quarta-feira, outubro 08, 2025

O Travesseiro de Jacó

 

Por João Cruzué

Jacó caminhou o dia inteiro. A estrada era longa e seu destino muito distante. No coração carregava o peso do arrependimento, se pudesse voltar no passado não faria aquilo de novo. 

No começo, mesmo um pouco relutante, achou que era mesmo vantajoso roubar a primogenitura do irmão. Agora, começava a perceber que levar vantagem em tudo era uma proposta enganosa. Se ele soubesse que o preço daquela primogenitura  fosse contado em 20 longos anos, teria esperado mais, colocado no outro prato da balança o que poderia dar errado depois daquela escolha. Mas, no meio do seu caminho havia uma pedra.

Jacó morava em Berseba.  

Seu destino, a casa de parentes, ficava em Padã-Harã. Berseba, hoje,  fica cerca de 70 a 80km ao sul de Jerusalém. Três dias de caminhada, meio de locomoção natural daqueles dias.  

O problema é que para se chegar em Padã-Harã pela rota antiga das caminhadas, teria de caminhar mais ou menos de 30 a 35 dias. Uma distância de quase 900km. O destino de Jacó ficava no sudeste da atual Turquia. O problema é que quando lemos a Bíblia, talvez achemos que em dois ou três dias Jacó já estaria a beira do poço na entrada de Harã.

Se Betel ficava 25km ao norte de Jersusalém e Berseba, a 90km ao sul de Jerusalém pelos caminhos da época, é possível  saber que Jacó já tinha caminhado de 4 e 5 dias, quando chegou a noite e ele parou para descansar e dormir.

O curioso nos dias atuais - e talvez nos antigos, a fama da escada é muito maior que a da pedra. Quantas vezes você já ouviu sobre o protagonismo da pedra de Jacó? 

Aí, eu pergunto: onde a cabeça de Jacó estava apoiadaquando teve a visão da escada? 

Do ponto de vista humanista, aquela pedra era um pedaço de rocha qualquer, mas aqueles que andam em espírito sabem que a pedra simboliza Cristo, o firme fundamento da nossa fé. A pedra angular, que foi desprezada pelos edificadores. Jacó estava com a cabeça apoiada na pedra quando teve a visão da escada. Na visão, o Senhor não estava na escada,  mas junto de Jacó.

Por que o Senhor provocou um encontro com Jacó depois de cinco dias longe de casa?  Creio que a resposta é a mesma do momento que o Senhor apareceu para Abrão pouco depois de ter optado pelos pastos ruins. Uma Sensação de solidão, de abandona, escolha errada, angústia, vontade de desistir sem poder voltar atrás. Um gosto amargo de prejuízo.

Jacó ainda não tinha experiência com Deus.  

Posso descrever em uma visão, os olhos do Senhor acompanhando os passos de Jacó. Sei que muitos leitores não gostam de ouvir isso, mas havia um planejamento maligno no mundo espiritual para destruir  a vida de Jacó. Não foi por um simples motivo que o Senhor  se manifestou em visão. Assim é Deus. Se alguma vez na vida até aquele momento Jacó orou, depois de ter enganado o velho Isaque, e roubado a primogenitura de Esaú, a vontade de orar teria desaparecido.

Como o Pai do filho pródigo, o Senhor mostrou a Jacó que o amava, que tinha ricas e grandes promessas para ele. Que a terra que estava pisando ser-lhe-ia dada na sua descendência. Que as ricas bênçãos de Abraão também fluiriam pela sua vida. 

Uma reflexão mais profunda: Jacó teria outra opção de bençãos fora do roubo da primogenitura? A resposta é sim. Jacó se deixou levar pela ansiedade (falta de fé) da sua mãe? Sim. Jacó quase perdeu a vida por seguir um conselho errado? Sim. Jacó foi abandonado por Deus, depois de ter feito besteira, mentido, enganado, roubado...Não!

Não é da natureza de Deus esperar que você minta, engane, roube, para receber bênçãos, sejam grandes ou pequenas. Jacó optou pelo plano "b", porque sau mãe e conselheira achava que Deus não tinha o Plano "A".

-Apesar de tudo errado que fiz, Deus ainda me ama? Sim! 

