terça-feira, janeiro 31, 2017

O significado de andar na presença de Deus


Por João Cruzué

Abiathar
Qual será o significado de andar na presença do Altíssimo? De Isaías a Malaquias, todo os profetas com livros na Bíblia andaram na presença de Jeová, ouviram a sua mensagem e falaram em nome dele.  Houve um tempo na vida de Abraão que Deus cobrou dele uma mudança de atitude: "Abrão, Eu sou o Senhor Deus Todo Poderoso, anda em minha presença e seja perfeito."  O grande propósito de Deus, para se cumprir em todo plenitude na vida do futuro patriarca, dependia de algo que estava faltando. 

O que nos falta, o que precisamos mudar, o que precisamos começar para que você e eu nos entreguemos por completo à vontade de Deus, para que ele cumpra o seu glorioso propósito em nossa vida? Abrão não perguntou para Deus o que faltava, pelo menos a Bíblia não registra, mas para quem está interessado em se aproximar do Senhor, isto nem é preciso, porque o Espírito Santo já vem martelando no assunto há algum tempo.

Abrão, de vez em quando, dizia umas mentiras por falta de confiança em Deus:

--Olha, Senhor, eu fiquei com medo de perder a vida, por isso, falei para o faraó que Sara era minha irmã... Ah! Senhor, eu concordei com Sara no assunto do herdeiro e achei razoável me deitar com a concubina egípcia...

Depois de ter saído do Egito, de ter se separado do sobrinho e ficado como a parte ruim dos pastos, de ter carregado Ismael no colo, Abrão percebeu que não confiava inteiramente nas promessas do Senhor. Daí, por diante, ele andou 100% na presença do Senhor. Quando o velho patriarca levantou o cutelo para sacrificar Isaque no Monte Moriá, Deus interveio, porque viu que Abraão chegou ao ponto que precisava chegar.

David começou a se aproximar de Deus ainda adolescente. Depois de receber a unção de Rei ainda deve ter demorado uns 12 a 15 anos para chegar mais perto da presença do Senhor. E esse ponto para mim, foi quando os amalequitas deram sobre a cidade de Ziclague e levaram cativas a família de Davi e as famílias de todos os seus companheiros. Naquela situação, onde todo mundo se desesperou ao ponto querer tirar a vida de Davi, este não vacilou: mandou o sacerdote Abiatar trazer o éfode para buscar a presença de Deus. Não muito tempo depois, Davi era Rei sobre Judá. 

Moisés era um judeu que cresceu no berço do faraó do Egito. Sabia que Deus o escolhera para libertar Israel da servidão, mas ainda não estava preparado para andar na presença de Deus. Aos 40 anos de idade, confiava na sua força, e não sabia o que era buscar a Deus primeiro, para depois ir adiante. Ficou 40 anos esquecido no deserto. Sua visão de libertador de Israel esvaiu-se.  Mas, o propósito de Deus permanecia de pé.

A menos que sejamos muito teimosos e nos recusemos a chegar mais perto do Senhor, o propósito dele permanece de pé. Não a nossa vontade, não aquilo que achamos que é de Deus, mas aquilo que Deus preparou para nós.

Por fim, vemos o profeta Elias em dia de glória fazendo descer fogo do céu diante de uma multidão de falsos profetas. Elias clamou e o fogo desceu. O holocausto foi consumido e todo Israel viu que só Jeová é Deus. Mas, e daí? Que mudança houve depois do seu grande feito? Nada! Agora corria risco de vida, com os soldados da rainha Jezabel na sua cola. Deprimido, sozinho, ele fugiu e se escondeu em uma caverna. Deus mandou ele sair, e lhe disse que ainda havia três propósitos para cumprir na vida do profeta.

Andar na presença de Deus: o que é isso?

Vamos começar analisando o que não é. Eu posso ir 365 dias do ano na Igreja, mas isto não significa que estou andando na presença do Senhor. Eu posso levar 300 pastores no Monte Sinai, ficar uma semana em jejum, e não estar na presença de Deus. Práticas religiosas é uma coisa, andar na presença de Deus é muito diferente. Saulo de Tarso tinha certeza que andava na presença do Altíssimo. Era um fariseu "pós-doutorado" em Teologia, mas estava do lado contrário: combatia e mandava matar os verdadeiros servos do Senhor Jesus. Foi a maravilhosa graça de Deus que o fez chegar ao ponto. Em uma semana, ele já estava no lugar que Deus queria que ele estivesse.

