domingo, fevereiro 12, 2012

A discussão do aborto no Brasil sob a ótica religiosa

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João Cruzué

A Folha Uol publicou no Painel do Leitor a opinião da mexicana Eliane Cecco, de que a questão moral do aborto é religiosa e que o governo do Brasil, um país laico, deve fazer leis que atenda a todos. Ela iniciou dizendo assim: "Quando uma mulher pobre engravida e o responsável masculino não assume a responsabilidade (acontece na maioria dos casos) ela tem duas opções: Arriscar sua vida ao tentar abortar de maneira clandestina e barata; ou ter um filho sem pai e sem dinheiro."

E disse mais: "O que acontece na maioria dos casos é que esta criança vai ser criada na rua, pois a mãe tem que trabalhar para mantê-lo, e tem grande possibilidade de ser marginalizada. Existem estatísticas que demonstram que a maioria dos presidiários no Brasil tem somente o sobrenome da mãe."

E ainda: "Além disso, porque penalizar a mulher que aborta e não penalizar o homem que gerou o filho e não se responsabilizou? A lei que criminaliza o aborto somente penaliza as mulheres e pobres. Esta é a realidade do país".

Quero aproveitar os palpites de Dona Eliane do México, para criticar esta visão de viés notatamente totalitário. Totalitário, sim, porque observei que os pensadores socialistas priorizam a liberação do aborto. Este é o primeiro fato; podem pesquisar.


Quando os partidários do aborto colocam a questão religiosa como inimiga do estado laico, eles querem na verdade que o governo empurre goela abaixo de 90% da população uma Lei que agrada a 10% de ateus. Isto é ditadura. A citação do Estado laico é apenas uma muleta em que eles se apoiam, para dominar sobre o pensamento da maioria que é religiosa, sim.

Essa conversa fiada de que uma coitadinha cede aos encantos de um safado, e depois se engravida, e tem seu filho criado pela avó, é apenas um dos três lados da moeda. O argumento de que é melhor abortar do que ter mais um marginal na rua é o outro lado.

Um erro de comportamento não justifica automaticamente outro erro do Estado. Não se trata apenas de UMA "coitadinha."

Não é tão simples assim, Dona Eliane Cecco. Segundo as estatísticas eleitorais de 2006, muito bem interpretadas pelo ex-Ministro da Educação, Cristovam Buarque, o Brasil tem mais de 100 milhões eleitores que não chegaram ao 2º grau. Minha intuição diz que metade disso são mulheres que pertencem às classes "D" e "E". São 50 milhões de mulheres com graves problemas de renda, um mercado cobiçadíssimo por "grandes" interesses econômicos.

Minha preocupação maior não é legalização do aborto, mas com a banalização dele. De banalização em banalização a sociedade tem que arcar com novos gastos, e quer queira quer não, a religião tem um outro lado que os abortistas não gostam de mostrar. São os religiosos que há mais de um século mantêm orfanatos neste país. A senhora diz que a maioria dos que estão nas penitenciárias não têm o nome do pai na Cédula de Identidade. Isto é um sofisma. Foi a banalização do sexo, a geração do amor livre e da amizade colorida que produziu isto.


Dito isto, o assunto da legalização absoluta do aborto neste país precisa de mais reflexão, pelo que pode acontecer depois: A banalização do aborto. A perda de significado e a desvalorização da vida por quaisquer míseros dez reais, Principalmente de fetos de sexo feminino. É uma falácia dizer que uma coitadinha, uma "novinha" saliente deve abortar, porque andou ralando com um "papai" nos bailes funks e pancadões das periferias. Eu tenho certeza de que se o sexo do feto for masculino suas chances de não ser abortado são maiores.

Então, neste ponto, a questão é livrar a pele de uma mulher, enquanto aniquila a vida de outra.

E a indústria do aborto? Recentemente, uma colega nossa escreveu sobre a cultura do aborto no Japão, onde há firmes rejeições dos médicos em receitar anticoncepcionais, porque faturam fazendo aborto.

