domingo, junho 26, 2011

UD 3191, como Deus é Fiel

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João Cruzué

UD 3191 era a placa amarela de um Chevette Hatch, cinza, ano 80, comprado em 87 Cz$4.100.000,00, que ficou conosco até 2002, quando foi vendido por R$200,00. Se você está precisando ouvir uma palavra de fé por causa de tempos dífíceis, este testemunho vai fortalecer seu coração. Os protagonistas desta historia foram minha esposa e eu.

Em 1987 ela vendia bordados de Ibitinga e orou por um carro, para vendas de porta em porta.

Um Chevette Hatch 1980

Alguns dias depois, achamos um Chevette Hatch usado, prateado, lindo,pelo preço Cz$4.100.000,00. Havia tantos zeros na moeda que não mais me recordo se eram milhões cruzados ou milhares cruzados novos. Uma época, em que Sarney era Presidente. E quando ele começava seu discurso assim: "Brasileiras e Brasileiros..." todo mundo saáa correndo aos postos porque o preço da gasolina ia aumentar.

Depois da fase dos "bordados", ajudei minha esposa a levar pessoas em excursões "bate e volta" para o Paraguai.

Fui vendedor de planos de saúde da Unimed Paulistana, atividade que o Senhor preparou para me fazer mais otimista. Eram muitas aflições, e também muitas orações.


Depois ganhamos nosso pão ornamentando eventos.


Fomos dezenas de vezes com aquele Chevette na "Feira de Flores" que acontece no Ceasa de São Paulo nas madrugadas de terças e sextas-feiras. Ao dobrar seu banco traseiro, cabia muita coisa. Rosas vermelhas: "dalas" e "vegas"; rosas champangne: "oceânias" e "versilhas". Crisântemos: "margarida", "polar"; lisiantos brancos e lilazes. Tuyas, maços de gipsófila, paulistinhas, smailacs, heras, tangos, caixas de espumas florais, orquídeas, lírios para buquês, cestas de vime, bambu e argila.Ufa!

Uma curiosidade de 1992 a 2002, nosso carro não foi licenciado. Com os recursos sempre lá embaixo, lembro-me do dia que orei ao Senhor mais ou menos assim:

--Pai, eu preciso de ajuda. Nosso dinheiro dá suprir apenas nossas necessidades básicas. Gostaria que o Senhor cuidasse deste detalhe, porque o dinheiro do licenciamento vai nos fazer falta.

E Deus foi fiel. Nunca fomos abordados, em nenhuma blitz, em nossos caminhos para levar nossas filhas, todo dia, para suas escolas em Santo Amaro, para ir aos cultos na Igreja, para comprar roupas no Largo do Cambuci de vez em quando. Enquanto o modelo das placas dos carros já eram brancas e com três letras, a daquele Chevette sempre ficaram nas amarelas.


Um dia, eu pude ver a mão de Deus em ação. Precisando ir na Vila dos Remédios buscar um arco de ornamentação com duas grandes colunas eu orei assim: "Senhor, a Vila dos Remédios é muito longe. Nosso carro ainda está com essas placas amarelas... Vou pedir uma bênção especial. Quero ir e voltar em paz sem ter o carro apreendido. À noite, Pai, eu darei um oferta de agradecimento.

E fui buscar o arco.


Passei pela Avenida João Dias, depois da ponte e abasteci. Antes do antigo Banco Bamerindus, hoje HSBC, dobrei à direita, na Rua Gibraltar, para pegar o caminho da "Marginal". Quando acabei de virar, sabe quem estava lá na frente? Um guarda de trânsito. Voltar eu não podia; correr não ia dar certo.

Vi um motorista parado junto ao guarda, e tive uma ideia. Parei bem lado e perguntei: Seu guarda, como faço para pegar a Marginal? E ele, muito prestativo ensinou: vai em frente, dobra para a direita depois esquerda,...faça assim e assim... E foi desse jeito, com muita classe, que eu passei com um carro velho, com placas amarelas proibidas bem diante dos olhos do guarda, que não viu nada. Não estou me gabando de esperteza, mas testemunhando que Deus é fiel e responde orações.


Fui na Vila dos Remédios, e trouxe o arco duas colunas para ornamentação, enormes, dentro daquele Chevette. Não sei como, mas coube. Voltei em paz, feliz da vida e cumpri meu voto. Uma oferta de gratidão na Igreja. Deus não precisava do meu dinheiro, mas aceitou tratar comigo.


O Chevette foi se deteriorando, à medida que a "grana" ficava ainda mais curta. A ferrugem foi aumentando e comendo tudo. Ele era viciado ém óleo; toda semana bebia um litro. Tornei-me em um mecânico bastante razoável. Trocar velas, esquentá-las nas chamas do fogão para secar o óleo; trocar pastilhas de freio, fazer sangrias, eram por minha conta.

