segunda-feira, agosto 31, 2009

Como lidar com a insatisfação dentro de uma Igreja evangélica

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Olhar
O corvo e a águia
João Cruzué

Quem é que ainda não reclamou ou comentou sobre alguma coisa dentro da sua Igreja, principalmente, nos dias atuais em que há muitas novidades e mais liberdade de costumes? A insatisfação é como uma moeda de duas faces. Se você não tomar cuidado, pode entrar por um caminho perigoso e perder a alegria da sua salvação.

É muito comum voltar da Igreja para casa, hoje, com um "cesto" de assuntos não muito cristãos, para dizer o mínimo. Boa parte dos crentes não está indo à casa de Deus para adorar, senão para observar e colher as (más)novidades. Conscientemente ou não.

Quando saímos da posição de adoradores para "observadores" as coisas se complicam. Primeiro isso não agrada a Deus. Seria como uma oferta defeituosa. Acho mesmo que nem oferta seria. Veio à mente uma imagem: mãos vazias. Depois cultuar de mãos vazias, parafraseando a Bíblia, seria como enterrar o único talento. Talento enterrado. Adoração negativa. Sem pensar nisso você estaria ofendendo a Deus indo ao culto sem nada para oferecer; entristecendo o Espírito Santo.

Uma atitude crítica com respeito à vida dos outros. Do pregador, do pastor, da mocidade, das senhoras, das crianças. Do estacionamento, do banco pouco confortável, do secretário, do irmão das conversas paralelas durante o culto. Um arsenal completo não da armadura do cristão, mas do crítico anticristão. Quem se age desta maneira dificilmente vai perceber que se comporta assim.

É por isso que muitos de nós não têm mais prazer de ir ao culto. Não ouve mais a voz de Deus nada dentro da Igreja. Já entristeceu tanto o Espírito Santo, que não recebe mais nada. E não recebe nada por que não veio oferecer nada. Outra imagem de pregações antigas: um vaso de boca para baixo.

Antes de mudar de Igreja, seria muito bom fazer uma pequena anamnésia. Por que eu estou insatisfeito com minha Igreja? Tenho sido um adorador ou um crítico? Minha vida é um sacrifício vivo de adoração a Deus ou só penso em adorar quando vou ao culto? Como estou diante de Deus? Carrego de volta para casa depois do culto tudo o vi de ruim ou ocupo meu tempo comentando como foi bom o culto? Dependendo da resposta, mesmo que mude de Igreja sua insatisfação vai segui-lo/a. E aí?

Eu não creio que seja fácil mudar um comportamento crítico enraizado. Eu me humilharia diante de Deus e evitaria conversar sobre assuntos da Igreja DIUTURNAMENTE com pessoas com o mesmo defeito. Hoje, com tanta liberdade, e tantas Igrejas, e tantos pastores, uma doutrina mais ortodoxa afasta pessoas. Muitas coisas são relevadas e não há, talvez, uma preocupação em ensinar e repisar este assunto. Outra imagem volta a minha mente: a oferta de Abel e a oferta de Caim.

Caim caiu da graça e chegou ao ponto de matar seu irmão por um problema acontecido na adoração. Não sei que tipo de oferta os dois levaram. Mas um deles pensou que eliminando o irmão iria resolver o problema da oferta. E o problema não estava o irmão, mas na forma de cultuar de Caim.

E assim, por causa da insatisfação você pode fazer muitas coisas. Acho que entre todas elas apenas é a melhor. Resolva este problema em oração com o Senhor Jesus. Converse com Ele. Chore na presença Dele. Desabafe suas mágoas e mesquinharias com Ele. Se você fizer assim vai resolver a raiz de muitos males. Se você é cristão e anda insatisfeito com tudo, principalmente com a sua Igreja, tome cuidado. Os santos da sua Igreja são mesmo pessoas com um variado leque de defeitos. A palavra de Deus pode limpá-los, deletá-los. Pedro perguntou: Senhor, até quantas vezes devo perdoar meu irmão - sete vezes? Ao que Jesus respondeu: Não apemas sete vezes, mas 70 x 7 - 490 vezes - por dia!

A falta de perdão é como a louça suja que vai acumulando na pia, dia após dia. Da mesma forma que produz uma insatisfação insuportável chegar em casa e verificar que tem louça por lavar há mais uma semana, um coração que tenha o mau hábito de guardar e comentar tudo o que de ruim se passa na Casa de Deus vai acabar mesmo muito insatisfeito, vazio do Espírito. Um vaso sujo, que precisa ser limpo pelo melhor bombril que existe: o perdão do Senhor Jesus Cristo.

