sábado, novembro 13, 2010

Café com Jesus 5

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MUDANDO DE FOCO

João Cruzué
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Semana passada eu me tornei avô. Isto evidentemente significa que já tenho bastantes cabelos brancos, preciso de óculos e não consigo ouvir todas as palavras que são ditas, enfim... tenho tudo para me dar bem naquela fase melancólica da vida onde a rabugice e o papo sobre doenças e remédios são predominantes. A não ser por um detalhe, o que já disse define bem o João Cruzué com 54 anos em novembro de 2010. Eu não quero falar de coisas tristes, nem de doenças nem de medicamentos que estereotipam as pessaos da minha idade. Eu quero falar é do tal detalhe.

Quando tinha 18 anos vim para Capital paulista em busca de trabalho e um carreira universitária. Mas houve uma grande mudança nos anos finais de minha adolescência: eu me converti ao Evangelho e tornei-me um crente em Cristo Jesus. Família inteira católica, muitas criticas... Confesso que passei por dias bem ruins. Mas ao longos dos quase 40 anos que separaram o adolescente de um vovô, eu tentei estreitar minha comunhão com o Senhor e aprendi algumas coisas.

Eu não posso negar: O Senhor é meu Pastor e cuida bem de mim. Os primeiros anos de minha velhice são definitivamente mais bem-aventurados que os da adolescência, a força que perdi com os anos sei onde posso buscá-la. Há alguém que pode vencer as piores batalhar para mim, seu olhar contempla minhas necessidades 24 horas por dia. Andam dizendo por aí que religião é para fracos e que Deus não existe. Bobagem, eu sei que religião são falhas, mas Deus é real. Eu converso com Ele e Ele me ouve.

É bem verdade que passei por dias duríssimos, mas eles terminaram. E se outros dias ruins vierem, sei que meu socorro virá da mesma fonte: da misericórdia do Senhor Jesus.

Eu não tenho o direito de reclamar da vida; nem de manter papos monótonos sobre doenças e remédios, comuns aos da minha idade, pois fui epiléptico - e Jesus curou-me. Não tinha um lar, e Jesus me deu esposa, filhas, genro e neto. Fiquei 11 anos desempregado, e nos últimos 12 meses fui chamado para a posse em dois concursos e convidado e aprovado para trabalhar na Secretaria de Finanças do Município de São Paulo. Não vou dizer onde estou trabalhando, mas entre os três pude escolher o melhor. Eu não o direito de olhar a vida de dizer que meus dias são maus.

É de conhecimento geral que vivemos os anos mais corruptos que esta nação já viu. E não tenho vergonha de dizer que uma das coisa que mais me assunta é ver a situação da Igreja Evangélica no Brasil. Muitas coisas ficaram mais claras nesta última eleição. Eu teria todos os motivos para escrever um blog postar um zilhão de assuntos de corrupção nos meios evangélicos envolvendo de A - Z. Sei que bastaria escolher umas cinco Igrejas dessas que descaradamente metem a mão no bolso dos fiéis vendendo um evangelho avarento. Mas não vou cair nesta armadilha.

Para cada pastor corrupto que está se dando bem na política e nas finanças existem 10 outros que nunca terão seus nomes conhecidos, nem apareceram suas obras em blogs, mas que hoje voltaram para seus lares contentes, porque ganharam ao menos uma alma para Cristo. Eu prefiro olhar para as lágrimas de um novo convertido, que perder meu tempo malhando um falso profeta que, também hoje, está verificando quantos milhões foram depositados na conta da "Igreja". Eu não poderia me esquecer que os olhos do Senhor a tudo estão atentos. Ele, sim, é o juiz e já reservou um lugar na eternidade para justos e ímpios; santos e profanos; sábios e murmuradores; ajuntadores e espalhadores.

Se eu olhar ao meu redor da mesma forma que os pessimistas olham eu perderia os grandes detalhes da vida - que geralmente passam despercebidos. Deus não é Deus de pessimistas nem de desanimados. Quantas vezes há na Bíblia testemunhos e conselhos para que levantemos e tenhamos bom ânimo? Apenas para me lembrar de quão maravilhosa é a boa vontade de Deus para conosco, vou ficar com a última pescaria mal-sucedida de Pedro. A noite toda jogando as redes tanto à direita quanto à esquerda na companhia de outros pescadores, mas bastou que o Senhor dissesse: "Lancem a rede agora do lado direito do barco", que ela veio surpreendentemente lotada!