-Se me arrepender e voltar para Ele, ele vai me perdoar? Sim! 

-As consequências de minhas escolhas erradas vão ser cobradas? Sim! 

-Durante a caminhada por estes caminhos das consequências vou ser abandonado por Deus? De jeito nenhum! 

-O Senhor Jesus me ama? Sim! 

-Como posso retribuir?  Chegando mais perto dele, tendo gosto pelas palavras dele,escritas na Bíblia Sagrada e deixando de fazer aquilo que não o agrada.

Quando Deus quer te abençoar ele não te enche de terras, carros, roupas e muito dinheiro. Ele usa outro processo, bem diferente, coisas duras no começo, que anos à frente servem de apoio para grandes bênçãos.

A paz, a alegria e presença de Deus não estão nessas coisas. Pelo contrário. Há coisas que nenhum dinheiro do mundo pode realizar: Por exemplo: a cura de um câncer terminal ou apagar o ódio dentro da família. 

Assim como a vida de Jacó começou a mudar quando ele colocou a cabeça em uma pedra e a fez de travesseiro, se você colocar Senhor Jesus Cristo na sua vida, com o passar do tempo ela melhorar. Jacó caminhou cerca de cinco dias para ter um encontro com Deus. Ou será que foi Deus que esperou Jacó caminhar cinco dias para ir ao encontro dele? O que voce acha?



SP-08.10.2025




sexta-feira, outubro 03, 2025

Profeta Amós Capítulo 7

 


Por João Cruzué

O prumo é um instrumento simples, mas essencial na estabilidade da construção. Ele serve para testar se parede está sendo construída sem desvios. Sem o prumo, o muro pode parecer reto em cima, mas  torto embaixo. Ele não embeleza a obra, mas garante sua retidão. Foi exatamente com o uso desta ferramenta que Deus mostrou ao Profeta Amós (capítulo 7) a condição espiritual de Israel.  

Assim como o construtor não tolera paredes tortas, o Senhor declarou que não suportaria mais o desvio do seu povo para a injustiça e a corrupção. O prumo, nas mãos de Deus, revelou que a estrutura da nação estava comprometida e que o juízo seria veloz. Para reconstruir dentro dos padrões divinos a obra deveria ser posta abaixo.

Amós contemplou o Senhor segurando um prumo diante do muro de Israel. Não era apenas uma visão curiosa, mas um diagnóstico espiritual. O povo de Israel, mesmo com seus cultos e festas, estava fora de prumo, distante da justiça de Deus. O prumo expôs a verdade — a aparência podia enganar, mas a medida divina não falha. O povo honrava a Deus com sua língua, porém tinha um coração desviado de Deus.

Certa vez tive um sonho. Sonhei que a parede da frente de um templo estava com as ferragens de suas colunas à mostra e o topo dela estava inclinado mais de meio metro para dentro quando comparado com a estrutura vizinha.  E me lembro tive a curiosidade de perguntar para o construtor por que isso tinha acontecido. Ouvi bem claro a resposta: haviam colocado pouco cimento. As colunas estavam se esfarelando e a fundação com defeito. Fiquei pensativo por vários dias, até que entendi que falta de cimento representava o amor.

Voltando à questão do prumo a visão do profeta nos ensina que a vida não é medida pelo padrão dos homens, mas pelo prumo do Senhor. A religião sem justiça é como um muro inclinado; cedo ou tarde vai ao chão. Uma Igreja construída só com palavras não se sustentará. A lei precisa estar alinhada ao testemunho e a pregação com o amor. O não honrar quem pregou 200 sermões no ano, mas quem visitou, socorreu, alimentou, vestiu, chorou. A compaixão pode ser considerada como prumo de Deus.

O prumo de Deus continua sendo erguido diante de cada um de nós. Ele não pode ser manipulado, nem inclinado pela vontade humana. 

Mas em Cristo, a pedra angular, encontramos não apenas a medida perfeita, mas também a graça que nos endireita. O prumo revela o desvio. O desvio precisa da graça de Deus para o conserto. 

O tempo do conserto é hoje. Se hoje ouvir a voz do Espirito Santo de Deus, atenda logo, antes que o dia aceitável da sua misericórdia  passe e não mais haja oportunidade de conserto.


SP-03.10.2025.