segunda-feira, junho 30, 2008

A discriminação sexual na China

Série de textos sobre o discriminação - 3/3

ONU alerta que discriminação sexual na China
pode ter conseqüências futuras

Pequim, 8 mar (EFE).- O coordenador da ONU na China, Khalid Malik, alertou hoje que a discriminação sexual no país - onde nascem 118 meninos para cada 100 meninas - é um dos grandes obstáculos para se alcançar a igualdade de gêneros.

A discriminação reflete a "atitude social" dos chineses e "pode ter sérias conseqüências para o futuro do país", acrescentou.

Em uma mesa-redonda organizada em virtude do Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje, vários analistas e representantes de ONGs debateram a discriminação da mulher na China, sob um ponto de vista legal, social, trabalhista e cultural.

Muitos ressaltaram as dificuldades para a aplicação da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (Cedaw, sigla em inglês) no país.

A Cedaw, adotada pelas Nações Unidas em 1979, é o único acordo internacional sobre os direitos femininos, tendo sido ratificado por 185 países, incluindo a China.

Entre as dificuldades está a falta de dados concretos para a elaboração de uma análise sobre a situação da mulher no país, já que nas estatísticas chinesas não se costuma fazer a divisão por gêneros, disse Zou Xiaoqiao, da Federação de Mulheres de Toda a China e membro da Cedaw.

Para Li Mingshun, professor de Direito na Universidade de Mulheres da China, uma das bases da discriminação está na legislação, que não apresenta uma definição concreta do problema e reflete a falta de consciência na sociedade.

Entre os projetos que a ONU realiza na China por meio de suas agências há iniciativas para o combate ao tráfico de mulheres; pela prevenção e cuidados contra a Aids; por um sistema legislativo que promova a igualdade sexual; campanhas contra a violência doméstica; e a análise detalhada das estatísticas.

Além disso, o grupo de trabalho da ONU para a igualdade de gêneros no país lançará uma campanha nacional de conscientização juntamente com a Federação de Mulheres de Toda a China, que informará à população sobre a Cedaw, e que pretende ajudar o Governo a cumprir os requisitos estabelecidos pelo tratado.

A discriminação feminina é uma realidade sentida em muitos âmbitos do cotidiano chinês, como na preferência pelo filho homem, no fato de que muitas meninas nas zonas rurais trabalham para pagar as taxas escolares de seus irmãos, e nos freqüentes casos de violência doméstica.

A imagem da família ideal chinesa ainda continua sendo a do homem trabalhador e da mulher dona de casa. As mulheres chinesas são freqüentemente perguntadas em entrevistas de emprego "se não se sentem culpadas por não estarem cuidando devidamente dos filhos", afirmou a representante de uma ONG no encontro.

Texto: Notícias Uol.com.br


Comentários: série de publicações compiladas da WEB sobre discriminação. João Cruzué

cruzue@gmail.com


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O que é discriminação

Série de textos sobre o discriminação - 2/3

"O QUE É DISCRIMINAÇÃO"

WALTER E. WILLIANS
www.causaliberal.com.br
14 - out - 2006.


"Passamos nossas vidas numa seqüência de discriminação a favor e contra uma coisa ou outra. Em outras palavras, escolha exige discriminação. Quando modificamos o alvo da discriminação para raça, sexo, altura, peso ou idade, nós meramente especificamos o critério de escolha.

Imagine quão estúpida - sem falar de sua impossibilidade - seria a vida, se a discriminação fosse ilegal. Imagine se envolver em qualquer atividade onde não pudéssemos discriminar raça, sexo, altura, peso, idade, comportamento, universidade de origem, aparência ou habilidade. Seria um carnaval.

Há tanta confusão e comoção quando se fala de discriminação que pensei em me arriscar a uma análise desapaixonada do problema. Discriminação é simplesmente o ato de escolha. Quando escolhemos um vinho Bordeaux, nós discriminamos o vinho Burgundy. Quando eu casei como a Sra. Williams, eu discriminei todas as outras mulheres. (...)A Sra. Williams exige uma permanente discriminação.

Você diz, "Williams, tal discriminação não faz mal a ninguém". Você está errado. A discriminação a favor do vinho Bordeaux reduz o valor dos recursos de produção do vinho Burgundy. Discriminação a favor da Sra. Williams afeta outras mulheres, reduzindo suas oportunidades, supondo que sou um homem com quem outras mulheres gostariam de casar.

Tenho, algumas vezes, perguntado a estudantes se eles acreditam em oportunidades iguais de emprego. Invariavelmente, eles respondem que sim. Então eu pergunto se eles quando se graduarem planejam dar a cada empregador igual oportunidade de os contratar. Muitos freqüentemente respondem que não; eles planejam discriminar certos empregadores. Então eu lhes pergunto: se eles não vão dar a cada empregador a mesma oportunidade de contratá-los, onde está a justiça ao se exigir que cada empregador lhes dê a mesma oportunidade de ser contratado?

E algumas vezes os estudantes argumentam que certas formas de discriminação são aceitáveis mas que a discriminação racial é a que é realmente ofensiva. Este é o momento que confesso minha própria história de discriminação racial. No final dos anos 1950, quando da escolha da minha companheira para a vida inteira, mesmo que a escolha de uma mulher branca, mexicana, indiana, chinesa ou japonesa fosse possível, eu não lhes dei nenhuma chance. Parece que a maioria dos americanos age da mesma forma, por discriminação racial, em seus contratos de casamento. De acordo com o Censo de 1992, somente 2,2% dos americanos são casados com pessoas de raças diferentes das suas próprias.

Você diz, "Tudo bem, Williams, discriminação no casamento não tem o impacto social que outras formas de discriminação têm". Você está equivocado de novo. Quando há uma escolha não-aleatória de parceiro, ela eleva qualquer diferença de grupo existente na população. Por exemplo, indivíduos com altos QI´s tendem a escolher parceiros com altos QI´s. Pessoas de alta renda tendem a escolher parceiros com alta renda.

Acontece o mesmo com a educação. Na medida em que há uma correlação racial entre essas características, a discriminação racial na escolha do parceiro exacerba as diferenças sociais de inteligência e distribuição de renda. Haveria mais igualdade se não houvesse esse tipo de discriminação na escolha do parceiro.

Em outras palavras, se pessoas com alto QI fossem forçadas a selecionar parceiros de baixo QI, pessoas de alta renda fossem forçadas a selecionar parceiros de baixa renda e pessoas instruídas fossem forçadas a selecionar parceiros com pouca instrução, haveria mais igualdade social. Haveria mais igualdade social mas a taxa de divórcio dispararia, pois desigualdades tão grandes levariam a muitos conflitos.

O bom senso sugere que nem todas as discriminações deveriam ser eliminadas, então a questão é: qual tipo de discriminação deveria ser permitido? Suspeito que a resposta dependa dos valores que cada um tem a respeito da liberdade de associação, lembrando que liberdade de associação implica liberdade de não associação."

Fonte: original do texto de Walter E Willians


Comentários: Série de opiniões coletadas da WEB sobre o assunto discriminação. A Opinião do autor do texto não é, necessáriamente, a minha opinião. João Cruzué.


cruzue@gmail.com