segunda-feira, julho 13, 2009

Jesus Cristo com as mulheres


Sinner woman
A pecadora aos pés de Jesus


"COM AS MULHERES"

Autor: Paulo Brabo


"–Está vendo essa mulher?

Eu entrei na sua casa e você não me ofereceu

água para lavar os pés.

Ela, no entanto, lavou meus pés com lágrimas,

e enxugou-os com os seus cabelos.

Você não me cumprimentou com um beijo,

mas ela, desde que entrou,

não parou de beijar-me os pés.

Você não me derramou óleo sobre a cabeça,

mas ela passou essência perfumada nos meus pés.
"


Lucas 7:44-46


"A distância cultural nos impedirá para sempre de apreender a extensão da sua influência e a absoluta novidade da sua postura, mas é certo que nenhuma outra figura masculina da antiguidade oriental – seja no domínio da realidade ou da ficção – sentiu-se mais à vontade entre as mulheres do que o Jesus dos evangelhos. Nenhum outro personagem do seu tempo, e talvez de tempo algum, fez mais para corrigir a distorção das lentes culturais através das quais a imagem da mulher era interpretada – e em muitos sentidos permanece sendo.

A singularidade de Jesus nesse aspecto não é menos do que tremenda. Acho notável ao ponto do milagroso que as posturas de Jesus diante das mulheres, conforme descritas nos evangelhos, não tenham sido censuradas posteriormente por homens menos preparados do que ele para abraçá-las.

É preciso lembrar o óbvio, que não faz cem anos que as mulheres alcançaram status social igualitário no ocidente, e que os evangelhos descrevem o que ocorreu há dois mil.

Numa época em que um marido não deveria dirigir-se à própria esposa em lugar público e homem algum deveria trocar palavra com uma mulher desconhecida (em ambos os casos para proteger a sua honra, não a dela), o rabi de Nazaré buscava a companhia amistosa de mulheres, puxava conversava com elas, tratava-as com admiração e naturalidade, interessava-se sem demagogia pelos seus interesses, deixava que tocassem publicamente o seu corpo e o seu coração.

O Filho do Homem não se constrangia em ser sustentado por mulheres, não virava o rosto à possibilidade de ser acarinhado por elas, não hesitava em recorrer a imagens que diziam respeito ao seu dia-a-dia, não sonegava histórias em que mulheres eram (muito subversivamente, na ótica do seu tempo) exemplo de humanidade, de integridade, de engenhosidade e de virtude.

Falamos de um tempo, num certo sentido não muito distante, em que os homens que não denegriam abertamente a imagem da mulher soterravam-na por completo debaixo de idealizações simplistas. Dependendo de quem estava falando, a mulher era vista como incômodo necessário, como homem imperfeito, como criança, como objeto mecânico de desejo, como objeto idealizado de poesia, como animal fraco e sensual; figura às vezes inocente, às vezes desejável, normalmente imprevisível, normalmente indigna de confiança, invariavelmente inferior.

Contra esse cenário, o rabi de Nazaré resgatou uma mulher adúltera das garras da justiça e da morte sem recorrer ao que seria o mais fácil e popular dos argumentos antes e depois dele, o que afirma que a mulher é criatura de mente obtusa e vontade fraca, particularmente suscetível às sensualidades da carne. Num único golpe eficaz ele transferiu a culpa da mulher acuada para os seus acusadores, todos eles homens e emblemas de poder e desenvoltura, até serem publicamente dissolvidos pela mão de Jesus. A vítima, a transgressora, foi ao mesmo tempo salva da condenação e tratada, talvez pela primeira vez, como ser humano independente e responsável (João 8:1-11).

Aqui estava um homem que, irresistivelmente, olhava para as mulheres sem rebaixar-se a preconceitos ou recorrer a idealizações. Jesus lia as mulheres como seres humanos, e foram necessários séculos para que o mundo arriscasse repetir a sua ousadia. Ainda hoje, transcorridos milênios ineficazes, não há homem que esteja imune a ler a mulher através de estereótipos novos e velhos; ainda somos tentados a enxergar o homem incompleto, a flor de pureza, a criança sem rédea. Mas ali, nas esquinas empoeiradas de um canto do mundo, as estruturas do mundo social haviam sido abaladas para sempre.

Para mim não há evidência maior de que o espírito subversivo de Jesus permaneceu vivo nos primeiros discípulos, logo após a ressurreição, do que a descrição da comunidade de seguidores em Atos 1:14: “Todos estes [homens] perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”.

