segunda-feira, janeiro 21, 2013

Submissão, gratidão e dependência de Deus

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João Cruzué


Um dos mais lindos trechos da Bíblia é o da cura dos dez leprosos, em Lucas 17:11-18.  Dez pessoas que viviam excluídas da sociedade, vivendo longe da família por causa da praga da lepra. E naquele tempo, se uma pessoa contraísse lepra, tinha de morar fora dos muros ou na entrada da cidade. Naquele lugar não ia ninguém. Imagino que cada leproso arranjasse novos vínculos sociais entre outros mal-afortunados com a mesma lepra. E se não tivesse ninguém além dos muros, ficaria ali isolado, talvez conversasse sozinho com com um animal. E viajando para Jerusalém, Jesus Cristo entrou em uma aldeia, creio, na divisa entre Samaria e a Galileia. O que aconteceu na entrada daquela  aldeia nos mostra três coisas que Deus se agrada quando  estão presentes na vida de um cristão.

Eu sei que a maioria de nós ora; seja católico, crente ou espírita, nem sempre tem uma oração  respondida na hora. Mas Lucas, o escritor do Evangelho, anotou que o Senhor foi curto e claro: Ide e apresentai-vos aos Sacerdotes, os religiosos da aldeia que tinham a autoridade, entre outras funções, de verificar se um leproso estava curado, e se estivesse, daria a autorização para voltar para dentro da cidade, para o meio dos amigos, dos parentes  e da própria família.

E na ida até os sacerdotes, cada um dos dez leprosos foi curado. E apenas um parou, pensou e voltou para agradecer, antes de ir aos sacerdotes.  Os outros nove seguiram  diretamente à casa dos religiosos, pois não viam a hora de abraçar os familiares, os amigos,  beijar os filhos e entrar na própria casa.

A gratidão é uma atitude rara. 

Tanto nos tempos de Jesus Cristo, quanto nos dias de hoje. Somos  por natureza egoístas. Começamos nossas orações geralmente, pedindo(me dá!), em lugar de agradecer (obrigado!), por causa da pressa. Ah! a pressa... sinônimo de ansiedade. Quando somos abençoados, a primeira pessoa a saber deve ser o Senhor. Ele é o criador, o sarador, o abençoador. Esta atitude de gratidão mostra o outro lado da virtude - a submissão. rtE a submissão significa: colocar a vontade de Deus em primeiro lugar.

E como é difícil fazer isso. Difícil, porque nossa natureza humana não combina com as atitudes esperadas por Deus. Separados das famílias há tanto tempo, quem daqueles dez leprosos, ao ser curado, pensou que deveria voltar para agradecer pela bênção? Só um! Mas, tinha que voltar para agradecer? Não, isso não era obrigatório, a não ser se a pessoa tivesse uma consciência de senhorio de Jesus. O leproso agradecido não apenas voltou para dizer obrigado, mas por reconhecer que Jesus era maior que ele, maior que o sacerdote, e maior que os entes familiares. Se ele sabia ou não o que era a vontade de Deus para sua vida depois da cura, eu não sei, mas que ele fez a coisa certa (perante Deus) quando voltou, isto ele fez.

E Jesus se alegrou com aquela atitude; como também questionou o paradeiro dos noves recém-abençoados.  "Onde estão os outros nove?" ou em nosso linguajar pouco sutil - Onde está o resto?

Pode um cristão ser agradecido, sem ser submisso? Pode! Você agradece uma coisa, mas faz outra, totalmente divergente do que o Senhor quer. Pode ser submisso sem ser dependente? Aqui, eu creio que não. Quem sempre coloca suas causas e suas dificuldades diante de Deus, e espera até sentir uma paz no coração para decidir, é dependente.

Mas como é difícil ser dependente de Deus. Você ora, jejua, espera por uma resposta, e ela não vem. E você passa por prejuízos, tem problemas de relacionamentos dentro de casa, críticas do cônjuge, dos filhos... E você continua esperando pela voz de Deus - que "nunca" vem... Difícil.