Em que lugar você está? Você sente a falta de alguma coisa onde você serve ao Senhor? Você está na companhia de homens e mulher que busca a presença do Senhor com sinceridade ou pelo que você já descobriu há muita liturgia religiosa e pouco Espírito Santo? Você está fazendo algo na Casa do Senhor que lhe deixa muito feliz, ou possui uma tristeza  oculta? Você está sozinho na caverna de Elias ou na corte esplendorosa do faraó? Você anda na companhia de líderes religiosos que têm o temor de Deus, ou já está cansado de saber que eles são hipócritas?

Deus é fiel. Deus é o autor da graça. Não se conforme com o mundo. A cultura mundana, hoje pode estar dentro da sua Igreja e Jesus batendo do lado de fora. O que você e eu vamos fazer? Vamos abrir nossos ouvidos para ouvir o Senhor falar: Anda na minha presença, e sê perfeito. E depois de ouvir tomar as atitudes devidas e mudar o que precisa ser mudado para agradar ao Senhor.



SP-15.1.2015





domingo, janeiro 29, 2017

Um pé de pimenta malagueta e a luz do sol


Por: João Cruzué.

Escrevi o texto, abaixo, há quase três anos. Na época eu dei o título de "Aprendendo com um pé de pimenta".  Justamente, hoje, colhi um pimenta enorme de uma planta que imagino seja a 5ª  geração da famosa "Gertrudes", este pé de pimenta malaguetona das fotos abaixo. Breve vou postar as fotos das pimenteiras que vieram da Gertrudes. Uma curiosidade: a planta tem um palmo e meio de altura, mas dá  frutos de quase  de 5 a 8 cm de tamanho. Depois de maduros eles são de uma cor que eu batizei de vermelho ferrari. Lindos. Por outro lado, eu usei o texto para fazer algumas analogias entre  os problemas de uma planta com a graça de Deus. Eu gosto muito deste texto.

Foto: João Cruzué
Capsicum  frutensis.
(Gertrudes em foto de  27.4.14)


No fim do mês de fevereiro/14 eu passava pelo Mercado Municipal, aquele das frutas, procurando por uma plantinha para levar para minha sala de trabalho no Centro de São Paulo. A princípio não gostei, depois acabei levando um pé de pimenta. O vendedor, um senhor japonês, me disse que era uma pimenta malaguetona. Foi assim que comprei a Gertrudes, nome que eu dei àquele pé de pimenta. Pode-se aprender alguma coisa com um pé de pimenta? É isto que gostaria de compartilhar.

No escritório ela se destacou. Uma planta com dois palmos de altura, incluindo um vaso preto, até aí, nada de mais. Porém, quando você olha para aquela quantidade enorme de pimentas de um vermelho que eu batizei de "vermelho-ferrari", em uma planta tão pequena, era impossível não chamar a atenção.

Quando a primeira pimenta começou a murchar, uma série de botões de flores começou a aparecer. Eu protelei a colheita das pimentas até onde pude, mas chegou  um dia, no meio de março, que eu tirei as últimas fotos da Gertrudes toda enfeitada de pimentas, peguei uma tesoura e fui cortando o pendúculo de cada uma. Contei 56 frutos. Com a primeira que eu tinha usado para retirar as sementinhas, deu 57 pimentas.

Foto: João Cruzué
Gertrudes
(em março de 2014)
Sem os frutos as flores vieram depressa. E um problema apareceu: O botão se abria,  surgia uma flor pequena e branca, com cinco pétalas e o copo virado para baixo. No outro dia, ela murchava, o pendúculo ficava amarelo e a flor caía sem vingar em fruto.  Desconfiei que um dos motivos poderia ser a acidez da terra do vaso. Por aquele momento, eu já tinha mudado a Gertrudes para um vaso maior. Coloquei um pouco de cal na água e derramei no vaso. Eu fazia isto com meus pés de chuchus, e nunca falhava.

Desconfiado de que iria perder toda florada da Gertrudes, tratei de pensar em outras possibilidades. E já tinha lido no passado que há plantas cujas flores somente se fecundam pela ação da brisa ou de insetos. Como ainda era quarta-feira, tratei de comprar um pincel bem delicado para fazer o serviço da abelha. Uma nuvenzinha de pó cinzento desprendia-se da flor pela ação do pincel. Dois dias depois notei que uma pimentinha tinha vingado. Com uns 50 botões para abrir no fim de semana, não tive dúvidas: na sexta-feira, tratei de levar a Gertrudes para minha casa. Lá tem uma varanda com a luz do sol batendo o dia inteiro.