Um fato ainda pior: Na maioria dos países que legalizaram o aborto, o tempo de praticá-lo fica por volta da 12ª semana. E em se tratando de uma economia em que o faturamento vem antes do que é moral, qualquer adolescente ou senhora grávida de poucos recursos vai enfrentar, de cara, o assédio de agentes à procura de "clientes" para seus médicos. Se isto acontece no Japão, que é a terceira economia do mundo, no Brasil, então, seria uma explosão de clínicas de aborto.

Esta conversa de que a religião cristã é um atraso, para a modernização da sociedade é preconceituosa. É desejo de uma minoria em aprovar uma lei, que sirva de cabresto, para puxar uma sociedade inteira.

Sou religioso, sim. E com todo direito de exercer minha cidadania. Não é legalizando o aborto enquanto, de outro lado, se promove a prostituição, o sexo irresponsável, mal-embrulhado semanticamente como "fazer amor".
A corda e a caçamba. Isto é liberdade? Acho que tem outro nome bem menos agradável: Libertinagem.

A moral ainda é uma das poucas coisas que mantém a sociedade no caminho do progresso. Imagine se a mãe de Barack Obama decidisse abortá-lo, porque seu pai voltou para o Quênia. Imagine se a mãe de Steve Jobs decidisse assassiná-lo antes de nascer? Imagina se a mãe do ex-Presidente Lula chegasse em um hospital, com uma renca de rebentos atrás de si, e o Luiz com 12 semanas na barriga?

Como estamos em um país democrático - e laico - como sempre repete uma minoria totalitária, que se divulgue e amplie o debate sobre o aborto e suas consequências perante a sociedade.

E tendo feito assim, que se conclua a matéria em um plebiscito ou consulta popular. Duvi-d-ó-dó que a sociedade brasileira votaria errado.

Hasta la vista Doña Eliane.







sábado, fevereiro 11, 2012

Sete anos de blogs evangélicos

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Blogs cristãos de 2005 a 2012


Joao Cruzue

Por João Cruzué

Sábado - 11.02.2012.

Nos primeiros cinco anos da última década, os blogs cristãos brasileiros eram coisas de nerds, intelectuais evangélicos, que tinham livre acesso à cultura americana. Com sua popularização, a partir de 2009, a blogosfera intelectual começou sofrer o impacto de emergentes menos "nobres". E como água e gasolina não se misturaram e os "intelectuais" que se isolaram, sumiram. Enquanto isso, os blogueiros emergentes, mormente presbíteros da Igreja Assembleia de Deus, deram início a a segunda onda de associação de blogueiros, da qual a UBE - União de Blogueiros Evangélicos foi precursora. Daí por diante iniciou-se uma política voltada ao incentivo de produção e publicação de conteúdo cristão na Internet.

Sem falsa modéstia, fomos um dos pioneiros no fomento de criação de blogs cristãos para ir de encontro às porcarias da Internet que não tinham nenhum contraponto cristão. Não estive sozinho nisso, pois os fundadores da UBE e outros moderadores da comunidade estiveram juntos. Pagamos o preço do atrevimento sofrendo muitas críticas, a maioria delas contra a péssima qualidade dos textos dos iniciantes, acrescida pela esterilidade e consequente publicação de textos de outros autores não engajados

Até hoje, ainda não sei escrever direito. E creio que não chegue a ficar bom nisso, mas sempre procuro dar qualidade às publicações, investindo em revisões de português, melhoria de layouts, estudo de HTML, CSS, uso do corretor ortográfico do Office... enquanto compartilho meus progressos em dois tutoriais: Como Blogar e Curso de Blogs. Outro dia um colega de blogs avisou-me: João eu quero permissão para publicar o texto tal, mas dá uma passada lá, porque tem uma frase que você escreveu "pobrema". Interessante. Escapuliu! E quando fui revisar o texto inteiro, tinha mais de 10 escorregões.

É bem verdade que a qualidade não acompanhou a quantidade dos blogueiros cristãos, mas ela existe e pode ser apreciada em muitos blogs que surgiram de 2009 em diante.