Assim também pode acontecer hoje, se não tivermos olhos convertidos. Olhamos as "redes "redes vazias dos "pescadores" que trabalham à noite e começamos a falar mal deles. A comentar sobre as redes, o barco, o lago, a incompetência - tudo. Pela manhã, já fomos embora irritados e deixamos de ver que um homem estava na praia assando um peixe no fogo, e que mandou os pescadores jogarem a rede à direita do barco.

Os olhos do cristão precisam ser educados a ver além da miséria e da corrupção, pois é assim que o Senhor nos olha. Se não fora por Sua imensa graça, o que eles enxergariam em nós? Trapos de imundície! É como se saíssemos da casa de Remissão e no caminho de volta agarrássemos o pescoço de nosso devedor para sufocá-lo. É claro que não estou falando de fingir que não vejo a corrupção na Igreja, estou, sim, dizendo, que não posso concentrar o foco do meu olhar na lama dos porcos, mas no que a graça do Senhor está fazendo e nas maravilhas que o Senhor continua fazendo. Eu não posso olhar como olham os repórteres da TV brasileira: roubos, assaltos, desfalques, assassinatos, pedofilia, separações, propinas, mentiras, espertezas - afinal se for olhar somente para estas coisas, ocuparia todo o meu tempo apenas com as obras do diabo.

netos nascendo; árvores florindo; crentes orando; demônios saindo; curas e milagres; pessoas chegando em casa, em segurança, depois de passar o dia inteiro trabalhando em uma cidade violenta. Há muitas coisas para ver, escrever e blogar sem se ocupar apenas com a pauta do diabo. Por último quer dizer mais uma coisa.

Lembro-me do dia que entrei no mercado e o dinheiro que tinha deu para comprar meio quilo de café. A minha volta passavam pessoas com um, dois, três carrinhos lotados. Mas eu levava em u'a mão apenas meio quilo de café. Quando cheguei em casa, eu chorei e orei agradecendo pelo café. A solução do meu problema ainda demoraria uns sete anos. Hoje, muitos anos depois, posso comprar muito mais que três carrinhos cheios no supermercado, mas os olhos do Senhor estavam atentos quando orei por apenas um pacote de meio quilo de café. Eu poderia ter chegado naquele dia em casa e reclamado, e murmurado, e me amargurado com a lembrança das pessoas com carrinhos cheios de compras - o que seria bem lógico e razoável. Mas por sorte minha não murmurei.

O olhar do Senhor é diferente do nosso. Quando ele olha para um crente, por exemplo para o João Cruzué, Ele sabe que o João tem 99 defeitos e uma única virtude. E o que o Senhor faz? Ele não vai jogar na cara do João uma lista com 99 reclamações. Eu sei que a bondade e a misericórdia do Senhor me vê de uma forma "amazing", um vez que não há uma palavra específica em português para definir este olhar. O foco apenas em uma virtude, esquecendo-se dos 99 defeitos. Eu sei que cada caso é um caso; que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas que existe uma grande diferença entre o olhar do Senhor e a maneira que costumamos medir a vida do próximo - isto há. Foi dessa forma que ele tratou com Pedro naquela última pescaria.

Eu também me lembro do meu primeiro café com Jesus. Bem de manhã, enquanto me preparava para ir ao trabalho, aqueci uma xícara de café com leite. Ajoelhei-me junto ao sofá da sala para orar enquanto tomava meu café. Eu conversava com o Senhor, e para ganhar tempo tomava o café. Aí, a xícara entornou no braço do sofá! Fui um pouco desastrado, como também sei que os olhos do Senhor estavam atentos. Eu me sinto bem, quando tomo meu café com a companhia de Jesus.

Neste café de hoje, contei com sua presença, leitor, no blog Olhar Cristão. Há muitas coisas ruins acontecendo em todos segmentos da sociedade, inclusive na Igreja. Mas nossa forma de olhar precisa ser diferente. Como você deve fazer, eu não sei. Humildemente, vou sugerir que não se habitue a ver com os olhos da razão ou da lógica, mas que pense bem e descubra como seria o olhar de Jesus diante das cenas do seu cotidiano. Os olhos são o espelho da alma, de acordo como você vê, da forma como você vê, assim é você diante de Deus.

Obrigado pela sua companhia em mais este café.