No sábado de manhã quando vieram os primeiros raios de sol eu os vi quando bateram nas folhas da Gertrudes. Não demorou nem 15 minutos e lá veio uma abelhinha, minúscula, que foi chegando sem cerimônia para colher o polem. Daí a pouco apareceu outra. E mais outra. Suas patinhas traseiras começaram a ficar com duas bolinhas de pó. Quinze dias depois eu contei mais de 120 pimentinhas. Se tivesse deixado a Gertrudes na janela do escritório, talvez tivesse vingado umas 5 pimentas.

Agora vamos fazer algumas analogias e levar o assunto para o terreno da fé.

Um pé de pimenta precisa no mínimo seis horas de sol por dia. As mudinhas da pimenteira no vaso de um escritório crescem muito pouco, vão definhando até morrer. Para quem já aceitou Jesus como Senhor e Salvador, vai entender que Ele é como a luz do sol. Em Malaquias 4:2 está escrito:

Mas para vós, os que temeis o meu nome,
nascerá o sol da justiça,
e cura trará nas suas asas; 
e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.



Gertrudes com nova carga de pimentas
E pela ação da brisa do ar livre, o pó da flor da pimenteira pode se desprender e cair no estigma para fecundar a flor. Sobre a brisa, posso meditar no capítulo 19 do primeiro Livro de Reis onde o Senhor deu ordens ao Profeta Elias: 

“Saia e fique no monte, na presença do Senhor, pois o Senhor vai passar”. 
Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. 
Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. 
Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. 
E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave. 
Quando Elias ouviu, puxou a capa para cobrir o rosto, 
saiu e ficou à entrada da caverna. 

A luz do sol, a brisa e uma pequena abelha. Para o trabalho da abelha posso encontrar em Isaias 4:52 esta maravilhosa analogia:

Quão formosos são, sobre os montes, 
os pés do que anuncia as boas novas, 
que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, 
que faz ouvir a salvação, do que diz a Sião: 
O teu Deus reina! 

A abelha  precisa da flor (A Igreja) para sobreviver e trabalhar. Ela encontra a flor com a orientação do sol, da brisa e do perfume dos grãos de polem. Obra do Senhor Jesus e do Espírito Santo.

Para colher uma jabuticaba, é preciso esperar no mínimo dez anos do plantio da semente à primeira colheita. E há variedade desta fruta que leva 18 anos. A pimenta malagueta é uma maravilha da natureza. Tenho várias gertrudinhas com menos de 50 dias que já estão com botões de flores que vão se abrir ainda em abril. E também o fruto amadurece depressa. Da flor à pimenta madura estou observando que é coisa de quatro semanas.

Foto: João Cruzué
Gertrudinhas com 50 dias
(em 27 de março 2014)
É como  a operação do Espírito Santo. Quando o crente tem sede de Deus ele procura conhecer a vontade do Senhor interessando-se pela sua Palavra. Quem tem mais sede de Deus pode chegar ao conhecimento de muitas verdades bíblicas em 50 dias. Outros vão no passo da "jabuticaba" e demoram 10 anos. Podemos ler desse assunto no capítulo 2 da Primeira Carta de Pedro:

Desejai como meninos recém-nascidos, 
o puro leite espiritual, 
a fim de por ele crescerdes para a salvação, 
se é que já provastes que o Senhor é bom.

E por fim, a constatação de que tive que mudar a planta de uma sala fechada de um escritório, para que suas flores pudessem vingar em frutos em um lugar onde houvesse a luz, a brisa e as abelhas. Sozinha e fechada em quatro paredes isso nunca iria acontecer. A mudança também é parte dos planos de Deus para o crente. Abraão mudou-se para encontrar e conhecer a Deus. José foi vendido como escravo pelos irmãos, depois foi parar no porão de um cárcere, para depois subir junto ao trono do Faraó. É assim que Deus faz: ele nos tira de uma zona de conforto e nos leva para o olho de uma crise. E para que tudo isto: para que nos tornemos dependentes da sua graça, mansos, compassivos e solidários.

I Pedro 1:3: Bendito seja 
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que, 
segundo a sua grande misericórdia, 
nos gerou de novo para uma viva esperança, 
pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.

E o SENHOR JESUS também mudou-se. Ele deixou o céu e veio habitar entre nós. Deixou sua glória divina e abaixou-se à condição humana, para proclamar as boas novas de perdão, salvação e reconciliação. Coisa que por nós mesmos nunca poderíamos conseguir.

Fim.

cruzue@gmail.com