sexta-feira, agosto 21, 2009

Mãos de Marta e coração de Maria

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Maria, Marta e Jesus.
João Cruzué

Ontem, quando
desci à sala para orar, um pensamento veio e eu pedi ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia antes da oração, pude perceber que Deus falou. E como sempre gosto de fazer, vim até aqui para compartilhar. Pela primeira vez percebi um há um elo entre os fatos passados na casa de Marta e Maria e a parábola do Bom Samaritano.

-Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Há dias em que temos mais necessidades de orar que outros, e esta semana em especial, tem sido bem difícil, pois são vários os motivos para bater, buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" está fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também colega de ministério, jaz em um leito de UTI, há três meses. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas. Isso ainda não é tudo. Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, está há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido. Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa. E já se passaram mais de 12 anos. Como pode notar, eu não conseguiria mesmo estar com a minha alma tranquila diante destas coisas tristes.

Ao abrir a Bíblia pude ler a página inteira do final do capítulo 10 de Lucas. Primeiro o texto de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que ontem se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era o serviço: anda para lá, anda para cá; imagino: arranjando lenha, assoprando brasas do fogo, limpando as panelas, assando um pão, talvez depenando alguma ave, ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passava depressa. A noite chegando. E nada da ajuda de Maria.

Maria esquecera-se completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo o falar do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria esquecera-se de tudo porque ouvia, e ouvia, e queria mais ouvir as palavras do Senhor. Marta receosa de não dar conta do trabalho deu ordens ao Mestre: Senhor, não te importa que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.

Comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo. Qualquer um pode comunicar-se, dizer bom dia, boa tarde, reportar o tempo; alguns podem orar acompanhados por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos os assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido. Por exemplo: tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova já tem namorado. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela", como se diz em nossa cultura. Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer "eu te amo".

Ano de 2008, século XXI - aqui estamos nós. Afadigados, preocupados, sem tempo, como diligentes Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um subindo-e-descendo, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para comunhão com o Senhor. Não somos mais como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos muito mais eficientes e a Igreja, o órgão ou departamento que cuidamos vai decuplicar de tamanho. Aí começamos a fazer besteiras, pois não conseguimos mais orientações com Deus.

A conseqüência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram-no, deixando-o quase morto. E ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote, que vendo-o, passou ao largo. Eis que de igual modo, também passava um levita, que também o viu e passou ao largo.

Quem são o sacerdote e o Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de comunhão. Eles são como as mãos de Marta.

"Mas um samaritano que ia de viagem aproximou-se do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante. "E aproximando-se, atou-lhe as feridas aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendou-lhe: Cuida dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar". Aqui o temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria.

Os três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres eram mais importante e tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito que fala. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão.

E foi assim que entendi antes de começar minha oração, que não importa quão engajados nós estejamos em grandiosos projetos aos olhos alheios ou dos nossos próprios, há uma grande multidão muda, surda e em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade as coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, necessários para ouvir a Sua voz e fazer a sua vontade, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

Primeiro a comunhão, depois o serviço. Para que ele seja abençoado.

cruzue@gmail.com

Se você gostou, leia mais em Mensagens de João Cruzué

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quinta-feira, agosto 20, 2009

Blogbooks - Alerta à Blogosfera Evangélica


(Esclarecimento da Blogbooks lá embaixo)


POR QUE EU "TÔ" FORA.
João Cruzué
Recorte do regulamento

"26. Os participantes concordam em autorizar, por tempo indeterminado, o uso, pela SINGULAR ou por empresas coligadas, de suas imagens, som de voz e nomes em filmes, vídeos, fotos, anúncios em jornais e revistas para divulgação da Eleição ao “1º PRÊMIO BLOGBOOKS”, sem nenhum ônus para a SINGULAR.

29. Os blogueiros-autores-participantes vencedores de cada categoria, desde já, cedem à SINGULAR, pelo prazo de 5 anos a contar da data de divulgação do resultado do concurso, os direitos autorais patrimoniais de publicação dos respectivos blogs, permitindo suas reproduções parcial e/ou integral e edições, desde que aprovado pelo mesmo e mediante o pagamento royalties de 10% referentes ao valor do preço da capa do livro vendido pela SINGULAR."


Comentando:
I - Os deveres são desproporcionais aos direitos. Aliás, em troca de um selo você concorda em autorizar TUDO seu para veiculação em jornais, revistas, filmes, vídeos. E se eles forem contra nossos princípios cristãos?

II - Não concordo em ceder, por cinco anos, direitos autoriais e patrimoniais de publicação de meus Blogs. É um contrato padrão. Que me obriga a entregar o ouro... para quem eu nunca vi na vida. Que pode ser cristão, ateu, desconhecido. Não vou trocar anos de trabalho por um selo ou um eventual prêmio. É ruim hein?

Todavia, cada um é livre para interpretar o contrato e participar do concurso como quiser.

Fonte: regulamento



COMUNICADO DA BLOGBOOKS

http://www.blogbooks.com.br/comunicado.pdf

"Gostaríamos de esclarecer algumas pendências que estão incomodando alguns participantes. Sempre optamos por uma comunicação clara e direta, de maneira que nada fique sem ser respondido.

Os blogs convidados a participar do concurso passaram por uma seleção realizada pela própria equipe do Blogbooks. Os critérios utilizados foram o de relevância e adaptabilidade editorial, como já divulgado anteriormente no release e no regulamento do prêmio. Os participantes foram distribuídos em categorias escolhidas pela equipe organizadora e divulgada a todos quando o site entrou no ar no dia 18 de agosto de 2009. Qualquer discordância sobre o lugar do blog na categoria foi analisada e a equipe tomou as decisões que julgou mais adequadas.

Sobre os parágrafos 26 e 29 do regulamento do Blogbooks, já encaminhamos um e-mail para os participantes, esclarecendo que o prazo da cessão de direitos previsto é uma praxe do mercado editorial. O mesmo tratamento que oferecemos aos autores como Paulo Coelho, Laurentino Gomes, Flávio Moreira da Costa e Millôr Fernandes será dado aos participantes. Para ficar claro a todos: o blogueiro não tem nenhum tipo de vínculo com a organização e SÓ o terá se estiver de acordo com todos os termos colocados. Somente após o encerramento das votações o vencedor terá reuniões com a equipe e juntos será elaborado um contrato de cessão de direitos autorais, onde serão determinados tempo de contrato, formato de comercialização e royalties. Sendo assim, nada está sendo feito sem a aprovação prévia dos responsáveis pelos blogs. Nenhum conteúdo dos blogs envolvidos está sendo cedido a Editora.

Gostaríamos de esclarecer ainda que o regulamento denota apenas as regras do concurso e não um contrato. Os itens nº26 e 29 foram alterados, pois eles não condiziam com os objetivos e intenções deste prêmio. O prêmio pretende apenas proporcionar uma excelente oportunidade para aqueles que querem transformar seu blog em livro. Boa sorte na votação."

Atenciosamente,
Equipe Blogbooks
Meu blog virou livro
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Segundo comentário: Devido á demora no esclarecimento, desisti da participação, embora convidado. Estava confuso e desfavorável ao blogueiro. (João Cruzué) SP.24.08.2009

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