segunda-feira, julho 14, 2008

Estudo sobre a Crase




"Emprego da Crase"
By Michaelis

"Crase é a fusão (ou contração) de duas vogais idênticas numa só. Em linguagem escrita, a crase é representada pelo acento grave.
Exemplo:

Vamos à cidade logo depois do almoço.
a
|
prep.
+ a
|
art.

Observe que o verbo ir requer a preposição a e o substantivo cidade pede o artigo a.

Não é somente a contração da preposição a com o artigo feminino a ou com o pronome a e o a inicial dos pronomes aquele(s), aquela(s), aquilo que passa pelo processo da crase. Outras vogais idênticas são também contraídas, visto ser a crase um processo fonológico. Exemplos:
leer -
ler
door -
dor

Ocorrência da crase

1. Preposição a + artigos a, as:
Fui à feira ontem.
Paulo dedica-se às artes marciais.

OBSERVAÇÕES
a) Quando o nome não admitir artigo, não poderá haver crase:
Vou a Campinas amanhã.
Estamos viajando em direção a Roma.

No entanto, se houver um modificador do nome, haverá crase:
Vou à Campinas das andorinhas.
Estamos viajando em direção à Roma das Sete Colinas.

b) Ocorre a crase somente se os nomes femininos puderem ser substituídos por nomes masculinos, que admitam ao antes deles:
Vou à praia.
Vou ao campo.

As crianças foram à praça.
As crianças foram ao largo.

Portanto, não haverá crase em:
Ela escreveu a redação a tinta.
(Ela escreveu a redação a lápis.)

Compramos a TV a vista.
(Compramos a TV a prazo.)

2. Preposição a + pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo:
Maria referiu-se àquele cavalheiro de terno cinza.
Depois nos dirigimos àquelas mulheres da Associação.
Nunca me reportei àquilo que você disse.

3. Na indicação de horas:
João se levanta às sete horas.
Devemos atrasar o relógio à zero hora.
Eles chegaram à meia-noite.

4. Antes de nomes que apresentam a palavra moda (ou maneira) implícita:
Adoro bife à milanesa.
Eles querem vitela à parmigiana.
Ele vestiu-se à Fidel Castro.
Ele cortou o cabelo à Nero.

5. Em locuções adverbiais constituídas de substantivo feminino plural:
Pedrinho costuma ir ao cinema às escondidas.
Às vezes preferimos viajar de carro.
Eles partiram às pressas e não deixaram o novo endereço.

6. Em locuções prepositivas e conjuntivas constituídas de substantivo feminino:
Eles vivem à custa do Estado.
Estamos todos à mercê dos bandidos.
Fica sempre mais frio à proporção que nos aproximamos do Sul.
Sentimos medo à medida que crescia o movimento de soldados na praça.


Principais casos em que não ocorre a crase

1. diante de substantivo masculino:
Compramos a TV a prazo.
Ele leva tudo a ferro e fogo.
Por favor, façam o exercício a lápis.

2. diante de verbo no infinitivo:
A pobre criança ficou a chorar o dia todo.
Quando os convidados começaram a chegar, tudo já estava pronto.

3. diante de nome de cidade:
Vou a Curitiba visitar uma amiga.
Eles chegaram a Londres ontem.

4. diante de pronome que não admite artigo (pessoal, de tratamento, demonstrativo, indefinido e relativo):
Ele se dirigiu a ela com rudeza.
Direi a Vossa Majestade quais são os nossos planos.
Onde você pensa que vai a esta hora da noite?
Devolva o livro a qualquer pessoa da biblioteca.
Todos os dias agradeço a Deus, a quem tudo devo.

5. diante do artigo indefinido uma:
O policial dirigiu-se a uma senhora vestida de vermelho.
O garoto entregou o envelope a uma funcionária da recepção.

6. em expressões que apresentam substantivos repetidos:
Ela ficou cara a cara com o assassino.
Eles examinaram tudo de ponta a ponta.

7. diante de palavras no plural, precedidas apenas de preposição:
Nunca me junto a pessoas que falam demais.
Eles costumam ir a reuniões do Partido Verde.

8. diante de numerais cardinais:
Após as enchentes, o número de vítimas chega a trezentos.
Daqui a duas semanas estarei em férias.

