sexta-feira, agosto 21, 2009

O olhar de Cristo e o paralítico junto ao poço de Betesda


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Jesus junto ao Poço de Betesda
João Cruzué

O que há de
novo sobre o paralítico do tanque de Betesda em São João, capítulo cinco? Deus ainda se interessa pelas necessidades de cada um? A rotina do cotidiano direciona-nos a entender que não, mas a Palavra de Deus diz que sim.

Os acontecimentos diários e os conselhos das pessoas de sucesso em nossa geração frequentemente nos leva a pensar que somos solitários. Abandonados à própria sorte. Achamos que Deus não tem tempo para ouvir nossas angústias e resolver nossos problemas. Daí, quando acreditamos nisso perdemos nosso interesse em orar e meditar.

Trocamos nosso tempo (que achamos pouco) por outras coisas. Horas diante de TV, games, Msn, computador, passeios, shoping. Afazeres domésticos. Lição de escola. Não me admira mesmo que estejamos tão inquietos. Insatisfeitos. Famintos. E um paradoxo surpreendente: famintos à beira de uma mesa. Ao simples alcance de uma oração.

Uns dizem: Deus não existe! Outros discordam: Deus existe, mas não interfere nem se preocupa com o destino de cada um. Esta última corrente filosófica reduziu Deus a uma tartaruga marinha, que viaja muito longe, para enterrar seus ovos na areia. Depois vai embora, deixando 6,5 bilhões de tartaruguinhas à própria sorte, em um ambiente hostil, cheio de predadores.

Minha forma de crer é diferente. Deus existe e se preocupa com o dia a dia de cada um de nós. "Como a alguém que sua mãe consola, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados". Isaias 63:13. Nossos sentidos podem nos levar a crer que estamos sós e abandonados, todavia a Sua palavra diz: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sair da boca de Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus. E, é necessário que, aquele que se aproxima de Deus, creia que ele Existe". Com o "Existe" no presente indicativo.

Resumindo: Devemos andar por fé e não por vista. 2 Coríntios 5:7. Crer para ver.

A fé é loucura diante da razão. Aceitamos Jesus Cristo pela fé, como Senhor de nossa vida e Salvador de nossa alma. Para vencermos as circunstâncias adversas que nos cercam, precisamos de olhos espirituais para ver além das impossibilidades. Todo aquele que é nascido de Deus - disse S. João - vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 1 João 5:4.

E à beira do Poço de Betesda, estava um paralítico há 38 anos. Ele podia descer no poço? Não! Ele tinha alguém para jogá-lo nas águas? Também não! Então, qual era a razão de estar ali? Esperança! Na competição pela cura, era ele o único em desvantagem. Diante dos olhos dos outros enfermos, ele era completamente louco. Mas o olhar de Deus era sobre ele. O olhos de Deus estão sobre VOCÊ!

A fé é loucura mas com uma grande diferença: Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. 1 Coríntios 1:25.

A fé não é produzida pelos homens, ela é dada. Quem crer será salvo, quem crer e se esforçar, e levantar, e suar a camisa, será abençoado.

Contra todas as expectativas, Jesus estava passando por ali seguindo para uma festa em Jerusalém. Não foi o paralítico que viu Jesus, foi Jesus quem o viu primeiro. Viu e sabia das suas reais condições. Sozinho em meio a uma multidão de enfermos pronta para disputar de todas as formas a "pole position" para descer ao tanque e dali um apenas sair curado.

Não enfrentamos situação parecida em nossos dias, em muitos aspectos da vida? Disse Jesus: Queres ficar são? A resposta do paralítico não mostrou fé: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque. Quando eu vou, desce outro antes de mim. Ele racionalizava de acordo com as circunstâncias.

Disse-lhe Jesus: Levanta, toma a tua cama e anda!
Logo, aquele homem (caiu na real) ficou são, tomou sua cama e partiu.

Crê na Palavra do Senhor; não veja as dificuldades pela aparência do que são. Com os olhos da fé podemos entender que para Deus não há nada impossível (Lucas 1:37). Não fique prostrada(o) na "cama" do desânimo. Antes de ordenar para levar a cama, Jesus disse: Levanta! "Mas não há a mínima possibilidade..." Quem disse isto - o diabo? Existem possibilidade e certeza SIM!

