sábado, setembro 19, 2009

Deus deseja ser importunado

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" Lázaro, vem para fora!"
João Cruzué

Nossas necessidades cotidianas têm graus de atenção diferenciados. Dores diferentes. Lágrimas diferentes. Quebrantamentos diferentes. Vivendo em um mundo movido por consumismo e pressa somos inclinados a pedir apenas uma vez. Chorar apenas uma vez. Bem vindos à era do homus virtualis onde se vive cada vez mais solitário na grande aldeia virtual e global em que se tornou o mundo.

Um paradoxo. Podemos nos comunicar com o mundo pela via digital. Basta saber escrever em inglês, usar um teclado do computador para ter acesso a milhões, digo, bilhões de pessoas. Entretanto, enquanto as pontas de nossos dedos correm velozes sobre o teclado conhecendo e fazer amigos por Orkut, Twitter ou Facebook, parece que mais sozinhos ficamos isolados diante da tela fria de um monitor. Um monitor que funciona como uma parede, com olhos mas sem coração.

Muitos estão sozinhos em meio à multidão. Mudos.

O pão nosso de cada dia é variado. Saúde, aceitação, estudos, moradia, condução, segurança, vestuário, conforto, família, dinheiro, trabalho, emprego, futuro, enfim. Eu fico analisando. Vejo as pessoas apressadas pelas ruas e escadas do Metrô de São Paulo. O tempo passa depressa e a maioria das pessoas está correndo; querem voar; se pudesse se teletransportar. No entanto continuamos sendo os mesmos seres humanos desde o princípio. Carentes e dependentes.

Nós cristãos, uns mais outros menos, costumamos resolver nossos problemas em busca do pão cotidiano através da oração. Na verdade, também já nos acostumamos a pedir uma vez e depois nos calarmos. Mas não é assim que a palavra REAL de Jesus Cristo ensinou.

Se quisermos respostas e bênçãos para nossas necessidades o caminho, o meio, ainda não mudou. Temos que procurar. Buscar. Bater na porta de Deus. Insistir. A insistência, a inconveniência, a importunação, ainda são (foram) e serão os meios para se chegar diante do Trono da Graça de Deus.

E como é difícil se ajoelhar hoje, sozinhos diante de Deus, e iniciar uma oração. E há orações e orações. Repetecos frios e diálogos. Se quisermos mesmo vencer o mundo e andar sob a boa mão de Deus não há outra maneira: temos que manter um diálogo aberto com Deus até termos a intimidade necessária para chamá-lo de paizinho (aba pai).

Eu costumo escrever demais. Vou ficar por aqui. Até que ponto você vem insistindo com Deus? Apresente ao Senhor, em diálogo íntimo, seu rol de necessidades. Carências, ansiedades, medos, solidão. Ele, o nosso Cristo, fez uma promessa: Aquele que procura, acha; aquele que pede, recebe. E o que bate na porta, um dia vai achá-la aberta. Houve uma que se abriu para mim, depois de 11 anos. Conheci uma pessoa que esperou por mais de 40 anos. Eu tenho certeza que o Senhor também vai abri a porta que você precisa.

Não é hora para se emudecer, calar, mas de insistir. Até importunar.


cruzue@gmail.com


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sexta-feira, setembro 18, 2009

Orando em outras línguas

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aos 52 anos.

João Cruzué

Eu nasci à beira do Ribeirão do Carmo, que vem de Mariana.
Minha mãe, uma jovem professora, deixou a vida da cidade
quando se casou com um matuto mineiro.
Agricultor
honesto, íntegro e muito trabalhador.
Ela tinha útero infantil e não podia ter filhos,
Seu grande sonho. Depois de muitos esforços,
Quatro anos depois eu cheguei com 4,200kg.
Fui embalado em muitos colos
E seguro por muitas mãos. Tive dois avôs de nome Sebastião.
Os conhecidos diziam que eu iria ser padre - o padre João.

Minha infância foi de estudos, guiado e empurrado por minha mãe.
Li com seis. Fui para a escola com sete, direto na segundo série.
Pais muito católicos. Aprendi bem cedo o "Creio-em-Deus-Pai",
a "Salve-Rainha" e a rezar o terço.
Aos três anos detestava injeção, mas ganhava muitas balas
Porque recitava o "Pai-Nosso", sem errar, pelos balcões das vendas.

Perto dos 10 anos já conhecia os crentes.
E sabia na ponta da língua as provocações:
"Aleluia! Feijão no prato e arroz na cuia.
E uma outra... que não posso dizer aqui.
Quando me convidaram ao primeiro batizado deles,
Antes da cerimônia, ajudei a molecada a batizar os cachorros
Atirando-os no rio, diante da paciência e mais paciência dos futuros irmãos.
Mas eu ainda não tinha ouvido falar
Que os crentes, quando oravam, falavam em outras línguas.

Aos 18 vim para a grande Metrópole. São Paulo.
Como fazia todos os jovens do Vale do Rio Doce.
Meu tio Paulo já estava lá. Tinha mudado para a "Lei dos Crentes"
E quando aparecia lá em casa era uma "festa".
Nossa diversão era provocá-lo até vê-lo perder a paciência.
Um dia, ele e Tia Glória me fizeram um convite: Vamos na Igreja,
para você ver os crentes falando em outras línguas.

Eu fui ao culto. Ouvi as línguas estranhas.
Não critiquei. Achei bonito. Aceitei Jesus.
Mas não sabia o que estava fazendo ali.
Só um ano depois entendi e me firmei com Cristo.
Consciente, batizei-me em 18 de maio de 1975.
Isso foi motivo de grande tristeza para a família.

Dois meses depois, o Espírito Santo
Também me selou com a promessa de Jesus Cristo.
Foi no Bairro do Tucuruvi. Numa madrugada muito fria,
Que recebi o dom do Pentecostes.
E também aprendi a orar em línguas do céu.

Diz a Bíblia que quem ora em línguas ora bem.
Deve ser mesmo verdade.
Cerca de 13 anos depois vi minha mãe e meu pai: Crentes!



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