quinta-feira, setembro 04, 2008

O caso da morte do Pastor Luiz Carlos Soares da Costa


Pr. Luiz Carlos Soares da Costa

Caro Senhor João Cruzue!

"Cumprimentando-o, respondo-lhe que não sou cristão. Como perito legista detectei inúmeras falhas havidas no inquérito. Em face do que lhe escrevi, autorizo-o, caso queira, publicar o texto que lhe enviei. Aliás, esse texto também enviei à OAB-RJ. E, em 16.07.2008, após receber contato telefônico do GLOBO ONLINE, em que me foi solicitado escrever um artigo sobre o ocorrido com Luiz Carlos, encaminhei o texto que lhe mando em anexo.

Diante da barbárie cometida por aqueles policiais militares e diante da grande erronia que foi a conclusão do inquérito, como homem de ciência forense há 28 anos, jamais poderia silenciar diante de tantos absurdos. Luiz Carlos foi brutalmente assassinado e entendo que devo lutar pela verdade científica, dentro do meu modesto papel.

Agradeço-lhe pela atenção e pela a oportunidade de nosso contato.

Saudações... Leví Inimá de Miranda."

Foto: Fábio Motta/AE
O enterro do pastor Luiz em julho de 2008


A PERPLEXIDADE DO PERITO

Texto recebido de Leví Inimá de Miranda

RIO DE JANEIRO - "Causam perplexidade os rumos havidos no caso do assassinato do administrador LUIZ CARLOS SOARES DA COSTA. A uma, o delegado JOSÉ DE MORAES FERREIRA, sumariamente inocentou os policiais militares, considerando que se tratava de “TENTATIVA DE HOMICÍDIO CONTRA OS POLICIAIS E ROUBO SEGUIDO DE MORTE CONTRA LUIZ CARLOS” – os policias, então, reagiram a uma “injusta agressão”, ao tempo em que Luiz Carlos, decerto, foi morto pelo bandido que, igualmente, também morreu, restando este inimputável pela mor te daquele (?!). Tudo muito simples. A duas, que a promotora PATRÍCIA GLIOCHE devolveu o inquérito no último dia trinta, um dia após o delegado ter recebido o Laudo Cadavérico dando contas que LUIZ fora morto por tiro de fuzil. Sua excelência também quer saber de onde, afinal, vinha LUIZ CARLOS e se fora ele efetivamente seqüestrado (?!).

Diante da inépcia da polícia judiciária e dos questionamentos do Ministério Público, LUIZ CARLOS morre a cada novo dia. Ele foi rendido e seqüestrado – um dos policiais militares, daquela fatídica guarnição, assim declarou. O veículo, com o criminoso ao volante e LUIZ CARLOS no banco do carona, foi perseguido por cerca de 2 Km.

Durante a perseguição, nenhum apoio foi pedido a outras viaturas, nenhum cerco foi realizado e muito menos preocuparam-se com a possibilidade de haver um inocente dentro daquele veículo. Por fim, desfecharam oito tiros pelo setor traseiro do carro e por sua lateral, ferindo mortalmente o bandido e matando LUIZ CARLOS, cujo corpo foi arrastado, de forma animalesca, para fora do veículo e ainda chutado por um dos policiais militares. Como se não bastasse, eles desfizeram o Local de Crime, de forma absolutamente dolosa, retirando o carro da posição de imobilização final, invertendo-o com relação ao sentido da pista. A viatura policial estranhamente apresentava duas perfurações por projéteis, à esquerda do setor dianteiro, no pára-choque e um pouco acima deste.

O inquérito foi efetivamente conduzido de maneira desidiosa; e isso é claro de se concluir: os dois projéteis que teriam atingido a viatura policial não foram recolhidos e, conseqüentemente, não houve confrontamento balístico, para se poder dizer que eles saíram da arma do criminoso; a quantidade de tiros desferidos pelos policiais militares, atingindo o veículo Siena de trás para frente, foi absurda, não só em termos numéricos – oito tiros -, mas precipuamente pelo fato de terem sido de trás para frente; O Local de Crime foi dolosamente desfeito, mas o delegado nem se incomodou com o fato; o delegado JOSÉ DE MORAES concluiu o inquérito antes mesmo de receber o Laudo Cadavérico de LUIZ CARLOS; não foi realizada Pesquisa de Resíduos de Tiro nas mãos do criminoso; não foi realizada Reprodução Simulada de Local de Crime, como prescrito no Código de Processo Penal, em seu Art. 7°; e sequer o delegado anexou ao inquérito as cópias da filmagem do repórter cinematográfico do SBT e do circuito interno do posto de combustíveis. Há que se destacar que a janela da porta direita estava totalmente fechada, enquanto que a janela da porta esquerda - a do motorista - estava pouco aberta - cerca de 4 dedos. Então, como o bandido teria atirado na viatura policial e como teria ele jogado a arma para fora do veículo e à direita deste?

