Por Fernando Chongo
De 12 a 15 de Julho 2008, centenas de crentes da Igreja Presbiteriana de Moçambique (IPM) afluíram à Paróquia de Mazengane, a partir de diversos cantos de Moçambique. Como é de praxe, a segunda semana deste mês é reservada ao Sínodo ordinário, ao qual participam aproximadamente 500 delegados para juntos pensarem sobre a sociedade numa perspectiva religiosa. Desta vez, foram realizados debates fervorosos, cujo pano de fundo era encontrar a maneira de levar a Igreja a conseguir responder aos seus desafios, tendo em conta o contexto em que o país se encontra, particularmente na globalização.
Dr. Bento Sitoe, Dra. Ana Coana, Dr. Felikisi Mukaxe, Dr. Arlindo Chongo e muitos outros bastante humildes, inspiraram a juventude pelas suas contribuições. O revendo- maestro Valente Tseco abrilhantou o evento com a sua sinfonia. “Deus pela tua graça transforme o mundo” foi o tema da prece de pedido de inspiração. Reverendo Tsawane, presidente do Sínodo da África do Sul, foi um dos convidados para o evento. No dia do encerramento, tivemos a honra de passar o culto com sua Excia o governador da província de Gaza, Djalma Lourenço, que pregou, após ter sido ordenado pastor pelo reverendo Jonas Ngomane, presidente do Sínodo. Djalma Lourenço mostrou naquele dia que não somente os religiosos devem estar a par de assuntos políticos, mas os políticos também deviam ser religiosos. O chefe falou do Rei Salomão para mostrar que a Bíblia constitui uma das fontes de sabedoria.
O que me leva a escrevinhar esta carta é mais do que querer narrar os grandes acontecimentos do Sínodo de 2007. Tal como todos os participantes, anseio que todas as intenções sejam transformadas em acções, como diria o Reverendo Matsolo, meu professor de Evangelismo no Seminário Unido de Ricatla. Se queremos que a IPM seja una e indivisível, pratiquemos seriamente a união e a indivisibilidade. Se queremos ter recursos humanos qualificados, planifiquemos e incentivemos continuamente a formação. Em qualquer que seja o grupo, há sempre conflitos. Ora, se nós queremos que os nossos sejam construtivos, transformemo-los em conflitos construtivos. Com estas práticas estaremos servindo praticamente a Igreja e não só. A sociedade em geral beneficiar-se-á com as belas acções desta instituição, a qual tanto fez como contributo para a independência nacional, bem como para o Acordo Geral de Paz.
O Departamento de Projectos devia ser extensivo a todas as paróquias, tal como acontece com o das Finanças. Isso permitiria melhor planificação, execução e controlo da produtividade dos projectos locais. A Igreja não pode pensar em desenvolver através do dízimo, o qual provém de uma maioria de crentes absolutamente pobres. Tal desenvolvimento seria opressor. Ao passo que projectos de rendimento contariam com a concessão de emprego e a consequente contribuição na luta contra a pobreza absoluta. Por este motivo, este deve ser o fulcro da acção social da Igreja Presbiteriana de Moçambique paralelamente ao Departamento de Evangelização.
Para terminar, tenho a dizer que a minha carta, no lugar de trazer desavenças, seja bem interpretada para que contribua para a esperada IPM unida, espiritual e economicamente forte, a partir das paróquias até à administração central e vice-versa.
Quem somos nós? Pecadores. Partamos deste princípio para descobrirmos quão gracioso Deus é. Assim, também compreenderemos que agir bem para a manutenção da difusão da Palavra de Deus é precisamente ser o fruto da Graça Divina. Queridos irmãos em Cristo, transformemos as boas intenções deliberadas no Sínodo em boas acções. O grande desafio a todos, leigos e pastores, é que cada um lute consigo mesmo e liberte-se de modo a conseguir perdoar. Transformar a Igreja e transformar grandes inimigos em grandes amigos e gerir tal amizade. Perdoar mesmo sem ter sido pedido perdão e largar a pobreza e abraçar a riqueza, e abandonar o mal e seguir o bem; é dar uma nova forma a Igreja. Pela graça de Deus façamos milagres... transformemos a Igreja. Um grande abraço a todos ... Que Deus nos encha de alegria, de paz, de esperança e de Espírito Santo, tudo isso demonstrado pela coragem e prazer de perdoar ao próximo, mesmo sem este próximo ter pedido perdão. Avante irmãos na transformação da nossa Igreja...
Fonte: Jornal de Notícias
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