sábado, julho 05, 2008

Casamento - aos esposos cristãos


Homenagem a um bom esposo


O carinho do Pastor Billy Graham com a esposa Ruth
Foto a poucos dias da morte dela.

João Cruzué

Minha esposa e eu nos casamos em 1983, daí este ano faremos 25 anos de casados pela graça de Deus. Já escrevi alguma coisa sobre namoro e hoje tomei coragem para preparar um texto sobre atitudes que um marido pode ter diante de sua casa. Eu creio que não tenha talentos para ser um conselheiro matrimonial, o que escrevo a seguir são coisas que posso fazer no dia a dia para a edificação do lar.

Uma esposa não é apenas uma fonte de satisfação sexual do marido. Creio que existam homens que ainda não entenderam o conceito cristão do que é ser um bom esposo. Só se lembram da esposa quando estão pensando "naquilo". No dia a dia ele precisa saber como as necessidades da esposa estão sendo atendidas. Alimentação, as roupas da esposa, sapatos, reconhecimento pelos progressos nos estudos, vida profissional, o dentista, sua saúde, exercícios físicos, necessidade de ver seus pais... e por fim sexo.

O progresso de uma esposa em todas as áreas: estudos, vida profissional, saúde, finanças deve ser o plano de todo esposo. Por exemplo, minha esposa tinha o sonho de ser uma professora. Há mais de cinco anos ela é uma professora. Fez plano para cursar uma faculdade e graduou-se em pedagogia. Interessou-se por psicopedagogia e matriculou-se em um curso de pós-graduação. Mesmo que eu como esposo não tenha tantas virtudes, de uma coisa pelo menos posso me orgulhar: minha esposa é muito batalhadora e tem conquistado pelo esforço a realização de seus sonhos e tenho participação nisto. Você sabe qual é o grande sonho de sua esposa e ela tem seu incentivo para seguir em frente?

Nos primeiros cinco anos de meu casamento lembro-me que minha esposa ficou aborrecida por que não tínhamos uma conta bancária conjunta. Não adiantou dizer o Banco não abria uma conta salário a não ser na forma individual. Um ano depois, apresentei minha esposa ao gerente de um banco para que abrisse sua própria conta. Ela não acreditou. A partir daí, sempre teve liberdade de gastar seu dinheiro. Todavia, nunca foi além do necessário, porque sabia que nosso dinheiro não era muito. A responsabilidade sobre finanças de uma esposa deve ser trabalhada desde o começo.

Lembro-me, perfeitamente, que na casa de meus pais, o controle financeiro ficava com Dona Glória, porque meu pai apesar de um homem simples foi o professor dela nos primeiros anos de casado, contando seus sonhos para ela. Então minha mãe era econômica, sábia, não assumia dívidas, não se vestia com extravagância. Assim a economia de todos aqueles anos foi convertida em um grande sítio, algo muito maior que o sonho deles. Quando uma esposa é tratada com desconfiança quanto a dinheiro a responsabilidade pelo seu fracasso é do seu marido, posto que é seu professor.

Amar é ter certeza de que lá na sua casa sua esposa pode comer o mesmo magnífico prato de refeição que você come no restaurante do seu trabalho. Como é possível a um marido, que assumiu um compromisso de cuidar da esposa, possa alimentar-se fartamente sabendo ou esquecendo-se de que não há quase nada na geladeira e armário de casa para que a esposa possa fazer o almoço? Isto não é amor - chama-se indiferença ou pior: egoísmo. O mínimo que um marido decente pode fazer é cuidar para que sua esposa tenha o melhor e não o pior que ele possa dar. Se ele se alimenta bem, ela também deve ter a mesma regalia.

Não posso deixar de comentar sobre a mesquinhez. Tenho uma boa lembrança de meu pai, que já dorme no Senhor. Nós morávamos na roça a seis quilômetros de uma pequena cidade. Pai Melo ia a cavalo aos domingos na cidade e minha e irmã e eu ficávamos à sua espera porque sabíamos que ele ira trazer o "pão". Naquela época não havia sacolinhas de plástico, então os pães vinham embrulhados em um papel cinza e amarrados com um barbante branco. Assim que meu pai abria a porteira da "sala" e o animal vinha a tropel até o terreiro da cozinha já avistávamos um saco de algodão branco com um volume dentro: era o "pão". Pão na forma popular de dizer, pois eram muitos.

