domingo, dezembro 25, 2011

Jesus e as mulheres


Sinner woman


"COM AS MULHERES"

Paulo Brabo


"–Está vendo essa mulher?

Eu entrei na sua casa e você não me ofereceu

água para lavar os pés.

Ela, no entanto, lavou meus pés com lágrimas,

e enxugou-os com os seus cabelos.

Você não me cumprimentou com um beijo,

mas ela, desde que entrou,

não parou de beijar-me os pés.

Você não me derramou óleo sobre a cabeça,

mas ela passou essência perfumada nos meus pés.
"


Lucas 7:44-46


"A distância cultural nos impedirá para sempre de apreender a extensão da sua influência e a absoluta novidade da sua postura, mas é certo que nenhuma outra figura masculina da antiguidade oriental – seja no domínio da realidade ou da ficção – sentiu-se mais à vontade entre as mulheres do que o Jesus dos evangelhos. Nenhum outro personagem do seu tempo, e talvez de tempo algum, fez mais para corrigir a distorção das lentes culturais através das quais a imagem da mulher era interpretada – e em muitos sentidos permanece sendo.

A singularidade de Jesus nesse aspecto não é menos do que tremenda. Acho notável ao ponto do milagroso que as posturas de Jesus diante das mulheres, conforme descritas nos evangelhos, não tenham sido censuradas posteriormente por homens menos preparados do que ele para abraçá-las.

É preciso lembrar o óbvio, que não faz cem anos que as mulheres alcançaram status social igualitário no ocidente, o que os evangelhos descrevem que ocorreu há dois mil.

Numa época em que um marido não deveria se dirigir à própria esposa em lugar público, e que homem algum deveria trocar palavra com uma mulher desconhecida (em ambos os casos para proteger a sua honra, não a dela), o rabi de Nazaré buscava a companhia amistosa de mulheres, puxava conversava com elas, tratava-as com admiração e naturalidade, interessava-se sem demagogia pelos seus interesses, deixava que tocassem publicamente o seu corpo e o seu coração.

O Filho do Homem não se constrangia em ser sustentado por mulheres, não virava o rosto à possibilidade de ser acarinhado por elas, não hesitava em recorrer a imagens que diziam respeito ao seu dia-a-dia, não sonegava histórias em que mulheres eram (muito subversivamente, na ótica do seu tempo) exemplo de humanidade, de integridade, de engenhosidade e de virtude.

Falamos de um tempo, num certo sentido não muito distante, em que os homens que não denegriam abertamente a imagem da mulher soterravam-na por completo debaixo de idealizações simplistas. Dependendo de quem estivesse falando, a mulher era vista como incômodo necessário, como homem imperfeito, como criança, como objeto mecânico de desejo, como objeto idealizado de poesia, como animal fraco e sensual; figura às vezes inocente, às vezes desejável, normalmente imprevisível, normalmente indigna de confiança e invariavelmente inferior.

Contra esse cenário, o rabi de Nazaré resgatou uma mulher adúltera das garras da justiça e da morte sem recorrer ao que seria o mais fácil e popular dos argumentos antes e depois dele, o que afirma que a mulher é criatura de mente obtusa e vontade fraca, particularmente suscetível às sensualidades da carne. Em um único golpe eficaz ele transferiu a culpa da mulher acuada para seus acusadores, todos eles homens, emblemas de poder e desenvoltura, até serem publicamente dissolvidos pela mão de Jesus. A vítima, transgressora, foi ao mesmo tempo salva da condenação e tratada, talvez pela primeira vez, como um ser humano independente e responsável (João 8:1-11).

Aqui estava um homem que, irresistivelmente, olhava para as mulheres sem rebaixar-se a preconceitos ou recorrer a idealizações. Jesus lia as mulheres como seres humanos, e foram necessários séculos para que o mundo arriscasse repetir a sua ousadia. Ainda hoje, transcorridos milênios ineficazes, não há homem que esteja imune a ler a mulher através de estereótipos novos e velhos; ainda somos tentados a enxergar o homem incompleto, a flor de pureza, a criança sem rédea. Mas ali, nas esquinas empoeiradas de um canto do mundo, as estruturas do mundo social haviam sido abaladas para sempre.

