sexta-feira, março 04, 2011

Jesus e as Mulheres


Sinner woman


"COM AS MULHERES"

Autor: Paulo Brabo


"–Está vendo essa mulher?

Eu entrei na sua casa e você não me ofereceu

água para lavar os pés.

Ela, no entanto, lavou meus pés com lágrimas,

e enxugou-os com os seus cabelos.

Você não me cumprimentou com um beijo,

mas ela, desde que entrou,

não parou de beijar-me os pés.

Você não me derramou óleo sobre a cabeça,

mas ela passou essência perfumada nos meus pés.
"


Lucas 7:44-46


"A distância cultural nos impedirá para sempre de apreender a extensão da sua influência e a absoluta novidade da sua postura, mas é certo que nenhuma outra figura masculina da antiguidade oriental – seja no domínio da realidade ou da ficção – sentiu-se mais à vontade entre as mulheres do que o Jesus dos evangelhos. Nenhum outro personagem do seu tempo, e talvez de tempo algum, fez mais para corrigir a distorção das lentes culturais através das quais a imagem da mulher era interpretada – e em muitos sentidos permanece sendo.

A singularidade de Jesus nesse aspecto não é menos do que tremenda. Acho notável ao ponto do milagroso que as posturas de Jesus diante das mulheres, conforme descritas nos evangelhos, não tenham sido censuradas posteriormente por homens menos preparados do que ele para abraçá-las.

É preciso lembrar o óbvio, que não faz cem anos que as mulheres alcançaram status social igualitário no ocidente, o que os evangelhos descrevem que ocorreu há dois mil.

Numa época em que um marido não deveria se dirigir à própria esposa em lugar público, e que homem algum deveria trocar palavra com uma mulher desconhecida (em ambos os casos para proteger a sua honra, não a dela), o rabi de Nazaré buscava a companhia amistosa de mulheres, puxava conversava com elas, tratava-as com admiração e naturalidade, interessava-se sem demagogia pelos seus interesses, deixava que tocassem publicamente o seu corpo e o seu coração.

O Filho do Homem não se constrangia em ser sustentado por mulheres, não virava o rosto à possibilidade de ser acarinhado por elas, não hesitava em recorrer a imagens que diziam respeito ao seu dia-a-dia, não sonegava histórias em que mulheres eram (muito subversivamente, na ótica do seu tempo) exemplo de humanidade, de integridade, de engenhosidade e de virtude.

Falamos de um tempo, num certo sentido não muito distante, em que os homens que não denegriam abertamente a imagem da mulher soterravam-na por completo debaixo de idealizações simplistas. Dependendo de quem estivesse falando, a mulher era vista como incômodo necessário, como homem imperfeito, como criança, como objeto mecânico de desejo, como objeto idealizado de poesia, como animal fraco e sensual; figura às vezes inocente, às vezes desejável, normalmente imprevisível, normalmente indigna de confiança e invariavelmente inferior.

Contra esse cenário, o rabi de Nazaré resgatou uma mulher adúltera das garras da justiça e da morte sem recorrer ao que seria o mais fácil e popular dos argumentos antes e depois dele, o que afirma que a mulher é criatura de mente obtusa e vontade fraca, particularmente suscetível às sensualidades da carne. Em um único golpe eficaz ele transferiu a culpa da mulher acuada para seus acusadores, todos eles homens, emblemas de poder e desenvoltura, até serem publicamente dissolvidos pela mão de Jesus. A vítima, transgressora, foi ao mesmo tempo salva da condenação e tratada, talvez pela primeira vez, como um ser humano independente e responsável (João 8:1-11).

Aqui estava um homem que, irresistivelmente, olhava para as mulheres sem rebaixar-se a preconceitos ou recorrer a idealizações. Jesus lia as mulheres como seres humanos, e foram necessários séculos para que o mundo arriscasse repetir a sua ousadia. Ainda hoje, transcorridos milênios ineficazes, não há homem que esteja imune a ler a mulher através de estereótipos novos e velhos; ainda somos tentados a enxergar o homem incompleto, a flor de pureza, a criança sem rédea. Mas ali, nas esquinas empoeiradas de um canto do mundo, as estruturas do mundo social haviam sido abaladas para sempre.

Para mim não há evidência maior de que o espírito subversivo de Jesus permaneceu vivo nos primeiros discípulos, logo após a ressurreição, do que a descrição da comunidade de seguidores em Atos 1:14: “Todos estes [homens] perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

Este com as mulheres me pega desprevenido todas as vezes, tanto pela sua necessidade quanto pelo impensável que representava no seu tempo. Em retrospecto é difícil avaliar o quanto está sendo efetivamente dito aqui, mas é preciso lembrar constantemente que naquela cultura as esferas de atividade de homens e mulheres eram divididas ao ponto do incompatível. Essa fenda corria de uma ponta à outra o tecido da sociedade, mas seu ponto nevrálgico talvez residisse na esfera religiosa, na qual era preciso ser homem para ter participação eficaz – isto é, para ter acesso verdadeiro e relevante à divindade.

Na visão de mundo vigente, homens e mulheres habitavam espaços separados no universo; essa incompatibilidade era espelhada na sociedade e prontamente celebrada através de espaços diferenciados de adoração. Tanto o Templo quanto as sinagogas tinham áreas separadas para homens e mulheres, e os recintos reservados para os homens ficavam invariavelmente mais próximos de Deus. Era uma sociedade em que não ocorreria a ninguém colocar homens e mulheres compartilhando voluntariamente de um mesmo espaço, muito menos um espaço religioso.

