quarta-feira, setembro 19, 2012

Jesus não era neoPenTecostal

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 João Batista Cruzué 

Quando  abro a Bíblia   no Livro do Profeta Isaías, capítulo 5, eu posso  imaginar porquê Jesus passou pela tentação, (Mateus 4) sem dar "mole" para o Diabo.  Eu hoje resolvi esquecer um pouco os relatórios de meu trabalho, para meditar, contextualizando este assunto com o que se passou com os ministros de Supremo Tribunal Federal, diante do famigerado mensalão.  Como é que se dá a perda de referências que  leva as pessoas à perda dos valores? Aí está um algo denso que não sei se vou conseguir desenvolver sozinho.

Isaías foi escolhido e enviado por Deus para ser uma voz profética que  martelasse nos ouvidos de judeus e cristãos há mais  2.700 anos. Ele mesmo deixou isto bem claro (Is.50:4) sua formação acadêmica: "O Senhor DEUS me deu uma língua erudita, para que eu saiba dizer a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem." E neste ponto, eu creio, que ele não estava falando de cansaço físico, mas do cansaço em fazer o bem, do cansaço de ser honesto, do cansaço de andar com sinceridade  diante de Deus.

Eis o texto da Introdução:

Isaías 5:


1 AGORA cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil. 

2 E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas bravas. 

3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. 

4 Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? 

5 Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede, para que seja pisada; 

6 E a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre ela. 

7 Porque a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor. 

8 Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar, e fiquem como únicos moradores no meio da terra! 

9 A meus ouvidos disse o SENHOR dos Exércitos: Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até as grandes e excelentes sem moradores. 

10 E dez jeiras de vinha não darão mais do que um bato; e um ômer de semente não dará mais do que um efa. 

11 Ai dos que se levantam pela manhã, e seguem a bebedice; e continuam até à noite, até que o vinho os esquente! 

12 E harpas e alaúdes, tamboris e gaitas, e vinho há nos seus banquetes; e não olham para a obra do SENHOR, nem consideram as obras das suas mãos. 

13 Portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento; e os seus nobres terão fome, e a sua multidão se secará de sede. 

14 Portanto o inferno grandemente se alargou, e se abriu a sua boca desmesuradamente; e para lá descerão o seu esplendor, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles se alegram. 

15 Então o plebeu se abaterá, e o nobre se humilhará; e os olhos dos altivos se humilharão. 

16 Porém o SENHOR dos Exércitos será exaltado em juízo; e Deus, o Santo, será santificado em justiça. 

17 Então os cordeiros pastarão como de costume, e os estranhos comerão dos lugares devastados pelos gordos. 

18 Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com tirantes de carro! 

19 E dizem: Avie-se, e acabe a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o conselho do Santo de Israel, para que o conheçamos. 

20 Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! 

21 Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos! 

22 Ai dos que são poderosos para beber vinho, e homens de poder para misturar bebida forte; 

23 Dos que justificam ao ímpio por suborno, e aos justos negam a justiça! 

24 Por isso, como a língua de fogo consome a palha, e o restolho se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos, e desprezaram a palavra do Santo de Israel. 

 Poderia parar por aqui, pois a  palavra escrita pelo Profeta, não era dele, foi ditada por JEOVÁ.  Ao ler e reler esta palavra, concluí que a perda de valores leva à perda de referências. Também entendi que a concentração da renda na mão de poucos, com tempo também leva estes "poucos" à ruína, pois não atentando para o grande referencial divino - que é a sua palavra escrita - A Bíblia Sagrada.

Ai dos que acham que os fins justificam os meios para conquistar e manter o poder. E estes "meios" nada mais são do que o fazer e o mandar fazer no escuro aquilo que condenam à luz do dia. Sim, a hipocrisia é a rejeição dos referencias e dos valores cristãos. Pelas palavras de Cristo, deixada nos textos do Evangelho, o pecado da incredulidade e a hipocrisia dos religiosos levariam estes a uma condenação maior que a dos habitantes de Sodoma, de Nínive e do povo nos dias de Noé.


O curioso para mim, é que aparentemente o Juízo de Deus está começando primeiro pelas autoridades brasileiras, enquanto as lideranças religiosas estão sendo aparentemente esquecidas; (I Pe. 4:17).

Os conceitos de moral, honestidade, sinceridade, impessoalidade, legalidade, santidade, respeito à coisa pública, foram arrancados e depois sepultados em cova profunda. Graças a Deus, até aqui a maioria dos Ministros do STF  vêm  balizando que pedra é pedra e pau é pau. Que mensalão é suborno de consciências, que sem referências perderam seus valores.

Neste ponto passo a pensar ao contrário do que acima escrevi: A falta ou esquecimento dos marcos referenciais leva à perda dos valores.

Voltando ao sagrado.  Por que Jesus Cristo não era "Neo pentecostal"? 

1. Porque jamais ele iria ensinar ou orar para  que as pedras se transformassem em pães para abençoar alguém - a não ser que fosse no tempo da vontade de Deus. O marco referencial aqui não é a necessidade do pedinte, mas o propósito de Deus na vida daquele. Nem toda vontade pessoal deve ser atendida só porque eu quero. A vontade de transformar pedras em pães, não era de JEOVÁ, nem de Jesus - era do diabo! Eu já ouvi isto e, infelizmente, tornei a ouvir esta falsa palavra no domingo passado: "Olha, se você não vem recebendo bênçãos na sua vida, é preciso dar uma olhada, porque deve ter alguma coisa errada na sua vida". Eu discordo. 