Meu pai nunca comprava uma unidade exata para cada um de nós, embora pobre, não era mesquinho: sempre trazia com sobra. Dinheiro em casa não era guardado à sete chaves. A mesma coisa acontece hoje em minha casa. Houve tempos de desemprego, em que não pude comprar quase nada, mas quando a bênção do Senhor veio, quando compramos coisas de comer, nós não compramos tantas para que estraguem, mas também não são contadas uma para cada um. Da mesma forma aprendi, não tranco dinheiro em casa. O necessário para uso costumeiro ou imprevisto fica em uma gaveta aberta ou ao lado da TV na sala. Minha esposa e minhas filhas têm liberdade de usar, e às vezes fico comovido, pois, mesmo agora que temos com fartura, minhas filhas são excessivamente conscientes.

Não nego que em casa eu seja bastante bagunceiro, mas mesmo que não haja reconhecimento a louça que sujo procuro lavar, é o mínimo de respeito que devo ter pelo trabalho dela. Algumas vezes enfrento uma pia inteira de louças sujas, a contragosto dela. Quando não está bem de saúde, eu compreendo que preciso ajudar nas tarefas de casa, pois minha esposa trabalha dando aulas em colégio. Também, considerando que nos tempos de solteiro lavava minhas próprias roupas, não tenho vergonha de esfregar, lavar e passar minhas camisas, meias e roupas íntimas. Isto não me desmerece como esposo, embora ela diga que não sei lavar bem o colarinho.

Nós maridos temos reconhecimento de nossas esposas se ajudamos nas tarefas de casa? Nem sempre. Confesso que algumas vezes não recebemos elogias ou até mesmo que não fizemos as coisas direito. Entretanto, uma crítica não deve ser um pretexto para deixar de exprimir nosso amor por uma pequena atitude. É por amor que podemos fazer as coisas, e não por desejo de reconhecimento.

Sobre vestuário, a natureza feminina é diferente da nossa. Um homem pode vestir o mesmo terno ou calça por uma década. As mulheres não são assim, elas são mais competitivas e reparadoras. Gostam de se sentir belas e apreciadas, pois é de sua natureza ser mais vaidosas que os homens. Na verdade, somos todos vaidosos se considerarmos que não gostamos de qualquer sapato nem de qualquer cor de roupa e por aí vai. Afora exageros, que podem ser um sinal de complexo de inferioridade, naturalmente uma esposa gostar de ter roupas novas para eventos importantes, e cabe ao esposo tanto admirar quanto criticar se isto for construtivo. Infelizmente há maridos que pensam que sua esposa deve usar as mesmas roupas por anos e anos. E o resultado dessa atitude pode ser perda da vontade de sair.

Além destes assuntos vem os demais cuidados: a vida profissional da esposa, os gastos com dentista que costumamos dispensar, a saúde da esposa principalmente quanto aos exercícios físicos e uma coisa que considero muito importante: a visita à casa da sogra. É naturalmente bíblico que O moço deixará a casa paterna para unir-se com sua esposa a fim de constituir um novo lar. Entretanto as necessidades de relacionamento social femininas são diferentes das necessidades masculinas. As mulheres são mais sociáveis entre si, constroem relacionamentos com mais facilidade que os homens. Isto está na natureza delas. Trocando em miúdos, não pode haver, em hipótese alguma, empecilho por parte do esposo quanto às visitas da esposa à casa de seus pais. Uma proibição de tal ato só pode ser obra de um marido doentio.

Minha esposa e eu não temos problemas de ciúmes. Eu a amo e confio no seu amor. Ela me ama e também confia em mim. Ela é livre para se movimentar pela cidade e nunca a tornei subserviente ao ponto de exigir que me peça se pode ir aqui ou ali. Meu lar não é um quartel; é mais que isso: a casa de um cristão. A confiança mútua de um casal produz o equilíbrio necessário na vida dos filhos. Não estou querendo dizer com este tópico que sou uma beleza de marido, apenas posso dar graças a Deus, porque meu lar é normal e podemos desfrutar nele da presença do Senhor.

A simplicidade é o melhor caminho e o amor cristão sempre é nosso melhor professor. Também em um casamento devemos fazer e deixar de fazer as mesmas coisas que gostaríamos que nossas esposas fizessem ou deixassem de fazer para nós. A natureza masculina está muito focada em sexo enquanto nossas esposas são sensíveis à gestos carinhosos e reconhecimento de suas conquistas e feitos. Da próxima vez que disser para sua esposa que a ama, se estiver interessado apenas em sexo, deixe-me perguntar uma coisa: você tem feito seu dever de casa? Suas atitudes e seus cuidados para com sua esposa também estão refletindo este amor?


