Missão Suíça: “património histórico nacional”
Marcos Macamo
Permita-me V. Excia suspirar em jeito destas linhas na pagina do jornal de que vós sois digno de o dirigir. Missionários suíços têm sido o cartaz no meio dos círculos académicos e não só, isto nos últimos tempos da nossa história. Este facto deve-se, na minha óptica, ao mérito que a eles se deve, mercê do empenho, labor e abnegação que demonstraram ao longo dos anos que “cultivaram” na machamba da vida dos moçambicanos.
Assim, a Missão Suíça não só cultivou, mas desbravou plantou e colheu. Plantou o saber que liberta e que salva o Homem de todo tipo de escravidão: quer do Diabo ou de si mesmo. A própria Missão Suíça chegou e implantou-se. Germinou e fortificou-se. Em momentos de abalo, era cada vez mais forte e inspirava-se na verdadeira reforma. Foram homens e mulheres prontos a morrer para salvar os outros. Só que essa salvação não se limitava apenas a abrir o caminho para o céu nas nuvens, mas também na terra.
A missão preparou-se e prontificou-se. Traçou o plano global que tange todas vertentes humanas. Reuniu os Homens com as mais variadas capacidades de enfrentar o mundo e enviou-os. Criaram pequenas vilas semelhantes as da Suíça, onde não faltou um pequeno hospital, oficina, escola, internatos, cemitérios (Lhanguene) e por aí em diante. Escolheram as belas colinas e lá se instalaram. Não se importavam de estar nas zonas do interior, sempre à busca do africano. Não me interessa o quão o possam ter admoestado ou atormentado, mas interessa, sim, o produto final deste desafio protestante suíço.
A Missão Suíça aproximou-se dos chefes locais e até de Ngungunhana e certamente tinham uma missão para com aquele rei. Secretamente desenharam um plano de libertação total do Homem africano, com a finalidade de este se projectar no mundo. Criaram bases sólidas para que um povo se pudesse conduzir num futuro distante. Aprumaram o moçambicano em todos os sentidos, mostrando-o a maneira da utilização do livro. Assim colocavam nas mentes de seus obreiros um alto sentido de crítica e autocrítica, estima e auto-estima.
Nunca aceitaram que um evangelista, professor ou pastor seu fosse um ignorante em relação ao mundo que o rodeava. Convidaram outras missões a formar uma Frente Unida “versus” uma única Missão de Cristo em Moçambique “versus” Conselho Cristão ligando ao Conselho mundial das Igrejas. Acompanhavam atentamente os desenvolvimentos do Mundo e procuraram encaixar os moçambicanos num panorama global: abriram-lhe a vista.
Assim, graças a esse ensinamento acerca do amor, à pátria divina começava pela pátria terrestre. Dizia um desses obreiros aos seus educandos que, quando o chefe nos chama à guerra, devemos aceitar, pois é a bem do evangelho. Certamente que o chefe referido era Cristo, mas nas patrulhas a semântica se prolongava. A luta era contra o mal, incluindo o colonialismo. É assim que das patrulhas (catequeses) saíram os melhores artilheiros da luta armada de libertação de Moçambique, saíram grandes pensadores e oradores, saíram grandes humanistas que entregaram suas vidas pelos outros. Saíram líderes humanistas.
Os missionários suíços certamente que não se aperceberam das consequências vindouras de sua actividade, mas os poucos que ainda vivem hoje, testemunhariam um sonho de há várias décadas e certamente que diriam: valeu a pena!
Próximo ano de 2008, a Missão Suíça de Chicumbane (o bastião dos revolucionários cristãos), completa 100 anos de sua existência. Foi ali a oficina do evangelho da liberdade, do qual o pastor Zedequias Manganhela viria a ser martirizado como cérebro de apoio aos guerrilheiros na Tanzania.
Bem haja Missão Suíça que ensinou o povo a pensar por si! É o nosso património e assim seja!