Para mim não há evidência maior de que o espírito subversivo de Jesus permaneceu vivo nos primeiros discípulos, logo após a ressurreição, do que a descrição da comunidade de seguidores em Atos 1:14: “Todos estes [homens] perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

Este com as mulheres me pega desprevenido todas as vezes, tanto pela sua necessidade quanto pelo impensável que representava no seu tempo. Em retrospecto é difícil avaliar o quanto está sendo efetivamente dito aqui, mas é preciso lembrar constantemente que naquela cultura as esferas de atividade de homens e mulheres eram divididas ao ponto do incompatível. Essa fenda corria de uma ponta à outra o tecido da sociedade, mas seu ponto nevrálgico talvez residisse na esfera religiosa, na qual era preciso ser homem para ter participação eficaz – isto é, para ter acesso verdadeiro e relevante à divindade.

Na visão de mundo vigente, homens e mulheres habitavam espaços separados no universo; essa incompatibilidade era espelhada na sociedade e prontamente celebrada através de espaços diferenciados de adoração. Tanto o Templo quanto as sinagogas tinham áreas separadas para homens e mulheres, e os recintos reservados para os homens ficavam invariavelmente mais próximos de Deus. Era uma sociedade em que não ocorreria a ninguém colocar homens e mulheres compartilhando voluntariamente de um mesmo espaço, muito menos um espaço religioso.

Agora que Jesus havia subido ao céu e os homens de branco haviam dito que mantivessem os olhos fixos na terra, os discípulos viram-se diante de um problema e de um embaraço. Jesus, o amigo das mulheres, havia partido, mas as mulheres haviam ficado. Deveriam eles, homens de respeito e maridos de boa fama, retornar ao antigo e unânime padrão social, devolvendo as mulheres ao seu devido lugar? Agora que Jesus não estava mais ali para efetuar a sua mágica, não seria inevitável que restabelecessem a fenda social que ele havia coberto temporariamente? Quando a multidão de seguidores retornasse a Jerusalém (onde Jesus dissera que aguardassem) deveriam o grupo de discípulos e o de discípulas “perseverar unanimemente” em recintos separados?

Escolher o contrário, escolher o abraço comunitário e a convivência santa nos padrões inaugurados por Jesus, seria nadar contra a corrente de todas as instituições sociais em efeito no seu tempo. Um observador só encontraria um modo razoável de interpretar uma reunião voluntária e regular entre homens e mulheres: como ocasião para licenciosidade. Foi efetivamente dessa maneira que as reuniões cristãs “de amor” foram interpretadas por seus antagonistas ao longo de seus primeiros séculos. Tinham que ser desculpas para sexo – porque, que mais poderia um homem querer fazer com uma mulher?

A momentosa decisão encapsulada nesse único verso demorou a encontrar compreensão e aceitação, tanto dentro quanto fora do grupo. Escolhendo reunir-se regularmente no mesmo recinto, tanto homens quanto mulheres abriram voluntariamente mão da ficção da “boa fama” em troca da generosidade, da inclusão e da convivência. Escolhendo sentar-se de modo criativo ao lado de um Outro com quem não criam ter nada em comum, romperam um véu ancestral e convidaram o mundo a explorar um universo de possibilidades inimaginadas. Nos dois casos, seguiam o desafio formidável deixado pelo exemplo de Jesus".


Fonte: Bacia das Almas - Paulo Bravo




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sexta-feira, dezembro 23, 2011

Blogs Evangélicos, planos para 2012

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.João Cruzué

A segunda onda de blogs evangélicos teve início em 2007, quando o presbítero da Assembleia de Deus Valmir Milhomem, junto com dois pastores: Esdras Costa Bentho e Altair Germano, criaram a União de Blogueiros Evangélicos . Ao propósito inicial de uma comunidade agregadora de blogs, foi acrescentada a visão do presb. João Cruzué de que toda liderança evangélica deveria ter um blog, para aprender publicar conteúdo cristão na Internet. Mas o crescimento da comunidade se deu mesmo foi pela operosidade de muitos irmãos anônimos e pela ajuda destacada destes irmãos: Eliseu Antonio Gomes, Pastora Marcia Chaves, Professora Wilma Rejane, Sammis Reachers , Luis Ribeiro , Lucas Santos , Wallace Souza , Cintia Kaneshigue e Renan da Costa. Esta galera, juntos ou em tempos diferentes, ajudaram a agregar mais de 15.000 blogs na UBE.

