domingo, junho 05, 2011

A recompensa de uma vida cristã

.


Lázaro e o homem rico
.

.João Cruzué

---------------------------------------------------------

Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu tornará,

indo-se como veio; e nada tomará do seu trabalho,

que possa levar na sua mão. (Ecle. 5;15)

---------------------------------------------------------


Vivemos inconscientemente como se fôssemos eternos, porque verdadeiramente há uma eternidade a ser vivida além da morte, porque nosso espírito é eterno e há no futuro dois lugares onde passaremos a eterinidade. Ao lado de Deus ou em uma prisão eterna junto com satanás e seus seguidores. Há uma eternidade sim, pois quase todas as religiões do mundo - senão todas - trata desta questão de forma a entender que há vida além da morte.

Cristo revelou prova disso no Evangelho no episódio acontecido no Monte da Transfiguração, para Pedro João e Tiago, em Lucas 9. Durante a transfiguração os três discípulos viram a Moisés e o profeta Elias juntos com o Senhor.

Na parábola do "Rico e do Lázaro", o rico acordou no Hades, um lugar de tormento. Lá ele ergueu os olhos e viu, lá bem longe, o ex-mendigo vivendo em um lugar de gozo, junto com Abraão - o pai dos judeus. Depois da morte houve uma inversão completa na vida dos dois. A riqueza foi sucedida pela miséria e tormento e uma vida de sofrimentos e miséria foi trocada por uma mansão de gozo e alegria.

Vejo quatro interpretações possíveis para este assunto.

1. É tudo história da carochinha; contos para boi dormir. Morreu, acabou.

2. Há uma verdade nisso. Só os santos vão direto para o paraíso. A maioria vai para um lugar intermediário - o Purgatório - para, em um processo lento e diferenciado de purificação, finalmente ter acesso ao Paraíso pela porta, cuja chave está na mão de São Pedro.

3. Há mesmo muitas evidências que indicam que há vida além da morte e que depois que a pessoa morre ela pode se re-educar e ter novas e sucessivas chances de se re-encarnar até que se ilumine e não precise mais voltar ao convívio terreno.

4. Há sim vida além da morte. O período da vida é um vestibular único, para ter acesso aos portões da Cidade Celestial. Lázaro estava lá. Abraão, Moisés e Elias também. No Livro de Apocalipse, escrito pelo apóstolo João, está escrito: Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira. Como todo processo de seleção, este Vestibular tem regras rígidas e uma grade de matérias que vão cair ao longo das provas. Posso dizer algumas delas: Perdão, Santidade, Compaixão, Bondade, Conhecimento das Escrituras Sagradas, Comunhão com Deus, Amor ao Próximo e Obediência à voz do Espírito Santo.

Todo dinheiro que uma pessoa ajuntar, não terá nenhum valor do outro lado da morte. A moeda da Cidade Celestial não será o ouro, nem a prata, nem o diamante, nem qualquer pedra preciosa. Isso há de sobra por lá.

À semelhança do que acontece nas finanças materiais, também a passagem de ida, o direito de morar nas Mansões Celestiais de João 14, é adquirido por ações e atitudes pessoais. Em Mateus capítulo 25 há algumas dicas que se traduzem por um nome atual: Solidariedade. A compaixão em ação. Procurar saber das necessidades dos que vivem em grande necessidade. A roupa para os nus, o pão para os famintos, a visita para os enfermos, a lembrança dos encarcerados. Em outros lugares da Bíblia fala do zelo pelas causas das viúvas e dos órfãos.

Não se trata aqui de apenas mandar outros fazerem. Há que se ter um sentimento e envolvimento pessoal, um coração preocupado como o bom samaritano da parábola. Um investimento em tempo e não apenas de dinheiro.

O que conta para a eternidade com Deus são as nossas atitudes de compaixão - compreender perfeitamente o sofrimento do próximo para sermos solidários - repartir o que temos para os que nada têm. E algo mais importante que isso: um coração perdoador. Não adianta dar tudo o que tiver para os pobres e guardar uma mágoa no coração. Diante de Deus, o perdoar é maior que o dar. A prova de que existe amor em nosso coração é sua natureza PERDOADORA.

Perdoar é difícil? É. Muito mais fácil é guardar as ofensas que perdoar e esquecê-las. Enquanto não aprendermos a perdoar, não podemos dizer que somos verdadeiros filhos de Deus. Deus perdoa, e se temos o mesmo Espírito - também PODEMOS perdoar. Quem nos ensinou a fazer isto foi o Senhor Jesus Cristo.