A coisa piorou tanto que precisei colocar uma pedaço de ripa de madeira para substituir a máquina quebrada do vidro da porta do lado do motorista

O escapamento era terrível. Quando minha esposa saía da garagem para a rua acelerando aquela "bagaça," o ronco era ensurdecedor.

Em 1994 fomos cuidar de nossa primeira congregação - a Assembléia de Deus do Parque Santo Antônio. Nosso carro era o mais feio de todos. Eu cheguei a ouvir um comentário de meu pastor supervisor de que era possível saber quem o crente tal está chegando à Igreja, só pelo barulho do carro. Acho que ele falava da gente.

E nós continuávamos esperando com paciência pelas bênçãos que "nunca" chegavam. Infelizmente, de vez em quando, também ouvíamos pregações "cotovelando" nosso estômago sobre o testemunho de certos crentes que estavam sempre debaixo de lutas e nunca prosperavam. Enfim...

E aquele velho Chevette que era lindo quando foi comprado, agora estava caindo aos pedaços. E fica muito difícil acreditar se eu lhe contar que mesmo nestas condições ele foi roubado, na madrugada que minha esposa foi buscar meu sogro na Rodoviária do Tietê. O vidro da porta estava com uma pequena fresta e ó... foi-se.

Isso mesmo roubado! E achado, uma semana depois na calçada da subida da curva da Figueira Grande, na Estrada do M'Boi Mirim. Passou uma semana, como ninguém mexeu no carro, nem puseram fogo nele, fomos lá, pusemos gasolina, uma bateria e ainda nos serviu por quase de um ano buscando flores do Ceasa e carregando os equipamentos de decoração. Caminhando naquela curva há dois anos, o montinho de concreto onde o diferencial dele ficou preso - ainda está lá. Sete anos! Deus é fiel.

E para finalizar, um sitiante comprou aquela "relíquia" por R$200,00. Ele dava cem, mas minha esposa achou um desaforo. Ou dava duzentos ou não teria negócio. Teve.

Ficamos sem carro por um ano.

Em julho de 2003, depois de onze anos sem um sustento fixo, o Senhor nos deu uma oportunidade de trabalho no Hospital do Campo Limpo, Município de São Paulo. Depois disso houve um concurso e passei . Minha esposa também havia conseguido uma oportunidade como professora substituta em uma escola estadual.

Em Dezembro de 2004, o Senhor nos concedeu a oportunidade de comprar nosso primeiro carro 0km, um Celta 2004 - DMJ 8496. Ficamos com ele pagando prestações até outubro - 2006. Na terceira semana de outubro/06, nós o trocamos por um Corsa Classic também novinho em folha -mas sem dívidas. Na segunda semana de outubro 2008, trocamos o Classic por um Renault Logam, nosso primeiro carro 1.6. E dois anos depois, em 23 de dezembro de 2010 nós compramos outro carro 0km - uma Minivan Livina da Nissan. Mas nunca nos esquecemos daquele Chevette, para agradecer a Deus.


Foi através dele que Senhor nos provou e preparou para as bênçãos dos anos seguintes. É por isso que precisamos dar graças pelos dias de "deserto" porque é o tempo de preparação para aprender a sermos mais agradecidos. Se não dar graças por tudo o que temos e acontece no do dia a dia, como vamos aprender a ser grato pelas grandes bênçãos descritas no Salmo 23?

Dê graças em tudo.

Aguarde orando, porque o Senhor também vai virar a sua sorte.


Eu fiquei desempregado durante 11 anos (julho/92 a julho/2003). Não passava em nenhuma entrevista. Mas as coisas mudaram de 2003 em diante. Em 2004, passei no primeiro concurso. Em 2009, passei em uma entrevista com o Secretário de Finanças do Município de São Paulo para um cargo ainda melhor. Mas eu seria apenas um servidor emprestado.

Mas não fui para lá, pois na última semana de minha mudança recebi um telegrama em casa, para tomar posse de um cargo de agente de fiscalização em um Tribunal de Contas Estadual. Vaga conquistada por concurso prestado em 2005. Quase quatro anos depois da prova. Uma bênção enorme. E ainda teve mais. Recusei vaga de contador no Tribunal de Justiça de São Paulo, também conquistada em concurso - porque o salário era menor. Três oportunidades em seis meses.

Há dois dias, recusei outra vaga, de contador no Tribunal de Justiça de São Paulo, também conquistada por concurso, mas de salário menor.