Se você ainda não é crente, procure um Igreja Evangélica não avarenta, próximo de sua casa para aceitar Jesus como Senhor e Salvador. Participe principalmente da Escola Dominical. Compre uma Bíblia para alimentar-se regularmente com a leitura da palavra de Deus.

Se já é um crente em Jesus, não use todo seu tempo diante de uma TV ou computador. Estas coisas costumam esfriar a nossa fé. Elas produzem um vazio. Separe parte deste tempo para meditar na Palavra e orar. Precisamos arranjar tempo para ficar a sós com Deus. O tempo que passamos na presença de Deus tem maior valor que as muitas horas desperdiçadas com coisas às vezes mundanas. Deus sabe o que precisamos, mas ele insiste em ouvir de nossa própira boca, por que nos considera como filhos.

De onde às vezes vem o desânimo? Da contínua recusa e pregüiça de ler a Bíblia, de orar e conversar com Deus. Creio pessoalmente que muitas bênçãos não são recebidas devido a ausência de tempo diante do Senhor. Queremos as bênçãos mas não temos tempo para ficar na sua presença, apesar disso arranjamos tempo para o lazer e para o resto das coisas. Sejamos justos, não vamos colher bênçãos sem dialogar com o Deus nem meditar na sua palavra. É tão simples assim? É! O tempo que investimos na leitura, meditação e oração é o mesmo tempo que passamos em sua presença. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração""

Deus existe e é galardoador dos que O buscam. Buscai ao Senhor enquanto se pode achar. Agrade ao Senhor e Ele cumprirá o desejo do seu coração. Salmo 37:4.

cruzue@gmail.com

Minhas Mensagens

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Mãos de Marta e coração de Maria

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Maria, Marta e Jesus.
João Cruzué

Ontem, quando
desci à sala para orar, um pensamento veio e eu pedi ao Senhor que falasse comigo. Ao abrir a Bíblia antes da oração, pude perceber que Deus falou. E como sempre gosto de fazer, vim até aqui para compartilhar. Pela primeira vez percebi um há um elo entre os fatos passados na casa de Marta e Maria e a parábola do Bom Samaritano.

-Senhor fala comigo pela sua Palavra, eu pedi. Há dias em que temos mais necessidades de orar que outros, e esta semana em especial, tem sido bem difícil, pois são vários os motivos para bater, buscar e pedir recurso onde se pode achar.

Meu antigo companheiro, auxiliar dos meus tempos de "pastor" está fazendo quimioterapia. A esposa de outro amigo de muitos anos, também colega de ministério, jaz em um leito de UTI, há três meses. Seu cérebro foi muitíssimo danificado com três paradas cardíacas. Isso ainda não é tudo. Um antigo Pastor, dos meus tempos de jovem, está há mais de 12 anos em uma cadeira de rodas, deprimido. Não mais lê, deixou a fisioterapia, disse-me que apenas fecha os olhos e ora constantemente. Depois de ter sofrido um derrame, teima que só voltará à Igreja depois de curado e de uma forma maravilhosa. E já se passaram mais de 12 anos. Como pode notar, eu não conseguiria mesmo estar com a minha alma tranquila diante destas coisas tristes.

Ao abrir a Bíblia pude ler a página inteira do final do capítulo 10 de Lucas. Primeiro o texto de Marta e Maria, continuando na parábola do bom samaritano. São palavras muito conhecidas, mas que ontem se fizeram novas para mim.

A preocupação de Marta era o serviço: anda para lá, anda para cá; imagino: arranjando lenha, assoprando brasas do fogo, limpando as panelas, assando um pão, talvez depenando alguma ave, ou mesmo temperando um pequeno cordeiro. O tempo passava depressa. A noite chegando. E nada da ajuda de Maria.

Maria esquecera-se completamente do serviço. Assentada aos pés de Jesus, (não havia nem cadeiras nem mesas altas naquele tempo e naquela cultura) ouvia com o coração ardendo o falar do Mestre. O tempo passava e ela não se cansava, como vez em quando ainda acontece em nossos dias, quando a presença do Senhor se faz muito forte em algum culto.

