segunda-feira, maio 09, 2011

O Centenário de Laodiceia

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"Eis que estou à porta, e bato."

Ruínas de Laodiceia, na Turquia

João Cruzué


Dou graças a Deus pelo privilégio de ter sido discípulo da terceira geração de pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus. Vim da Igreja Pentecostal Deus é Amor e há 36 anos tenho servido ao Senhor, congregando e cooperando na Assembleia. Durante este tempo vi coisas boas e ruins. Mas nada se compara com meu sentimento de decepção observando o que tem acontecido nos últimos cinco anos - às vésperas do Centenário.

Quando passei a congregar na Igreja Assembleia de Deus, era um jovem de 21 anos. Na casa de meus pais, zelosamente católicos, eu era, por assim dizer, a ovelha "negra", pois tinha me tornado crente em Jesus fazia pouco tempo. A marcação era cerrada. E o pároco cobrava de meus pais a responsabilidade de me ter deixado escapar. O testemunho da Igreja era bom, e o amor dos irmãos foi importante, não só para que ficasse firme, mas para que também trouxesse meus pais para Cristo.

Eu congreguei primeiro, na Igreja da cidade vizinha com meus tios. Era músico, tocava guitarra. Trabalhava a semana inteira no sítio; no sábado à tarde tomava banho, me vestia e seguia de ônibus por 18 km, até a casa do Tio Paulo. Ele era muito animado, tocava violão, tinha família grande. Não perdia uma Escola Dominical, pela manhã. No almoço, lembro-me das imensas alfaces. Ele me ensinava a música dos Hinos da Harpa Cristã. À noite voltávamos para o culto. Ele seguia para casa e eu pegava o ônibus de volta à casa dos pais lá pelas 23:00. Chegava na sítio de meus pais, à meia noite. E quase sempre, havia um prato de macarronada, delicioso, esperando por mim na geladeira. Minha irmã estava namorando e o jantar tinha um sabor ainda mais excelente.

Depois, por questões de distância e preocupação dos pais quanto à volta de domingo à noite, passei a congregar na cidade mais próxima, chamda Dom Cavati. . Alí também as escolas dominicais eram muito animadas. Anos 70s. Um coral excelente. Cantávamos nas cidades vizinhas - sentia-me amado na grande família assembleiana.

Voltei para São Paulo. Bairro de Santo Amaro. Ministério do Pr. Galdino. Ainda era guitarrista, banda muito boa. Chamava-se conjunto Melodia Celeste. Formação de duas guitarras, um baixo e bateria. Mesmo trabalhando no Centro, e fazendo Faculdade, ainda sobrava tempo para os ensaios de todos os grupos da Igreja e para a reunião de professores, liderada pelo Irmão Expedito. Sem participar da reunião - nada de lecionar na classe de jovens no domingo. Comecei a namorar. Domingo sim, domingo não, estava na Escola e na casa da Moça. Hoje minha esposa, 28 anos de casado.

A Assembleia que conheci, era preocupada com evangelização e missões. Os mais "velhos" discipulavam, na prática, os novos convertidos. A visita funcionava. A Escola Dominical funcionava. A oração era sincera e intensa. Os cultos, invariavelmente muito alegres, sem liturgia de missa. Repetitiva. Ainda não tinha aparecido a ditadura do "play back". O louvor, de primeira. Pastores ainda humildes e menos hipócritas. Politicagem, fora da Igreja. A reunião de jovens de Santo Amaro, uma vez por mês, tinha fama em toda Cidade. Apesar da "doutrina" de costumes rigidíssima, eu era feliz e sabia disso.

O tempo passou. A Igreja cresceu. E com ela também cresceram ainda mais os defeitos. A secularização. O púlpito culpando os membros peça absorção da cultura do "cosmos"e os membros descobrindo a hipocrisia dos pastores. O paradoxo entre os sermões e o testemunho. A primazia do cargo político e o poder de mandar na Igreja sobrepujando, e muito, o amor cristão e o desejo de buscar os perdidos para Cristo.

Vem aí no mês de junho/2011, o aniversário dos 100 anos da chegada dos missionários suecos Vingren e Berg à Belem do Pará. A denominação Assembleia de Deus, mesmo, vai completar 100 anos, apenas em 2018. Mas tudo bem. Temos motivo para comemorar? não! Comemorar o quê? A cizânia? Não! A falta de ética? Não! A lavagem de roupa suja na TV? Não! Não importa qual lado está pensando que esteja com a razão. Os dois estão errados

Sim os dois lados estão errados e há um altar fendido.

