segunda-feira, junho 30, 2008

Crônica de uma pia entupida


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João Cruzué

Eu não sou judeu, mas sábado é meu dia de descanso. Posso levantar mais tarde, mesmo acordando mais cedo por causa da Nala. Uma gata angorá. Uma espécie de "cuco" que abre o bico religiosamente às seis da manhã. Meu sábado tinha tudo para ser perfeito até que me lembrei de uma coisa: a pia da cozinha estava entupida.

Pias de cozinha são aquelas coisas maravilhosas que ficam discretas por meses e anos, até o dia que entopem para nos chatear. E um detalhe interessante: existem diversos tipos de defeitos possíveis em pias. Tem o da borrachinha, do sumiço do ralo, vazamento em cima, entupimento embaixo... e o pior de todos eles - o cano de esgoto entupido.

Sabe o que estar tranqüilamente na cama em uma bela manhã de sábado, quando de repente você se lembra de uma pia? Terrível! Pois é. Fui logo deixando a cama tão quentinha para fazer uma lista de compras. Para o conserto e outras "cositas más" que uma casa sempre está precisando. Calcei o tênis. Saí para para unir o útil ao desagradável - caminhar uns dois quilômetros para comprar um sifão novo e outras coisas.

Troquei o sifão, mas o problema não era o sifão. Era o pior: um entupimento não-sei-onde no cano de esgoto da pia. A cuba de inox estava cheia d'água e não descia nem um milímetro. Entupidaça! Pensei em colocar soda no cano, mas desisti porque alguém já havia tentado isso antes e foi derrotado, pois tinha um frasco de soda vazio bem perto da pia.

A situação estava em alerta vermelho e precisei mudar de tática.

Fui pedir ajuda a um senhor da loja de produtos de limpeza. Um tipo sabichão: "Meu filho", disse ele (tenho 52 anos - 2008) "Leve este produto aqui. Não sei bem o que tem dentro mais desentope legal. São R$ 2,50. Ah! o senhor também deve por água quente para "ajudar" o produto.

Cheguei em casa e procurei uma mangueira para despejar o tal produto no cano para atacar bem de perto o problema. Um cateterismo em cano de esgoto. 


Começou a sair uma fumacinha mal-cheirosa e lembrei-me de por a tal água quente para "ajudar".

Esperei mais um pouco. Um xeque-mate? Para ter certeza disso, fiz o teste "São Tomé": abri a torneira até encher a cuba, e nada!

Voltei à loja de materiais de limpeza para comprar mais um frasco do desentupidor, e aproveitei para reclamar: "O senhor tem certeza de que não estou comprando água verde em vez de desentupidor de pia? 


Depois de uns 15 minutos de explicações (...) que o produto no passado era muito mais forte, mas que por motivo de registro no M.S. teve a fórmula abrandada... voltei para casa com a sensação de que caíra no conto do desentupidor de pia.

O sábado já era. Quatro horas da tarde! E lá estava eu derramando o segundo frasco no cano entupido. Desta vez não economizei despejei tudo de uma vez, e mais água quente. De novo veio a fumaça, e que fumaça! Passou mais meia hora, e "lá vamos nós" para o segundo teste "São Tomé."Enchi a cuba de novo. De repente, lembrei-me de um detalhe importante.

--Ó Jesus, nunca li que o Senhor tivesse ajudado alguém a desentupir uma pia no Evangelho, nem me atreveria a pedir uma coisa destas, pois seria como querer transformar pedras em pães. Mas como eu já aprendi no passado que o Senhor tem bom humor, me ajuda com isto aqui.

Fiz pressão com a mão pela enésima vez no fundo da pia, e cinco segundos depois ouvi aquele barulho escandaloso de sucção: usssshhhhhhhh!

Eu não sabia se ria ou se chorava, mas acabei chorando. Foi minha segunda experiência desse tipo. Eu não sabia, mas o Senhor estivera comigo o dia inteiro. Lembrei que ele falou dos lírios, dos passarinhos, e também cuida muito bem de nós. Se Ele nos mostra seu amor em coisas tão pequenas como pias, que dirá, pois, das mais importantes e necessárias?

SP - 30/06/2008
cruzue@gmail.com


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A discriminação sexual na China

Série de textos sobre o discriminação - 3/3

ONU alerta que discriminação sexual na China
pode ter conseqüências futuras

Pequim, 8 mar (EFE).- O coordenador da ONU na China, Khalid Malik, alertou hoje que a discriminação sexual no país - onde nascem 118 meninos para cada 100 meninas - é um dos grandes obstáculos para se alcançar a igualdade de gêneros.

A discriminação reflete a "atitude social" dos chineses e "pode ter sérias conseqüências para o futuro do país", acrescentou.

Em uma mesa-redonda organizada em virtude do Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje, vários analistas e representantes de ONGs debateram a discriminação da mulher na China, sob um ponto de vista legal, social, trabalhista e cultural.

Muitos ressaltaram as dificuldades para a aplicação da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher (Cedaw, sigla em inglês) no país.

A Cedaw, adotada pelas Nações Unidas em 1979, é o único acordo internacional sobre os direitos femininos, tendo sido ratificado por 185 países, incluindo a China.

Entre as dificuldades está a falta de dados concretos para a elaboração de uma análise sobre a situação da mulher no país, já que nas estatísticas chinesas não se costuma fazer a divisão por gêneros, disse Zou Xiaoqiao, da Federação de Mulheres de Toda a China e membro da Cedaw.

Para Li Mingshun, professor de Direito na Universidade de Mulheres da China, uma das bases da discriminação está na legislação, que não apresenta uma definição concreta do problema e reflete a falta de consciência na sociedade.

Entre os projetos que a ONU realiza na China por meio de suas agências há iniciativas para o combate ao tráfico de mulheres; pela prevenção e cuidados contra a Aids; por um sistema legislativo que promova a igualdade sexual; campanhas contra a violência doméstica; e a análise detalhada das estatísticas.

Além disso, o grupo de trabalho da ONU para a igualdade de gêneros no país lançará uma campanha nacional de conscientização juntamente com a Federação de Mulheres de Toda a China, que informará à população sobre a Cedaw, e que pretende ajudar o Governo a cumprir os requisitos estabelecidos pelo tratado.

A discriminação feminina é uma realidade sentida em muitos âmbitos do cotidiano chinês, como na preferência pelo filho homem, no fato de que muitas meninas nas zonas rurais trabalham para pagar as taxas escolares de seus irmãos, e nos freqüentes casos de violência doméstica.

A imagem da família ideal chinesa ainda continua sendo a do homem trabalhador e da mulher dona de casa. As mulheres chinesas são freqüentemente perguntadas em entrevistas de emprego "se não se sentem culpadas por não estarem cuidando devidamente dos filhos", afirmou a representante de uma ONG no encontro.

Texto: Notícias Uol.com.br


Comentários: série de publicações compiladas da WEB sobre discriminação. João Cruzué

cruzue@gmail.com


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