Vale a pena tomar a frente de Deus para resolver problemas, principalmente, grandes problemas? 

À primeira vista, pode parecer que sim. Transformar a pedra em pão. Vender a primogenitura por um prato de lentilhas por causa da fome. Aceitar a candidatura a um cargo político, porque a Igreja quer... abandonar a esposa, porque ele ficou feia e rabugenta... Mas e o tamanho do prejuízo não esperado, nem calculado, depois? E qual é a extensão do tempo que devemos esperar para tomar uma posição, agir ou deixar de agir, sobre o curso do problema? 

É por isto que ser um cristão submisso e dependente de Deus nem sempre significa viver de vitória em vitória. De atravessar montanhas e passar pelo mar seco. Porque nem sempre as vitórias que estamos vendo, também são vitórias aos olhos do Senhor. E eu estava meditando, agora há pouco, na II Carta de Paulo a Timóteo, e pude ver que aquele homem era submisso e dependente de Deus. No final da sua vida, ele foi de "fracasso" em "fracasso". Era isto que quase todas as pessoas de seu círculo de amigos, parentes e conhecidos pensavam. Paulo morreu sozinho e praticamente abandonado.

Mas ao longo dos 2.000 mil anos que se seguiram, ficou bem claro que o que suas derrotas não tiveram nem um bilionésimo porcentual do tamanho do alcance do seu trabalho. Ele andava na vontade de Deus. Deus transformou suas derrotas em vitórias. Não em vida, mas depois de morto.Na extrema dificuldade, debaixo de açoites e pedras, ele não murmurava de Deus. Por ocasião da II Carta a Timóteo, Paulo já sabia que seus dias estavam no fim, e que já estava plenamente quitado diante de Deus. Isto sim, é o que Deus chama de prosperidade, não houve enriquecimento próprio, mas bilhões ficaram enriquecidos por causa de Paulo, o submisso, o dependente do Senhor Jesus Cristo.

E Paulo morreu pobre. Depois de 30 anos de fé, suas posses se resumiam a uma capa e  poucos pergaminhos. Ele não tinha nesta época a minha casa, minha vida. Não tinha casa em Miami. Não tinha jatinho viagens missionárias, não ganhava R$22.000,00 por mês como publicou a Revista Veja. Aos olhos de muitos pastores evangélicos de hoje isso soa como um contrassenso, uma falta de expertize. Ofende a "teologia" da prosperidade (rejeitada só de boca). E eu me pergunto: Que droga de teologia é esta onde o primeiro princípio é se dar bem? Buscar o que de bom Deus pode dar. E o Deus da Bíblia? Será que não está faltando alguma coisa na vida destes "Jovens Ricos" de Mateus 19:16? 

É muito bom alcançar uma graça, receber uma bênção... Mas as atitudes a serem tomadas a partir deste ponto é que são o "x" da questão. E este "xis" passa por: Colocar primeiro o Senhor Jesus na frente de todas as outras coisas e pessoas. Renunciar à pressa e à  própria vontade para fazer a vontade Dele... E não mover o dedo diante de problemas que ainda mantêm nosso coração em estado de ansiedade ou se nossa consciência estiver com dúvida.

Isto é fácil de fazer? Não!

Isto é desejável? Não!

Isto é bíblico? É!





sábado, janeiro 19, 2013

O cheiro da bênção

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Caravan
João Cruzué

 Hoje eu preciso contar de novo um testemunho que se cumpriu há cerca de 29 anos, e repetiu-se em uma tarde de 2008 na vida de uma colega de trabalho. Deus tem promessas firmes de bênçãos que ainda vão se cumprir na vida de muitos leitores deste blog. Guarde bem todas as palavras deste testemunho em seu  coração. 

