sábado, dezembro 01, 2007

O poder da visão


The Power of Vision

Por Steve Mills

Tradução João Cruzué

O que motiva as pessoas?


Para os líderes
esta é uma grande questão. Fatores psicológicos, sociológicos e mesmo espirituais contribuem para a motivação. Elementos tanto intrínsecos como extrínsecos estão envolvidos. Tom Landry, um dos mais proeminentes técnicos de futebol americano disse: Liderança é a habilidade que leva as pessoas a fazer o que não querem para que elas possam tornar-se naquilo que querem ser.

O poder da visão motiva. Ele motiva um alpinista a enfrentar ventos cruéis por trilhas perigosas até alcançar o cume. O poder da visão motivou [ Santos Dumont a passar por cima dos desapontamentos e quedas] até construir uma máquina voadora. Jesus motivou um pequeno grupo de 12 homens incultos e de ocupações diferentes a mudar o mundo. Eles captaram a visão de seu líder, Jesus, e alteraram o curso de toda a história.

Sua visão, como um líder, tem impacto significativo sobre o crescimento e eficiência da sua Igreja e escola dominical. A visão de um líder é poderosa e a falta de uma visão é arriscada. Provérbio 29: 18 diz: “Onde não há visão, o povo perece”


Como a visão influencia o líder?

A visão primeiro influencia o líder pessoalmente ao lhe dar uma direção. Ele ouve o Espírito Santo, avalia a situação e sabe o que é preciso e desejado.

Um pastor com sentido claro de direção, e que é capaz de articular, conseguira uma alta motivação para sua Igreja. O superintendente de escola dominical que recebeu uma direção do Senhor e traçou um rumo claro, inspirará toda seu departamento.

A menos que você saiba aonde ir, como chegar lá e o que você quer realizar, a vida se tornará insípida e chata. Dennys Waitly em “Sementes de Grandezas” diz: “A razão da falha de tantos indivíduos em atingir seus objetivos na vida é porque eles nunca realmente os colocam em primeiro lugar” Você tem um objetivo pessoal para sua vida? Se a vida pessoal de um líder é estéril e desorganizada por falta de visão, seu ministério público será também desorganizado e ineficiente.

Você tem uma visão e alvos para sua escola dominical? Defina alvos para começar novas classes, começar ou aumentar treinamento de quadros, de aumentar as matrículas e freqüências. Pergunte para você mesmo: Se nossa escola dominical pudesse ser alguma coisa no mundo, com o que ela seria parecida? Observe as possibilidades em lugar das limitações. Deus tem um plano para sua Igreja e escola dominical, e Ele quer revelá-lo para o líder que busca sua presença.

A visão do líder lhe dá um sentido de urgência e exatidão. Esta convicção de que sua visão é correta e urgente domina seus pensamentos, penetra suas emoções e dita suas ações. A diferença entre um líder e um sonhador é que enquanto o líder põe seus sonhos em ação, o sonhador fica só pensando neles.

Um visão consome um líder com um senso de responsabilidade. Ele assume responsabilidades para o cumprimento de sua visão. Embora outros possam captar sua visão, ninguém terá uma paixão mais intensa do que ele. Isto pode ser frustrante para o líder, mas a chave é trabalhar com pessoas, e ainda assumir o desafio da realização.


Como o líder deve compartilhar sua visão?

Primeiro, começar com um alvo claramente definido e comunicável. Por exemplo, este ano nós queremos aumentar o número de matrículas em 35%, ou neste trimestre, nós queremos utilizar uma campanha para aumentar a freqüência dos adoradores nos cultos em 15%.

Segundo, utilizar técnicas de “brainstorm” para encontrar maneiras de realizar o objetivo. Envolvendo outros em uma encontro de planejamento. Começar a sonhar com o grupo. Idéias fantásticas podem aflorar desses encontros interativos.

Terceiro – estabeleça sua estratégia. Para que um objetivo seja alcançado, passos específicos devem ser dados. Determine o que deva ser feito e em que ordem as metas devam ser completadas.

Quarto estipule datas. Fixe seu cronograma e as datas para que cada meta seja concluída.

Quinto delegue funções a seu pessoal. Se o seu objetivo é aumentar as matrículas em 35%, ajude cada professor a fixar um objetivo de matrículas para sua classe. Se o seu objetivo é melhorar o comparecimento de adoradores, forneça nomes de pessoas para serem contatadas para classes individuais. Você pode lançar um concurso e designar um mediador. Utilize os recursos e as habilidades das pessoas com quem você trabalha para realizar o que Deus espera de você.

Sexto, trabalhe seu plano. Uma vez que você tenha estabelecido seu objetivo, derminado sua estratégia e delegado responsabilidades, mãos à obra. Não permita que seu objetivo morra na mesa de planejamento

Sétimo avalie os resultados. Observe os dois lados, positivos e negativos. Seja objetivo quanto ao sucesso da tarefa. O que precisa ser mudado e o que está indo bem?