A Bíblia de Myanmar: tradução de Adoniram Judson:

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Aung San Suu Kyi

Prêmio Nobel da Paz 1991
João Cruzué

Hoje 13 de novembro de 2010, Aung San Suu Kyi a principal oposicionista do regime birmanês foi liberta da prisão. Ela passou 16 anos na prisão pública ou domiciliar nesses últimos 21 anos. Em 1991 ela foi agraciada com o Prêmio Novel da paz. Myanmar ou Burma - como o país é conhecido no mundo é governada por tiranos de uma junta militar.

No Ano passado um ciclone devastou o país. Na oportunidade troquei alguns emais com um irmã da Igreja Batista de Myanmar.

Todavia o assunto principal deste post não é a Senhora Suu Kyi, mas o Missionário americano Adoniram Judson, que traduziu a Bíblia para a língua birmanesa no século XVIII. O que me atrai na biografia de Judson, é que ele levou cinco anos para ganhar a primeira alma para Jesus naquele país; nove anos de trabalho para batizar 18 almas.

Imagino que deva ter morrido pensando que seu trabalho foi um culto ao fracasso. Se ele fosse pastor nos dias de hoje, de certas igrejas "neopentecostais" teria sido demitido em menos de seis meses por falta de resultados.

Resultados? Hoje há mais de dois milhões de almas convertidas a Cristo naquele país. Sabe qual a tradução da Bíblia que eles usam? a de Adoniram Judson. Verdeiramente o semeador semea as sementes da esperança regando com as próprias lágrimas, para que, um dia, o ceifeiro colha os frutos com alegria às vezes pensando que foi por seu esforço pessoal. Lembrando Martin Luther King: "Longe nas brumas da eternidade, os olhos do Senhor estão atentos e a tudo observa."


O TRABALHO DE JUDSON

EvJoao
Evangelho de João, capítulo 1: 01-13
A Bíblia Judson para Myanmar

A tradução da Bíblia Sagrada para a língua birmanesa foi uma das grandes contribuições que o Missionário batista, americano, Adoniram Judson deu para a obra missionária em Myanmar no século 18.

Veja a beleza dos caracteres do idioma de Burma e perceba o enorme esforço de missões através de milhares de horas de estudos, pesquisas e horas de sono. Um projeto de 20 anos que teve começo, meio e fim, pois sempre esteve debaixo da graça do Senhor.

O primeiro convertido veio somente depois de sete anos de evangelização. Depois de nove anos de trabalho batizaram apenas 18 almas. O custo cobrado foi altíssimo: três filhos e a esposa mortos, prisões em condições subumanas. Mas veio um tempo em que seu esforço foi recompensado.

Por ocasião de um festividade budista no Pagode Dourado de Rangoon, distribuiu quase 10 mil folhetos apenas aos que lhe PEDIRAM. Algumas pessoas viajaram cerca de três meses, desde as fronteiras da China, atrás de uma Escritura porque souberam que existia um inferno eterno e queriam fugir dele. Quando Adoniram Judson presenciou aqueles dias, eu sei que ele chorou. Chorou de contentamento porque valeu a pena o esforço e o sacrifício de cada dia dos 20 anos de seu trabalho.

Em tempos de tantos crentes e de tantos projetos, uma questão sempre vem para análise: é certo que os planos de Deus existem para serem colocados em prática pelos discípulos de Cristo; como seria bom se cada um soubesse o que, como, onde e quando agir.

Considerando que o saber é de acúmulo coletivo creio que uma de nossas maiores fraquezas está na falta de diálogo melhor com as pessoas que nos cercam, pois Deus fala conosco através delas. Assim não perderíamos tempos com o secundário não nos empenharíamos esforços em portas fechadas nem desistiríamos ante à primeira derrota.

Eu sei que Deus procura os fiéis da terra: homens e mulheres; jovens e velhos; estaremos nós dispostos a esperar em oração o tempo necessário para ouvir a Sua voz e dar um passo de cada vez sem escorregar nas cascas de bananas do diabo ou tropeçar nas pedras espalhadas pela nossa própria presunção?

Precisamos investir mais de tempo para ler e meditar mais sobre a vida de dois homens simples que causaram grandes estragos na "horta" do diabo: na Índia por William Carey e na Birmânia ( Myanmar) por Adoniram Judson.


Se você lê inglês, as melhores informações sobre Burma estão aqui: bgm





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