 Em 1984 minha esposa estava no Colégio Dimensão, na Praça Floriano Peixoto, Bairro de Santo Amaro - São Paulo. Nós tínhamos decidido comprar um carro, pois ela estava grávida de uns cinco meses e andar de ônibus tão pesada era um pouco desconfortável. Então passamos a procurar nosso primeiro carro. Na Avenida Adolfo Pinheiro, bem no começo da Vereador José Diniz, havia uma loja de carros usados e uma Belina II vermelha que por ela me "apaixonei". Preço Cr$3.200.000,00. Zeros que se perdiam de vista, enquanto nosso dinheiro não chegava a tanto. Um dia, vindo da cidade, desci no Brooklin um ponto antes da agência Colonial do Bradesco.

 Meu Tio Joel (já falecido) morava na Rua Roque Petrelha, e a Tia Bê era a melhor costureira de São Paulo. Eu estava indo lá, para levar um tecido para que fizesse uma bata para minha esposa. Ao descer na Av. Santo Amaro, caminhei por uma rua cuja esquina tinha a Loja de Pneus DPascoal - aquela do "Nestor" ao seu dispor e do "Alemão" a sua disposição - uma antiga publicidade da televisão. Não havia caminhado 50 metros quando  me deparei com uma Caravan marrom, de pintura metálica, estacionada na frente de um prédio, com uma placa no vidro da janela: Vende-se. Preço: Cr$2.850.000,00. Memorizei o telefone e ao chegar à casa do Tio, contei-lhe tudo.

 --Batista, ele telefonou no outro dia, fui lá, falei como  o dono, testei a Caravan, e nunca vi um carro usado com um motor e chassis tão bem conservados. "Pode comprar porque é bom negócio, mas venha logo", ele recomendou. 

Tio Joel era motorista profissional. Orei, e fui buscar a minha Caravan! Qual não foi a surpresa, quando em frente ao prédio ao falar pelo telefone com o dono ouvi estas palavras: Acabei de vender! Fiquei muito decepcionado. No ponto a caminho de casa, enquanto o ônibus não vinha eu pensava: Senhor, mostras-me aquele "carrão", faz-me sentir o cheiro da bênção e depois ele vai para outro, deixando-me apenas com água na boca? 

Chegando em casa tomei uma atitude: liguei de novo para o dono do veículo que tinha sido quase meu. Atendeu a irmã dele: "Moça, há pouco falei com seu irmão sobre a Caravan e ele me disse que já tinha vendido; por favor tome nota do meu telefone para o caso de alguma coisa e ela anotou. Meia hora depois, liga do dono da Caravan: Desfiz o negócio, pode vir buscá-la, pois agora é sua.Não preciso nem dizer a alegria que minha esposa e eu sentimos. Ficamos com aquele carro por uns bons cinco anos. 

 Hoje à tarde, uma colega de trabalho, que vou chamar de AJ, estava muito preocupada com uma possível perda de uma bolsa integral de estudos do Pró-Uni; carreira de Ciências da Computação. Acontece que suas duas últimas semanas foram muito atribuladas, com problemas até no CPF receava ter perdido o prazo, depois de ter chegado tão perto... como eu. 

 Então, eu lhe contei exatamente o mesmo testemunho escrito acima, e ainda disse: Se o Senhor já fez você sentir o gosto, o cheiro da bênção, tenha certeza de que ela vai ser mesmo sua. No final da tarde, AJ recebeu um telefonema da secretaria da Universidade comunicando que eles lhe tinham concedido a bolsa integral. Ela ficou contentíssima. Eu me alegrei no Espírito e decidi escrever este testemunho, pois o Senhor não deixa nenhum filho/a Dele apenas com o gosto ou o perfume da bênção. 

Após o cheiro, vem a bênção de verdade.

Em nome do Senhor Jesus prepare-se. O que parecia ser seu - ainda o é. Já pensou se eu tivesse voltado para casa e não tivesse ligado outra vez e deixasse meu telefone com o dono da Caravan? Esqueça o que deu errado até agora e volte, como fez Moisés ao palácio de Faraó. Vá insistindo, e insistindo, e nunca desista, pois assim é que Jesus vai dar esta vitória para você. 


Post de 2008