Este é um ótimo momento para orar e fazer planos para sua escola dominical. Busque o Senhor para receber uma visão Dele, depois a passe adiante, para aqueles que você cuida. Isto ajudará sua escola dominical ficar eficiente e crescer. Lembre-se, uma visão poderosa tem o poder para motivar.

tradução João Cruzué


STEVE MILLS AG/US NORTHWEST
The Power of Vision - enrichmentjournal.org


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sexta-feira, novembro 30, 2007

Calabouço medieval

calabouço

"Sistema policial e judiciário
do estado do Pará
é perverso"

por Roberto Delmanto Junior

O mundo inteiro ficou chocado com a reportagem exibida pela CNN repercutindo a denúncia veiculada pela mídia brasileira sobre o perverso sistema policial e judiciário do Estado do Pará. E não é por menos. Impossível haver realidade mais grotesca: uma adolescente de aproximadamente 15 anos, apreendida por tentativa de furto, foi jogada em uma cela superlotada de homens, sendo abusada sexualmente por 26 dias.

A atrocidade praticada pelos detentos, movidos por instintos sexuais reprimidos pela privação da companhia feminina, acrescida de perversões das mais terríveis (a menina foi queimada com cigarro em regiões de seu corpo, teve o cabelo cortado e sofreu hematomas, por sorte não engravidou), não é menos repugnante da praticada por aqueles que a jogaram e a mantiveram naquele calabouço medieval.

Os delegados de polícia conhecem muito bem as delegacias em que trabalham, bem como os juízes e promotores de cidades pequenas como Abaetetuba — até porque estes têm o dever legal, previsto nos artigos 66, VI, e 68 da Lei de Execução Penal, de fiscalizar mensalmente as cadeias.

Logo após o episódio ser revelado, começou o “jogo de empurra", típico dos que buscam justificar omissões, ora alegando desconhecimento dos fatos, ora que a culpa é do "sistema".

O delegado-geral da polícia do estado, em audiência no Senado, em vez de esclarecer os fatos, insinuou que seria a adolescente a culpada pelos estupros e torturas que sofrera, dizendo que ela deveria ter uma "debilidade mental" por não afirmar ser menor e tampouco denunciar os abusos.

Como se a autoridade policial não tivesse, ela, o dever de averiguar a identidade e a qualificação da pessoa presa, bem como o de vigiar o que acontece na cadeia que administra. Como se os delegados não soubessem que o inevitável ocorreria ao jogar essa menina no meio daqueles que se mostraram verdadeiras feras enjauladas.

Depois disso, o delegado-geral pediu exoneração, a qual foi aceita, tendo a governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), agradecido "pelos serviços prestados [pelo delegado] com ética e dedicação" (Folha, 29/11).

Furtando-se à responsabilidade, um dos delegados envolvidos declarou à mídia que a culpa não é deles, mas, sim, do sistema carcerário e, mais uma vez, da menor, que não teria declarado a sua idade.

A delegada de polícia responsável pela prisão foi flagrada pela mídia afirmando que sabia da condição ilegal de manter uma mulher com homens, chegando a afirmar que não teria controle do que é humano ou desumano diante da precariedade da delegacia.

A juíza da comarca, ao ser informada, cerca de longos dez dias após a prisão com homens, teria negado o pedido de transferência da adolescente, que ficou 26 dias nessas condições. E o promotor de Justiça da comarca, que certamente se manifestou nos autos desse pedido de transferência? Da parte deles, por enquanto, há inconfessável silêncio.

A governadora do Pará atribuiu a responsabilidade do ocorrido aos governos anteriores, por estar no cargo há somente 11 meses ("Tendências e Debates", 28/11).

Buscando minimizar o estrago político, bem como prevenir, quiçá, eventual pedido de intervenção do governo federal com base no artigo 34, VII, b, da Constituição da República para assegurar a observância dos "direitos da pessoa humana", baixou decreto proibindo o que já é proibido pelo artigo 82 da Lei de Execução Penal: mulher não pode ficar presa com homem. Anunciou, ainda, a demolição da malfadada carceragem, como se tal conduta simbólica apagasse o passado recente e, pior, como se o estado do Pará possuísse vagas sobrando para presos, vindo a agravar ainda mais a superlotação carcerária.

Demagogia à parte, gostaríamos de ressaltar que o artigo 13, parágrafo 2º, a, do Código Penal viabiliza a responsabilização criminal das autoridades públicas de escalões superiores que, tendo consciência da ilegalidade e o dever de agir para fazê-la cessar, omitem-se em evitar a tortura, o estupro e o atentado violento ao pudor.

Diz esse dispositivo: "A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância".

Resta a triste constatação de que muitas mulheres no Pará foram submetidas à mesma situação e estariam, agora, sendo transferidas para o único presídio feminino do estado, o que comprova que o caso dessa jovem não foi um episódio isolado, mas um retrato de uma contínua e institucionalizada violação dos direitos humanos.

Revista Consultor Jurídico, 30 de novembro de 2007

ROBERTO DELMANTO JUNIOR, 38, é mestre e doutor em direito pela USP - Universidade de São Paulo, é advogado criminalista. É co-autor do "Código Penal Comentado" entre tantas outras obras.

Blog Olhar Cristão
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