Continuamos insistindo no mesma bigorna: Cada líder cristão, principalmente quem trabalha no ministério do ensino bíblico, deveria transpor a linha digital que marca o limite entre o usuário passivo e um publicador de conteúdo cristão na Internet. Cem
mil blogs até o final de 2012, esta marca é um sonho meu. E para não ficar apenas em palavras, investi do próprio bolso também, porque acredito na efetividade e no poder de um blog: Prêmio Blogueiro Cristão. E seria muita pretensão minha achar que estive sozinho nisso. Há dezenas, talvez centenas de blogueiros que fazem discipulado com consciência e anonimato.

Por natureza, um blogueiro evangélico típico é uma pessoa individualista e até narcisista, plenamente contextualizado com esta era pós-moderna. Minha visão começa a mudar aqui. Para que a Weblogosfera cristã comece de fato a ser efetiva precisa deixar um pouco o individualismo para trabalhar o lado social, desenvolvendo laços entre companheiros, compartilhando espaços em seus blogs para outros editores, convidados. Do individual para o comunitário. Esta é a visão.

A título de exemplo, há três semanas Ariana Huffington vendeu o Huffington Post que na verdade era um espaço agregador que divulga links de 9.000 blogueiros afiliados. Não estou aqui fazendo apologia dos ganhos financeiros (315 milhões de dólares) que obteve na transação com a AOL, mas da capacidade estratégica que teve, consciente (ou não) do princípio bíblico da unidade composta.

Ainda há espaço para um novos blogs evangélicos na Websfera? É uma boa pergunta.

Tenho uma excelente notícia para você: Se ainda não criou seu blog, seu espaço continua vazio por lá. Há milhões e daqui a menos de uma década,bilhões de leitores esperando textos que compartilhem experiências de vida, conselhos bíblicos, testemunhos de superação, boas notícias de evangelismo, missões, ações sociais, etc.

Crie seu blog e comece a escrever nele sua cosmovisão, sobre as coisas que você acredita. O que passa a sua volta. Não tenha medo de escrever. É preferível começar alguma coisa errando (e depois melhorando) do que deixar o medo embotar um dom que você talvez nem saiba que tem.

Mas não comece sozinho/a. Tente primeiro compartilhar seus planos com alguém amigo. Um planejamento a dois é bíblico. Vai reduzir o tempo de amadurecimento e aumentar as chances de qualidade do conteúdo de suas publicações.


A maioria dos presbíteros, professores e superintentendes de EBD de nossos dias vieram de tempos da, ou imediatamente pós ditadura, onde um grau maior de passividade foi ensinado e aceito por esta geração. Tenho observado isso em minhas tentativas de convencimento de destacados colegas, mestres em teologia e docentes da Escola Dominical. Usam com maestria a palavra escrita, têm consciência da proeminência dela, mas quando se fala em escrever, apresentam as mais variadas desculpas.

Uma pena porque daqui a cinco anos, em 2016, 100 milhões de Tablets e smartfones estarão substituindo os atuais celulares nas bolsas e valises de cada brasileiro. Um equipamento de fato portátil, onde se pode ler a Bíblia na igreja, anotar o sermão do pastor, fazer ligações telefônicas para o mundo, ler jornais, baixar arquivos da internet, fazer treinamento de EAD e gravar aulas na escola. Isto é irreversível!

Não podemos começar a pensar nisto daqui a cinco anos, mas agora. Se você estiver na blogsfera, potencialize sua criatividade, amplie seus olhos e seu coração em uma janela onde seus leitores possam ver aquilo que você está vendo e sentindo.

Comente sobre todos os assuntos com RESPONSABILIDADE, sem cair na crítica improdutiva e perigosa, pois há um crescente aumento de
processos por ofensa moral sendo julgados nos tribunais, contra difamações gratuitas. Comente sobre tudo, pois é preciso estar nas primeiras páginas dos buscadores virtuais para atingir todas as áreas em busca de todos os leitores.

E se precisar de alguma dica ou informação, cruzue@gmail.com, as suas ordens.


Escrito para o Blog Olhar Cristão e Associação de Blogueiros Cristãos.






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