Durante 11 anos eu mandava currículos e só levava porta na "cara". Mas o Senhor estava olhando. Um dia Ele deve ter pensado: como é que que esse moço ainda insiste? Abençoa ele também Pai.

Isto aconteceu comigo. Se você estiver em situação parecida, saiba que nenhuma palavra escrevi no texto é mentirosa. Deus é fiel mesmo. Se Ele atendeu às minhas orações, também não vai falar com você. Basta manter em seu coração (sempre) alguma atividade na Casa do Senhor que glorifique o seu nome, para que no dia que o Senhor olhar para você não veja seu coração vazio e desocupado. Ocupe-se e mantenha-se ocupado. Ô Glória!


Se este testemunho tocou sua vida, ore por mim. E não deixe de me contar quando sua bênção chegar.


cruzue@gmail.com







A decisão do STF sobre a marcha da maconha

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Livre manifestação de expressao de apologia ao consumo de maconha

.João Cruzué

Creio, na minha opinião, que o Supremo Tribunal Federal errou ao votar pela absolutização da liberdade de expressão de opinião e reunião dispostas no artigo 5º, Incisos IV e XVI da Carta Magna. A consequência imediata do parecer do STF foi a realização da Marcha da Maconha em 40 cidades brasileiras.

A explicação dos participantes era de que a manifestação pública, com cartazes e tudo mais, não fazia apologia da Canabis. Alguém aí me belisque se o que eu estou lendo não é produto de um sonho... Se isto não for apologia, não sei mais o que seria...

Nosso Conselho de grandes Sábios tem tomado certas decisões desconcertantes. Quero citar algumas.

1 - A criação da Reserva Ianomami "Raposa Terra do Sol" em Roraima, na forma de aréa continua. Os agricultores e moradores do local foram expulsos e mal-pagos, depois da decisão do STF. Resultado? O mundo lá fora aplaudiu, mas os índios da região estão passando fome. Para não morrer à míngua, um êxodo está acontecendo em direção à periferia de Boa Vista. Muitos índios preferem a condições de extrema necessidade das malocas a enfrentar a foice da morte da fome na reserva, cujo nome é publicidade enganosa. Seria mais adequado "Raposa Terra da Fome"

2 - A recusa de extradição do criminoso italiano Cesari Batisti, tem o dedo do Supremo, que deixou a batata queimar e depois a colocou nas mãos do Presidente Lula.

3 - O Jornalista Pimenta Neves ficou 11 anos impune, mesmo sendo ele réu confesso. Metade desse tempo depois de ter sido julgado e condenado. Por que? Excesso de possibilidades de recursos, disponíveis a quem tem din din para custear um bom advogado.

4 - Foi do Supremo a mais recente decisão de criar o terceiro sexo, passando um trator sobre o artigo 226 da Constituição, sob a alegação (imagino) de que ele estava inconstitucional.

5 - O julgamento dos mensaleiros, cujos processos estão se empoeirando em alguma gaveta no STF, pelo visto não vai sair.

E mais amostras do gênero há, que agora não consigo me lembrar.

Agora, no mês de junho de 2001, veio uma surpresa ainda maior: Fazer manifestação em praça pública em favor da descriminalização da Maconha, no entender da Suprema Corte, não é a mesma coisa que fazer apologia da maconha. Ora, ora, isto parece com aquela situação de meia-gravidez! Lembrando a verve do falecido governador Brizola: Se isto tem rabo de jacaré, escama de jacaré e dente de jacaré, só pode ser, então, um jacaré!

Daí, se tem cartaz com a foto da Canabis, gente na passeata usando um cigarro e insinuando baforadas, o que poderia ser, então, senão apologia da erva?

Será que o legislador quando redigiu a minuta do texto constitucional e os Constituintes que votaram e o Presidente da Constituinte que sancionou os artigos 5º e 220 da CF de 1988, impregnaram a Lei Maior com um espírito de absolutização de todo e qualquer pensamento e manifestação mesmo?

Por exemplo: Havia neles o desejo de tutelar a marcha da cocaína? a marcha da Pedofilia? a marcha do PCC? a marcha de neonazistas? De marcha contra o Holocausto e Judeus?

Será? Deduzo que não.

Eu imagino, no meu pouco saber jurídico, que os constituintes não estavam pensando em tudo isto não. Creio que houve um mau julgamento de suas Excelências, Magistrados do STF, interpretando como 100% absoluto, um texto constitucional cujo teor tem algo de relativo nele.

E isso me traz a lembrança a parábola da Roupa do Rei, que era feita de fios invisíveis de ouro, que apenas podia ser vista pelos súditos que tinham inteligência e grande sabedoria...





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