Agora que Jesus havia subido ao céu e os homens de branco haviam dito que mantivessem os olhos fixos na terra, os discípulos viram-se diante de um problema e de um embaraço. Jesus, o amigo das mulheres, havia partido, mas as mulheres haviam ficado. Deveriam eles, homens de respeito e maridos de boa fama, retornar ao antigo e unânime padrão social, devolvendo as mulheres ao seu devido lugar? Agora que Jesus não estava mais ali para efetuar a sua mágica, não seria inevitável que restabelecessem a fenda social que ele havia coberto temporariamente? Quando a multidão de seguidores retornasse a Jerusalém (onde Jesus dissera que aguardassem) deveriam o grupo de discípulos e o de discípulas “perseverar unanimemente” em recintos separados?

Escolher o contrário, escolher o abraço comunitário e a convivência santa nos padrões inaugurados por Jesus, seria nadar contra a corrente de todas as instituições sociais em efeito no seu tempo. Um observador só encontraria um modo razoável de interpretar uma reunião voluntária e regular entre homens e mulheres: como ocasião para licenciosidade. Foi efetivamente dessa maneira que as reuniões cristãs “de amor” foram interpretadas por seus antagonistas ao longo de seus primeiros séculos. Tinham que ser desculpas para sexo – porque, que mais poderia um homem querer fazer com uma mulher?

A momentosa decisão encapsulada nesse único verso demorou a encontrar compreensão e aceitação, tanto dentro quanto fora do grupo. Escolhendo reunir-se regularmente no mesmo recinto, tanto homens quanto mulheres abriram voluntariamente mão da ficção da “boa fama” em troca da generosidade, da inclusão e da convivência. Escolhendo sentar-se de modo criativo ao lado de um Outro com quem não criam ter nada em comum, romperam um véu ancestral e convidaram o mundo a explorar um universo de possibilidades inimaginadas. Nos dois casos, seguiam o desafio formidável deixado pelo exemplo de Jesus".


Fonte: Bacia das Almas - Paulo Bravo




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quarta-feira, março 02, 2011

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

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O8 DE MARÇO 2011


Por João Cruzué/Blog Olhar Cristão

Dia Internacional da Mulher 2
Algumas das grandes mulheres de minha família

083
Mulheres fortes em políticas sociais e ambientais

08mar
Grandes líderes na religião e no governo

Dia Internacional da Mulher 1
Cantoras, senadoras, pastoras

Dia Interancional da Mulher 5
Mulheres de várias raças e de outros continentes.

Maria
Sem me esquecer da mãe do Salvador,
a mais bem-aventurada de todas as mulheres.



João Cruzué

Deus abençoe as mulheres em todo mundo com mais direitos, respeito, igualdade e oportunidades. E que nós, os homens, miremos no exemplo do Senhor Jesus Cristo, que na sua época sempre tratou com amor, dignidade e respeito as mulheres que conheceu. Quero citar algumas delas: a filha de Jairo, a mulher do fluxo, as irmãs Marta e Maria, a prostituta que lavou seus pés com lágrimas e os enxugou com os cabelos na casa de Simão, a viúva de Nain, a mulher samaritana e a mulher adúltera do Evangelho de João. Enquanto na maioria das religiões não cristãs não se vê exemplo tão marcante. Em lugar disso, existe, sim, muita discriminação, opressão, agressão e preconceito.

Vou deixar minha uma homenagem especial em 2011 para minha cunhada Dalva (no alto, a segunda à esquerda) que faleceu no final de abril do ano passado. Uma mulher muito alegre, extrovertida, muito comunicativa, que batalhou a vida inteira contra muitas e grandes dificuldades, se tornando uma vencedora. Ela foi sepultada no Dia do Trabalho. Hoje se encontra descansando junto do Senhor, na glória.

Trago uma imagem sua muito viva em minha lembrança, do dia que eu estive orando por ela, na UTI do Hospital de Pariquera-Açu. Irmã Dalva Elisa estava em coma, cheia de fios e tubos. Eu me senti o mais incapaz dos homens. Eu saí depois da oração, tinha dado alguns passos, quando as outras pessoas da enfermaria chamaram-me de volta, porque ela tinha levantado o braço, e o apoiou com o cotovelo na cama. Eu voltei, e segurei aquela mão e chorei. Ela estava se despedindo de mim.

Depois no velório de corpo presente, crentes de muitas Igrejas da cidade se reuniram na Igreja que ela congregava, para prestar uma homenagem à uma das mulheres mais batalhadoras de Barra do Turvo/SP. Todos se emocionaram muito, quando uma senhora, dirigente do Círculo de Oração local, louvou ao Senhor com um hino até então desconhecido. Seu vozeirão rouco e afinado era muito mais bonito que o de Ella Fitzgerald, Nora Jones ou Amy Winehouse. E eu vi lágrimas rolando pelo rosto de quase todas as pessoas que estavam ali, na despedida da irmã Dalva, minha cunhada mais alegre.

É bom ser crente em Cristo. Eu sei que se perseverar na fé, um dia vou revê-la, toda sorrisos, ao lado Senhor na Glória. Esta é aquela viva esperança de que Pedro falou na Bíblia:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que,

segundo a sua grande misericórdia,

nos gerou de novo para uma viva esperança,

pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.



João Cruzué



cruzue@gmail.com


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