Este com as mulheres me pega desprevenido todas as vezes, tanto pela sua necessidade quanto pelo impensável que representava no seu tempo. Em retrospecto é difícil avaliar o quanto está sendo efetivamente dito aqui, mas é preciso lembrar constantemente que naquela cultura as esferas de atividade de homens e mulheres eram divididas ao ponto do incompatível. Essa fenda corria de uma ponta à outra o tecido da sociedade, mas seu ponto nevrálgico talvez residisse na esfera religiosa, na qual era preciso ser homem para ter participação eficaz – isto é, para ter acesso verdadeiro e relevante à divindade.

Na visão de mundo vigente, homens e mulheres habitavam espaços separados no universo; essa incompatibilidade era espelhada na sociedade e prontamente celebrada através de espaços diferenciados de adoração. Tanto o Templo quanto as sinagogas tinham áreas separadas para homens e mulheres, e os recintos reservados para os homens ficavam invariavelmente mais próximos de Deus. Era uma sociedade em que não ocorreria a ninguém colocar homens e mulheres compartilhando voluntariamente de um mesmo espaço, muito menos um espaço religioso.

Agora que Jesus havia subido ao céu e os homens de branco haviam dito que mantivessem os olhos fixos na terra, os discípulos viram-se diante de um problema e de um embaraço. Jesus, o amigo das mulheres, havia partido, mas as mulheres haviam ficado. Deveriam eles, homens de respeito e maridos de boa fama, retornar ao antigo e unânime padrão social, devolvendo as mulheres ao seu devido lugar? Agora que Jesus não estava mais ali para efetuar a sua mágica, não seria inevitável que restabelecessem a fenda social que ele havia coberto temporariamente? Quando a multidão de seguidores retornasse a Jerusalém (onde Jesus dissera que aguardassem) deveriam o grupo de discípulos e o de discípulas “perseverar unanimemente” em recintos separados?

Escolher o contrário, escolher o abraço comunitário e a convivência santa nos padrões inaugurados por Jesus, seria nadar contra a corrente de todas as instituições sociais em efeito no seu tempo. Um observador só encontraria um modo razoável de interpretar uma reunião voluntária e regular entre homens e mulheres: como ocasião para licenciosidade. Foi efetivamente dessa maneira que as reuniões cristãs “de amor” foram interpretadas por seus antagonistas ao longo de seus primeiros séculos. Tinham que ser desculpas para sexo – porque, que mais poderia um homem querer fazer com uma mulher?

A momentosa decisão encapsulada nesse único verso demorou a encontrar compreensão e aceitação, tanto dentro quanto fora do grupo. Escolhendo reunir-se regularmente no mesmo recinto, tanto homens quanto mulheres abriram voluntariamente mão da ficção da “boa fama” em troca da generosidade, da inclusão e da convivência. Escolhendo sentar-se de modo criativo ao lado de um Outro com quem não criam ter nada em comum, romperam um véu ancestral e convidaram o mundo a explorar um universo de possibilidades inimaginadas. Nos dois casos, seguiam o desafio formidável deixado pelo exemplo de Jesus".


Fonte: Bacia das Almas - Paulo Bravo




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sábado, julho 11, 2009

Como adicionar qualidade ao seu blog

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João Cruzué

A grande preocupação dos blogueiros mais antigos é: como podemos produzir muito conteúdo cristão se a blogosfera evangélica, apesar de ter crescido muito em quantidade, ainda tem pouca qualidade? Basicamente, estamos diante de um problema que no curto prazo não pode ser resolvido. A maturidade vem com dois três anos, todavia a Associação de Blogueiros Cristãos pode ajudar nesta questão abrindo a discussão, promovendo cursos de blogs e sugerindo princípios, protocolos, normas e mudança de visão.

A forma e o conteúdo. É natural que nos preocupemos com a forma, o layout de nossos blogs. Uma questão vem à mente: quem veio primeiro o ovo ou a galinha? Como não há unanimidade neste assunto, da mesma maneira acontece com blogs. Posso dar minha sugestão: priorizar o conteúdo, pois a forma é mais fácil de trabalhar.

Não basta um blog bonitinho, cheio de ferramentas (widgets), mas pobre de idéias, de conteúdo. Se você quiser ser um blogueiro respeitado invista no planejamento, na pesquisa, publique com regularidade e paciência. Uma semente não se torna árvore em apenas uma semana nem vai produzir frutos antes da maturidade e da estação própria.

Se você tem mesmo um compromisso com Deus não vai se contentar com o bom nem com o agradável. Você vai buscar a perfeito - a qualidade no processo de blogar.

Para buscar essa perfeição, sua primeira preocupação deve ser com a língua portuguesa. Arranje uma gramática atualizada, use dicionário, e tudo sobre literatura que puder. Leia bastante bons escritores de nossa língua. Por exemplo: Machado de Assis. Observe concordância, regência verbal. Se a língua portuguesa é seu instrumento de trabalho e sua visão é ser um blogueiro perfeito, você precisa dominar a língua mãe. Geralmente as pessoas que gostam de ler, ao ver uma postagem de sua, podem até não gostar de religião, mas diante de um texto bem construído, podem gostar do seu trabalho. E se gostarem, em outra ocasião quando virem um link seu, com certeza vão querer clicar para ler.