Peço perdão aos gestores de outras comunidades, justifico, dizendo que também de citar a comunidade que administro, para não deixar o post longo demais.

O que podemos acrescentar e melhorar em 2012? Vou deixar minha opinião.


1 - Individualismo x blogar em grupo.

Eu sei que é difícil convidar alguém para postar junto conosco, por causa do conforto da nossa privacidade. Mas eu aconselho àqueles que estão começando (ou desanimando) a blogar em grupo. Isto pode ser feito no painel do blogger em Configurações/Permissões/Adicionar autores. É preciso considerar que, manter sozinho a regularidade de um blog, é uma atividade bem cansativa que pesa ao longo dos anos. É bíblico trabalhar em grupo.

2. Planejamento de comentários

É fantástico observar como a perda de memória tem ajudado a murchar muitos blogs. Não a memória de seus editores, mas de seus amigos virtuais, aqueles que eram muito presentes no começo, mas com o passar do tempo se esquecem de fazer uma visitinha para deixar umas poucas linhas de incentivo. Como mudar isto: planejando seus comentários: listando umas duas dezenas de endereços, e a cada vez que abrir o painel do próprio blog, separar um minuto apenas, para deixar algumas palavras de incentivo, crítica ou encorajamento, na caixa de comentário dos amigos - sem esquecer dos mais novos.


3 . Publicação de Conteúdo Cristão.

Blogs. Creio que é para isto que servem: Publicar conteúdo cristão. Outro dia recebi um comentário crítico de leitor. Ele se queixava de um post que fiz sobre o pagamento bilionário de juros feito pelo Brasil. Um valor tão alto que equivale aos orçamentos anuais da Saúde, Educação e Assistência Social. O comentarista escreveu que isto tirava seu enlevo espiritual ao manusear os posts do Olhar Cristão.

Com todo respeito pela opinião dos leitores, um blog para mim deve escrever e opinar sobre tudo. É claro, sob o ponto de vista de uma consciência cristã. Somos cidadãos do céu, mas ainda vivemos na terra. Não podemos ser egoístas nem ignorantes quanto às necessidades do próximo. É preciso manter uma consciência alerta quanto a advertência de Jesus na Parábola do Bom Samaritano. Tanto no escrever, quanto no agir.


4. Formação de Opinião Pública

Para escrever sobre tudo, é preciso ler. ler muito em fontes variadas. Pior que não ter o hábito da leitura é ter apenas uma fonte de notícias para se atualizar. Nossos textos começam a aparecer muito na busca do Google. Textos inteligentes são apreciados por pessoas inteligentes. Se quisermos influenciar a sociedade não podemos escrever apenas sobre assuntos internos de Igrejas e convenções de pastores. Uma grande panela gospel não é uma ideia sábia. Quando surgiu o movimento "Black Power", perguntaram para o Pastor Martin Luther King o que ele achava do movimento. Sua resposta foi bem crítica: Ele entendia que o movimento buscava isolar o negro da sociedade americana. O Pastor King via de forma diferente: Que eles deveriam estar presentes em todas as atividades americanas.

Para influenciar pessoas e mudar uma sociedade é preciso, talvez, mudar primeiro nossa própria visão. Uma visão muitas vezes restrita às quatros paredes de um templo ou aos bancos de um seminário. Vamos pensar grande, para a glória de Deus.

5. Efeito Multiplicador

O Evangelho é a mensagem que pode tratar e resolver todos os males do mundo. Mas a pregação do Evangelho é feita por nós. E a Internet, uma estrada de alta velocidade que atravessa o mundo, continente por continente, país por país, povo por povo, tribo por tribo, língua por língua e pessoa por pessoa. Não basta ao cristão blogar. É preciso que ele descubra homens e mulheres de Deus, para que eles também aprendam a publicar conteúdo cristão. Cada um de nós temos coisas para contar, bênçãos e testemunhos maravilhosos que outros precisam ouvir. Em minha visão, todo líder cristão que tem o Espírito de Deus ardendo em sua vida, deve aprender a deixar escrito seus textos na Internet. Cabe ao Espírito distribuí-los para quem esteja precisando. Cabe a nos escrever e publicar.

Se somos 40 milhões de evangélicos nesta nação, 1% disto dá 40 mil blogs. Quero ver 5% blogando para glória de Deus, até o final de 2012. São 200 mil blogs cristãos.