Não foi desse jeito de Berg e Vingren ensinaram. Não é desse jeito que A Igreja Evangélica Assembleia de Deus vai prosperar, porque um "reino" dividido não sobrevive. É por isso, que a cada 10 anos Deus tem levantado outros homens e outras Igrejas para pregar o Evangelho do Reino. Deus é Amor, Universal, Igreja Internacional da Graça, Igreja Mundial do Poder de Deus, e mais recentemente o trabalho do Pr. Silas Malafaia.

Não há o que comemorar. O que está faltando? Tudo! pois o amor fraterno, e intenso como o Pai do pródigo - SUMIU! A Igreja Assembleia de Deus, com raras e honrosas exceções, se tornou um púlpito de irmãos mais velhos, rabugentos e secos.

Laodiceia era uma Igreja pobre, e ficou rica. Era amorosa, e ficou indiferente. Era ética, e aceitou mistura. Amava missões, e hoje prefere fazer PUBLICIDADE de missões. Ao ponto de Jesus ficar do lado de fora, batendo na porta, para que alguém ouvisse a sua voz e abrisse a porta.

Qualquer semelhança com a Assembleia de Deus dos dias atuais, NÃO é mera coincidência.

Não sou o dono da verdade, nem autoridade alguma para que ouçam a minha voz, Mas esta é a minha opinião diante do centenário da "Laodiceia." Gostem ou não não tenho o que comemorar. Estou decepcionado e envergonhado com o que fizeram com esta IGREJA.




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APOCALIPSE 3-14/22


E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve:

Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca.

Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas.

Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.

Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.




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Disse Jesus: Não Julgueis

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"Não julgueis, para que não sejais julgados."
(Mateus 7.1)
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Michael Diego Machado Caceres

Blog Shema

Certa noite, quando acabei de pregar, me surpreendi ao ouvir do jovem senhor, que tinha em média seus 30 anos – que sempre mantinha a cabeça abaixada e que jamais tirava os olhos da Bíblia, – agora de pé diante de mim, me fazendo um pedido que eu nunca pensei que ouviria. “Me perdoe por ter te julgado?”.

– Por ter me julgado? – perguntei repassando rapidamente os eventos dos últimos dias para avaliar se me dissera alguma coisa, ou um olhar atravessado, ou até um comentário de sua parte. Mas não consegui pensar em nada que justificasse o seu pedido. Na verdade durante os últimos dias ele se comportara de maneira perfeitamente decente, e seu testemunho era de um bom obreiro e não consegui lembrar alguma confusão. Não havia nada, nada que o acusasse, nada que me fizesse entender o seu pedido.

Eu era ministro de louvor e jovem obreiro.

Não tenho dificuldade de me relacionar, mas sou reservado, do tipo que nunca irá bater em sua porta para pedir um pouco de açúcar. Não vou te convidar para tomar um chimarrão e contar da minha vida. Nunca vou mostrar o projeto da minha casa, ou contar como pretendo construí-la. Mas também não sou um mau anfitrião. Sei sorrir, pois aprendi que a alegria embeleza o rosto (Provérbios 15.13).


– Por quê? – perguntei – Não me lembro do senhor ter me julgado! – declarei hesitante.

Realmente não sei o motivo que alguém teria de me julgar. E até então pensava que só deveria pedir perdão aqueles que fizeram algo contra mim – não tenho uma lista de inimigos públicos – talvez por isso a surpresa.

– Te julguei – disse o homem – tive um mau pensamento a seu respeito. Pensei que não tinha compromisso algum com Deus, que só queria aparecer.

Então entendi que julgar é imaginar, formar juízo contra uma pessoa, supor que essa pessoa seja ou esteja assim ou “assado”, opinar sobre a conduta de alguém.

Talvez eu já tivesse sido julgado anteriormente. Com certeza já fui. Mas nunca alguém me pediu perdão. Olhares atravessados, sussurros de condenação e conversas paralelas de desapontamento. Isso já havia acontecido comigo. Mas me pedir perdão. O homem branco, da minha altura e com um olhar profundo e penetrante, no qual eu respeitava. Estava me dizendo: “Me perdoe te julguei”. “Tive um pensamento a seu respeito, mas você me provou o contrário”.

A ordem de Jesus, “não julgueis”, visa repreender aqueles que julgam e depreciam alguém. É especificamente contra a hipocrisia, a falsidade, é um chamado para discernir nossos erros.








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