E a recompensa de tudo isso é que quando morrermos os anjos de Deus nos levarão até onde o Senhor Jesus está. E lá vamos conhecer os apóstolos e todos os santos profetas de Deus. Conversaremos com Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Rute, Ana, com príncipes e com reis. Andaremos na presença de Deus, caminhando em ruas de ouro e cristal.

No Céu de Jesus não haverá pranto, nem dor nem desigualdades sociais. Lá não haverá armas nem homens-bomba. Nem corrupção nem crianças abandonadas pelas ruas. Lá não haverá senadores corruptos nem padres pedófilos nem pastores avarentos, pois os hipócritas não passam no Vestibular da vida.

E quem vencer, receberá todas as recompensas prometidas nas Cartas de João às Igrejas da Ásia e andará na presença de Deus por toda a Eternidade.





.






sábado, junho 04, 2011

Uma contextualização da família do filho pródigo

..
João Cruzué

É muito curioso que os pregadores pouco abordem nos sermões o objeto da parábola do "Filho Pródigo", ficando apenas nos focos secundários que é o desvio seguido do infortúnio e depois do arrependimento do filho mais novo.

Quero neste início imaginar a Igreja no contexto atual com a família do "filho pródigo". Nesta parábola não está presente a figura materna, pois o Pai é Deus, o filho pródigo são os pecadores (meretrizes, publicanos, centuriões romanos) e o irmão mais velho, os religiosos judeus: levitas, sacerdotes, fariseus e saduceus.

A Igreja de hoje também se assemelha à família da parábola de Jesus, onde os pródigos continuam chegando.São pecadores, desviados e quebrantados de espírito que estão cansados de ser infelizes e de sofrer. Filhos que estão no fundo do poço, passando fome em meio aos porcos. Em situações como essas, de profundo desespero, eles se lembram e procuram por uma reconciliação com Deus, através da Igreja de Jesus Cristo.

Gente que está dizendo: Levantar-me-ei, e irei até meu Pai, e vou dizer: "Pai, pequei contra o ceu e contra ti. Já não sou mais digno de ser tratado como seu filho, trata-me apenas como um simples jornaleiro."

Mas nem sempre contexto atual o Pastor, o Bispo ou o Padre esteja na porta observando com um olhar atento os "pródigos" que voltam. A realidade que eles enfrentam em muitas Igrejas é bem diferente. Em lugar de boa acolhida, calorosa, sincera, eles percebem que não aconteceu nenhuma reação. Uma indiferença paquidérmica.

E por que isto está acontecendo?

Porque nos comportamos como os irmãos mais velhos do pródigo. Rabugentos, pouco compassivos, insensíveis e principalmente indiferentes às lágrimas de arrependimento de pródigo?Não me espanta nem um pouco, que com uma recepção dessas, a maioria dos pródigos volte para "cuidar dos porcos". Eu coloquei a concordância na primeira pessoa do plural mesmo, porque a Palavra de Deus trata comigo e depois com você. Se for feita uma análise mais profunda deste assunto, vamos chegar a outra conclusão mais espantosa: o grau de comunhão nas grandes congregações pentecostais de hoje é tão baixo, que é muito provável que ninguém saiba o que se passa com o próximo. Que nome se dá a uma organização, associação, grupo, que é totalmente indiferente ao que se passa com seus "contribuintes" - Igreja? ou será "igreja"?

A história do irmão mais velho, mostra que ele era ocupado demais com tantas coisas, como a rotina do trabalho, que não tinha tempo para estar com o Pai. Não tinha tempo para ouvi-lo, entendê-lo, nem de longe sabia o que ele pensava. Morava na mesma casa, ou bem próximo, mas estava ocupado demais para ter buscar a comunhão.

O irmão mais velho seguia direitinho todos os preceitos, fazia tudo certinho, com zelo e disciplina, e no entanto não havia um pingo de misericórdia em seu coração. Era frio. Um poço seco, vazio, próximo de uma fonte de águas correntes. Uma porta fechada, ao bater do Espírito. Faz-me lembrar a pergunta que Deus fez a Caim: Onde está Abel, teu irmão? A resposta foi como um coice de mula: Por ventura sou eu o guardador de meu irmã? O irmão não chegou a tanto, mas não mostrou nenhum prazer ao saber que caçula desaparacido há tanto tempo voltara. Ficou de fato irritado e aborrecido.

O irmão mais velho se tornou exatamente o que temos hoje: uma pessoa religiosa. E a religião o induziu ao erro de pensar que sua idiossincrasia era a mesma do Pai.

E não era!







.