Discordo porque esta interpretação não pode ser absoluta. Abraão esperou 25 anos por um filho. José, uns 13 anos para sair do buraco. Moisés, uns 40 anos para sair em vitória com o povo de Israel do Egito. Davi deve ter esperado uns 15 anos para ser coroado Rei, depois da unção do profeta Samuel. Eu esperei 11 anos para sair do desemprego. Porque não houve transformação das pedras em pães na vida desses? Porque Deus não trabalha na PRESSA. Para tudo há um tempo,  um dia, um momento determinado. E a decisão está com o nosso Paizinho, que mora na luz inacessível. E eu sei que a bênção virá. E no dia que ela vem, a alegria é para todos os dias.

2. Se Jesus fosse de família "neopentecostal", o último lugar que seu Pai deixaria que ele nascesse seria um curral de animais. Também não deixaria que o filho morasse numa casinha em Nazaré ou Cafarnaum, pois o lugar de morada de um "filho de Davi" seria em Jerusalém; no meio do poder, com direito a todo conforto.

3. Jesus não era "neopentecostal", pois andava a pé. Curiosamente, subiu em um jumentinho na sua última semana de vida. Sim! senhores, um jeguinho, filho de jumenta. Um pastor "neopentecostal" de nossa época certamente compraria uma biga romana, ou um puro sangue árabe, branquinho como a neve. Era o luxo da época. Mas, nosso Senhor andava a pé. Manso e humilde de coração. Humildade de coração era uma referência que Ele deixou, e que os falsos mestres do "neopentecostalismo" de hoje NÃO TÊM. Um jatinho, uma fazenda de bois, um haras de mangalargas, uma mansão em Miami de forma alguma são sinais de humildade de coração. Isso tem outro nome: Soberba da vida!

4. Jesus não cobrava dízimos, pois não era da Tribo de Levi. Ele mesmo disse que não veio abrogar a Lei, mas cumpri-la. Eu aprendi que o dízimo é dado pela fé, pois dessa forma agrada a Deus. Eu faço assim. Mas tenho visto a grande ênfase que os pastores da "prosperidade" dão a este assunto, com a desculpa de que isto vai enriquecer o contribuinte. Na verdade, o que eles querem  é atingir suas metas, para manter (e não perder) as franquias de negócios disfarçadas de Igrejas, sobre as quais presidem. O referencial absoluto em termos de finanças de Igreja deve ser espelhado de Cristo. O interessante é que a bolsa de seus dinheiros andava quase sempre vazia. E  Ele não se importava com isso, pois dependia do Pai e não do dinheiro para edificar a Igreja. Antes, os evangélicos contavam um "causo" de que um Papa certa vez disse: Hoje a nossa Igreja não precisa mas falar ao paralítico "Não tenho prata nem ouro." Da mesma forma, o milagre do "levanta e anda" está deixando os templos evangélicos.

Que ninguém se engane. Não há vantagem nenhuma em ser católico ou evangélico. O que interessa de fato é o "diploma" da faculdade da graça assinado no seu e no meu coração pelo Senhor Jesus. E este diploma só é conquistado por aquele  que aprendeu o significado da palavra dependência. Senhor, eu dependo de ti. Embora eu quisesse acumular hoje tudo o que eu vou precisar para uma vida inteira, sei que esta não é a TUA vontade. Depender da vontade de Deus. São apenas cinco palavrinhas, fáceis de falar, mas difíceis de aceitar. E quando isto acontecer a cor da religião não mais importará. No céu não haverá nem católico nem evangélico, senão os santos  que foram comprados pelo sangue de Jesus e permaneceram fiéis e dependentes Dele.

Por estas razões, eu digo: que Jesus teria vergonha de muitas Igrejas e muitos Pastores que perderam seu referencial. E no processo de perda de referencial, também foram racionalizando a utilidade dos valores cristãos. Eu aceitei Jesus em meados dos anos 70s. Para mim, hoje, é vergonhoso ver que o "faturamento" e a satisfação das necessidades se tornaram algo mais desejado nas Igrejas do que o Espírito Santo. Vergonhoso porque não é uma coisa sutil, ao contrário, é escancarada! 


E toda esta "Teoria da Prosperidade" advinda com o "neopentecostalismo", embora combatida em verso e prosa nas revistas de Escola Dominical, é muito bem aceita nos púlpitos porque à medida que o mundo foi penetrando na Igreja (perda de valores) os referenciais de santidade  foram  desaparecendo. 

Restou aquela velha hipocrisia, combatida por Isaías há 2.700 anos e  repreendida por Jesus Cristo há mais de 2.000 anos. E eu não tenho medo de dizer: Se o juízo começa primeira pela Casa de Deus, certamente dias difíceis e de muita vergonha estão prestes a vir, pois Deus está endireitando certas coisas no Brasil através da toga de sua Excelência e não pelo púlpito de um Reverendo.



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Um comentário:

Unknown disse...

Olha, muitas vezes me pergunto o que vai acontecer com esta nação quando Deus entrar em juizo com estes nossos governantes! Afinal, todo desvio de recurso prejudica a população, principalmente os mais pobres, e nós sabemos que Deus atenta para a injustiça e para a opressão dos mais necessitados. É só uma questão de tempo...

Eduardo Cardial Leite
cardialll@outlook.com