quarta-feira, setembro 13, 2023

O Filme Spotlight e o abuso sexual sistemático de crianças por maus padres católicos

 

Um relatório encomendado pela Igreja [Católica] em 2004 concluiu que mais de 4.000 padres americanos enfrentaram acusações de abuso sexual nos últimos 50 anos [2004], em casos envolvendo mais de 10 mil crianças - principalmente meninos. É claro, o relatório foi uma consequência da pressão produzida pela sociedade, após tomarem conhecimento da série de reportagens publicada em 2002, pela equipe Spotlight de jornalismo investigativo do Jornal Boston Globe.

Crédito: Sony Pictures


Pesquisa de João Cruzue

Primeira parte - Fontes: Bard e ChatGPT, com revisão de J.Cruzué.

Spotlight é um filme drama americano de 2015 escrito por McCarthy e Josh Singer, dirigido por Tom McCarthy, que conta a história real de uma equipe de jornalismo investigativo do Jornal Boston Globe, conhecida como Spotlight cuja investigação foi ganhadora do Prêmio Pulitzer sobre o escândalo de abuso sexual na Igreja Católica.

O filme começa com um prólogo ambientado em 1976, em que uma mãe angustiada é dissuadida de apresentar acusações de abuso sexual contra o padre John Geoghan. A história então dá um salto para 2001, quando um novo editor Marty Baron [judeu] foi contratado e atribui à equipe Spotlight a prioridade de trabalhar na investigação do caso de Geoghan. Liderados pelo editor Walter Robinson, os repórteres entrevistam vítimas, rastreiam documentos e acabam desvendando um padrão de abuso sexual e encobrimento generalizados na Arquidiocese de Boston.

O filme segue a equipe Spotlight enquanto eles trabalham para juntar as peças da história, enfrentando desafios da igreja, da polícia e até mesmo de seus próprios colegas. O filme também explora o preço pessoal que a investigação cobra dos repórteres, pois eles são forçados a confrontar os horríveis detalhes do abuso.

O tema principal de Spotlight é a importância do jornalismo investigativo e o poder da imprensa de responsabilizar instituições poderosas. O filme mostra como a equipe Spotlight trabalhou incansavelmente para descobrir a verdade sobre o escândalo de abuso sexual na Igreja Católica, apesar de enfrentar desafios da igreja, da polícia e até mesmo de seus próprios colegas. O filme também mostra o preço pessoal que a investigação teve para os repórteres, pois eles foram forçados a confrontar os horríveis detalhes do abuso.

Spotlight foi um sucesso de crítica e comercial, vencendo dois prêmios da Academia, incluindo Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. O filme foi elogiado por seu olhar inflexível sobre o escândalo de abuso sexual na Igreja Católica, sua representação realista do jornalismo investigativo e seu forte elenco.

Ele trouxe à luz uma questão generalizada e sistemática de abuso sexual infantil dentro da Igreja Católica na área do Arcebispado de Boston. A equipe de jornalismo investigativo do The Boston Globe, conhecida como a equipe "Spotlight", descobriu e expôs esse problema profundamente perturbador e há muito tempo oculto por meio de sua extensa pesquisa e reportagem.

Especificamente, o filme revelou o seguinte:

Extensão do Abuso: "Spotlight" expôs a chocante extensão do abuso sexual infantil por parte de padres católicos em Boston. Ele mostrou como inúmeras crianças foram sexualmente molestadas e agredidas por membros do clero ao longo de várias décadas.

Encobrimento Institucional: O filme mostrou os extensos esforços da Igreja Católica para encobrir esses casos de abuso. Ele mostrou como a Igreja protegeu sistematicamente padres abusadores, os transferiu para diferentes paróquias e desencorajou as vítimas de falar.

Conivência: O filme também destacou a conivência de várias instituições, incluindo o sistema legal e outras autoridades, em não tomar medidas significativas para lidar com o abuso. Ele demonstrou como instituições poderosas muitas vezes priorizavam sua reputação e interesses em detrimento do bem-estar das vítimas.