Marta estava preocupada em servir, e Maria esquecera-se de tudo porque ouvia, e ouvia, e queria mais ouvir as palavras do Senhor. Marta receosa de não dar conta do trabalho deu ordens ao Mestre: Senhor, não te importa que minha irmã me deixe servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.

Comunicação é uma coisa boa; precisamos mesmo nos comunicar. Mas comunhão é algo muito mais profundo. Qualquer um pode comunicar-se, dizer bom dia, boa tarde, reportar o tempo; alguns podem orar acompanhados por uma hora, duas ou quem sabe até uma vigília inteira. Mas nem todos os assuntos falados significam comunhão; isto é mais que sabido. Por exemplo: tenho duas filhas. Uma já se casou e a mais nova já tem namorado. Imagine que eu me assente à sala e passe a tarde inteira junto aos dois "segurando vela", como se diz em nossa cultura. Eles podem conversar assuntos os mais variados - mas nenhum deles vai ter a coragem necessária, por exemplo, para dizer "eu te amo".

Ano de 2008, século XXI - aqui estamos nós. Afadigados, preocupados, sem tempo, como diligentes Martas, quem sabe até dando ordens ao Senhor. É um corre-corre, um subindo-e-descendo, um ensaia-ensaia, um prega-prega, um canta-canta, um ensina-ensina... Domingo, segunda, terça, quarta, quinta, sexta, sábado e chega o outro domingo. Estamos servindo? Sim! Estamos trabalhando? Sim! Estamos nos afadigando? Muito! Mas, por que estamos vazios e colhendo tão pouco?

Não temos mais tempo para comunhão com o Senhor. Não somos mais como um noivo/a apaixonado/a. Ele quer nos ouvir e também falar conosco, mas não temos mais tempo para isso. Estamos nos enganando ao pensar que se trabalharmos dez vezes mais seremos muito mais eficientes e a Igreja, o órgão ou departamento que cuidamos vai decuplicar de tamanho. Aí começamos a fazer besteiras, pois não conseguimos mais orientações com Deus.

A conseqüência disso pode ser entendida na mesma página da minha Bíblia. "Descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de salteadores, que o despojaram, espancaram-no, deixando-o quase morto. E ocasionalmente, descia pelo mesmo caminho um sacerdote, que vendo-o, passou ao largo. Eis que de igual modo, também passava um levita, que também o viu e passou ao largo.

Quem são o sacerdote e o Levita? Decerto que representam os que conhecem e ensinam palavra de Deus. Apressados, estressados com a fadiga do serviço do altar, não conseguem mais ouvir a voz do Senhor por falta de comunhão. Eles são como as mãos de Marta.

"Mas um samaritano que ia de viagem aproximou-se do ferido e vendo-o moveu-se de íntima compaixão". Talvez por ter sofrido no passado um ataque semelhante. "E aproximando-se, atou-lhe as feridas aplicando-lhes azeite e vinho. E pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. E partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e recomendou-lhe: Cuida dele, e tudo o que mais gastares, eu to pagarei quando voltar". Aqui o temos um resultado diferente, pois atuaram em conjunto as "mãos" de Marta e o "coração" de Maria.

Os três personagens viram a mesma cena, mas suas atitudes foram inesperadas. Os dois primeiros julgaram que sua religião ou seus afazeres eram mais importante e tinham prioridade sobre um estranho caído no chão. O primeiro era um ministro a serviço do altar e segundo seu discípulo. Seus olhos não mais se comunicavam com o coração. Em algum lugar de suas vida eles perderam a compaixão e tornaram-se insensíveis à voz do Espírito que fala. Do samaritano poderia se esperar tudo, menos compaixão.

E foi assim que entendi antes de começar minha oração, que não importa quão engajados nós estejamos em grandiosos projetos aos olhos alheios ou dos nossos próprios, há uma grande multidão muda, surda e em grande miséria ao nosso redor. Se dermos prioridade as coisas que nos interessam e relegarmos ao secundário os momentos que precisamos passar a sós com Deus, necessários para ouvir a Sua voz e fazer a sua vontade, ficaremos irremediavelmente secos de compaixão.

Primeiro a comunhão, depois o serviço. Para que ele seja abençoado.

cruzue@gmail.com

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