E, agora, vem sua excelência, a promotora, questionar de onde vinha LUIZ CARLOS e se fora ele realmente seqüestrado? Diante de tantas obscuridades, falhas e omissões, ela quer investigar a vida pregressa da vítima? Não; é muito absurdo! Por isso LUIZ CARLOS tem morrido a cada dia, mesmo depois de sua morte. Primeiro, foi a morte física – a finitude da vida. A seguir, vem a morte conceitual, em que a vítima resta desprezada por tudo e por todos: pela polícia judiciária; pela autoridade policial; pelo Ministério Público; pela Justiça; e, porque não dizer, também pela própria imprensa e por seus colegas de profissão, visto que era ele funcionário do INFOGLOBO. À imprensa, fica a séria e inconcebível responsabilidade pela inexplicável fragmentação da notícia, o que permite distorções, esquecimentos e injustiças. Depois da manchete, o esquecimento. Vida que segue!

Vivemos tempos de absoluta e total anomia, tão bem discernida pelo pai da sociologia moderna: ÉMILE DURKHEIM. E a “consciência coletiva”, que serve para nos orientar como devemos ser, sentir e nos comportar, faz com que a vida continue, sem que as pessoas se abalem com fato de tamanha invergadura. A desgraça alheia não mais nos atinge ou deprime. Assim, a morte de LUIZ CARLOS torna-se em vão. Foi brutalmente assassinado por agentes do Estado, que deveriam nos protejer a todos, mas que, mercê da falta de preparo, de instrução técnica, de treinamento, de supervisão e de comando tornaram-se frios verdugos, sem qualquer compromisso com a legalidade. Não obstante, agora, LUIZ CARLOS vê-se investigado, mesmo tendo transcendido a vida. A morte sem luto diante desses vergonhosos desdobramentos.

Dr. Leví Inimá de Miranda – CEL MED REF (EB)

Perito Legista aposentado da Polícia Civil do RJ"

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Para entender melhor leia: Polícia do Rio mata pastor evangélico por engano.

Nota: a imagem do policial segurando o pastor ainda vivo é do SBT



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A diferença entre amar e difamar


Pedras
Pedras
João Cruzué

Hoje recebi um comentário anônimo que deixou-me profundamente preocupado. De uma pessoa muito provavelmente cristã. Analisando seu texto, veio-me à consciência como é fácil racionalizar e esquecer em um instante, tudo o que se aprende sobre o amor de Jesus. Naturalmente não publiquei o comentário.

Não publiquei mesmo não tendo uma linha mentirosa naquele comentário. Explico: Há uma uma lei maior, um caminho melhor, uma alternativa de paz para este mundo estressado. Sei que podemos difamar, destruir a reputação das pessoas, às vezes até imrãos, falando pequenas verdades. Pequenas porque são mesquinhas, rasteiras. Elas não se parecem em nada com os exemplos de Jesus Cristo.

Quando Deus argüiu o diabo sobre a pessoa de Jó, naturalmente o diabo mentiu. Mas quando o Senhor estava na casa de Simão, o fariseu, e lá uma mulher lavava os pés do Mestre com lágrimas enquanto os enxugava com os cabelos, o fariseu pensou: Se este homem fosse mesmo o Cristo saberia que esta mulher é uma grande pecadora". Simão apenas pensou assim.

Entretanto, em outra ocasião, um grupo de fariseus levou uma mulher adúltera à presença de Jesus. E um deles contou a mais pura verdade: Mestre, esta mulher foi pega em flagrante ato de adultério; pelas Lei de Moisés ela deve ser apedrejada até à morte. E tú, pois, o que dizes?" Aquela "verdade" que tais religiosos contaram era mesquinha, rasteira. Eles queriam apenas o aval de Jesus para fazer justiça com as próprias mãos.

--Mulher, onde estão os teus acusadores?...Vai-te e não peques mais! Disse Jesus.

Se o Senhor fosse dizer algo, poderia dizer: Ela pecou, mas vejo que está decidida a não pecar de novo. Mas de outra forma comentou: Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra" Desse fato podemos inferir que há uma verdade maior que está contida nos artigos da Lei do Amor - que é a Constituição da Pátria do cristão. Quando estiver em foco outros tipos de verdade, entre elas as do tipo farisaico, devemos interpretar o caso com o auxílio da Carta de Paulo aos Colossenses, quando diz que Deus rasgou uma cédula de acusação que nos era contrária, perdoando nossa dívida.

A mesma coisa conta-se de Lutero, quando o diabo o confrontou com duras verdades, atirando no rosto de Lutero um rol de pecados. Ao que o reformador respondeu que seus pecados tinham sido todos perdoados pelo sangue de Cristo.

É inadmissível que um pessoa, se considere um cristão, e venha racionalizear com os pecados dos outros, usando os mesmos métodos mesquinhos e acusatórios do diabo. Como blogueiro cristão que sou não estou aqui para lançar no rosto de ninguém suas quedas, faltas e pecados. Vim para dizer que Deus nos ama e que nos perdoa-nos as faltas as dezenas, centenas, a cada dia. E este perdão me constrange a repensar minhas atitudes, pois sei que o exercício da misericórdia é divino.

Por isso, quando não temos coisas boas para comentar a respeito das pessoas, é melhor seguir a lei do amor e ficar em silêncio.


João Cruzué -
SP 04.09.2008


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