da platamorma dos ciclistas lá de cima. Pode ser, pois eu estava a poucos metros e não vi ninguém saltando. Passei no local, quatro dias depois, e fiquei examinando a tal plataforma das bicicletas. Há grade dos dois lados com mais de metro de altura. Daquela posição, para mim, não é possível que alguém consiga cair na frente do trem. Nem de lado isto seria possível, pois a linha fica escondida, mais para dentro da plataforma. Se havia câmera no local, as imagens podem esclarecer esta dúvida: em que ponto da plataforma a pessoa que morreu estava quando, caiu ou se jogou de encontro ao trem?
Procurando alguma informação há pouco na Internet, não há ainda o nome dessa pessoa. Apenas outra informação ainda mais triste. De que o corpo ficou no local desde o momento do acidente até às 18:30, já noite.
A notícia informava que a pessoa ainda estava viva quando foi socorrida pelos bombeiros. Eu tenho minhas dúvidas. Com um barulho pavoroso daquele, a pancada na cabeça da vítima deve ter quebrado tudo.
Deixando de lado esta reportagem, e mudando para o lado humano e espiritual, um suicida é uma pessoa que vê seus problemas muito maiores do que são. Tenho ouvido relatos, de que a voz do diabo fala tão forte ao ouvido da pessoa e de forma tão insistente que ela chega a ter dores de cabeças terríveis. Aquela voz põe a pessoa lá embaixo e sugere - por que você não se mata? Ninguém mais gosta de você. Você já decepcionou sua família, seus amigos. Você não vale nada.
Penso que nunca vou saber das razões que levaram aquele homem que se matou hoje de manhã se jogando debaixo do trem da linha 9 Esmeralda da CPTM, na Estação Santo Amaro. Foi por problema de conjugal? Foi por assunto de separação? Desemprego? Dívidas? Uma dessas coisas deve ter sido.
Com crente desde os 19, e hoje já tenho 56 anos de idade, desde moço aprendi a desabafar minhas frustrações com o Senhor Jesus em oração. Tive muitas decepções e 11 anos de um longo desemprego. Casado e com filhas pequenas. Se eu não tivesse o hábito de fazer caminhadas todo o dia e aproveitasse esses momentos para fazer minhas orações e desabafos com Deus, já estaria morto há muito tempo. O Senhor é bom. Sempre me guardou e nunca deixou que o diabo viesse abrir a sua boca suja para falar no meu ouvido que eu era um lixo.
Eu mantenho meu serviço de aconselhamento neste blog. No canto direito em cima está: Conselhos. Todas as pessoas que me escrevem contando suas decepções e aflições, eu sempre respondo. Faço isto, porque muitas pessoas ficam presas no passado. O passado precisa ser lavado, ensaboado, desinfetado e esquecido. A sombra do passado destrói as bênçãos que estão no futuro. Eu, pessoalmente, creio que toda pessoa que enfrenta lutas muito grandes, tem um propósito de Deus na vida maior ainda. É só olhar para frente e para cima, mesmo quando tudo parece que vai nos destruir. A luz da esperança brilha na frente; não atrás. Basta se levantar e caminhar o percurso nosso de cada dia. É uma vitória a cada dia.
Muitas pessoas falam mal das Igrejas. Dos pastores. Dos padres. Mas eu du-vi-de-ó-dó, que se aquele moço tivesse ido ao culto, ou a missa de domingo passado e conversasse com alguém, hoje estaria morto. O melhor remédio contra a voz do espírito mau do suicídio é a presença de Deus. Tiago escreveu assim na Bíblia: Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Meus sinceros sentimentos à família e a esposa deste moço que tirou sua vida hoje debaixo de um trem da CPTM da maneira mais assustadora possível. Foi por falta de Deus na vida.
Há sim, esperança, na oração. O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã! Que linda frase está que está no verso 5 do Salmo 30.