Porém não basta ter o domínio da língua portuguesa, inglesa, espanhola, francesa, chinesa se como cristão não tiver inspiração nos textos que escreve. Eles podem ser bonitos, mas serão estéreis. Perfeitos tecnicamente, mas sem a presença do Espírito. O outro lado da moeda também é verdadeiro. Não adianta ser 100% inspirado se escrever Jezus com "z", fieu com "u" e deus com "d" minúsculo. "A lei e o testemunho". A graça com a erudição. O texto com o Espírito. Um blogueiro evangélico perfeito deve ter inspiração de Deus e o domínio da Língua mater. Ainda não alcancei isto, mas estou me esforçando. Enquanto não tenho este domínio, uso regularmente o programa Word para descobrir as indicações de erros. Se conclusivos, eu os corrijo. Este princípio de melhorar sempre é uma atitude de respeito para com os leitores.

Conteúdo variado. É um erro postar sempre o mesmo assunto. Os leitores têm necessidades e gostos de leitura diferentes. Coisas diferentes os atraem. É por isso que a leitura de uma Revista é mais agradável que a de um jornal. Por exemplo, em tempos de crise, a grande mídia impressa tem mais cuidado com a linha editorial. A mensagem de cada semana é mais trabalhada. A competição obriga a publicar algo melhor, sempre acima da concorrência. A mídia secular busca potencializar seus ganhos explorando e publicando assuntos de grande apelo popular. Da mesma forma, um blogueiro evangélico que busca o incremento tanto de performance quanto de leitores precisa servir um "prato" variado, colorido e substancioso.

Blogagem compartilhada. Respeitando as opiniões de cada um, creio que NÃO seria bom blogar sozinho para quem tenha a possiblidade de ter um amigo para postar conteúdo. Uma blogagem a dois, é potencialmente mais produtiva. Isso leva à discussões, interação, divergência e unanimidade. Blogar a dois pode levar a um desenvolvimento maior de formas de pensamento.

Criatividade X "copiagem". Há uma insatisfação muito grande de muitos blogueiros que reclamam ter seus textos surrupiados e publicados em blogs alheios. Tenho visto que blogueiros que criam os próprios textos estão mais presentes nos sites de buscas da Internet. Você pode publicar textos de colegas, conquanto que os avise antes e não se esqueça de colocar os créditos a que têm direito. Créditos quer dizer a autoria, o nome do blog do colega que criou a postagem e o link da postagem original. Isto é respeito pelo trabalho dos outros. Blogs apenas com textos alheios, e nenhum próprio, mostram falta de personalidade ou complexo de inferioridade. Quem sabe você se considera um patinho feio, não descobrindo o talento que tenha, porque nunca tentou?

Reação a elogios e críticas. Não despreze as críticas. Elas podem não agradar. Elas provocam reações iniciais negativas, mas depois podem melhorar nossa visão das coisas. Desconfie dos elogios. Eles podem lhe trazer a falsa sensação de perfeição. Há muitos prêmios sendo distribuídos na blogosfera. Não pense que essas premiações são sempre honestas. Na maioria das vezes, essas premiações são políticas de atração de leitores, não se preocupando muito com o blog premiado. Iscas.

Resumindo: trabalhe primeiro com a qualidade do conteúdo de seu blog. Mostre respeito aos leitores investindo pesado no domínio da língua portuguesa. Por princípio, escreva focado e inspirado. Dê primazia ao Espírito Santo em seus textos. Seja diferente. Se estiver começando com um blog, respeitando caso a caso, é uma boa estratégia blogar a dois. Com respeito mútuo, um vai potencializar as habilidades do outro. Não poste sempre o mesmo assunto, meses a fio. Mensagem, mensagem, mensagem, mensagem e mensagem. Ninguém aguenta. Nem mesmo crentes. Procure variar com sabedoria, trabalhando seu blog como se fosse uma revista de conteúdo variado. Não seja um eterno copiador de textos alheiros. Arisque, crie, produza, não tenha medo de errar, aprenda com os erros. Valorize e agradeça as críticas, elas potencializam o crescimento.

Quanto à forma, o layout de seu blog, um bom começo é criar um blog-teste similar ao modelo do seu blog principal para pesquisar e conduzir experimentos nele. Enquanto eu não desmontei o código de html de um blog, não adquiri o conhecimento que precisava para trabalhar a forma de meus blogs.


João Cruzué/UBE


Curso de blogs para cristãos: Como fazer um link