Fonte Jornal Noticias - Moçambique - palavra pesquisada: pastor
cruzue@gmail.com
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Permita-me V. Excia suspirar em jeito destas linhas na pagina do jornal de que vós sois digno de o dirigir. Missionários suíços têm sido o cartaz no meio dos círculos académicos e não só, isto nos últimos tempos da nossa história. Este facto deve-se, na minha óptica, ao mérito que a eles se deve, mercê do empenho, labor e abnegação que demonstraram ao longo dos anos que “cultivaram” na machamba da vida dos moçambicanos.
Assim, a Missão Suíça não só cultivou, mas desbravou plantou e colheu. Plantou o saber que liberta e que salva o Homem de todo tipo de escravidão: quer do Diabo ou de si mesmo. A própria Missão Suíça chegou e implantou-se. Germinou e fortificou-se. Em momentos de abalo, era cada vez mais forte e inspirava-se na verdadeira reforma. Foram homens e mulheres prontos a morrer para salvar os outros. Só que essa salvação não se limitava apenas a abrir o caminho para o céu nas nuvens, mas também na terra.
A missão preparou-se e prontificou-se. Traçou o plano global que tange todas vertentes humanas. Reuniu os Homens com as mais variadas capacidades de enfrentar o mundo e enviou-os. Criaram pequenas vilas semelhantes as da Suíça, onde não faltou um pequeno hospital, oficina, escola, internatos, cemitérios (Lhanguene) e por aí em diante. Escolheram as belas colinas e lá se instalaram. Não se importavam de estar nas zonas do interior, sempre à busca do africano. Não me interessa o quão o possam ter admoestado ou atormentado, mas interessa, sim, o produto final deste desafio protestante suíço.
A Missão Suíça aproximou-se dos chefes locais e até de Ngungunhana e certamente tinham uma missão para com aquele rei. Secretamente desenharam um plano de libertação total do Homem africano, com a finalidade de este se projectar no mundo. Criaram bases sólidas para que um povo se pudesse conduzir num futuro distante. Aprumaram o moçambicano em todos os sentidos, mostrando-o a maneira da utilização do livro. Assim colocavam nas mentes de seus obreiros um alto sentido de crítica e autocrítica, estima e auto-estima.
Nunca aceitaram que um evangelista, professor ou pastor seu fosse um ignorante em relação ao mundo que o rodeava. Convidaram outras missões a formar uma Frente Unida “versus” uma única Missão de Cristo em Moçambique “versus” Conselho Cristão ligando ao Conselho mundial das Igrejas. Acompanhavam atentamente os desenvolvimentos do Mundo e procuraram encaixar os moçambicanos num panorama global: abriram-lhe a vista.
Assim, graças a esse ensinamento acerca do amor, à pátria divina começava pela pátria terrestre. Dizia um desses obreiros aos seus educandos que, quando o chefe nos chama à guerra, devemos aceitar, pois é a bem do evangelho. Certamente que o chefe referido era Cristo, mas nas patrulhas a semântica se prolongava. A luta era contra o mal, incluindo o colonialismo. É assim que das patrulhas (catequeses) saíram os melhores artilheiros da luta armada de libertação de Moçambique, saíram grandes pensadores e oradores, saíram grandes humanistas que entregaram suas vidas pelos outros. Saíram líderes humanistas.
Os missionários suíços certamente que não se aperceberam das consequências vindouras de sua actividade, mas os poucos que ainda vivem hoje, testemunhariam um sonho de há várias décadas e certamente que diriam: valeu a pena!
Próximo ano de 2008, a Missão Suíça de Chicumbane (o bastião dos revolucionários cristãos), completa 100 anos de sua existência. Foi ali a oficina do evangelho da liberdade, do qual o pastor Zedequias Manganhela viria a ser martirizado como cérebro de apoio aos guerrilheiros na Tanzania.
Bem haja Missão Suíça que ensinou o povo a pensar por si! É o nosso património e assim seja!
Fonte Jornal Noticias - Moçambique - palavra pesquisada: pastor
cruzue@gmail.com
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