Não dê "mole" para a insatisfação. As vítimas podem ser você e sua família.



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sábado, agosto 29, 2009

Da Ponte do Eusébio até a Praça da República de Caetano

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São Paulo - Ponte Eusébio Matoso (C)
João Cruzué
.João cruzué
Com certeza eu não estou fora do juízo. Apenas fiz umas loucuras na semana passada. Quarta, quinta e sexta-feira eu "apenas" fui a pé da Ponte Euzébio Matoso até a Praça da República do antigo Colégio Caetano de Campos. São sete quilômetros e 80 minutos de boa caminhada.

Se estivesse vivo, Eusébio Barbosa de Queirós Matoso, faria no próximo 10 de setembro 112 anos. Ele nasceu em 1897 na cidade de Macaé e faleceu em 1940. Advogado, formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Não exerceu a profissão. Trabalhou no antigo COMIND - Banco do Comércio e Indústria do Estado de São Paulo, e entre outras empresas também trabalhou na Cia Melhoramentos.

Como empresário foi um dos responsáveis pela abertura da Avenida Rebouças, ligando os baixios do Rio Pinheiros até o espigão da Paulista e Consolação. Foi um dos mentores da transferência do hipódromo da Mooca para a Cidade Jardim e da construção do Autódromo de Interlagos. Assim está escrito na Wikipedia.

No incício da semana passada eu comecei a pensar. E se eu descesse na Estação Hebraica-Rebouças e fosse a pé até a Praça da República? Na verdade eu estou mesmo precisando de melhorar minhas caminhadas. A manhã de quarta-feira prometia. Estava "só" 13º. Frio para nenhum mineiro botar defeito.

Quando me vi, está descendo do trem. Tênis no pé e os sapatos na mão. Eu quase desanimei. Sabia que ia inalar uns tantos quilos de pura fumaça de escapamento de ônibus, carros e motos. Eu estava disposto a caminhar e medir in loco, a distância da Ponte do Eusébio até a República do Colégio Caetano de Campos.

Foram 10 minutos da estação até o cruzamento com a Faria Lima. Meia hora até a Avenida Brasil ou Henrique Schaumann. No trecho da subida entre a Avenida Brasil e o Hospital das Clínicas encontrei com uma vovó que descia de agasalho "pega-frango", de tênis já em plena guerra. Eu sorri e acenei com a mão e ela me deu Bom Dia!

Quarenta minutos até o alto do morro da Paulista. Descobri depois que são quatro quilômetros. Os 13 graus simplesmente sumiram. Eu já estava suado, beirando nos 40. Desci a Consolação até a Maria Antônia - Rua dos valorosos presbiterianos do Instituto Mackenzie. Dali até a praça da República foi um pulo. Embora a descida seja mais fácil, gastei os mesmos 40 minutos da subida.

No bolso um aparelhinho de Mp4. Nos ouvidos a mais pura música gospel. De Elvis a Diante do Trono. De Yolanda Adams a Leeland, passando por Petra, SonicFlood, Lee Willians, Trinitee 45, Johann Strauss II, Andrea Bocelli, Pavarotti e André Valadão. Uma coleção de 155 músicas bem sortidas.

Encorajado, cheguei ao serviço contando vantagem. Troquei o par de tênis pelos sapatos. E tome trabalho. Se o tempo continuasse frio, eu me aventuraria de novo.

E foi o que aconteceu.

Acordei na quinta mais cedo e mais disposto.

Desta vez encontrei a maior muvuca em frente ao antigo Shopping Eldorado. Acidente de trânsito. Um Ford Ka semi-destruído e mais à frente uma perua Toyota virada ocupando toda calçada de "barriga" para a Avenida. Um poste e uma árvore arrebentados. Um senhor congestionamento em toda Zona Oeste.

O Local foi tomado por uma multidão de curiosos e guardas. Como  tinha pressa, coloquei sebo nas canelas. No alto da Paulista tomei outro caminho para evitar a fumaça. Desci a Angélica. Dobrei na Jaguaribe, para não ir à Barra Funda em lugar da Praça da República. Diminui o tempo em um minuto. Gastei 79 minutos. Um tempão. Nem uma dorzinha sequer. Até a dor na coxa da semana anterior sumira.