Impacto sobre os Sobreviventes: "Spotlight" retratou o impacto profundo e duradouro do abuso sobre os sobreviventes, muitos dos quais haviam sofrido em silêncio por anos. Ele enfatizou a importância de dar voz a esses sobreviventes e reconhecer sua dor e sofrimento.

Integridade Jornalística: O filme destacou a importância do jornalismo investigativo e o papel de uma equipe de jornalismo dedicada e qualificada em descobrir tais má conduta sistêmica. Ele enfatizou o papel vital que a mídia desempenha em responsabilizar instituições poderosas.

Em essência, "Spotlight" trouxe à luz a dura, profunda e perturbadora realidade do abuso sexual infantil dentro da Igreja Católica e o encobrimento que permitiu que isso continuasse por tanto tempo. 

O filme serviu como uma poderosa exposição do problema e desencadeou discussões sobre responsabilidade, transparência e a responsabilidade das instituições em abordar questões tão graves.

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Segunda Parte, fonte: Euronews

No centro do escândalo estava o Cardeal Bernard Law, 86, falecido em  dezembro de 2017, antigo arcebispo de Boston,  acusado de encobrir membros do clero envolvidos em casos de abusos sexuais de crianças. O cardeal estava doente e tinha sido hospitalizado em Roma, cidade onde vivia desde que foi forçado a abandonar os Estados Unidos depois de quase duas décadas à frente da quarta maior diocese norte-americana.

Nomeado arcebispo de Boston em 1984, apresentou a demissão ao Papa João Paulo Segundo no final de 2002. Nesse ano, uma investigação do jornal "The Boston Globe" revelou registos da igreja que atestavam a passividade de Bernard Law, que nada fez perante várias denúncias de abusos sexuais de crianças por parte de quase uma centena de padres.

A investigação valeu aos jornalistas um prémio Pulitzer e o escândalo foi retratado em "Spotlight", vencedor do Óscar para melhor filme em 2016.


Terceira  parte da pesquisa -Fonte: BBC NEWS BRASIL

Escândalos de Abusos de Crianças por padres nos Estados Unidos

Em março de 2010 o jornal The New York Times trouxe a notícia de que, em 1996, o cardeal Joseph Ratzinger, que veio a se tornar o papa Bento 16 em 2005, não respondeu a cartas vindas de clérigos americanos acusando um padre do Estado do Winsconsin de abusar sexualmente de menores.

O padre Lawrence Murphy, que morreu em 1998, é suspeito de ter abusado de até 200 meninos em uma escola para surdos entre 1950 e 1974.

Uma das supostas vítimas disse à BBC que o papa sabia das acusações há anos, mas não tomou nenhuma atitude.

Nas duas últimas décadas (1991 a 2010), a Igreja Católica dos Estados Unidos - principalmente a Arquidiocese de Boston - esteve envolvida em uma série de escândalos de abuso sexual infantil.

Um dos que mais chocou a população veio à tona há alguns anos, quando foi revelado que dois padres de Boston, Paul Shanley e John Geoghan, estavam envolvidos em casos de abuso nos anos 90 e foram supostamente acobertados por líderes da Igreja, que os transferiam de paróquia em paróquia.

Em 2002, o então papa João Paulo 2º convocou uma reunião de emergência com cardeais americanos, mas novos escândalos surgiram.

O arcebispo Bernard Law acabou renunciando ao posto no fim daquele ano, e, em 2003, a Arquidiocese de Boston concordou em pagar US$ 85 milhões depois de receber mais de 500 processos por abusos e omissão.

Um relatório encomendado pela Igreja em 2004 concluiu que mais de 4 mil padres americanos enfrentaram acusações de abuso sexual nos últimos 50 anos, em casos envolvendo mais de 10 mil crianças - principalmente meninos.

Em 2008, em uma visita aos Estados Unidos, Bento 16 se encontrou com vítimas dos abusos e falou "da dor e dos danos" provocados.


SP, em 13/09/2023.




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