João Cruzué.
SP 05.07.2008
cruzue@gmail.com
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Uma martelada no cravo e outra na ferradura


Blood Rights

Christopher Eccleston in Blood Rights - 1990
AIDS
João Cruzué

Dias atrás nós os crentes nos sentimos satisfeitos com a mobilização de uma parte de nossas lideranças que foi protestar em Brasília contra uma ameaça real de perda da liberdade de expressão religiosa. Com isto colidimos de frente com o anseio do movimento nacional gay que vem se organizando em busca de um pretendido direito o qual denominaram "Lei da Homofobia". É sobre este embate que desejo escrever algumas linhas de reflexão.

Não somos inimigos de homossexuais. Pensamos de forma diferente, mas em nenhum momento podemos ou pretendemos sair do caminho do amor cristão. Temos outra visão da vida mas não deixamos de amar as pessoas. Como bem interpretou o Irmão Valmir Nascimento Milomem, há um mal entendido nesta história: O que chamamos de crítica à opção homossexual, é entendido por seus líderes como discriminação devido a relatividade que este verbete possue.

Entendo que discriminação seria, por exemplo, se diante de uma Igreja Evangélica um pastor ou bispo expusesse o pecado do homossexualismo de um fiel e com isso humilhasse, execrasse, vilipendiasse, tal pessoa. Discriminação sim, por falta de amor, educação, compaixão e misericórdia, pois o padrão no trato com os fiéis da Igreja é Jesus Cristo. Se Jesus, o Senhor, nunca usou de preconceito diante de Zaqueu, um funcionário público corrupto, nem com Maria Madalena, uma prostituta, nem com a Mulher Pecadora no jantar da casa de Simão, o fariseu, e muito menos com mulher adultera sob ameaça de morte por apedrejamento - nos dias de hoje, com certeza ELE não seria um discriminador de gays. Jesus ama o pecador, embora abomine o pecado.

Temos que refletir, que por trás da opção gay há um vazio, que quer queira ou não só pode ser preenchido por Deus, que é o mesmo Jesus Cristo. São pessoas que precisam e merecem nosso amor cristão, que apedrejá-los não será uma atitude cristã. Há algo que não podemos desconsiderar: sem a graça de Deus, no dia de amanhã, qualquer um de nós poderá ser um homossexual, e com a graça de Deus, qualquer homossexual hoje, pode aceitar Jesus e ser um cristão nascido de novo. Somos salvos e continuamos assim por causa da Graça e da oportunidade que o Senhor nos dá.

Não podemos nos esquecer que há milhares de homossexuais com os dias contados, morrendo de Aids. E nenhum homossexual também deve se esquecer que os movimentos mais ativos de sua organização estão se apossando da maior parte dos recursos governamentais para divulgar os pretendidos direitos contra a "homofobia" às custas dos grupos que dão assistência médica e assistencial. Muitos homossexuais que são assistidos por esses grupos estão passando por grandes necessidades porque o dinheiro que recebiam hoje é canalizado para publicidade.

Com todo respeito, não existe ódio evangélico contra homossexuais. São pessoas dignas de nosso amor, embora não comunguemos com sua opção e sua conduta. Mas como diz aquele bordão" uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Se existe algum evangélico falando besteiras por aí insinuando que crente é inimigo de homossexual, fala por si próprio, e posso considerar esta pessoa tudo - menos um cristão. Nós não aprovamos este tipo de comportamento hostil

Podemos ser hostilizados, mas nunca hostilizar; podemos ser desprezados, mas nunca desprezar, podemos ouvir que nossa Bíblia é um livro homofóbico, mas sabemos que ela não é; podemos ser xingados por alguns homossexuais de sermos a escória do mundo, mas não podemos deixar de amá-los - não só por palavras quanto por atitudes. E se algum homossexual for em nossas Igrejas para dentro delas nos injuriar, de maneira nenhuma podemos revidar. Vamos ouvir calados e em oração. Orando sim, porque muitos homossexuais não sabem o que é ter paz, pois têm problemas de consciência.

Não existe cristianismo sem atitudes cristãs. Se Jesus veio para nos trazer vida, e vida com abundância, qualquer crente que pensa e age fora deste padrão, nunca conheceu o Senhor e não merece ser chamado de cristão.

João Cruzué
cruzue@gmail.com

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