9. diante de nomes célebres e nomes de santos:
O artigo reporta-se a Carlota Joaquina de maneira bastante desrespeitosa.
Ela fez uma promessa a Santa Cecília.

10. diante da palavra casa, quando esta não apresenta adjunto adnominal:
Estava frio. Fernando havia voltado a casa para apanhar um agasalho.
Antes de chegar a casa, o malandro limpou a mancha de batom do rosto.

NOTA
Quando a palavra casa apresentar modificador, haverá crase:
Vou à casa de Pedro.

11. diante da palavra Dona:
O mensageiro entregou a encomenda a Dona Sebastiana.
Foi só um susto. O macaco nada fez a Dona Maria Helena.

12. diante da palavra terra, como sinônimo de terra firme:
O capitão informou que estamos quase chegando a terra.
Depois de dois meses de mar aberto, regressamos finalmente a terra.

Ocorrência facultativa da crase

1. antes de nome próprio feminino:
Entreguei o cheque à Paula. OU Entreguei o cheque a Paula.
Paulo dedicou uma canção à Teresinha. OU Paulo dedicou uma canção a Teresinha.

NOTA
A crase não ocorre quando o falante não usa artigo antes do nome próprio feminino.

2. antes do pronome possessivo feminino:
Ele fez uma crítica séria à sua mãe. OU Ele fez uma crítica séria a sua mãe.
Convidei-o a vir à minha casa. OU Convidei-o a vir a minha casa.

NOTA
A crase não ocorre quando o falante não usa artigo antes do pronome possessivo.

3. depois da preposição até:
Vou caminhar até à praia. OU Vou caminhar até a praia.
Eles trabalharam até às três horas. OU Eles trabalharam até as três horas.
Eu vou acompanhá-la até à porta do elevador. OU Eu vou acompanhá-la até a porta do elevador.

NOTA
A preposição até pode vir ou não seguida da preposição a. Quando o autor dispensar a preposição a, não haverá crase."


MICHAELIS - DICIONÁRIOS - EMPREGO DA CRASE
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Cruzue@gmail.com


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domingo, julho 13, 2008

A barraca do descarrego

João Cruzué

Hoje é domingo, e São Paulo tem uma das mais belas tardes do ano; é bem verdade, que a tarde de ontem estava ainda mais bonita; aproveitei para tirar algumas fotos de algumas coisas entre elas do próprio céu. Daqui a pouco vou fazer minha caminhada habitual, mas antes dela, abri a WEB para ler as notícias do dia. Não é que vi uma matéria na Folha SP que me deixou impressionado, tamanha a novidade!

Agora temos barraca de igreja evangélica no meio da rua para unção com óleo mais sessão de descarrego! Eu não sei se devo rir ou chorar. O nome da Igreja dos "pastores" é muito sugestivo: "Igreja Internacional do Reino de Cristo"; diretamente da Zona Leste para publicidade no Centro de São Paulo.

"Em nome do Senhor seja afastada toda obra maligna no setor profissional, no sentimental e na saúde" Sai! em nome de Jesus. Orava assim o "pastor" segurando a cabeça de um funcionário público, depois da unção com óleo.

Segundo a Folha, na semana passada, em uma hora, doze pessoas foram "oradas". O "pastor" disse que faz 60 orações por dia, na sua barraca. Dona Joana, uma aposentada católica, disse que estava saindo da Igreja Católica da Consolação quando viu a barraquinha. "Sou católica, mas Deus é um só - todas orações são boas." - disse ela.

Eu já tenho visto e ouvido pregadores evangélicos nas praças de São Paulo, até já preguei em praças porque isto é natural em nosso meio, mas barracas de camelôs evangélicos para sessões de descarrego no Centro da cidade, confesso que foi uma surpresa. Estão transformando o Evangelho em um produto pirata.

O foco do Evangelho verdadeiro são as almas cativas que precisam de libertação do reino das trevas para adentrar ao Reino de Deus. Já a "muamba" que estão vendendo por aí sob o nome de "evangelho neopentecostalista" tem na verdade exalado um mau cheiro humanista: seu foco é centrado na satisfação das necessidades outras das pessoas, sem uma preocupação sincera com a situação de suas almas.

Autor: João Cruzué
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