Vaidoso, acordei ainda mais cedo na sexta, para fechar a semana com chave de ouro!

Agora eu já procurava por uma rota menos poluída. Dobrei à direita depois do Shopping Eldorado. Curioso, a Rua tinha nome de "Rebouças". Uma paralela a 50 metros da Avenida Rebouças. Põe surpresa nisso. Pouquíssimos carros. Homens da prefeitura trabalhando. Não dava para acreditar: Pássaros cantando. Eu quase tropecei num sabiá cica. Claro que é exagero, mas ele só voou quando eu estava muito, muito perto. A Rua termina exatamente no Farol da Faria Lima com a Rebouças. É tão larga a travessia do farol que você caminha na primeira faixa e tem que correr na segunda!

Mas não havia somente coisas alegres.

No comecinho da Rebouças, à esquerda de quem sobe tem uma senhora morando na calçada. Nos três dias de caminhada, ela estava sempre lá. Sua mobília era uma mala comum, velha. Em um dos dias havia um carrinho de supermercado com umas coisinhas dentro. É um cantinho sombreado com alguns arbustos de jardim dos prédios do outro lado do muro. Não tinha paredes nem teto nem quartos. Era mais um cantinho debaixo do céu que serve de lar para uma senhora com seus 40, 50 anos. Nas árvores deste lugar, todos os dias que passei tinha um pássaro de canto nobre. Lembrei-me da minha mãe. Ela dizia que no seu tempo de menina apelidou aquele pássaro de canto inconfundível de "coletoria".

De volta à sexta-feira, comecei a caminhada ainda mais cedo. Em vez de subir a Rebouças, dobrei à esquerda e subi a Pinheiros. Quebrei de novo à esquerda para subir a Artur Azevedo até o fim. Tive que dobrar novamente e subir a Teodoro Sampaio até a Dr. Arnaldo. Aí, eu já tinha perdido muito tempo.

Mas tempo eu tinha de sobra. Voltei em direção à Paulista passando pela calçada do Cemitério. Já próximo daquela enorme antena de TV não conseguia achar a Angélica. "He he he".

Achei!

Desci, voltei à Consolação pela Maceió, Desci até a Dr. Cesário Mota, parei na padaria do chinês (ou será que é japonês?) e cheguei são e vivo no trabalho. Desta vez o tempo foi bem maior, apesar de não estar andando com a sacola de sapatos na mão. Foram 15 minutos a mais pelas quebradas à esquerda para evitar a fumaça dos carros.

Três dias corridos de caminhada da Ponte do Eusébio a Praça da República do Caetano. A estar altura você já perguntou:E quem é este tal Caetano?

Colégio Caetano de Campos - Sede da Secretaria Estadual de Educação - SP

Recorte:

"Prudente de Moraes, auxiliado pelo grande educador Caetano de Campos, assim que as uniu, o governo de São Paulo decretou a construção do edifício da Escola Normal. Aos 13 de outubro de 1890, Prudente de Moraes autorizava a construção e quatro dias depois, aos 17 de outubro de 1890, era lançada a pedra fundamental do espaçoso terreno do antigo Largo dos Curros depois da Palha, hoje Praça da República. Caetano de Campos não chegou a ver concretizado seus anseios, pois a morte o surpreendera em 1891, antes que visse construído o novo edifício, inaugurado dois anos depois de sua morte.

A solenidade da inauguração do edifício deu-se às 13 horas do dia dois de agosto de 1894, num brilhante certame a que compareceram o Presidente do Estado, Bernardino de Campos e Cesário Mota, seu secretário. Discursaram: Bernardino de Campos, Cesário Mota, Gabriel Prestes, diretor da escola José Feliciano, catedrático. Dando por encerrada a solenidade, Cesário Mota declarava que as flores recebidas dos alunos da escola Modelo seriam depositadas no túmulo de Caetano de Campos - fundador daquela instituição." Mais em www Caetano de Campos.

Como já falei bastante, quero dizer que, com tempo frio, é muito bom sair mais cedo e caminhar um pouco. Fala-se tanto em melhorar o trânsito em São Paulo, mas esta cidade já tem carros em demasia. É tanta fumaça que praticar uma caminhada aqui pode ser considerado mesmo uma loucura. Afora isso, Eu gostei. Se o tempo continuar frio vou continuar com minhas caminhadas. Quem sabe agora subindo pela Alameda Gabriel Monteiro da Silva? Vamos descobrir São Paulo a pé?

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